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Falando de táctica, humildade e... profissionalismo

Started by Olho Vivo, 26 de February de 2008, 05:15

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Olho Vivo

Não comentei os últimos três jogos do ENORME. Se após o jogo frente ao V.Setúbal ninguém estava interessado em falar do jogo (de bola mesmo, quero dizer), em relação aos últimos dois jogos (Werder Bremen e Benfica) não pude mesmo por razões profissionais...
Mas não posso deixar de manifestar alguma perplexidade ao confrontar o que vou vendo nos campos por onde a nossa equipa vai passando e o que aqui vou lendo. Sendo quase consensual o tom muito crítico relativamente ao trabalho de Manuel Machado, é paradoxal que a maioria das opiniões não questione as opções tácticas do treinador, em particular o sistema táctico que privilegia. A critica centra-se sobretudo em dois ou três nomes que na opinião dos foristas deveriam ficar de fora do onze e nas alterações erradas (segundo as mesma opiniões) que no decurso das partidas o treinador vai fazendo. Mas, em termos de sistema táctico, poucos são os que questionam as opções iniciais de Manuel Machado, o habitual 4-2-3-1.

Após a lesão de Jorginho (e sem JVP que, em minha opinião, já não contava para treinador e SAD há muito), duas soluções pareciam evidentes para a posição 10, aliás mencionadas já por Manuel Machado numa conferencia de imprensa anterior a um dos últimos jogos: César Peixoto e Wender. Contudo, Manuel Machado optou por colocar, frente ao Werder Bremen, César Peixoto mas numa posição mais recuada, lado a lado com Stélvio, num 4-3-3 mais "clássico", sem um numero 10 assumido. Segui o Benfica-Braga com menos atenção e apenas pela TV, mas pareceu-me que o mesmo se terá passado na primeira metade do jogo. Ora, a mim parece-me que esta solução, com o actual plantel, é melhor que o habitual 4-2-3-1...

Creio que o cancro da nossa equipa está no nosso meio-campo. Praticamente todos os jogadores que estão à disposição do técnico para esse sector têm um andamento limitado, algumas dificuldades nas transições defensivas, não sendo capazes de jogar com grande intensidade e a ritmos elevados. Com homens nas alas com vocação marcadamente ofensiva (atacantes por formação) e com um número 10 sem capacidade para apoiar a transição defensiva e sem capacidade para pautar o futebol da equipa (gerir ritmos) – casos de Jorginho, JVP e Wender – a função de bloquear a saída para o ataque do adversário fica sob os ombros dos dois pivots defensivos. Ora, conhecendo nós as suas características, os defeitos que antes apontei tornam-se demasiado evidentes...

A este respeito, há uma frase que o Luís Freitas Lobo costuma dizer que assenta como uma luva aqui: a organização da equipa deve esconder ao máximo os defeitos dos seus jogadores e potenciar as suas virtudes. Não é isso que acontece com a habitual estrutura táctica da nossa equipa. Ela expõe de forma nua e crua as incapacidades dos nossos médios, nomeadamente a falta de intensidade, a impossibilidade de acompanhar ritmos elevados. Aliás, mesmo que assim não fosse, é fácil constatar que há poucas equipas de topo que se dêem ao luxo de não terem pelo menos três homens de meio-campo (também) com funções de cobertura ou que, não os tendo, joguem com homens sobre as alas com capacidade (física e táctica) para recomporem o meio-campo em situações defensivas.

Devo dizer que não é de hoje que acho que a equipa deveria sistematizar o 4-4-2, com meio-campo em losango. É verdade que a recomposição do plantel em Janeiro foi noutro sentido. É verdade que faltam homens com alguma versatilidade para fazerem os vértices laterais do meio-campo. Mas creio que esse défice poderia ser disfarçado jogando com dois laterais com vocação ofensiva – e nós até dispomos de dois com esse perfil (João Pereira e Miguelito). Creio que seria uma opção que disfarçaria melhor o menor andamento dos nossos médios e que facilitaria a ligação meio-campo – ataque, uma das nossas maiores pechas. Reconheço todavia que é arriscado fazer esta opção com a época em andamento – mas a verdade é que já quando Jorge Costa saiu tinha a convicção de que esta seria a melhor opção. E de então para cá provavelmente teríamos conseguido construir rotinas sem piores resultados (pelo menos na Liga e na Taça de Portugal). Mas é evidente que na altura não teria sido fácil tomar esta decisão...

