Campeonato da mentira.

[Zé]

O campeonato português será un dos poucos campeonatos a nível europeu onde só 3 equipas podem ansiar ao título. Factos são factos - como abaixo demonstro- e é inegável que com a excepção do FCP, SLB e SCP, só em 2 situações pontuais, dois clubes diferentes conseguiram  o título nacional. Como sabemos, somente o BFC e CFB conseguiram, com um intervalo enorme, o tão desejado título.
Após um período onde o SCB oscilava entre o mau e o bom, eis que com a chegada de António Salvador o SCB decididamente colou-se ao pelotão da frente, aos clubes que lutam pelo título. Por duas vezes, em circunstâncias diferentes, o SCB ombreou com os ditos grandes pela luta do título... duas vezes, em circunstâncias diferentes, o SCB quedou-se pelo 4º lugar.
Um factor que sobressai nos últimos anos é o forte investimento que o SCB tem feito na sua equipa de futebol, que necessariamente está relacionado com a ambição de conseguir uma classificação histórica.
Pergunto: Valerá a pena? Valerá a pena investir tanto dinheiro numa equipa, ou,  nesta república em que vivemos, será preciso investir em algo mais?
Objectivamente, o vosso raciocínio levou-os à arbitragem. Logo alguns estarão a pensar que a ganhar de forma desonesta nunca. Nunca aceitariam ganhar algo senão dentro das normas e regulamentos. Ok, subscrevo quem assim pensa, mas desde já aviso-vos, que é melhor dedicarmo-nos à pesca, porque estamos a ser desonestos com nós próprios e a viver, alegres e felizes, uma grande mentira.

Eis o meu dilema.

Aprendi a gostar de futebol e será difícil "desligar" de algo que aprendi a gostar. Curioso que a minha visão do futebol está associada à idade. O futebol que desde jovem aprendi a gostar era do mais puro que havia, era espectáculo, era festa. Vibrava com as fintas, exaltava com os golos, chorava com as derrotas e gritava com as vitórias. Havia arte, magia...
Com o decorrer dos anos, a maravilhosa visão inicial foi paulatinamente mudando.
Hoje a visão que tenho do futebol nada tem a ver com a ESSÊNCIA do mesmo. Hoje quando penso mais profundamente em futebol sou levado a pensar em coisas como: dinheiro, pressões, árbitros, mentira, corrupção, dinheiro, manipulação, empresários, dinheiro, classificações, Liga dos campeões, dinheiro... sempre o malfadado dinheiro.
Por mais pessimismo que possa revelar, a realidade nua e crua é esta. O futebol actual gira em torno do dinheiro e tudo que lhe dá origem... A essência desapareceu e o importante é mesmo conseguir a melhor classificação possível porque por exemplo um segundo lugar hoje dá acesso milhões de euros, importantes que são para conseguir os melhores jogadores, até por que eles e os seus empresários recebem cada vez mais dinheiro e assim o exigem. Para  conseguir a melhor classificação possível vale tudo... e todos ficam contentes. Perguntem aos adeptos do FCP, actuais campeões se há corrupção no futebol? perguntem aos adeptos do VSC se há corrupção no futebol?
É um paradigma... o que interessa é vencer porque dos fracos não reza a história nem o modo como se venceu.





CAMPEÕES EUROPEUS DESDE 1935.

Campeões de PORTUGAL:SLB, SCP, FCP, BFC, CFB.

Campeões de Espanha:Barcelona, Real Madrid, Valencia, Deportivo, Atlético Madrid, Atl. Bilbao, Real Sociedad, Sevilha.De realçar que com a excepção do Sevilha e Deportivo as restantes equipas sagraram-se campeãs mais que uma vez.

Campeões de França:Lyon, Nantes, Mónaco, bourdéus, Lens, Auxerre, PSG, Marselha, Saint, Etiene, Estrasburgo, Reims, Nice, Cort Roubaix, Lille, Rouen, Sete, Sochaux.

Campeões de Itália:Milan, Juventus, Roma, Lázio, Sampdória, Na´poles, Inter, Verona, Torino, Cagliari, Fiorentina, Bolonha.

Campeões da Alemanha:Weder Bremen, Bayern Munique, Dorussia de Dortmund, Kaiserlautern, Estugarda, Hamburgo, Colónia, Borussia de Monch´bach, Nuremberga, Entrach, munique 1860, Schalke 04, Manheim, Dresdner.

