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Art DM - Reformas e Remendos

Started by cardoso, 20 de November de 2008, 14:15

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cardoso

Em Portugal, de há duas décadas a esta parte, tornou-se chique e politicamente correcto falar em reformas, como se este conceito fosse sinónimo de mudança milagrosa. As reformas não passam de mudanças pontuais, que nada resolvem de significativo. A meu ver, trata-se apenas de uma justificação para que determinados conceitos e práticas possam ser implementadas em nome do bem público. Ao mesmo tempo, permitem o recuso ao conveniente argumento que as reformas exigem sacrifícios. Desta forma, consegue-se a aceitação de determinados padrões, de interesse público muito discutível, mas convenientes ao poder instituído e a determinados proveitos particulares.
Verificando-se que o conceito de "reforma" (tal como é politicamente entendido em Portugal) não conduz a benefícios significativos na vida dos cidadãos, entra-se numa espiral reformista que tende a perpetuar-se. Ao fim de duas décadas de reformas, este país tende a transformar-se numa manta, não de retalhos mas de remendos sucessivos.
Venho de uma família de modestos alfaiates de aldeia. Lembro os tempos da ditadura em que a pobreza fazia com que os clientes habituais do meu pai, também ele alfaiate de aldeia, pobres agricultores ou operários, lá iam para pôr remendos nas calças de cotim, já várias vezes remendadas. É esta a imagem que eu tenho deste país. Na minha infância, estes remendos, a partir de certa altura, deixaram de ser necessários para a maior parte das pessoas. Porque houve uma revolução. Mal ou bem, essa revolução foi o primeiro passo para que a vida das pessoas começasse a melhorar.
Se as reformas actuais continuarem a perpetuar-se como remendos num par de calças velho, corremos o risco de, mais dia menos dia, começarmos a clamar por uma revolução. E nessa altura talvez as altas esferas do nosso querido país se apercebam dos erros que cometem.
Se os hospitais não têm condições para atender os portugueses, faz-se uma reforma da saúde. Entretanto, as clínicas dos ricos prosperam e os pobres desesperam. Se a segurança social está em crise, faz-se uma reforma do sistema e entretanto, mais uns milhares levam um rombo na aposentação. Se a educação está em crise, faz-se uma reforma para certificar a ignorância e avaliar os professores enquanto (e isso ninguém vê) os alunos saem da escola cada vez mais ignorantes porque os professores não podem ensinar como querem e sabem.
E o que é que isto tem a ver com o futebol? Nada, diz o leitor. Tudo, digo eu, com o respectivo pedido de desculpas por contrariar a sua opinião. Eu explico: há claques a ir parar à cadeia, há violência nos estádios, há corrupção comprovada por todos os lados, há arbitragens que chegam ao cúmulo de não ver 4 penaltis num jogo e terem uma avaliação de "bom", há jogadores de futebol sem receber 4 meses seguidos, há clubes na falência, etc. etc...
E o que fazem os responsáveis pelo desporto em Portugal? Remendos! Os clubes endividam-se para ir buscar craques de duvidosa qualidade ao estrangeiro e o que fazem aos nossos jovens jogadores? Os clubes não têm dinheiro para investir nas camadas jovens. E que tem feito o poder político para incrementar a prática desportiva?
O desporto em Portugal, tal como o país em geral, precisa de mudanças a longo prazo. Assim como os políticos não deviam agir em função do timing das eleições, também os clubes não deviam agir em função do sucesso desportivo imediato. É preciso incrementar a prática desportiva, apoiar muito mais o desporto escolar, subsidiar a formação desportiva, combater, de forma pedagógica, a violência nos recintos desportivos, punir impiedosa e imparcialmente a corrupção e apoiar com medidas concretas os clubes que privilegiem a formação.  Isso sim, seria reformar, no verdadeiro sentido do termo.