Ainda que não seja essa a opção de Manuel Machado, creio que pelo menos se justifica a inversão do triangulo do meio-campo e jogarmos num 4-3-3 mais clássico. Não acredito que seja possível melhorar grandemente de rendimento mantendo o habitual 4-2-3-1. Aliás, a opção tomada durante algum tempo por Manuel Machado de colocar Vandinho na posição 10 pareceu-me sempre sintoma do reconhecimento que os dois pivots do meio-campo não chegavam para dar conta do recado. O 4-3-3 potencialmente permite-nos uma ocupação mais racional do campo e, facto não desprezível, permite aos nossos alas, avançados por vocação, terem outra liberdade e surgirem de forma mais amiúde próximo da zona de finalização. De outra forma, demasiado amarrados ao flanco, não retiraremos rendimento que se veja deles - Matheus é para mim o caso mais evidente.

Mas não chega falar de sistemas. É necessário que todos tenhamos consciência de que esta equipa não tem jogadores que lhe permitam jogar assumindo permanentemente as despesas do jogo. Falta qualidade de passe ao nosso meio-campo, movimentação e, pela nossa fragilidade nas transições defensivas, expomo-nos de forma quase suicida ao contra-ataque adversário sempre que nos entusiasmamos. Provavelmente, é necessário que a equipa jogue mais recuada (com o bloco mais baixo como os entendidos costumam dizer), com as linhas mais juntas, pelo menos e apostando nas saídas rápidas para o ataque. É preciso saber sofrer, tendo consciência das nossas limitações. Sermos humildes. Olharmos para a tabela e perceber que afinal não temos um plantel para esmagar qualquer adversário que nos passe pela frente. E isto aplica-se a técnicos jogadores mas também aos dirigentes da SAD e sobretudo adeptos. Temos a obrigação de sermos também nós humildes. Temo-nos comportado como novos-ricos, como se o dinheiro, o estatuto, e a história comprassem sucesso. Exigimos aquilo que este plantel não pode dar. A culpa, verdade seja dita, não foi só nossa. Fomos convencidos por quem imprudentemente colocou a fasquia num nível irrealista (provavelmente por incapacidade para avaliar tecnicamente o plantel). Mas já é tempo de cairmos na real. E sermos também nós inteligentes. E permitir que a equipa encontre o caminho mais curto para ganhar, nem que esse caminho seja menos agradável à vista e que não seja o que todos sonhamos. Mas se deixarmos a equipa ser inteligente, esconder os seus defeitos e potenciar as suas virtudes, creio que ainda vamos a tempo de garantir o objectivo mínimo da temporada.  Pede-se por isso humildade a todos no nosso clube.

Quando nós questionamos o profissionalismo de alguns jogadores (e não descarto que possa ter havido situações menos próprias), estamos a recusar  aceitar uma realidade muito diferente daquelas que eram as nossas convicções. Estou em crer que, na maioria dos casos, o problema não é os jogadores não quererem – é (já) não poderem fazer aquilo que lhes pedem do modo que lhes é pedido. E enquanto os próprios não tiverem essa consciência, enquanto técnicos, dirigentes e adeptos não o perceberem, vamos persistir no mau rendimento, nos maus resultados e no ambiente crispado e de tensão que muitas vezes se vive à volta da equipa. Estes jogadores podem conseguir resultados – não importa se o estilo não é o que mais gostaríamos que fosse. Neste momento, pede-se a todos, humildade, consciência das nossas actuais limitações sem nos deixarmos iludir pelas justificações fáceis do profissionalismo dos jogadores. Com a consciência dos nossos defeitos, saberemos minora-los e enganar da melhor forma os adversarios....


NOTAS:

1.   É um desespero o nosso jogo aéreo (sobretudo nas bolas paradas). Não é fácil melhorar quando o nosso plantel é constituído por jogadores de estatura relativamente baixa (comparando com a maioria dos planteis da Liga). A marcação zonal não dispensa a agressividade no ataque da bola...