Campeões de Inglaterra.Chelsea, Arsenal, Manchester United, Blackburn Rovers, Leeds, Liverpool, Everton, Aston Vila, Nott´Forest, Derby County, Ipswich Town, Tottenham, Brunley, Wolverhampton, POrtsmouth, Sunderland, Mancherster City.

Campeões da Holanda:Ajax, PSV, Feyernoord, AZ, Dws Amesterdão, Sparta de Roterdão, Utrecht, Rapid Hererlen, Willem II, Haarlem, Limburgia, Bvv, ADo.

[Ana Cunha]

Infelizmente, neste país, o que vale memso é apostar em árbitros! Só assim algumas equipas chegam aonde chegam. É lamentável mas é a verdade. O BFC foi campeão nacional sabe-se lá em que termos...

[Augusto Gomes]

Pode ser que a curto prazo os árbitros possam ter o seu poder discricionário muito reduzido pelos avanço das tecnologias...
Sejamos optimistas.

[cardoso]

Magnifico texto, Zé. Nunca tinha reparado nessa disparidade tão grande entre Portugal e outros países no que respeita oa número de vencedores do campeonato.
Sem dúvida que o futebol gira em torno do dinheiro. Mas ainda ontem concordei contigo que o mundo e a vida giram em torno do dinheiro. Infelizmente.
Em Portugal, é nítido que há três clubes que manipulam as estruturas do futebol, têm ligações privilegiadas ao poder politico e económico e controlam a comunicação social desportiva. Depois, quando essas vantagens não são suficientes para conseguir os seus objectivos, recorrem à pressão e à imagem. Por um lado, berram para mamar, por outro, vendem uma imagem de glória recorrendo ao passado dito "glorioso".
Tudo isto tem uma finalidade: manter o status-quo, manter tudo na mesma e encandear o povo com essas luzes da ribalta mesmo que sejam herdadas de um passado mais ou menos remoto.
Estes berros e estas luzes forçadas passam muito pela arbitragem porque eles sabem que é esse o meio de manter a tal predominância; nesta época o Zborting e o Ben$#&% estão a fazer uma época penosa. Lá fora, como não têm controle sobre nada, perdem com equipas medianas. Cá dentro, dizem que são roubados, com uma lata inacreditável, quando a realidade mostra o contrário.
Então o povo não vê isto? Então porque é que o povo continua, na sua maioria, a apoiar estre 3 estarolas?
Na minha opinião, um dos factores tem a ver com a nossa mentalidade quase milenar de povo subserviente. Nós, os portugueses não nos damos bem sem individualidades e instituições que consideramos superiores. Gostamos de ser pequeninos e protegidos por galifões que dêm ar de grandeza.
Somos um povo sem espírito crítico, sem ambição, sem vontade de auto-afirmação. Este fenómeno, que tem explicaçõe shistóricas que não vêm ao caso, provoca no futebol uma adesão aos que ganham amis vezes, criando uma espécie de circulo vicioso: quanto mais "parolos" conquistam, mais ganham e quando mais ganham, mais parolos conquistam.
Nesta época, mesmo assim, tenho imensa pena que o Braga tenha perdido a oportunidade de se chegar à frente. Por isso não tenho vergonha de assumir o seguinte: estou a torcer para que os Vitórias suplantem os ditos "grandes".
Quanto a nós e para voltar directamente à mensagem do Zé: mais tarde ou mais cedo teremos de arriscar. Um dia o Braga será campeão. Mas para isso temos de invadir a esfera dos outros: berrar bem alto, imiscuirmo-nos nas esferas do çpoder futebolistico (liga, federação, etc) e perder a ideia do pobrezinho mas honesto. Não digo que tenhamos de ser desonestos. Mas temos de ser mais agressivos, mais rebeldes, fazer-lhes frente mas é no mundo deles: nas altas esferas. E acredito que não será preciso perder a dignidade para assim proceder.

[nandes]

Uma história para complementar o magnífico texto do Zé:


http://www.superbraga.com/forum/index.php?topic=7596.msg117146;topicseen#msg117146

[Pé Ligeiro]

Grande texto, este do Zé!

É um texto para figurar nos anais do futebol!

