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artigo DM - os ingleses e o vício do trabalho

Started by cardoso, 12 de April de 2007, 00:42

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cardoso

Na terça e na quarta-feira passadas assistimos a uma magnífica jornada europeia na Liga dos milionários: futebol de ataque, golos em abundância e três equipas inglesas apuradas para as meias-finais da competição: Chelsea, Liverpool e Manchester United. É obra! Enquanto isso, das três equipas que representaram Portugal na competição, o Porto foi a que conseguiu o resultado menos mau: os oitavos de final.
Que explicações podemos encontrar para o fenómeno? Depois de uma fase negra marcada pelo mau comportamento de alguns adeptos e depois de sofrer as respectivas consequências, os últimos anos têm sido de sucesso crescente para as equipas inglesas. Os motivos são, obviamente, vários: com mais de sessenta milhões de habitantes e um nível de vida muito superior ao nosso, os ingleses enchem os estádios em quase todos os jogos. Com tal nível socio-económico, os clubes ingleses podem arrecadar milhões através do marketing; as receitas são abundantes e variadas. Depois, grandes receitas equivalem a grandes investimentos. A Inglaterra consegue colocar nos seus clubes jogadores de topo, enquanto em Portugal qualquer jogador, mesmo de elevada qualidade, sonha emigrar para... Inglaterra. Em Portugal, os clubes ditos "grandes" só o são, mesmo, a nível interno. Porque quando um clube inglês acena com as suas libras, qualquer jogador faz as malas e dentro delas vão o amor à camisola e a dedicação ao "clube do coração" porque o vil metal fala mais alto.
Assim, continuamos a olhar para os ingleses "de baixo para cima" e a tal "grandeza" é só mesmo para consumo interno.
Mas voltando à questão das causas da superioridade inglesa: penso que além dos motivos economicistas apontados acima há um outro não menos importante: analisando um qualquer jogo do campeonato inglês e um outro da nossa Liga, há um factor que penso ser cada vez mais determinante: a preparação física dos jogadores. Em Inglaterra qualquer jogador de alto nível faz o dobro (ou quase) dos jogos dos seus congéneres lusitanos. E o mais curioso é que frequentemente vemos os jogadores portugueses assim como treinadores, dirigentes e até jornalistas preocupados com a "sobrecarga de jogos" quando a sua equipa tem de disputar umas partidas a meio da semana! Será que os jogadores ingleses são feitos de outra massa? Ou, simplesmente, estarão mais bem preparados fisicamente? Não terão os ingleses outras metodologias de treino? Ou não serão, simplesmente, mais dados ao trabalho que os portugueses?
Nós somos latinos. Não somos melhores nem piores. Somos diferentes: gostamos da nossa praiazinha, do nosso solzinho, da cervejinha ao fim da tarde, da escapadelazinha à noite... enfim, é uma questão de gostos e gostos não se discutem. O Inglês, pelo contrário, tem aquele malfadado gosto pelo trabalho, pela disciplina... claro que também gostam de apanhar a sua pielazita, também gostam de dar umas escapadelas para o seu All-garve, mas têm aquele irritante costume de separar o trabalho da diversão. Nós não; nós gostamos de misturar bem as coisas: mandar uns e-mails enquanto se trabalha, falar de futebol enquanto se despacham uns assuntos mais chatos do serviço, dar uma escapadela à discoteca ou à tasca a meio da semana... enfim, são feitios... e às vezes, talvez por inveja, ainda apontamos estas qualidades aos brasileiros, como se fossem grandes defeitos: os jogadores brasileiros é que não correm, é que "bebem o seu vinho", é que sambam no campo de futebol. Então e não é Portugal o seu país-irmão? Talvez neste aspecto os brasileiros sejam apenas a fotocópia que saiu melhor que o original...
Bem, perante tal comparação parece incrível como é que a nossa selecção ganha à Inglaterra. A contradição é, no entanto, aparente: os melhores jogadores da selecção jogam em Inglaterra ou em grandes clubes estrangeiros onde não há "sobrecargas" como desculpa para a moleza. Veja-se, por exemplo, como os jogadores portugueses que actuam em Inglaterra ou noutros campeonatos de alto nível têm uma postura tão diferente da maioria dos tugas: correm mais, treinam mais, jogam mais e não se queixam de sobrecargas! Eles são, afinal, os descendentes ricos daquele milhão e tal de compatriotas nossos que nos tempos da miséria salazarista foram ganhar a vida para França e de lá trouxeram dinheiro mas também outra mentalidade e outro respeito pelo trabalho.

