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Artigo DM: vamos esmagar o infiel

Started by cardoso, 14 de June de 2006, 23:36

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cardoso

Mais uma vez fomos para uma fase final com uma onda de euforia patriótica notável. Mas o entusiasmo de antes da festa revelou, mais uma vez, que quanto mais se sonha maior é a desilusão. Mas... desilusão? Afinal não ganhamos a Angola? A julgar pela maioria dos comentários ao jogo, até parece que perdemos. Porque o treinador devia ter metido o Deco, porque o Cristiano não presta, o treinador é isto e aquilo, enfim, o rol de lamentos do costume. Aquela vitória, de verdade, valeu 3 pontos, como a dos quatro a zero da Espanha à Croácia, por exemplo. Mas para muitos de nós não basta ganhar; é preciso dar espectáculo e golear. Frente, ainda por cima, à ex-colónia, era preciso, pelos vistos, esmagar! Talvez para que não restassem dúvidas sobre quem é a metrópole.
Agora, amanhã, o adversário é o Irão, o infiel, a semente do mal que ameaça a nossa santa aliança. Por isso, a palavra de ordem é, mais uma vez, esmagar! Caso contrário, cá estaremos de lápis afiado, prontos a desancar no treinador nem que seja por só pôr a jogar onze de cada vez.
O que é curioso é que quem vai acompanhando estas fases finais verifica que o comportamento da maioria dos críticos da bola obedece a um certo padrão: antes, é tudo euforia e a imprensa desportiva embandeira em arco com o comum dos mortais, entrando no ritmo desenfreado dos hinos, bandeiras e lencinhos. Depois vem o primeiro jogo que, regra geral, corre mal porque era impossível superar as expectativas criadas. Caem as críticas, esquecem-se os hinos, tudo passa de bestial a besta com o treinador à frente da fila dos condenados desta Inquisição de papel. Depois, passados uns dois dias, renasce a euforia porque vem aí o segundo jogo. Os nossos heróis renascem das cinzas como que por magia.
Mas este criticismo é saudável e até é uma demonstração de saúde da nossa democracia. Se amanhã não esmagarmos o infiel acho que até devíamos processar o mister Scolari, como fez aquele adepto polaco que, irritado com a derrota por dois a zero frente ao Equador, decidiu processar o técnico por danos morais e exigir uma indeminização de 2.500 euros, tão grande foi o rombo no seu orgulho pátrio. Trata-se, não há dúvida, de um nobre exercício de cidadania democrática. Numa época em que o povo é quem mais ordena, acho que é salutar que sejam os adeptos a avaliar os treinadores. Se o adepto "dá negativa" ao treinador, rua que se faz tarde! E devia ser assim em todas as profissões: se o jornalista não escreve ao gosto do leitor, despedimento imediato! Se o funcionário dos correios não põe o carimbo no sítio certo, desemprego já! É assim que deve ser e os professores já estão a aprender a viver nesta democracia perfeita. Portanto, o  mister Scolari que se cuide porque perante o poder do povo ele não tem alternativa senão fazer-nos a vontade triturando o herege.
Uma das coisas mais interessantes que li nos últimos tempos sobre o seleccionador nacional foi uma reportagem numa daquelas revistas dedicadas à escandaleira. Aí, na capa, prometia-se a revelação de segredos guardados a sete chaves sobre a vida de Felipão. Comprei, cheio de curiosidade, e qual não foi o meu espanto quando deparei com o tal escândalo secreto: Felipe Scolari tem um passado de pobre! Custou-me a acreditar mas é verdade: a revista apresentava a história da família do seleccionador de tal maneira que o seu passado pobre é apresentado como algo que mancha o seu currículo. Custa a acreditar, mas ainda há quem ache que ter sido pobre é desonra? É que se há, como diz o outro, boa vai ela!

Kramer

Não se trata de "esmagar" Angola e de mostrar quem é a metrópole mas sim de apresentar um bom futebol!!Eu quando vejo futebol quero ver um bom espectáculo e não como no último jogo em que o espectáculo não houve. Podem dizer que os resultados são o mais importante, o que importa são os 3 pontos, tudo de acordo mas eu prefiro um bom espectáculo de futebol, de vibrar com a selecção e isso não está a acontecer.

