Claques vão ser registadas

[Pé Ligeiro]

Futebol: Claques de futebol - Toleradas, mas mal amadas


Lisboa, 20 Abr (Lusa) - Toleradas, mas mal amadas pelos dirigentes dos clubes nacionais, as claques de futebol poderão estar a viver um momento de viragem com a obrigatoriedade de registo oficial até ao início da próxima temporada.
A delegação de espaços nos estádios e algum "negócio" na facilidade de aquisição dos bilhetes são as principais cedências dos clubes às claques, que ainda assim não são oficialmente reconhecidas pelos dirigentes.

Os incidentes ocorridos por altura do jogo Benfica-FC Porto, da Liga, que provocaram vários feridos e uma polémica generalizada entre os clubes e responsáveis da PSP, fizeram tocar as "campainhas" e levaram a Comissão Nacional Contra a Violência no Desporto (CNVD) a exigir a sua legalização.
Entre os três grandes, o Benfica é o clube que mais privilégios concede às suas claques. Os NoName Boys (NN) e os Diabos Vermelhos (DV), cujos dirigentes são conhecidos pelos responsáveis do clube, têm instalações cedidas no complexo desportivo, não no estádio, segundo uma fonte dos "encarnados".
Não há qualquer apoio financeiro e os membros da claque compram os bilhetes como os outros sócios. Os NN têm, inclusivamente, lugares cativos, enquanto os DV têm bilhetes de sócio, uma espécie de "bilhete de claque".
O Sporting é mais espartano com as suas claques, com as quais cortou relações na vigência da anterior Direcção, quando suspendeu o protocolo que regia a sua actividade, segundo disse à Agência Lusa o vice-presidente com o pelouro da juventude Mário Patrício.
Os "leões" não reconhecem qualquer das várias claques, seja a Juventude Leonina, o Directivo Ultras XXI ou a Torcida Verde - que alega estar legalizada -, e por isso preferem não fazer comentários sobre as suas actividades, em alinhamento com as determinações da CNVD.
A Agência Lusa procurou colher informações junto do FC Porto e do Boavista, mas os clubes não disponibilizaram informação.
Entre os clubes "mais pequenos" da Liga, as relações dos dirigentes com as claques parecem mais desanuviadas, embora não se possa falar de grande cooperação.

O Sporting de Braga tem actualmente três claques, os Red Boys, os Bracara Legion e As Braguinhas, mas o clube não reconhece oficialmente nenhuma delas e limita-se a destinar os espaços próprios no estádio, ficando estas separadas entre si.
Nas deslocações, cada claque organiza-se por si própria e o clube não tem controlo sobre estas, nem sobre os seus elementos, porque não as reconhece, pelo que também não prevê penalizações caso surjam problemas ou actos violentos.
Por isto mesmo, o clube acaba por assumir as custas dos estragos provocados nos estádios por onde passam as claques, bem como no próprio Estádio Municipal de Braga.

O "VIII Exército", com cerca de 150 elementos inscritos, é neste momento a única claque do Vitória de Setúbal, que, embora seja oficialmente reconhecida pela Direcção clube, não está ainda inscrita no CNVD.
António Ferra, da direcção do "VIII Exército", disse à Lusa que a claque do Vitória de Setúbal está "a aguardar pela aprovação dos estatutos para fazer a inscrição no CNVD" e revelou que a Direcção do Vitória de Setúbal recebe todos os anos uma lista actualizada com os nomes, filiação, fotografia e contactos de todos os elementos da claque.
O dirigente do Vitória de Setúbal Ronald Inácio, que integra a Comissão Administrativa liderada por Carlos Costa, admitiu que o elenco directivo conhece os responsáveis da claque, adiantando que o único apoio dado pelo clube é a cedência de bilhetes ou convites.
O Vitória de Setúbal nunca teve de suportar prejuízos provocados pela sua claque, ao contrário do que já aconteceu com outros clubes, frisou o dirigente sadino.
Ronald Inácio referiu ainda que não há nenhuma penalização prevista para a claque, embora tenha garantido que, se algum dia surgirem problemas relacionados com comportamentos incorrectos ou violentos, "os responsáveis do clube não deixarão de tomar as medidas que considerem adequadas e necessárias".
A Académica de Coimbra reconhece oficialmente a Mancha Negra, de acordo com o vice-presidente Vasco Gervásio, e o próprio presidente da claque, Tiago Carraça, garantiu para breve o seu registo e legalização.
O apoio da direcção da Académica estende-se à concessão do espaço da actual sede da claque, cujos membros são sócios do próprio clube, sendo ainda facilitados descontos para as entradas noutros recintos desportivos.