A direcção do Braga devia fazer uso deste texto na comunicação social, para que os portugueses que ainda acreditam em futebol limpo e justo, possam reflectir em tão triste realidade.


Sublinho também a parte final das palvras do Cardoso:

(...)
Quanto a nós e para voltar directamente à mensagem do Zé: mais tarde ou mais cedo teremos de arriscar. Um dia o Braga será campeão. Mas para isso temos de invadir a esfera dos outros: berrar bem alto, imiscuirmo-nos nas esferas do poder futebolistico (liga, federação, etc) e perder a ideia do pobrezinho mas honesto. Não digo que tenhamos de ser desonestos. Mas temos de ser mais agressivos, mais rebeldes, fazer-lhes frente mas é no mundo deles: nas altas esferas. E acredito que não será preciso perder a dignidade para assim proceder.

[A.COSTA]

Não sei quem é o ZÉ. Mas sei que o texto é bom. Parabéns ZÉ.

O campeonato é de mentira. Mas é agora de uma mentira diferente. Muito diferente. Falando com os meus colegas e outras pessoas adeptas do V. Guimarães, eu avisei-os para que os prejuízos estavam a chegar. Ainda antes do jogo que eles fizeram em Leiria. Enganei-me. Redondamente. Os jogos de Paços de Ferreira e em casa contra o Boavista desmentiram-me por completo com as ajudas (continuadas) oferecidas ao clube. O peso dos 2 da 2ª circular já não é o que era. A mentira do campeonato vive agora em outras paragens.
Toda a máquina vitoriana está bem montada e engloba até, pasme-se, a Comunicação Social. A RTP, que tem obrigação de isenção refere no resumo do jogo V.Guimarães 1 vs Boavista 0 que o golo deixara dúvida no início do lance. Dúvida? É fora de jogo e ponto final. Não é que a equipa agora 2ª classificada não merecesse ganhar o jogo. Mas asim OUTRA VEZ não. Assim não dá.

Outra mentira fora da arbitragem deste campeonato é a SURREAL situação que vive actualmente o Belenenses. A equipa do restelo utilizou indevidamente 1 jogador (Meyong) que actuou na mesma época por 3 clubes diferentes. A Lei é clara e diz que o clube deve perder 6 pontos, indo 3 deles para a equipa derrotada nessa jogo. A Liga determinou essa sentença sem demasiada demora. O Belenenses recorreu e aguarda ETERNAMENTE para ver o que as coisas vão dar. Inacreditável de facto. NÃO É ADMISSÍVEL que uma situação tão clara demore tanto tempo a ser resolvida em definitivo. Ora as equipas que lutam pelo apuramento europeu, nas quais se inclui o SCBraga são claramente prejudicadas, pois o Belenenses que tem jogado sem que os 6 pontos tenham já sido retirados dá-lhe uma vantagem psicológica enorme na abordagem dos seus jogos. Se os pontos tivessem sido retirados em tempo oportuno, como seria em qualquer país desenvolvido, o Belenenses lutaria para não descer e assim luta pelo apuramento europeu. Bem bastava a protecção que teve quando a vítima foi o Gil Vicente. Outro prejudicado gravemente é a NAVAL que luta sem esses 3 pontos a que por Lei tem direito e que lhe dariam certamente outra serenidade mental para enfrentar os seus jogos.

Esta é  a LIGA DA MENTIRA. Eu diria a LIGA DAS MENTIRAS.

[SCM]

CAMPEÕES EUROPEUS DESDE 1935.

Campeões de PORTUGAL:SLB, SCP, FCP, BFC, CFB.

Campeões de Espanha:Barcelona, Real Madrid, Valencia, Deportivo, Atlético Madrid, Atl. Bilbao, Real Sociedad, Sevilha.De realçar que com a excepção do Sevilha e Deportivo as restantes equipas sagraram-se campeãs mais que uma vez.

Campeões de França:Lyon, Nantes, Mónaco, bourdéus, Lens, Auxerre, PSG, Marselha, Saint, Etiene, Estrasburgo, Reims, Nice, Cort Roubaix, Lille, Rouen, Sete, Sochaux.

Campeões de Itália:Milan, Juventus, Roma, Lázio, Sampdória, Na´poles, Inter, Verona, Torino, Cagliari, Fiorentina, Bolonha.

