Art Diário do Minho: Olh'ós saldos!!!

[cardoso]

Somos um país jovem e dinâmico. Estamos em crescimento, somos um verdadeiro exemplo de progresso. E tudo isto se deve a uma grande dinâmica empresarial. De facto, os nossos empresários não têm mãos a medir na sua labuta em prol do progresso.
Bem, na verdade, nem esta é a secção de Economia do Diário do Minho nem eu sou o Ricardo Rio. Nem hoje é primeiro de Abril e nem sequer estou a falar de economia. Refiro-me ao futebol e aos seus empresários. Vem aí Janeiro, época de grande azáfama para os dirigentes desportivos e para os empresários. Aqueles tentam a todo o custo "despachar" as suas nulidades e estes procuram vender os seus "gatos por lebres". Os adeptos, esses, sonham com os salvadores de última hora, os Midas capazes de transformar areia em ouro, o mesmo é dizer, derrotas em vitórias. Visto desta forma, o mercado de Janeiro parece ser uma espécie de Feira da Ladra em que uns tentam comprar preciosidades a "três à coroa" e outros tentam enganar o pacóvio com ferro-velho disfarçado de ouro.
Mas Janeiro é mesmo mês de saldos. Os clubes e SAD's, sem dinheiro, procuram as promoções para iludir os adeptos e vão embrulhar em papel brilhante alguns presentinhos comprados em "liquidações totais", oferecidas pelos senhores empresários, disfarçadas de "produto de marca". Mas enquanto não chega a hora, os auto-intitulados "grandes" discutem onde devem ir "pescar". Na América do Sul há sempre jogadores de qualidade duvidosa, dispostos a apostar numa carreira europeia, embora cansados e desgastados por se encontrarem em fim de época, mas com nomes quase tão melodiosos como o Gladstone. Na Europa sempre há alguns restos, abandonados pelos gaviões do Velho Mundo por estarem verdes ou já meio podres, mas quase tão promissores como o Butt. No Leste europeu há jogadores grandes (todos para cima do metro e oitenta), quase tão bons tecnicamente como o Purovic. De África chegam por vezes jogadores sem técnica mas cheios de força e vontade de vencer, quase tão "viris" como o Bynia.
No entanto, para iludir e entusiasmar os adeptos de cá, estas estrelas de papel de jornal são quase sempre suficientes. Cá no nosso país há sempre jovens com futuro que se podem comprar a preço de saldo porque, embora os jogadores sejam de qualidade, os clubes "pequenos" ainda estão mais depauperados que os "grandes". No entanto esta solução é a menos aplicada porque as margens de lucro nunca são grande coisa...
Enquanto Porto, Benfica e Sporting discutem estas opções, os outros permanecem de bico aberto como as crias dos gaviões, à espera que alguém lhes venha meter a comidinha na boca. Esse alguém é o senhor empresário.
Aqui em Braga não escapamos à regra. Infelizmente para o presidente Salvador o mercado de Janeiro não envolve adeptos vimaranenses nem os empresários os têm em carteira, porque nas suas palavras parece que isso seria a solução para o nosso clube: comprar umas dezenas de milhar de adeptos do Vitória de Guimarães.
É certo e sabido que precisamos de um defesa central de qualidade, pelo menos um lateral e um extremo. Não vou dar palpites porque de nada adiantaria e só serviria para arranjar polémicas inúteis. Só peço ao presidente Salvador que não se deixe iludir por interesses empresariais nem pelas necessidades que os ditos "grandes" têm de pôr a rodar jogadores sem qualidade nenhuma. Esta administração já deu provas de que é capaz de o fazer.

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Este texto para mim é dos melhores até hoje Cardoso!

Concordo totalmente e gostei da "boca" ao Salvador.

[maquiavel]

Olá colega
só falta aí a boca aos jornalistas. Para eles a época dos saldos também é uma autentica feira da ladra mas para vender papel. Na escrita deles, não falta compras e vendas e depois é tudo conversa fiada para vender papel.

[4338]

Mais uma vez Cardoso... Muitos parabéns, um excelente texto o AS têm de abrir os olhos e aperceber-se que a culpa do SCB ter menos adeptos do que o desejado é dele e apenas dele e da sua débil relação com os associados e os seus comentários e comparações às gentes vimaranenses e, como é claro, os exurbitantes preços dos bilhetes em algumas ocasiões!

[A.COSTA]

Muito bem caro "colega". Uma vez mais em grande. A colocar o dedo na feirda (ou nas feridas). 

[braga2007]

Este artigo descreve aquilo que é, infelizmente, a realidade do futebol português, dirigido segundo o interesse dos empresários, onde muitas vezes os presidentes são "acessórios" meramente decorativos. Mais um belo texto Cardoso, continue assim. 

[Afonso Matos]

Gostei da "compra" de adeptos. Claro que desses só se tem conquistado-os