O próximo jogo não se trata de lutar contra os infiéis pois isto não são as cruzadas nem a guerra santa  mas sim o Mundial. E novamente estou á espera que Portugal jogue bem e que ganhe, não importa que seja por 1 ou por mais, mas quero ver um bom espectáculo pois é isto que é o futebol!

A selecção é dos portugueses e todos podem opinar sobre ela e quem está a frente da selecção já deve estar preparado para tal.



\\\\"Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos

cardoso

Kramer, uma equipa que chegue à final tem de fazer 7 jogos em pouco mais de um mês. Por isso, demasiado pedir que joguem sempre bem e bonito.
Quanto a essa coisa do infiel não é para ser levada à letra :-) ;D

Ricardo

Cardoso, à parte do texto que têm a qualidade Cardoso, só quero corrigir que a Espanha ganhou à Ucrânia e não à Croácia.

Abraços bracarenses

Em Braga, Com o Braga, Pelo Braga
www.mesadaciencia.blogspot.com

ZGANDULO

 Parabéns pelo excelente texto que escreveste, CARDOSO!!! ;)

É a tal critica aos críticos da mesquinhez que me fazem revoltar...

Mais uma vez, Excelente o conceito de patriotismo!!! ::)

[url="http://pwp.netcabo.pt/peixotom/emoticons/forca_braga2.gif"]http://pwp.netcabo.pt/peixotom/emoticons/forca_braga2.gif[/url]

Bvna

Os gregos realmente devem ter ficado escandalizados por terem ganho um Europeu a jogar abaixo de mal...nós é que fomos bons! Jogámos quase sempre bem!! Merecíamos ter ganho aquilo. Por isso, como merecíamos, já nos chega. É como se tívessemos ganho!

Faz-me lembrar a história daquele clube que durante algumas épocas até jogava mais ou menos mas não subia na tabela. Ou quase que descia ou longe ficava da Europa. Depois começou a jogar um bocadinho pior nuns jogos, melhor nos outros, mas na visão das pessoas era sempre péssimo. Entretanto começou a ir às competições europeias com mais frequência e aquele arrepio da descida ou da estagnação começou a deixar de ser sentido. Não se jogava bem, mas agora era isso que se exigia sempre e sempre. Até que, esquecidos do passado recente, os adeptos começaram a exigir exibições intergalácticas. E tudo o mais, aquilo que realmente fica na história dos clubes e dos campeoatos - a estatística nua e crua dos resultados e das classificações -   não interessava...

É claro que tb prefiro uma vitória com uma grande exibição. Mas exigir isso sempre, e ficar chateado quando não acontece a goleada e a exibição de sonho, acho que é não perceber o mecanismo do futebol enquanto desporto.

Desculpa lá Cardosão, estiquei-me aqui um bocadinho, mas inspiraste-me na tua luta contra o "bota-abaixismo" nacional.


cardoso

Obrigado, Ricardo, já fiz a emenda no texto pró jornal.
Ó Buna... desculpa lá o quê??? Ora essa amigo, captaste a mensagem que eu quyeria transmitir. Eu próprio caí na esparrela durate muito tempo e, foi com alguma "capacidade de encaixe" que tive de entender que jogar feio, às vezes é necessário. Tive que perder o meu lirismo embora continue a pensar que é possivel ganhar e jogar bonito, mas às vezes é preciso prescindir do óptimo para ter o bom.