IN EXPRESSO

[Pé Ligeiro]

Claques vão ser registadas.
20 Abril 2007

De acordo com o compromisso assumido hoje por SL Benfica, FC Porto, Sporting CP e Boavista FC, na reunião com o Conselho Nacional Contra a Violência no Desporto, as suas claques irão estar registadas até ao início da próxima temporada.
Saliente-se que o líder da Torcida Verde, claque afecta ao Sporting CP, veio hoje desmentir as notícias que afirmam que a claque não estaria legalizada.
De acordo com o líder da Torcida Verde esta claque constituiu-se como associação em 4 de Março de 2004, e tanto mais que terá sido convidada a representar Portugal numa reunião do Conselho da Europa sobre Violência no Desporto, na qualidade de "unica claque portuguesa legalizada."
Afirmou ainda Luís Repolho que:"Não somos marginais, nem drogados, nem racistas. Não podemos ser vítimas de generalizações, não temos culpa que se faça uma lei e que ninguém a cumpra".

IN claques-portugal.blogspot.com



Este é um assunto recorrente, que muito se tem discutido, mas que está longe de estar encerrado.
Sou favorável à existência das claques, pois acho que são úteis e que dão espectáculo e vida ao fenómeno desportivo. Sou, por princípio, também favorável à sua legalização, pois tenho muita dificuldade em conceber que possa haver grupos organizados fora da lei.
As claques devem ser legalizadas, para que possam actuar dentro da lei e em conformidade com ela, por forma a que haja um conhecimento e um registo de todos os seus membros, podendo ser individualmente  responsabilizados pelos seus actos, deixando os clubes de sofrer as consequências...
Será também uma forma de acabar com os infiltrados dentro das claques que se aproveitam delas, da sua actuação "semi-clandestina" e encobertos pelo anonimato, para promover a violência gratuíta, praticar actividades ilícitas e professar ideais extremistas, racistas e xenófebos.


Uma palavra de louvor para o Governo, que está atento e prepara-se para actuar através do Conselho Nacional Contra a Violência no Desporto, organismo sobre o qual tem tutela directa.

[1]

Acho bem que se registem as claques e que cada um pague pelos estragos que faz.

Não acho bem é que pelo registo em si se cobre dinheiro às claques (não se vão ter custos acrescidos por isto)

[ric]

Isto é mto engraçado e só acontece mesmo num pais como portugal onde as leis são levadas apenas a sério quando se lembram de tal...

Esta "obrigatoriedade" faz parte da Lei desde MAIO DE 2004. sE AS AUTORIDADES NUNCA PROCURARAM o seu cumprimento +ew uuma questºao deste estado de direito bacoco...

Está quase a fazer-se cumprir uma lei que está em viugor à 3 anos !!!!!

Eu próprio alertei várias vezes aqui neste forum que as claques de Braga poderiam mostrar a diferença no cumprimento da Lei. Lei que está diusponivel neste site no link Superbraga, "leis e regulamentos"

[Pé Ligeiro]

Isto é mto engraçado e só acontece mesmo num pais como portugal onde as leis são levadas apenas a sério quando se lembram de tal...

Esta "obrigatoriedade" faz parte da Lei desde MAIO DE 2004. sE AS AUTORIDADES NUNCA PROCURARAM o seu cumprimento +ew uuma questºao deste estado de direito bacoco...

Está quase a fazer-se cumprir uma lei que está em viugor à 3 anos !!!!!

Eu próprio alertei várias vezes aqui neste forum que as claques de Braga poderiam mostrar a diferença no cumprimento da Lei. Lei que está diusponivel neste site no link Superbraga, "leis e regulamentos"

De facto, a Lei está quase a fazer 3 anos, é de 11 de Maio de 2004 (Lei Nº 16/2004 - Aprova medidas preventivas e punitivas a adoptar em caso de manifestação de violência associadas ao desporto).