Campeões da Alemanha:Weder Bremen, Bayern Munique, Dorussia de Dortmund, Kaiserlautern, Estugarda, Hamburgo, Colónia, Borussia de Monch´bach, Nuremberga, Entrach, munique 1860, Schalke 04, Manheim, Dresdner.

Campeões de Inglaterra.Chelsea, Arsenal, Manchester United, Blackburn Rovers, Leeds, Liverpool, Everton, Aston Vila, Nott´Forest, Derby County, Ipswich Town, Tottenham, Brunley, Wolverhampton, POrtsmouth, Sunderland, Mancherster City.

Campeões da Holanda:Ajax, PSV, Feyernoord, AZ, Dws Amesterdão, Sparta de Roterdão, Utrecht, Rapid Hererlen, Willem II, Haarlem, Limburgia, Bvv, ADo.

Meu Deus como é que é possivel?

Nota-se porque razão Inglaterra tem os clubes mais fortes da europa, porque ser campeão de um pais reflectesse nos orçamentos e por sua vez nos resultados, logo a liga Inglesa é sem dúvida a mais intersante.

O caso do braga se nos arrastarem para fora da europa como estão a fazer, é normal que para o ano não tenhamos uma equipa tão forte, mais as equipas que vão á europa não seram cabeças de serie logo poderam ser eliminadas mais facilmente.

[JotaCC]

Realmente boas palavras estas do Zé que ilustra bem a falsidade do nosso campeonato e por este andar nunca mais muda a não ser que aparece outro club como foi o Boavista e tenha um presidente que compre tudo e todos só assim se consegue ser campeão.
No pais em que se vê presidentes dos clubes culpados como foi o caso Vale e Azavedo,  Pimenta Machado e não fazem nada enfim, aqui até a nossa justiça desportiva é uma treta.Seguam os exemplos de Italia onde a Juventos perdeu o campeonato e desceu de divisão,  França  ao Marselha a mesma coisa, haja justiça para haver verdade desportiva.

[Olho Vivo]

Concordando com algumas coisas que o Zé refere, discordo do sentido geral das suas palavras (se bem as entendi). É verdade que as estruturas do nosso futebol reproduzem as diferenças de poder (económico e mediático) dos clubes e com isso contribuem para que a competitividade se restrinja ao (pequeno) círculo do poder, mas a meu ver está longe de ser(apenas) o factor institucional a ditar esta desigualdade.

Os dados que o Zé apresenta são, é verdade, impressivos, mas a mim parece-me mais interessante centrar a análise no período pós -acórdão Bosman (1996). É verdade que ainda são poucas temporadas para retirar grandes conclusões mas é interessante verificar o que se vem passando:


Portugal (4):

Campeões (4): Porto (7), Sporting (2), Benfica (1), Boavista (1)
Vice-campeões (4): Benfica (3), Porto (3), Sporting (3), Boavista(2)


Inglaterra (5):

Campeões (3): Man United (6), Arsenal (3), Chelsea (2)
Vice-campeões (5): Arsenal (5), Chelsea (2), Man United (2),  Liverpool (1), Newcastle (1)


Espanha (6):

Campeões (4): Barcelona (4), Real Madrid (4), Valência (2), Deportivo (1)
Vice-campeões (5): Barcelona (4), Real Madrid (3), Deportivo (2), A. Bilbau (1), Real Sociedad (1)


França (9):

Campeões (5): O.Lyon (6), AS Mónaco (2), Bordeaux, Lens, Nantes
Vice-campeões [8]: PSG (3), O.Marseille (2), Bordeaux, Lens, Lille, O.Lyon, Metz, Mónaco


Itália (6):

Campeões (5): Juventus (5), Inter (2), AC Milan (2), Lazio (1), AS Roma (1)
Vice-campeões (6): AS Roma (4), Inter (2), Juventus (2), AC Milan (1), Lazio (1), Parma (1)


Alemanha (7):

Campeões (5): Bayern de Munique (7), W. Bremen (1), B. Dortmund (1), Estugarda (1), Kaiserlautern (1)
Vive-campeões (5): B. Leverkusen (4), Schalke (3), Bayern de Munique (2), W. Bremen (1), Estugarda (1)


Holanda (5):

Campeões (3): PSV (7), Ajax (3), Feyenoord (1)
Vice-campeões (5): Ajax (4), PSV (3), Feyenoord (2), Willem II (1), Heerenveen (1)


Grécia (3):

Campeões (2): Olympiakos (10), Panathinaikos (1)
Vice-campeões (3): AEK (5), Panathinaikos (5), Olympiakos (1)


[A vermelho, o número de clubes campeões e/ou vice-campeões entre 1996/97 e 2006/07]


Vistas as coisas sob este prisma, não me parece que as conclusões sejam tão lineares quanto se poderia pensar considerando os dados globais postados pelo Zé...