BRAGUISTA 100%

Quote from: cardoso on 20 de November de 2008, 14:15
Em Portugal, de há duas décadas a esta parte, tornou-se chique e politicamente correcto falar em reformas, como se este conceito fosse sinónimo de mudança milagrosa. As reformas não passam de mudanças pontuais, que nada resolvem de significativo. A meu ver, trata-se apenas de uma justificação para que determinados conceitos e práticas possam ser implementadas em nome do bem público. Ao mesmo tempo, permitem o recuso ao conveniente argumento que as reformas exigem sacrifícios. Desta forma, consegue-se a aceitação de determinados padrões, de interesse público muito discutível, mas convenientes ao poder instituído e a determinados proveitos particulares.
Verificando-se que o conceito de "reforma" (tal como é politicamente entendido em Portugal) não conduz a benefícios significativos na vida dos cidadãos, entra-se numa espiral reformista que tende a perpetuar-se. Ao fim de duas décadas de reformas, este país tende a transformar-se numa manta, não de retalhos mas de remendos sucessivos.
Venho de uma família de modestos alfaiates de aldeia. Lembro os tempos da ditadura em que a pobreza fazia com que os clientes habituais do meu pai, também ele alfaiate de aldeia, pobres agricultores ou operários, lá iam para pôr remendos nas calças de cotim, já várias vezes remendadas. É esta a imagem que eu tenho deste país. Na minha infância, estes remendos, a partir de certa altura, deixaram de ser necessários para a maior parte das pessoas. Porque houve uma revolução. Mal ou bem, essa revolução foi o primeiro passo para que a vida das pessoas começasse a melhorar.
Se as reformas actuais continuarem a perpetuar-se como remendos num par de calças velho, corremos o risco de, mais dia menos dia, começarmos a clamar por uma revolução. E nessa altura talvez as altas esferas do nosso querido país se apercebam dos erros que cometem.
Se os hospitais não têm condições para atender os portugueses, faz-se uma reforma da saúde. Entretanto, as clínicas dos ricos prosperam e os pobres desesperam. Se a segurança social está em crise, faz-se uma reforma do sistema e entretanto, mais uns milhares levam um rombo na aposentação. Se a educação está em crise, faz-se uma reforma para certificar a ignorância e avaliar os professores enquanto (e isso ninguém vê) os alunos saem da escola cada vez mais ignorantes porque os professores não podem ensinar como querem e sabem.
E o que é que isto tem a ver com o futebol? Nada, diz o leitor. Tudo, digo eu, com o respectivo pedido de desculpas por contrariar a sua opinião. Eu explico: há claques a ir parar à cadeia, há violência nos estádios, há corrupção comprovada por todos os lados, há arbitragens que chegam ao cúmulo de não ver 4 penaltis num jogo e terem uma avaliação de "bom", há jogadores de futebol sem receber 4 meses seguidos, há clubes na falência, etc. etc...
E o que fazem os responsáveis pelo desporto em Portugal? Remendos! Os clubes endividam-se para ir buscar craques de duvidosa qualidade ao estrangeiro e o que fazem aos nossos jovens jogadores? Os clubes não têm dinheiro para investir nas camadas jovens. E que tem feito o poder político para incrementar a prática desportiva?
O desporto em Portugal, tal como o país em geral, precisa de mudanças a longo prazo. Assim como os políticos não deviam agir em função do timing das eleições, também os clubes não deviam agir em função do sucesso desportivo imediato. É preciso incrementar a prática desportiva, apoiar muito mais o desporto escolar, subsidiar a formação desportiva, combater, de forma pedagógica, a violência nos recintos desportivos, punir impiedosa e imparcialmente a corrupção e apoiar com medidas concretas os clubes que privilegiem a formação.  Isso sim, seria reformar, no verdadeiro sentido do termo.


Mais um grande texto.
É caso para dizer que se precisam de reformas, mas daquelas mesmo a serio...
Sporting Clube de Braga - love it or leave it.

slb + fcp + scp = LIXO

Bvna

Não precisamos de "reformas". Ideias não faltam e, algumas, pessoas competentes também as há. Precisamos é de "tomates".  ;D

cardoso

Quote from: Bvna on 20 de November de 2008, 14:28
Não precisamos de "reformas". Ideias não faltam e, algumas, pessoas competentes também as há. Precisamos é de "tomates".  ;D

e ovos ;D

Cici

#4
Quote from: cardoso on 20 de November de 2008, 14:15
O desporto em Portugal, tal como o país em geral, precisa de mudanças a longo prazo. Assim como os políticos não deviam agir em função do timing das eleições, também os clubes não deviam agir em função do sucesso desportivo imediato. É preciso incrementar a prática desportiva, apoiar muito mais o desporto escolar, subsidiar a formação desportiva, combater, de forma pedagógica, a violência nos recintos desportivos, punir impiedosa e imparcialmente a corrupção e apoiar com medidas concretas os clubes que privilegiem a formação.  Isso sim, seria reformar, no verdadeiro sentido do termo.