[jobragarb]

CAROS BRACARENSES COM TODO O GOSTO QUE NOS VAMOS LEGALIZAR.
SOMOS TOTALMENTE CONTRA A VIOLENCIA E CONTRA OS ARRUACEIROS...
MAS TAMBEM QUEREMOS MAIS RESPEITO...
         ULTRAS RED BOYS BRAGA

[zebraga1985]

MAS TAMBEM QUEREMOS MAIS RESPEITO...

Muito bem dito Jó! Ha que comecar a respeitar mais os elementos das claques e nao generalizar uma ideia que seja deixada apenas por alguns elementos destes grupos de apoio...

BragaSempre
http://braga-sempre.blogspot.com/

[ric]

CAROS BRACARENSES COM TODO O GOSTO QUE NOS VAMOS LEGALIZAR.
SOMOS TOTALMENTE CONTRA A VIOLENCIA E CONTRA OS ARRUACEIROS...
MAS TAMBEM QUEREMOS MAIS RESPEITO...
         ULTRAS RED BOYS BRAGA

100% de acordo...

[Pé Ligeiro]

2007-04-28 | 22:10:30
Professor de desporto

Manuel Sérgio e "o micróbio que nasce do fruto apodrecido"



As claques de futebol precisam de uma nova estirpe de dirigentes, com uma cultura desportiva mais "lúcida, positiva e pedagógica", para se regenerarem e seguirem um caminho mais consentâneo com os valores morais da sociedade, defende Manuel Sérgio.

"Em Portugal, há pessoas cultas, mas não há cultura desportiva. Infelizmente, as claques pensam como muitos dirigentes desportivos, mormente do futebol: dá a sensação de que são o micróbio que nasce do fruto apodrecido", disse à Agência Lusa o professor e filósofo do desporto.
Segundo Manuel Sérgio, "são precisos dirigentes diferentes, capazes de dialogar - não catequizar - e habituar os adeptos a verem outros valores no clubismo".

"O desporto de alta competição reproduz e multiplica as taras da sociedade altamente competitiva. Não acredito, por isso, que as claques procedam a qualquer tipo de autocrítica e se auto-regenerem.

A ética pressupõe racionalidade, que é o que elas habitualmente não têm. Vão continuar patologicamente apaixonadas", sublinha. Manuel Sérgio admite, no entanto, que, "apesar do exagero da sua irracionalidade", as claques de futebol "são indispensáveis ao espectáculo".

Para o docente universitário, a competição deve ter subjacente um desenvolvido factor pedagógico: "A alta competição e o desporto não precisam de guerra para progredir. O desporto não é para rapazinhos, mas tem alma e deve haver moral".

"Uma equipa só precisa de preparação física, técnica, táctica e psicológica para ter sucesso. O progresso no desporto faz-se acentuando a solidariedade e não a competitividade. Em desporto, o adversário nunca é o inimigo, mas o amigo que me proporciona uma mais viva e solidária prática desportiva", sustenta.

Por isso, Manuel Sérgio diz-se "triste" sempre que vê claques chegarem a um estádio rodeadas de protecção policial, defendendo que é necessário combater cedo as raízes desse tipo de situação, "começando com um desporto escolar completamente diferente".

O filósofo do desporto considera que as claques "são atractivas para os jovens, principalmente para os das classes sociais mais pobres, pelo facto de lhes proporcionarem uma identidade que eles pensam conferir-lhes imediata projecção social, 'status', distinção".

"Em grupo, o indivíduo dilui-se na estrutura profunda de uma consciência colectiva. Deixa de ser ele, para ser, unicamente, um elemento de um todo. E, quando assim é, fica-se à beira da irracionalidade. Vive de 'slogans' e de palavras-de-ordem", acrescenta.

Apesar de reconhecer os problemas inerentes às claques, Manuel Sérgio defende que "o desporto de alta competição precisa delas para consolidação das suas características de espectáculo e de espaço de criação de mitos e semi-deuses, já que o atleta é hoje uma versão actualizada do herói clássico".

"Só com novos 'torcedores', tendo bem presentes as funções pedagógicas e políticas do desporto, as claques se transformariam.

Mas onde estão os novos adeptos, se a escola e comunicação social ampliam, sem espírito crítico, um futebol de bestas esplêndidas e de espectadores acéfalos?", questiona.

Redacção Sportugal



Para reflectir....