Um campeonato que o senso comum tem por muito competitivo como o inglês não teve mais que três campeões na era pós-Bosman e apenas 5 vice-campeões (sendo um deles, o Newcastle logo na época 1996/97, quando os efeitos do acórdão talvez ainda não estivessem perfeitamente espelhados nos diversos plantéis). De então para cá, a Premiere League no que aos lugares cimeiros se refere, limita-se a quatro (super) clubes, existindo um grande desnível face aos restantes.

Em Itália, o cenário não é muito diverso. Tudo se resume a cinco clubes  (o Parma "desapareceu" com o acórdão Bosman - embora não necessariamente por essas razões), sendo que o título é normalmente repartido entre Juventus, Inter e AC Milan (Roma e Lazio estão habitualmente num segundo plano).

Em Espanha, a Liga teve quatro campeões, tantos quantos em Portugal, mas o poder no plano desportivo não deixou de estar (mais) concentrado em Real Madrid e Barcelona.

Curiosamente, as ligas mais "democrátricas" são aquelas que apresentam um domínio notório de apenas um clube - Alemanha e França. Nestes países, para lá de Bayern de Munique e (mais recentemente) de O. Lyon, não existe uma hierarquia definida, o que torna a luta por um lugar ao sol aberta a vários clubes, mesmo com um historial menor ou com uma expressão em termos de base de apoio relativamente reduzida (Lens e Metz, por exemplo).

Por fim, em países com realidades semelhantes à nossa, com ligas de nível similar à nossa, o panorama não é muito diverso do nosso:

- na Holanda, domínio do PSV (tal como por cá do Porto), mas com os títulos restritos aos históricos - aqui ou ali algum outsider a intrometer-se na luta mas sem suficiente força para lá chegar (curiosamente, o clube que esteve mais próximo de o fazer foi o AZ Alkmaar da temporada passada, que acabou por baquear na última jornada e cair para a terceira posição, desaparecendo destas estatísticas).

- Na Grécia, país com uma população semelhante à nossa e concentrada em duas grandes cidades (tal como por cá) - a capital, Atenas e Salónica - a liga não tem história: domínio avassalador do Olympiakos, com o Panathinaikos e o AEK a repartirem entre si os restos

Voltando às palavras do Zé, percebo mal o saudosismo relativamente a um passado "puro". Creio que o que mudou está em ti e não no futebol. Eu não tenho saudades nenhumas dos tempos em que qualquer um dos grandes despachava qualquer equipa que lhe aparecesse pela frente com uma goleada... (sintomaticamente apelidada) das antigas. Mais: não tenho dúvidas de que o poder do futebol era (ainda) mais impune. Hoje apesar de tudo, com o acesso mais ou menos generalizado a imagens dos jogos, há pelo menos um maior escrutínio. O que se passa é que todos os nós também temos maior consciência do que se passa. Não acredito que hoje as coisas neste aspecto estejam piores.

A verdade é que, hoje, nós (e outros clubes de média dimensão) estamos mais próximos dos clubes que tradicionalmente dominam o nosso futebol. Num país que não está na elite dos poderosos no que respeita ao futebol (e em quase tudo o resto), país exportador de talento, os grandes estão relativamente mais fracos porque se viram forçados a concorrer (e perder) com os tubarões europeus pelos melhores jogadores portugueses, não conseguindo compensar esse défice (salvo uma ou outra excepção) com recurso a jogadores de outras paragens – basta pensar em quantos dos jogadores estrangeiros que militam nos nossos maiores clubes teriam lugar na nossa selecção. Pelo contrário, os clubes de media dimensão que já antes viam o acesso aos melhores jogadores nacionais vedado pela concorrência açambarcadora dos três grandes, passaram a poder aceder ao mercado internacional – tanto para valorizar os seus atletas (e não ficarem prisioneiros da chantagem e das migalhas dos metralhas) como para aceder a jogadores estrangeiros de bom nível (ainda que não primeiras figuras) e a preço mais acessível. Então em paises onde um clube monopoliza o domínio da competição (e impede com isso o reforço de concorrência à altura) – que são em grande medida os casos português (Porto) e holandês (PSV), bem  como a outro nível, o francês (Lyon) e o alemão (Bayern) – a possibilidade de vários clubes poderem aceder a lugares de destaque aumenta pelo facto de clubes históricos surgirem enfraquecidos pelo predomínio (com conseqüências econômicas) de um rival.