Destaco este último parágrafo, que na minha opinião é essencial que estas mudanças aconteçam, parece que vamos de mal a pior. Ainda hoje no jonal "O Metro" dizia que numa sondagem realizada aos portugueses, estes apareciam como, um dos povos europeus mais insatisfeitos e infelizes no que respeita à qualidade de vida. Nós que até somos conhecidos por sermos bastante alegres...

JotaCC

È bem verdade  o que o Cardoso escreve neste momento este país é uma manta de remendos de reformas mal feitas.

cardoso

A ministra da educação acaba de me dar mais um exemplo do que afirmo: aí está mais um remendo mal amanhado.
Às vezes este país é mesmo uma vergonha!

david

concordo contigo Cardoso, o futebol português chegou a este estado, porque os responsaveis pelos nossos clubes, são pessoas com muito pouca massa cinzenta, a inteligencia infelizmente não é o ponto mais forte deles, temos um futebol português sem credibilidade, sem espectadores, com arbitros incompetentes, com dirigentes incompetentes e com clubes que apoiam claques que insultam jogadores, que fazem estragos nas viaturas, com droga, com armas,  com equipas que contratam jogadores e não têm dinheiro para pagar os salarios, para onde caminha o futebol em Portugal?

1

Discordo totalmente com este texto, em Portugal dizem que se fazem reformas, mas se se tenta fazer uma na educação os professores não deixam, se se tenta na saúde os médicos não deixam e por aí fora.  ::)

Portugal até pode precisar de reformas mas os lobbys, sindicatos e profissionais com privilégios acima da média não deixam as coisas mudar.

Em Portugal há medo de alterar o status quo em qualquer sector da sociedade seja no desporto seja na função publica.


PS: Espero não ser insultado por este comentário lol  ;D

eumesmo

Quote from: 1 on 21 de November de 2008, 10:28
Discordo totalmente com este texto, em Portugal dizem que se fazem reformas, mas se se tenta fazer uma na educação os professores não deixam, se se tenta na saúde os médicos não deixam e por aí fora.  ::)

Portugal até pode precisar de reformas mas os lobbys, sindicatos e profissionais com privilégios acima da média não deixam as coisas mudar.

Em Portugal há medo de alterar o status quo em qualquer sector da sociedade seja no desporto seja na função publica.


PS: Espero não ser insultado por este comentário lol  ;D

Em relação ao não deixarem fazer as reformas é bastante simples, as mesmas tem apenas como objectivo reduzir custos, sendo assim não são verdadeiras reformas. Quando os políticos descerem dos seus pedestais e tomarem conhecimento da realidade e realmente começarem a reformar o que está mal ai ninguém vai ficar contra.

As reformas fazem-se após o conhecimento da realidade, se esta é ignorada não ha reforma possível.
Veja-se o caso dos professores, dividem-se os professores em professores titulares e professores (apenas)
Os titulares (mais competentes segundo o ministério) avaliam os outros professores, enquanto eles (os titulares) serão avaliados por uma comissão independente ( que ainda não está constituída nem regulamentada).

Ora o critério para esta divisão nos professores foi, imagine-se, o tempo de serviço, o mesmo tempo de serviço que não serve para avaliar os professores e dai ter sido criado o modelo de avaliação. E onde fica a educação nisto tudo? quando se criam programas decentes e se acabam com as disciplinas que apenas tem como intuito ocupar os miúdos? quando se criam condições nas escolas para os professores exercerem ai a sua actividade e não em casa...

@braços
Eumesmo
"Até desmaio quando vejo que estão a roubar o Sporting de Braga" por D. Rosa

Kilo

#10
 Mas o engraçado mesmo é ouvir a minha mãe, professora, a dizer que gostava de ter tempo para um coisa de pouca importância, porque importante mesmo são as papeladas e as reuniões, como é ensinar a ler, escrever e fazer contas...

Quem não está no meio, está contra a revolta dos professores porque não imagina no que se tornou a profissão, em que se relegou o mais importante, o ensino, para 2º ou mesmo para 3º plano! Ele é objectivos, é planos de recuperação, é reuniões para escolher a cor do papel higiénico, bla bla bla...

