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Artigo DM: Cultivar a mística

Started by cardoso, 12 de April de 2006, 16:55

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cardoso

Por vezes lemos ou ouvimos opiniões que, com certo embaraço, procuram levar a paixão pela bola para o campo do incompreensível. Para quem não vive o futebol "por dentro", trata-se de algo obscuro, inútil e inexplicável. Todos nós já ouvimos expressões como esta: "que piada pode ter 22 fulanos a correr até à exaustão atrás de uma bola?". Na semana passada procurei mostrar que, na minha opinião, a paixão pela bola está longe de ser absurda; antes se enquadra no mundo maravilhoso das paixões humanas. E as paixões não são absurdas: nascem, crescem e morrem mediante as emoções, as necessidades e as vivências do ser humano. Nós precisamos de paixões para que o nosso espírito permaneça vivo na procura daquela meta comum a todo o ser humano: a felicidade.
Assim, o adepto de futebol procura no seu clube um contributo para a realização da sua felicidade pessoal. No entanto parece haver dois tipos de adeptos: os que apoiam os clubes ditos "grandes" e os outros. Na semana passada afirmei que o que a alma humana procura é mais o frenesim da competição e a incerteza do resultado do que o sabor das vitórias. No entanto, é tão banal como verdade dizer que a ninguém gosta de perder. Na verdade, as vitórias constituem uma das principais razões pelas quais, desde jovens, os adeptos se filiam a este ou àquele clube. Assim sendo, permanece por explicar a existência de centenas de milhares de adeptos que, em Portugal, apoiam com exclusividade outros clubes que não os tais "grandes".
A verdade é que, quando a criança ou jovem começa a envolver-se no mundo da bola, recebe influências de vária ordem; em primeiro lugar da família. Mas também do meio social, principalmente da escola: colegas e professores são referentes importantes na formação da personalidade e a preferência clubista está entre esses traços de personalidade em construção.
Um adepto do Benfica ou do Porto, por exemplo, satisfaz o seu ego com as vitórias, mas quando elas escasseiam o seu espírito recorre às glórias do passado, aos craques de outrora e assim acalma a sua dor do presente. Por outro lado há uma dimensão simbólica que se cultiva permanentemente. Mas essa dimensão abstracta não existiria sem um passado recheado de vitórias em campeonatos ou taças. É isso a que alguns chamam a "mística" – algo quase abstracto, que remete para um passado que muitos desses adeptos não viveram.
Mas para um adepto do Braga a realidade é bem diferente. Não ganhámos campeonatos e apenas contamos com uma Taça de Portugal. Não cultivamos heróis do passado nem nos podemos refugiar em glórias de tempos idos. Os nossos referentes têm que ser outros se queremos cultivar o braguismo. Temos perto de nós um excelente exemplo: o Vitória de Guimarães. O Vitória não tem campeonatos nem taças mas conta com uma massa adepta firme e dedicada. Porquê? Porque em Guimarães encontrou-se um outro referente que nós, em Braga, continuamos a desprezar: a História. D. Afonso Henriques está, para o vitoriano, como Eusébio para o Benfica. Isto implica uma ligação do clube à cidade (e vice-versa) que em Braga ainda não existe. Longe de mim defender o culto do herói à maneira do triste passado fascista. Mas uma coisa é o culto do herói, outra coisa, bem diferente, é o orgulho naquilo que é nosso. Estou convencido que o S. C. de Braga só despertará o entusiasmo dos bracarenses quando sentirmos a nossa história e identificarmos o clube com ela.
A nossa cidade remonta ao tempo dos bravos brácaros, um povo de origem celta. A urbe foi fundada há mais de dois mil anos e era uma das principais cidades da Península no tempo do Império Romano. Foi capital da Galécia romana no séc. III. Foi capital do reino Suevo, a primeira capital de um reino cristão. Com S. Marinho de Dume, no séc. IV foi um dos principais centros cristianizadores da Península, ao ponto de ser considerada "a Roma da península Ibérica". Com D. Diogo de Sousa, no séc. XVI, tornou-se um importante centro urbano, intelectual e artístico. Quantas das nossas crianças sabem disto? Estou convencido que é por aí que temos de seguir se queremos engrandecer o nome da cidade e, por consequência, do clube.
A História tem que ser a nossa mística.

TRINCADO

Só um reparo:

O Guimarães tem um supertaça.


De resto concordo com o texto, mas não sei até que ponto podemos colar a história Bracarense ao SCBraga. É dificil escolher uma cronologia, facto ou simbolo num contexto tão vasto de uma cidade bi-milenar. De resto, por observação, penso que há cada vez mais uma nova geração unicamente braguista que aparecerá daqui a 10/20 anos. Mas também tenho a certeza que o SCBraga pode fazer mais para cativar os jovens, apesar de já não estar mal de todo.