Portanto, do meu ponto de vista, o acórdão Bosman veio permitir um maior equilíbrio no futebol nacional, com prejuízo ao nível da (maioria) dos clubes de topo mas com benefício dos clubes de menor dimensão. Coisa contrária aconteceu nos paises importadores de talento: aí as diferenças tornaram-se mais vincadas porque aí está o topo da pirâmide do futebol mundial e logo os melhores jogadores do mundo, que se concentram nos clubes mais poderosos. O caso inglês, tradicionalmente o mais democrático do continente (Nottingham Forest, Aston Vila, Everton, Leeds, Blackburn foram campeões há menos de 30 anos), é o caso mais evidente desta concentração de poderio desportivo (em quatro clubes).

Simplesmente, este efeito não é suficiente para inverter o que somos como país – um espaço bipolar em que fora de dois grandes centros não existe (suficiente) massa critica para que uma força local (regional) se afirme e ganhe expressão nacional. O nosso caso é de alguma forma semelhante ao grego: dimensão populacional semelhante, nível de vida (até há uns anos) idêntico, concentração populacional em dois grandes centros (o maior na capital, Atenas e um outro em Salónica). Aí a situação no que ao futebol respeita é ainda mais assimétrica que a nossa: nem mesmo os principais clubes de Salónica (Aris e PAOK) conseguem intrometer-se na disputa pelos lugares cimeiros do futebol grego quanto mais quebrar a hegemonia do Olympiakos. O caso holandês também tem algum paralelismo com o nosso (descontadas as diferenças de nível de vida)...

Quer isto dizer que só nos resta a resignação? Não. Neste momento, as possibilidades de nos intrometermos na luta pelos primeiros lugares estão mais em aberto que nunca – vide nossas épocas 2004/05 e 2005/06 ou a actual temporada do V.Guimarães. Há uma inegável fraqueza de pelo menos dois dos metralhas (embora num dos casos tal possa ser sobretudo atribuído a uma má gestão desportiva). Mas os dados também nos devem fazer concluir que praticamente nenhum dos outsiders em qualquer das ligas apresentadas consegue manter alguma continuidade – o que é natural face à disparidade de forças em compita. Para que consigamos ser de forma recorrente contendores pelos primeiros lugares, é necessário ganhar massa critica, crescer como clube – o que pelo exposto atrás não é fácil. Mas se há região fora do círculo de Lisboa e Porto que pode ter alguma expressão no contexto nacional, nós estamos inseridos nela. Fazer identificar o conjunto de pessoas que nela vivem com o clube é a missão. É preciso trabalhar afincadamente nisso. É um trabalho de endurance, de paciência, que leva o seu tempo...


NOTA:

Percebo a indignação com algumas arbitragens. Também eu lamento que numa temporada em que se abria a possibilidade (quiçá a última nos próximos tempos em função do nosso ranking na UEFA) de chegar com alguma facilidade "lá acima", tenhamos estado tão aquém do que o investimento feito na equipa de futebol prometia. Mas isso não nos deve levar a fechar os olhos à realidade. Se admito que nos últimos jogos a nossa equipa tem sido prejudicada e que sem isso poderia estar numa posição mais confortável na luta pela Europa, também é verdade que a origem desta má temporada está nos nossos erros de planeamento e não o devemos esquecer. Não vale a pena tapar o sol com a peneira sob pena de voltarmos a repetir os mesmos erros. Não imitemos os maus exemplos que outros nos dão uma vez apos outra.

[disco infiltrator]

Falar em arbitragens para justificar esta época do SCB é discurso de perdedores.