Tempo para preparar as aulas? Pois...

Mas finalmente os pais começam a ter a percepção de que esta "reforma" só prejudica os filhos! E que fiquem todos com essa noção bem vincada, porque é a mais pura das verdades!

E concordo com o eumesmo! Elas são feitas em gabinetes em Lisboa por quem tem filhos em colégios que vão de mercedes para lá!

Quando se promoveu o encerramento das escolas com menos de 10 alunos, alguém pensou nos miudos que ficaram a 10, 15 kms da escola mais próxima? Que tem que acordar antes das 6 da manha à espera do transporte da camara que tem que fazer um circuito de mais de uma hora para ir buscar outros como eles que moram longe demais? Ou será que a venda dos terrenos e edificios onde se encontravam as escolas, interessava a alguém com "presença" nas autarquias?

Ah, é o modelo nórdico, diziam "eles"! Mentira vergonhosa! Na Noruega, na zona mais inóspita, no norte, onde vive o povo Sami, se houver uma aldeia com uma criança, o estado coloca nessa escola um professor.

E depois, crianças de 6 anos, com aulas das 8 às 17! :o Como querem eles que as crianças consigam estar tantas horas numa escola? Há a completa noção de que as crianças ficam exaustas, sem qualquer motivação para aprender e muito menos com tempo para brincar, coisa fundamental para o bom desenvolvimento duma criança! Aquelas nossas tardes de futeboladas, de corridas de Bike ou do que fosse pura e simplesmente acabaram...

Até à porra dos ATL cortaram os fundos!

Mais uma vez, e como disse o eumesmo: dinheiro, custos, euros...  Tudo o que eles disserem de optimização do que for...balelas! Redução de custos! Mais nada!

Mas este efeito vai-se notar dentro de 10 anos. Não duvidem. Se os adolescentes de hoje vão sendo cada vez mais um bando de imbecis (todos nós o fomos um bocado ;D) com poucos valores, muitos direitos e quase nenhuns deveres, pelo menos na sua maioria, (desculpem-me os adolescentes deste forum, mas a verdade está aí), daqui para a frente, vai ser ainda pior...


Não duvidem que este país é uma manta de retalhos, onde tudo é feito para reduzir custos ou beneficiar alguém que tenha interesses ocultos(ou nem tanto) e apenas com visão de curto prazo! Se as coisas fossem feitas de forma consciente, a pensar no bem da sociedade e viradas para o desenvolvimento sustentado do país, não duvido que o pessoal apoiasse e que a coisa até resultasse!

E quem fala no caso da educação, fala em tantas e tantas outras coisas! Basta pegar num livro de história económica e ver como esbanjamos rios de dinheiro e de intenções em planos, reformas e medidas completamente ineficazes e muito menos eficientes!

El_Gavion

Quote from: Kilo on 21 de November de 2008, 11:50
Mas o engraçado mesmo é ouvir a minha mãe, professora, a dizer que gostava de ter tempo para um coisa de pouca importância, porque importante mesmo são as papeladas e as reuniões, como é ensinar a ler, escrever e fazer contas...

Quem não está no meio, está contra a revolta dos professores porque não imagina no que se tornou a profissão, em que se relegou o mais importante, o ensino, para 2º ou mesmo para 3º plano! Ele é objectivos, é planos de recuperação, é reuniões para escolher a cor do papel higiénico, bla bla bla...

Tempo para preparar as aulas? Pois...

Mas finalmente os pais começam a ter a percepção de que esta "reforma" só prejudica os filhos! E que fiquem todos com essa noção bem vincada, porque é a mais pura das verdades!

E concordo com o eumesmo! Elas são feitas em gabinetes em Lisboa por quem tem filhos em colégios que vão de mercedes para lá!

Quando se promoveu o encerramento das escolas com menos de 10 alunos, alguém pensou nos miudos que ficaram a 10, 15 kms da escola mais próxima? Que tem que acordar antes das 6 da manha à espera do transporte da camara que tem que fazer um circuito de mais de uma hora para ir buscar outros como eles que moram longe demais? Ou será que a venda dos terrenos e edificios onde se encontravam as escolas, interessava a alguém com "presença" nas autarquias?

Ah, é o modelo nórdico, diziam "eles"! Mentira vergonhosa! Na Noruega, na zona mais inóspita, no norte, onde vive o povo Sami, se houver uma aldeia com uma criança, o estado coloca nessa escola um professor.