O Braga somos nós.

Bom texto Cardoso!
Concordo com os factores que enumeras. Falta saber o que a SAD braguista vai fazer para aumentar dimensão do nosso clube.
Até agora o momento desportivo é bom e devemos à SAD/grupo de trabalho mas de resto a relação sócio/clube deixa muito a desejar. O sócio talvez só sirva para pagar e...não piar!

"verdade é que, quando a criança ou jovem começa a envolver-se no mundo da bola, recebe influências de vária ordem; em primeiro lugar da família. Mas também do meio social, principalmente da escola"
Permite-me acrescentar uma importante inflência: os amigos.
Acho que neste assunto as claques tem um papel importante. São geralmente constítuidas por elementos jovens. Porque não existe barreiras nem choque de gerações, conseguem integrar-se e fazer passar a mensagem mais facilmente...
Força Gverreiros

FIDELIS

 :)
O Cardoso mais uma vez contribui com um tema pertinente
De facto também acho que o futebol vive de paixão mas sobretudo vive de grandeza e muitas vezes é essa grandeza que permite a um clube ter uma falange de apoio apaixonada pois não só está a defender o seu clube como até a defender as suas origens

e se calhar ninguém em Portugal tem um passado tão rico e poderoso como os bracarenses.
fomos capital da Gaellecia, fomos capital do Reino Suevo e fomos uma importantíssima cidade romana e talvez estes factores é que deveriam ser recuperados para os nossos dias, porque isso é como "ópio para o povo"

já fomos grandes, enormes, enormíssimos e isso pode transferir-se para o modo como olhámos o clube digno representante desta cidade milenar

e calhar os mais pequenos quando começarem a sentir o que é a sua terra vão amar até ao limite tudo o que a represente

Fidelis Bracara
Braga e Basta

karon

Quote from: Fidelis on 13 de April de 2006, 10:16
:)
O Cardoso mais uma vez contribui com um tema pertinente
De facto também acho que o futebol vive de paixão mas sobretudo vive de grandeza e muitas vezes é essa grandeza que permite a um clube ter uma falange de apoio apaixonada pois não só está a defender o seu clube como até a defender as suas origens

e se calhar ninguém em Portugal tem um passado tão rico e poderoso como os bracarenses.
fomos capital da Gaellecia, fomos capital do Reino Suevo e fomos uma importantíssima cidade romana e talvez estes factores é que deveriam ser recuperados para os nossos dias, porque isso é como "ópio para o povo"

já fomos grandes, enormes, enormíssimos e isso pode transferir-se para o modo como olhámos o clube digno representante desta cidade milenar

e calhar os mais pequenos quando começarem a sentir o que é a sua terra vão amar até ao limite tudo o que a represente

Fidelis Bracara
Braga e Basta

E CONTINUAMOS A TER MUITA IMPORTÂNCIA, QUANTO MAIS NÃO SEJA NO CAMPO RELIGIOSO. ORA VEJAMOS: NÓS SOMOS SEDE PRIMACIAL, OU SEJA, O NOSSO ARCEBISPO, ACIMA DELE SÓ TEM O PAPA, NEM O CARDEAL DE LISBOA "MANDA NELE". O ARCEBISPO DE BRAGA É PRIMAZ DE PORTUGAL E DE ESPANHA. COMO ELE, SÓ EXISTE UM, EM TOLEDO. PARA ALÉM DO QUE, É SEMPRE BOM LEMBRAR QUE BRAGA É UMA CIDADE BIMILENAR, QUE PRECEDE O BERÇO DA NACIONALIDADE. QUALQUER QUE FOSSE O PAÍS SAÍDO DA DIVISÃO DO CONDADO PORTUCALENSE, BRAGA EXISTIRIA SEMPRE!
"Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem vo

joao da cal

Exacto. Faltam-nos muitas vitórias para a mistica crescer. As recentes vitórias do Braga fizeram-no aumentar em numero de apoiantes e creio que continuando numa senda de vitórias, poderemos chamar a atenção de mais Bracarenses que ainda não deram conta que podem festejar as suas vitórias futebolisticas, no sitio onde nasceram, onde moram, com as pessoas que lhe estão mais proximas, com as pessoas que gostam, e não comemorar vitórias de espaços e gentes que nem conhecem e que apenas se habituaram a gostar por influência da maioria.
Força Braga!

comandantX

Quote from: TRINCADO on 12 de April de 2006, 18:50
Só um reparo:

O Guimarães tem um supertaça.



Outro reparo: o Braga tem uma Taça da F.P.F. que equivale a uma Taça da Liga, logo seria uma presença na Taça UEFA. Tão importante como a Taça de Portugal.
Braga - Capital Histórica do Noroeste Peninsular