Já disse e repito: pelo futebol apresentado este ano o SCB ocupa o lugar certo na tabela. A culpa não foi dos árbitros mas sim das nossas pseudo-vedetas e dos treinadores que não têm nível para uma equipa como o SCB.

[tony21]

Até na maneira como os espanhóis estão este ano a ser levados ao colo se vê o poder de PC; O VG estando ou ficando no 2º ou mesmo no 3º lugar " arruma" com um da capital e se forem os lampiões tanto melhor para PC.Ele já disse que a seguir ao fcp os dois maiores saõ os vitórias. Pensem nisto.

[Dtg0]

Também é de realçar que das 5 equipas portuguesas que já ganharam o campeonato, 2 delas só o ganharam uma vez...
Não sei como é que isto ainda está como está... Será que ninguém vê isto? É uma vergonha...

[fjmp_scb]

Mas nem o da Grécia...que tem uns 6.

Só a da Turquia é que se compara ao nosso..

[disco infiltrator]

Mas nem o da Grécia...que tem uns 6.

Só a da Turquia é que se compara ao nosso..

E o campeonato da Turquia movimenta bem mais dinheiro, muito mais gente e é mais atraente para os jogadores. O nosso campeonato está abaixo do da Turquia.

[LeonelP]

Desculpem lá, mas o nosso campeonato é uma m****. Em termos de espectadores já há muito tempo estamos na cauda da Europa. E em termos financeiros acho que nunca vi tantas equipas com o ordenados em atraso, acho que isso nem no Chipre aconteceria. A nossa sorte é que de vez em quando vamos ganhando uns joguitos nas competições europeias porque senão...

[Condestável]

Estes textos merecem outra atençaõ que não posso dar agora...  tenho uma viagem cedo(Porto) que me impossiblita de comentar. Entretanto posso adiantar que acho rídiculo analisar os campeões nacionais desde a lei bosman. Os campeonatos disputam-se desde 1996? Se estamos a quantificar aqueles clubes que já foram campeões temos que abranger a globalidade dos campeonatos e não manipular números. Estou impressionado com a disparidade entre  Portugal e outros países europeus. Vergonhoso!

[Olho Vivo]

Um campeonato que o senso comum tem por muito competitivo como o inglês não teve mais que três campeões na era pós-Bosman e apenas 5 vice-campeões (sendo um deles, o Newcastle logo na época 1996/97, quando os efeitos do acórdão talvez ainda não estivessem perfeitamente espelhados nos diversos plantéis). De então para cá, a Premiere League no que aos lugares cimeiros se refere, limita-se a quatro (super) clubes, existindo um grande desnível face aos restantes.

A propósito da Liga inglesa e do fenómeno de concentração de poder que aí hoje é patente, vale a pena sublinhar as palavras do técnico do Newcastle, a antiga glória Kevin Keegan:

"Esta liga corre o risco de se tornar numa das mais aborrecidas e [ainda assim] grandes ligas do mundo. Os quatro primeiros  no próximo ano serão os mesmos quatro primeiros de este ano [Manchester United, Chelsea, Arsenal e Liverpool]".

O debate prossegue na imprensa inglesa...

[Ricardo]

O campeonato português será un dos poucos campeonatos a nível europeu onde só 3 equipas podem ansiar ao título. Factos são factos - como abaixo demonstro- e é inegável que com a excepção do FCP, SLB e SCP, só em 2 situações pontuais, dois clubes diferentes conseguiram  o título nacional. Como sabemos, somente o BFC e CFB conseguiram, com um intervalo enorme, o tão desejado título.
Após um período onde o SCB oscilava entre o mau e o bom, eis que com a chegada de António Salvador o SCB decididamente colou-se ao pelotão da frente, aos clubes que lutam pelo título. Por duas vezes, em circunstâncias diferentes, o SCB ombreou com os ditos grandes pela luta do título... duas vezes, em circunstâncias diferentes, o SCB quedou-se pelo 4º lugar.
Um factor que sobressai nos últimos anos é o forte investimento que o SCB tem feito na sua equipa de futebol, que necessariamente está relacionado com a ambição de conseguir uma classificação histórica.
Pergunto: Valerá a pena? Valerá a pena investir tanto dinheiro numa equipa, ou,  nesta república em que vivemos, será preciso investir em algo mais?
Objectivamente, o vosso raciocínio levou-os à arbitragem. Logo alguns estarão a pensar que a ganhar de forma desonesta nunca. Nunca aceitariam ganhar algo senão dentro das normas e regulamentos. Ok, subscrevo quem assim pensa, mas desde já aviso-vos, que é melhor dedicarmo-nos à pesca, porque estamos a ser desonestos com nós próprios e a viver, alegres e felizes, uma grande mentira.