E depois, crianças de 6 anos, com aulas das 8 às 17! :o Como querem eles que as crianças consigam estar tantas horas numa escola? Há a completa noção de que as crianças ficam exaustas, sem qualquer motivação para aprender e muito menos com tempo para brincar, coisa fundamental para o bom desenvolvimento duma criança! Aquelas nossas tardes de futeboladas, de corridas de Bike ou do que fosse pura e simplesmente acabaram...

Até à porra dos ATL cortaram os fundos!

Mais uma vez, e como disse o eumesmo: dinheiro, custos, euros...  Tudo o que eles disserem de optimização do que for...balelas! Redução de custos! Mais nada!

Mas este efeito vai-se notar dentro de 10 anos. Não duvidem. Se os adolescentes de hoje vão sendo cada vez mais um bando de imbecis (todos nós o fomos um bocado ;D) com poucos valores, muitos direitos e quase nenhuns deveres, pelo menos na sua maioria, (desculpem-me os adolescentes deste forum, mas a verdade está aí), daqui para a frente, vai ser ainda pior...


Não duvidem que este país é uma manta de retalhos, onde tudo é feito para reduzir custos ou beneficiar alguém que tenha interesses ocultos(ou nem tanto) e apenas com visão de curto prazo! Se as coisas fossem feitas de forma consciente, a pensar no bem da sociedade e viradas para o desenvolvimento sustentado do país, não duvido que o pessoal apoiasse e que a coisa até resultasse!

E quem fala no caso da educação, fala em tantas e tantas outras coisas! Basta pegar num livro de história económica e ver como esbanjamos rios de dinheiro e de intenções em planos, reformas e medidas completamente ineficazes e muito menos eficientes!

ARAILHO...Eu já nem te bato palmas...eu faço-te é 3 vénias!! ;)

PS: puto, mostra isto à mãe que ela fica toda contente!! ;D ;D
SC BRAGA: QUEM NÃO SENTE,NÃO ENTENDE!!

Bracarense

Mas não seria de esperar que os profissionais tivesse os seus metodos de trabalho organizados  e prontos a ser apresentados antes de começarem a trabalhar?

Não seria natural que as coisas fossem feitas ao longo dos anos sem ser em cima do joelho e sem ser sempre da mesma forma rotineira?

E será que se os alunos são avaliados quem é responsável pela sua ignorância tb não deveria ser avaliado e julgado por isso?

Será que a ignorância cada vez mais marcada nos últimos anos foi provocada pela avaliação implementada há alguns meses?

E porque é que os sindicatos eleitos pelos professores e que assinaram um acordo há meia dúzia de meses  (que agora querem rasgar) não levantaram mundos e fundos e não convocaram passeatas de 120 mil quando foram implementados programas de ensino que visavam o facilitismo?

Será que só se manifestam agora porque com este acréscimo de trabalho acabaram-se algumas das regalias que tinham? Coitadinhos dos professores...  maspoucos falam dos alunos que assim ficam cada vez mais ignorantes porque têm cada vez menos aulas.

E já agora: os palahços que atiraram ovos deviam era todos ir apreender que protestar não quer dizer agredir.