2.   Quando vem à baila a questão da idade dos nossos jogadores (na minha opinião em média, acima do desejável), muitos apontam o exemplo do Milan, equipa de topo com muitos jogadores de idade avançada. Mas pergunto eu, que modelo e sistema de jogo tem este Milan? É uma equipa que assume os jogos? É uma equipa que vai à procura do golo de forma constante? Ou é uma equipa que joga muito agrupada, frequentemente recuada no terreno e espera pelos momentos certos para desferir os seus golpes? Relembro que a sua equipa base conta com 5 jogadores com cultura de centrocampista (embora Kaká seja um jogador com forte vocação atacante), jogando habitualmente num 4-3-2-1 (um só ponta-de-lança apoiado por Seedorf e Kaká jogando em posições interiores embora com alguma liberdade).

mágicoBRAGAallez

Quote from: Pedro Ribeiro on 26 de February de 2008, 05:15
Relembro que a sua equipa base conta com 5 jogadores com cultura de centrocampista (embora Kaká seja um jogador com forte vocação atacante), jogando habitualmente num 4-3-2-1 (um só ponta-de-lança apoiado por Seedorf e Kaká jogando em posições interiores embora com alguma liberdade).


A célebre táctica da árvore de Natal.  :P

Guarda-Redes

Gostei....

Não entendi no entanto quem pensas que poderia ser utilizado nos vértices laterais no losango. E em relação ao vértice superior, não necessita também ele de um jogador que tenha tarefas defensivas? Quem poderia ser? Não vai isto dar a um problema semelhante ao que temos nesta altura com o 3º homem do meio campo? Já sei que seriam 4 e agora são 3, mas também em 4-4-2 como referiste os laterais têm que ter funções muito mais ofensivas....
O Braga não é um grande é o Enorme!

fmrabit

  Pedro Ribeiro, parabens pela correcta apreciação que fazes, mas também acho que este plantel está mal preparado.
  Muito do sucesso das equipas é preparado durante a semana com trabalho de laboratório, os golos de antologia aparecem fruto de jogadas ensaiadas até à exaustão, os livres que no tempo de Jesualdo tantos golos resultaram e no sentido inverso tão dificil era sofrermos golo são agora o nosso principal problema.
   Acompanho quando os treinos são abertos e nunca vi o MMachado irritado e a ameaçar acabar quando os jogadores não se aplicam como tantas vezes fazia o Jesualdo.

Arsenalista

#4
Concordo com a análise técnico/táctica realizada, no entanto a falta de intensidade, a impossibilidade de acompanhar ritmos elevados, enfim a incapacidade do nosso meio campo que referes aos meus olhos chamo-lhe falta de preparação fisica. E isso é conseguido com um programa de treinos semanal intenso e encarado com o máximo profissionalismo, porque se com o plantel que temos não temos jogadores para acompanhar o ritmo elevado da primeira liga, então temos que renovar o plantel!!!

A mim custa-me a acreditar que estes jogadores não podem render mais, eu já os vi cá, e noutros clubes a render bem mais que presentemente. Há que implantar no seio da equipa outra forma de trabalhar mais intensa e mais profissional, sei que isso não é fácil quando tratamos com jogadores mais acomodados, mas quando assim é, procura-se alternativas dentro do próprio plantel.
Bracara Avgvsta Fidelis et Antiqva

Pedro_RBA

Quote from: Arsenalista on 26 de February de 2008, 13:57
Concordo com a análise técnico/táctica realizada, no entanto a falta de intensidade, a impossibilidade de acompanhar ritmos elevados, enfim a incapacidade do nosso meio campo que referes aos meus olhos chamo-lhe falta de preparação fisica. E isso é conseguido com um programa de treinos semanal intenso e encarado com o máximo profissionalismo, porque se com o plantel que temos não temos jogadores para acompanhar o ritmo elevado da primeira liga, então temos que renovar o plantel!!!

Eu custa-me a acreditar que estes jogadores não podem render mais, eu já os vi cá, e noutros clubes a render bem mais que presentemente. Há que implantar no seio da equipa outra forma de trabalhar mais intensa e mais profissional, sei que isso não é fácil quando tratamos com jogadores mais acomodados, mas quando assim é, procura-se alternativas dentro do próprio plantel.

Concordo.. Alias quando são jogos mais chamativos, fico sempre com a sensação de que estão a lutar mais do que o normal... alias no fim normalmente fico a pensar " porque é que não é assim em todos os jogos??"..

Acho que a nossa suposta falta de forma fisica é solucionada com uma boa carga de confiança e optimismo propocionada por umas vitórias seguidas...