braguista365

Quote from: cardoso on 14 de June de 2006, 23:36
Mais uma vez fomos para uma fase final com uma onda de euforia patriótica notável. Mas o entusiasmo de antes da festa revelou, mais uma vez, que quanto mais se sonha maior é a desilusão. Mas... desilusão? Afinal não ganhamos a Angola? A julgar pela maioria dos comentários ao jogo, até parece que perdemos. Porque o treinador devia ter metido o Deco, porque o Cristiano não presta, o treinador é isto e aquilo, enfim, o rol de lamentos do costume. Aquela vitória, de verdade, valeu 3 pontos, como a dos quatro a zero da Espanha à Croácia, por exemplo. Mas para muitos de nós não basta ganhar; é preciso dar espectáculo e golear. Frente, ainda por cima, à ex-colónia, era preciso, pelos vistos, esmagar! Talvez para que não restassem dúvidas sobre quem é a metrópole.
Agora, amanhã, o adversário é o Irão, o infiel, a semente do mal que ameaça a nossa santa aliança. Por isso, a palavra de ordem é, mais uma vez, esmagar! Caso contrário, cá estaremos de lápis afiado, prontos a desancar no treinador nem que seja por só pôr a jogar onze de cada vez.
O que é curioso é que quem vai acompanhando estas fases finais verifica que o comportamento da maioria dos críticos da bola obedece a um certo padrão: antes, é tudo euforia e a imprensa desportiva embandeira em arco com o comum dos mortais, entrando no ritmo desenfreado dos hinos, bandeiras e lencinhos. Depois vem o primeiro jogo que, regra geral, corre mal porque era impossível superar as expectativas criadas. Caem as críticas, esquecem-se os hinos, tudo passa de bestial a besta com o treinador à frente da fila dos condenados desta Inquisição de papel. Depois, passados uns dois dias, renasce a euforia porque vem aí o segundo jogo. Os nossos heróis renascem das cinzas como que por magia.
Mas este criticismo é saudável e até é uma demonstração de saúde da nossa democracia. Se amanhã não esmagarmos o infiel acho que até devíamos processar o mister Scolari, como fez aquele adepto polaco que, irritado com a derrota por dois a zero frente ao Equador, decidiu processar o técnico por danos morais e exigir uma indeminização de 2.500 euros, tão grande foi o rombo no seu orgulho pátrio. Trata-se, não há dúvida, de um nobre exercício de cidadania democrática. Numa época em que o povo é quem mais ordena, acho que é salutar que sejam os adeptos a avaliar os treinadores. Se o adepto "dá negativa" ao treinador, rua que se faz tarde! E devia ser assim em todas as profissões: se o jornalista não escreve ao gosto do leitor, despedimento imediato! Se o funcionário dos correios não põe o carimbo no sítio certo, desemprego já! É assim que deve ser e os professores já estão a aprender a viver nesta democracia perfeita. Portanto, o  mister Scolari que se cuide porque perante o poder do povo ele não tem alternativa senão fazer-nos a vontade triturando o herege.
Uma das coisas mais interessantes que li nos últimos tempos sobre o seleccionador nacional foi uma reportagem numa daquelas revistas dedicadas à escandaleira. Aí, na capa, prometia-se a revelação de segredos guardados a sete chaves sobre a vida de Felipão. Comprei, cheio de curiosidade, e qual não foi o meu espanto quando deparei com o tal escândalo secreto: Felipe Scolari tem um passado de pobre! Custou-me a acreditar mas é verdade: a revista apresentava a história da família do seleccionador de tal maneira que o seu passado pobre é apresentado como algo que mancha o seu currículo. Custa a acreditar, mas ainda há quem ache que ter sido pobre é desonra? É que se há, como diz o outro, boa vai ela!

os que criticam a selecao sao os mesmos que dao vivas quando a mesma da 7 a russia , e os mesmos que vibram com o brasil so prk sao os principais candidatos,basicamente o mesmo que se passa no nosso campeonato "viva os 3 mandrioes" é muita incompetencia e oportunismo juntos

lininho

Pois por mim vamos, de goleada em goleada, ganhar o campeonato. :P
Quanto aos críticos e às criticas por eles dirigida á selecção, não são mais que "vozes de burros", que neste caso têm chegado ao céu.
Pena é, neste país, qualquer palhaço, porque já participou num reality show, tem direito a opinar nos meios de comunicação, mas pior do que isso, é haver quem lhes dê razão e ainda faça crónicas a explicar a situação...
:P
zé: futuro capitão. 8-)