cardoso

#13
Caro 1
nunca serias insultado pelo facto de teres exposto a tua opinião, com toda a correcção! É essa correcção que muitas vezes falta e que, associada ao preconceito, leva a ódios e maniqueismos.
O eumesmo e o Kilo responderam melhor do que eu faria, de qualquer forma quero acrescentar umas coisas:
Como professor, sempre fui contra determinados privilégios (o Zé é testemunha de que há anos que penso assim): nunca concordei com o facto de termos um horário diferente (hoje temos um horário de 35 horas mas há anos a unica coisa que constava do nosso horário eram 22 horas de aulas). Nunca concordei com o facto de progredirmos na carreira apenas com tempo de serviço, por exemplo.
E não sou só eu. A maioria dos meus colegas sempre desejaram um estatuto que nos dignificasse perante a sociedade, que afastasse essa ideia de que eramos priviligeados; até porque não eramos: sempre tivemos necessidade de gastar muitas horas em casa, simplesmente essas horas não estavam declaradas nos nossos horários. E como as pessoas "não as viam", logo, não existiam...
Dizes que nós não deixamos implementar as reformas. Quais reformas? Verdadeira reforma seria deixar de ensinar aos putos inutilidades absolutas sem saberem ler nem escrever. O meu filho sai de casa às 8 e 20 e chega às seis e meia!!!! E quem se preocupa com isto? Já viste a ministra ou o Albino a defender isto? E isto é só um exemplo...
Como professor titular, digo-te também: não pedi esse cargo a ninguém! Tenho colegas mais experientes que eu, se calhar mais competentes que não são titulares! E sabes o que ganho com isto? O direito execrável de avaliar os meus colegas! Vou assistir e avaliar aulas de colegas mais experientes que eu. Se lhe der uma avaliação pouco satisfatória faço figura de parvo, de pretensioso, de invejoso e por aí fora. Se lhe atribuir uma avaliação de Muito Bom ou Excelente, ele fica com o lugar nas quotas que à partida podia ser para mim: avaliado e avaliador concorrem para as mesmas quotas!!! Achas isto bem?
Enfim, isto são apenas pormenores...
Mas olha, já estou na fase em que me farto de rir com isto. Principalmente quando vejo opiniões como tenho lido que, baseadas na mais completa ignorância vêm com lugares comuns como : "estão manipulados pelos comunistas"... ou "não querem ser avaliados" ou "a culpa é dos sindicatos que rasgaram o acordo anterior" haja paciência!

cardoso

PS - (sem conotação política ;)) - eu tenho alunos que estão a sair do 9º ano sem saber escrever uma frase completa. Alguns deles, se viessem escrever aqui no fórum eu teria vergonha de dizer que fui professor deles. E alguns de vocês não fazem a mais pequena ideia do que nos custa admitir isto. Nem calculam as angustias, o desespero e a impotência com que nós, professores assistimos a isto! A sensação de que não nos deixam ensinar... conheço colegas com graves problemas de saúde mental por causa destas coisas... agora não me digam que não sabemos ensinar... quem está por dentro disto sabe distinguir o "não querer" do "não poder"...

A.Castro

Quote from: cardoso on 20 de November de 2008, 14:43
Quote from: Bvna on 20 de November de 2008, 14:28
Não precisamos de "reformas". Ideias não faltam e, algumas, pessoas competentes também as há. Precisamos é de "tomates".  ;D

e ovos ;D


e se acrescentamos a hamburguer o mac donalds inventa ja um nome e vende a rodos!!!
DIZEM QUE O QUE É BOM ACABA RAPIDO MAS ESTA ERRADO, DURA TO TEMPO SUFICIENTE PAR

Kramer

Depois daquilo que foi dito pelo eumesmo, Kilo e Cardoso não há muito a acrescentar. Todas as ditas reformas não visam o melhoramento da qualidade dos serviços, sejam eles médicos, de educação, etc,. mas sim uma simples diminuição de custos. E com tantas reformas a qualidade dos serviços pouco melhora, prejudicado unicamente as pessoas que não recebem o tratamento  que merecem e têm direito, e perdendo a confiança nos serviços públicos.  
\\\\"Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos

cardoso

Quote from: Kramer on 21 de November de 2008, 14:06
Depois daquilo que foi dito pelo eumesmo, Kilo e Cardoso não há muito a acrescentar. Todas as ditas reformas não visam o melhoramento da qualidade dos serviços, sejam eles médicos, de educação, etc,. mas sim uma simples diminuição de custos. E com tantas reformas a qualidade dos serviços pouco melhora, prejudicado unicamente as pessoas que não recebem o tratamento  que merecem e têm direito, e perdendo a confiança nos serviços públicos.  

Exactamente. Isto leva-me a ir mais longe um pouco: não será objectivo ultimo dos governantes "despachar" os alunos para o privado? Olhem que era uma solução bestial (no verdadeiro sentido do termo, porque bestial vem de besta)... e já está a acontecer...

Kilo

Quote from: Bracarense on 21 de November de 2008, 13:11
Mas não seria de esperar que os profissionais tivesse os seus metodos de trabalho organizados  e prontos a ser apresentados antes de começarem a trabalhar?

Não seria natural que as coisas fossem feitas ao longo dos anos sem ser em cima do joelho e sem ser sempre da mesma forma rotineira?

E será que se os alunos são avaliados quem é responsável pela sua ignorância tb não deveria ser avaliado e julgado por isso?