Saudações Ultras

Saudações Ultras

Mafalda

Parabéns pela análise. Qual Luis Freitas Lobo... ;D
Confesso que adoro futebol, mas não percebo nada de sistemas de jogo e tácticas. Fiquei um pouco elucidada. Ler as análises do Pedro Ribeiro é como ouvir o António Peres Metelo, parece que começo logo a perceber de economia. :D

Mas aquilo que eu noto, o que me salta mais à vista, como leiga, é que não temos jogo ou sistema, como quiserem, para um ponta de lança como o Linz e isso choca-me. Eu sei que não podemos também cair no erro de moldar o sistema a 1 jogador, mas estou convencida que podíamos ter algum resultado se houvesse alguém a servir melhor o Linz, se isso passa pelo sistema de jogo ou não deixo para os entendidos, os verdadeiros "Peres Metelo" do futebol.
Mafalda

JotaCC

Pedro concordo com a tua analise  é mesmo isto o grande mal este ano a falta de um sistema tactico definido isto no meu ver devido a má organização no inicio da epoca e má constituição da equipa.
Equipa muito mal montada e sobretudo como já referistes a idade jogadores muito avançada sem objectivos na carreira andamos sempre a tapar buracos, só um aspecto que tu não referiste que eu acho importante equipa muito mal preparada fisicamente mas este aspecto ja vem desde que o Jesualdo Ferreira saiu nunca mais a equipa aguentou um jogo a alta rotação e sem capacidade de fazer mudanças de ritmo durante os jogos.

Quote from: Pedro Ribeiro on 26 de February de 2008, 05:15

NOTAS:

1.   É um desespero o nosso jogo aéreo (sobretudo nas bolas paradas). Não é fácil melhorar quando o nosso plantel é constituído por jogadores de estatura relativamente baixa (comparando com a maioria dos planteis da Liga). A marcação zonal não dispensa a agressividade no ataque da bola...

2.   Quando vem à baila a questão da idade dos nossos jogadores (na minha opinião em média, acima do desejável), muitos apontam o exemplo do Milan, equipa de topo com muitos jogadores de idade avançada. Mas pergunto eu, que modelo e sistema de jogo tem este Milan? É uma equipa que assume os jogos? É uma equipa que vai à procura do golo de forma constante? Ou é uma equipa que joga muito agrupada, frequentemente recuada no terreno e espera pelos momentos certos para desferir os seus golpes? Relembro que a sua equipa base conta com 5 jogadores com cultura de centrocampista (embora Kaká seja um jogador com forte vocação atacante), jogando habitualmente num 4-3-2-1 (um só ponta-de-lança apoiado por Seedorf e Kaká jogando em posições interiores embora com alguma liberdade).

nestes dois ulktimos topicos realmente o jogo aereo defensivo e atacante está uma lastima o Linz não é um jogador alto e o Tomás anda muito em baixo em relação a defesa foi um facto que eu já tinha referido mesmo nesta altura de dezembro quando se retocou a equipa neste sector eu referi que os jogadores sao muito identicos e precisava-mos de um jogador alto e forte para o jogo aereo.
Em relação ao exemplo que destes no caso do Milan sobre a idade avançada dos jogadores aí está um bom exemplo de uma euipa muito bem preparada fisicamente e vemos o caso do Rui Costa e Figo tomara alguns jogadores mais novos correr como eles correm é outra mentalidade e organização aqui estao sempre preocupados com os jogadores devido a subcarga de jogos, eu dou tambem um bom exemplo do Vieri quando foi jogar para o At.de Madird que corria sempre 30m depois dos jogos e treinava mais 1Hora que os resto da equipa até chegou a levar o prepador fisico que tinha com ele para espanha.

Olho Vivo

#8
Quote from: Guarda-Redes on 26 de February de 2008, 12:31
Gostei....

Não entendi no entanto quem pensas que poderia ser utilizado nos vértices laterais no losango. E em relação ao vértice superior, não necessita também ele de um jogador que tenha tarefas defensivas? Quem poderia ser? Não vai isto dar a um problema semelhante ao que temos nesta altura com o 3º homem do meio campo? Já sei que seriam 4 e agora são 3, mas também em 4-4-2 como referiste os laterais têm que ter funções muito mais ofensivas....