Eis o meu dilema.

Aprendi a gostar de futebol e será difícil "desligar" de algo que aprendi a gostar. Curioso que a minha visão do futebol está associada à idade. O futebol que desde jovem aprendi a gostar era do mais puro que havia, era espectáculo, era festa. Vibrava com as fintas, exaltava com os golos, chorava com as derrotas e gritava com as vitórias. Havia arte, magia...
Com o decorrer dos anos, a maravilhosa visão inicial foi paulatinamente mudando.
Hoje a visão que tenho do futebol nada tem a ver com a ESSÊNCIA do mesmo. Hoje quando penso mais profundamente em futebol sou levado a pensar em coisas como: dinheiro, pressões, árbitros, mentira, corrupção, dinheiro, manipulação, empresários, dinheiro, classificações, Liga dos campeões, dinheiro... sempre o malfadado dinheiro.
Por mais pessimismo que possa revelar, a realidade nua e crua é esta. O futebol actual gira em torno do dinheiro e tudo que lhe dá origem... A essência desapareceu e o importante é mesmo conseguir a melhor classificação possível porque por exemplo um segundo lugar hoje dá acesso milhões de euros, importantes que são para conseguir os melhores jogadores, até por que eles e os seus empresários recebem cada vez mais dinheiro e assim o exigem. Para  conseguir a melhor classificação possível vale tudo... e todos ficam contentes. Perguntem aos adeptos do FCP, actuais campeões se há corrupção no futebol? perguntem aos adeptos do VSC se há corrupção no futebol?
É um paradigma... o que interessa é vencer porque dos fracos não reza a história nem o modo como se venceu.





CAMPEÕES EUROPEUS DESDE 1935.

Campeões de PORTUGAL:SLB, SCP, FCP, BFC, CFB.

Campeões de Espanha:Barcelona, Real Madrid, Valencia, Deportivo, Atlético Madrid, Atl. Bilbao, Real Sociedad, Sevilha.De realçar que com a excepção do Sevilha e Deportivo as restantes equipas sagraram-se campeãs mais que uma vez.

Campeões de França:Lyon, Nantes, Mónaco, bourdéus, Lens, Auxerre, PSG, Marselha, Saint, Etiene, Estrasburgo, Reims, Nice, Cort Roubaix, Lille, Rouen, Sete, Sochaux.

Campeões de Itália:Milan, Juventus, Roma, Lázio, Sampdória, Na´poles, Inter, Verona, Torino, Cagliari, Fiorentina, Bolonha.

Campeões da Alemanha:Weder Bremen, Bayern Munique, Dorussia de Dortmund, Kaiserlautern, Estugarda, Hamburgo, Colónia, Borussia de Monch´bach, Nuremberga, Entrach, munique 1860, Schalke 04, Manheim, Dresdner.

Campeões de Inglaterra.Chelsea, Arsenal, Manchester United, Blackburn Rovers, Leeds, Liverpool, Everton, Aston Vila, Nott´Forest, Derby County, Ipswich Town, Tottenham, Brunley, Wolverhampton, POrtsmouth, Sunderland, Mancherster City.

Campeões da Holanda:Ajax, PSV, Feyernoord, AZ, Dws Amesterdão, Sparta de Roterdão, Utrecht, Rapid Hererlen, Willem II, Haarlem, Limburgia, Bvv, ADo.

Sem discordar com a ideia do texto, faz a conta dos clubes que ganharam nos últimos dez anos...
Inglaterra - Manchester United, Chelsea e Arsenal
Espanha - Real Madrid, Barcelona
Itália - Milan, Inter, Juventus
Escócia - Rangers, Celtic
Holanda - PSV, Ajax, Feyenoord
Portugal - Benfica, Porto, Sporting, Boavista
...
A moda está para que os clubes grandes se tornem maiores e os mais pequenos menores... Infelizmente, é assim.

[Kilo]

 Em Espanha falta-te aí o Super Depor!