Será que a ignorância cada vez mais marcada nos últimos anos foi provocada pela avaliação implementada há alguns meses?

E porque é que os sindicatos eleitos pelos professores e que assinaram um acordo há meia dúzia de meses  (que agora querem rasgar) não levantaram mundos e fundos e não convocaram passeatas de 120 mil quando foram implementados programas de ensino que visavam o facilitismo?

Será que só se manifestam agora porque com este acréscimo de trabalho acabaram-se algumas das regalias que tinham? Coitadinhos dos professores...  maspoucos falam dos alunos que assim ficam cada vez mais ignorantes porque têm cada vez menos aulas.

E já agora: os palahços que atiraram ovos deviam era todos ir apreender que protestar não quer dizer agredir.


Nota-se que não estás por dentro do verdadeiro sentido do protesto dos professores! Ninguém está contra a avaliação! Apenas contra ESTE método!  Dou-te um exemplo: uma professora vai ser avaliada por outra com menos 15 anos de serviço e que nos últimos nove não deu aulas por estar a fazer trabalho de bibliotecária! Bonito, não é?

O problema é que não tem MESMO tempo pra ensinar. Aulas até às 17. Reuniões após esse horário. E depois? Fazer as fichas? Corrigi-las? E deves saber que nem todos os alunos andam ao mesmo ritmo e são precisas horas em casa para preparar matéria para tentar equilibrar esses mesmo ritmos!

A ignorancia que grassa neste país? Opa, vai perguntar aos paizinhos que de há uns anos para cá deixam fazer tudo e mais alguma coisa aos seus meninos perfeitos! Hoje em dia não há regras, não há castigo nem consequencia para os actos das crianças!

Resultado? Desleixo, despreocupação e a arrogância de achar que o professor é um empecilho! E de que eles é que sabem!

Não há milagres! Isto estava-se à espera ha muito tempo...

Além de que se não fosse a revolta das massas de operários e de outras forças de trabalho, ainda hoje se trabalhava 20 horas por dia a troco de 2 ou 3 pães! Quando as coisas estão mal (notoriamente) e há uma força quase totalitarista a negar que se altere de forma equilibrada, há que lutar, seja com palavras, ovos ou greves! E depois quando cedem, lá está...vem os remendos às reformas! ::)

xpt_nautilus

#19
Quote from: cardoso on 21 de November de 2008, 13:59
PS - (sem conotação política ;)) - eu tenho alunos que estão a sair do 9º ano sem saber escrever uma frase completa. Alguns deles, se viessem escrever aqui no fórum eu teria vergonha de dizer que fui professor deles. E alguns de vocês não fazem a mais pequena ideia do que nos custa admitir isto. Nem calculam as angustias, o desespero e a impotência com que nós, professores assistimos a isto! A sensação de que não nos deixam ensinar... conheço colegas com graves problemas de saúde mental por causa destas coisas... agora não me digam que não sabemos ensinar... quem está por dentro disto sabe distinguir o "não querer" do "não poder"...

Cardoso,

Tenho de perguntar isto, a culpa é da Ministra, é das Reformas? De quem é a culpa de que os alunos nao saibam ler? Minha? Dos pais? Dos professores? Dos alunos, que nao sabem ler quanto mais aprender? De quem é a culpa? é do facilistismo associado ao ensino? Não percebo isso, sinceramente nao percebo. Seremos nós portugueses burros por natureza? Os alunos nao sabem ler, quem tem de ser responsabilizado? Quem? Deem-me respostas, por favor! Porque nao podem ensinar? Quem vos proibe de tal coisa? É por terem de preencher dezenas de papeis por eles chumbarem? Porque nao se manifestam, acerca disso? Porque apenas agora que aos olhos da sociedade, perdem regalias e vou exigem algo, é que se revoltam. Onde esteve a vossa preocupaçao pelo ensino durante os tempos em que vos "proibiam" de ensinao? Expliquem-me, por favor, eu sou portugues, sou jovem, quero viver aqui, quer ter familia aqui, quero o meu país a andar para frente. Eu acordo todos os dias às 7h da manha, vou de comboio para o Porto 1h, trabalho 9h sem parar, tenho burocracia, muita! Luto pela honestidade, justiça, igualdade acredito nisso e luto imenso por isso, mas digam-me por favor o que se tem de fazer para isto entrar nos eixos!