Não percebeste porque não falei em jogadores... ;D ;D ;D

Mas a verdade é que a equipa já jogou uma ou outra vez em 4-4-2, a última das quais em Bremen onde, na minha opinião, fez uma primeira parte bem razoável. Muita da coesão que se procura com este sistema ter-se-á perdido contudo pela opção de colocar o trinco em funções de marcação directa a um adversário (Diego) e por um excessivo adiantamento dos vértices laterais do meio-campo que abriu algum espaço entre a linha defensiva e o meio-campo. Recordo que nessa partida os vértices laterais do meio-campo foram Frechaut e Vandinho. Este, em minha opinião, até terá feito então o seu melhor jogo dos últimos tempos.
Na segunda metade também Stélvio passou pelo vértice direito do losango. É verdade que lhes falta versatilidade (e em alguns casos intensidade) para abrir sobre a ala quando em posse de bola. Por isso, creio que seria essencial a activação dos laterais em termos ofensivos.

Creio que o maior problema que temos é em termos de quantidade. Não há realmente muitas soluções para essas posições até porque deixamos sair alguns jogadores na janela de transferências de Janeiro que poderiam ser úteis nestes sistema (Castanheira e Hussainde, por exemplo). Admito que, se ganhar endurance, para além dos nomes que apontei, também César Peixoto pode fazer o vértice esquerdo do meio-campo. Numa posição mais recuada, menos exigente em termos de mudanças de velocidade, creio que a sua qualidade técnica pode ser útil. A minha maior interrogação é se ele está realmente disposto a fazer um esforço para relançar a sua carreira, sendo certo que depois das lesões graves que já sofreu lhe é pedido uma dose de empenho extra...

A posição 10 neste sistema é muito menos exigente. Aliás, estou convencido que num tal sistema até João Pinto nos poderia ter sido útil. Neste momento, creio que a opção mais forte para essa posição do losango seria Wender. Mais livre, com menores exigências do ponto de vista defensivo, com possibilidade de abrir sobre as alas como tanto gosta ou jogando perto da baliza adversária em situações de ataque, segurando bem a bola, ganhando faltas perto da área. Alternativamente, César Peixoto (boa capacidade de remate), mas nesse caso, a opção pelo vértice esquerdo do meio-campo teria de ser outra. Com Wender na equipa e com um homem como Matheus (alternativamente Zé Manel) a acompanhar Linz na frente, sempre em movimento, é fácil transformar o sistema num 4-3-3 em algumas situações, caindo aqueles sobre as alas...


Relativamente a quem diz que o problema é de preparação física, não acredito que quatro treinadores que por cá passaram sejam todos maus nesse aspecto. O que não é possível o treino corrigir, sobretudo quando os jogadores têm uma idade avançada, é que estes sejam capazes de grandes mudanças de ritmo, ganhem poder de explosão. Isso são características dos jogadores em boa medida inatas que ainda assim se vão apagando com a idade. Pode sim ser trabalhada a endurance, mas mesmo neste aspecto, não é inteligente exigir aos jogadores algo que sabemos que eles não podem dar. Por exemplo, não se pode pedir a um jogador como o Stélvio que seja um velocista; é um jogador com poder físico mas sem grande poder de explosão, sem grande velocidade; pode trabalhar (isto sim) o seu posicionamento em campo, a leitura de jogo; de outra forma, mesmo sendo um jovem, revelará os mesmos problemas nas transições defensivas que a maioria dos seus companheiros de meio-campo. Parece-me por isso uma vez mais que este tipo de argumentos visa negar as nossas limitações, dizer que nós realmente somos bons, o problema é que não nos deixam mostrar que o somos. Parece-me a atitude errada. É mais produtivo assumirmos que temos limitações, que não somos os melhores, mas que se formos inteligentes podemos ganhar aos melhores, mesmo com todos os defeitos que tenhamos, colocando em campo as nossas virtudes. Não podemos confiar na soberba e na basófia porque estas geralmente dão maus resultados em campo - se a organização e a inteligência táctica não contassem para nada, ganhariam sempre os (teoricamente) mais fortes e isso (sobretudo hoje) está longe de acontecer... O exemplo do Milan serve na perfeição para ilustrar como a organização de uma equipa pode esconder as suas limitações e potenciar as suas virtudes.

HUMILDADE de todos é chave, volto a repetir...


NOTAS:

1. A observação da Mafalda em relação ao Linz é correcta. Linz, não menosprezando outras qualidades que tem (veja-se a abertura para César Peixoto no nosso golo na Luz), é sobretudo um finalizador. Precisa de volume de jogo (aliás, como João Tomás). Infelizmente, não me parece que tenhamos equipa para o alimentar convenientemente. Apesar de tudo, é um jogador com alguma mobilidade e que poderá fazer com competência uma dupla de avançados com outro homem mais liberto (Matheus?). Mas realmente é pena que não tenhamos equipa com capacidade para o alimentar de outra forma...

2. É verdade que é preciso trabalhar mais o jogo aéreo, sobretudo em missão defensiva. A equipa defende à zona, mas é demasiado estática, não ataca a bola, o que é trágico numa equipa com pouca gente com bom jogo aéreo. Mas a nossa fragilidade também provém da nossa má organização táctica. A nossa dificuldade nas transições defensivas obriga-nos frequentemente a cometer faltas (por falta de "pernas") que seriam desnecessárias se jogássemos mais agrupados. Também há que ser mais inteligente não cometendo faltas estúpidas, em lances sem aparente perigo...

disco infiltrator

Por muito que escrevam sobre tácticas e esquemas de jogo, não é preciso ser-se um grande entendido para logo concluir o que falta a esta equipa do SCB: alegria, motivação, garra e vontade.

Está tudo acomodado. Dá um sono enorme assistir aos jogos do Braga actual.

Sem motivação e vontade não vem a preparação física e não há táctica que resista.

Por isso acho necessária uma mudança de fundo. Não é alterando-se o esquema táctico que as coisas vão melhorar

1

Independentemente da tactica para mim hoje no futebol ganha quem corre mais, quem tem mais vontade de ganhar.

Isso é o que falta no Braga

Jazzdevill

Este tema é-me grato, pois é apenas do jogo de futebol que trata. Lembro-me que no último mercado de transferências falei aqui no fórum dos problemas que antevia para o nosso meio campo. Elas são agora perfeitamente evidentes. A nossa defesa está constantemente exposta, não há cobertura. E mesmo ofensivamente a nossa linha média é muito, muito fraca. Falta ligação, falta pulmão, falta capacidade de passe, resumindo, falta tudo. Sem um Madrid em grande forma e a recorrente insistência em Vandinho nas diversas posições do meio (sem sucesso) agora tenta-se encontrar em César Peixoto uma solução para alguns problemas. Mas a tentativa é claramente um falhanço. Mesmo concordando com o Pedro Ribeiro que aqui e ali possa "quebrar o galho", nunca será solução a médio-longo prazo, pelo menos com a qualidade e intensidade que precisamos. Vejo equipas vulgaríssimas com linhas médias anos-luz mais eficazes que a nossa. É vergonhoso para nós. Até temos talento no ataque, até temos talento na defesa e a equipa desfaz-se pela inoperância do colectivo. Isto não é de agora, é de há uns tempos largos para cá, 2 anos, diria, desde que saiu Jesualdo. Quem nos dera ter hoje um jogador como João Alves. Os único que se vão safando são o Brum e o Frechaut, mas muito, muito sozinhos e sem qualquer ligação com os jogadores que completam o sector e colectivamente parece-me que vítimas dos excessivos defeitos gerais. Pensei que a entrada de Manuel Machado, normalmente rigoroso tacticamente, pudesse detectar os problemas e pedir reajustes á SAD. Enganei-me redondamente. O que aconteceu foi o agravamento da situação com as saídas de Castanheira e Hussein. A constante ausência de Madrid, a má adaptação  de Vandinho aos lugares, a verdura de Stélvio e a lesão do Bruno Tiago (nem sabemos se seria solução...) deixam-nos com muito pouco para uma equipa com estas ambições. Concordo em absoluto com o Pedro Ribeiro quando defende que temos de reconhecer a fraqueza que detemos neste momento em termos de soluções e futebol apresentado. Mas não me parece que alterações tácticas de maior sejam feitas (embora as gostasse de ver) até ao final da época. Não acredito nisso, simplesmente. O treinador não tem a mínima margem, a equipa joga sobre brasas, parece-me psicologicamente arrasada e não estou a ver ninguém com coragem para assumir riscos desse tipo agora. Não prevejo nada de bom para o que resta da época. Oxalá me engane redondamente, mas vejo muito complicada a qualificação europeia. Já nem de futebol de qualidade falo, isso é uma miragem neste momento. E concordo de novo com o Pedro Ribeiro quando diz que devemos baixar a cabeça e correr muito, nem que seja á maneira de equipa pequena que desesperadamente procura pontos, jogar de maneira diferente, nem que seja atrás, tentar pontuar o máximo possível. Vamos ter que aturar isto depois de nos entusiasmarem com uma possível intromissão entre os grandes. Mas estou seriamente preocupado com a gritante incapacidade da nossa equipa em produzir futebol.