Kilo

 Curioso é o facto de o único país sem interrupção natalicia, ter neste momento as equipas em melhor forma na Europa!

O trabalho, a disciplina e o profissionalismo fazem milagres!

Aqui há quem não se importe que a equipa faça estágios na Lagars, já que os jogadores tem os seus direitos! Deveres? Esses são para os que ganham o ordenado minimo!


Ricardo

Basta ver o Rochemback quando jogava no Sporting e uns meses depois no Middlesbrough. Até parecia outro!
Em Braga, Com o Braga, Pelo Braga
www.mesadaciencia.blogspot.com

BRAGA FOREVER

Contra factos não há argumentos.

Mas a fé do Português "move montanhas" como tem acontecido no confronto directo entre as respectivas seleções.

Portugal é mesmo assim,povo simpático e rendido á sua condição de país pequeno em todos os aspectos...infelizmente.

"Quem nasceu para lagartixa nunca chega a Jacaré"
S.C.BRAGA NÃO O MAIOR, MAS O MELHOR CLUBE DO MUNDO!

sol

#4
O artigo do Cardoso vai inteiramente ao encontro daquilo que sempre penso e digo em conversa com amigos, e aqui no fórum. Vendo jogos do campeonato inglês ou, simplesmente, jogos como os da passada jornada europeia com equipas inglesas, a única coisa que consigo sentir é pena por não termos, entre portas, futebol assim. As razões desta diferença de qualidade penso que já foram devidamente escalpelizadas pelo articulista, e que em muito passam pela enorme diferença de poderio económico entre os clubes ingleses e os clubes portugueses. Já não falando dos "tubarões" Chelsea, Arsenal, Man. United e Liverpool, ficamos a saber que o Tottenham, modestamemnte classificado no campeonato mas ainda com boas perspectivas na UEFA, tem p/ esta época um orçamento que é "só" o dobro do orçamento do Porto, e o triplo dos orçamentos de Sporting e Benfica. Em relação a dinheiro estamos por isso conversados...

Como o Cardoso referiu, depois de uns anos de travessia do deserto, que inclusivamente valeu aos clubes ingleses uma interdição de todas as competições europeias, o futebol em Inglaterra soube reorganizar-se e reerguer-se ao ponto de se assumir como líder do futebol a nível mundial. O dirigismo nos clubes foi totalmente profissionalizado, indo buscar jovens executivos muito competentes e mt bem pagos. Graças à interacção dos clubes com as várias forças policiais, foi possível por travão no hooliganismo. O futebol tornou-se por isso uma actividade economicamente atractiva e rentável.

Mas será que o exposto explica tudo? Em minha opinião, não. O que sobretudo marca a diferença do futebol inglês é a enorme PAIXÃO que os ingleses (e britânicos de uma forma geral) têm PELO JOGO EM SI e não apenas pelo clube A, B ou C. Desta paixão decorre uma consequência imediata: ela só pode ser INTENSAMENTE VIVIDA no estádio, o que significa estádios SEMPRE cheios (O Arsenal, por ex., tem para o novíssimo estádio Emirates 30.000 pedidos em lista de espera - TRINTA MIL, leram bem). Para que esta paixão pelo jogo em si se concretize plenamente, os espectadores no estádio EXIGEM espectáculo, e espectáculo é o que acontece em 99% dos jogos. Pode o futebol não ser muitas vezes bem jogado, nem ter grandes pormenores técnicos, mas tem sempre raça, atitude, esforço físico. O público detesta ver o jogo parado. Há poucas faltas, e qd as há, os respectivos livres são cobrados rapidamente. O público detesta ver jogadores simularem faltas, e ainda mais simularem lesões. Vêem-se jogos seguidos onde praticamente não há cartões. Um jogador que faça uma grande correria para fazer um corte ou para evitar que a bola saia pela linha lateral ou de fundo, é quase tão aplaudido como se tivesse acabado de marcar um golo. O público não regateia apoio ao seu clube do coração e consegue de forma extraordinária cantar em uníssono sem claques, sem "ensaios" e sem banda sonora. É frequente as equipas adversárias, pelo seu bom desempenho ou pela correcção do seu comportamento, serem fortemente aplaudidas, com toda a naturalidade, pelos adeptos da equipa que joga em casa. A tudo isto chama-se - e foram eles que inventaram o conceito - FAIR PLAY!

As dificuldades de adaptação de alguns jogadores e/ou treinadores mais latinos a esta mentalidade é muitas vezes grande. A relação destes adeptos com C. Ronaldo e J. Mourinho advém disso mesmo. Para os detractores do jogador português ele é, além de genial, também manhoso e fiteiro, justamente por se fazer à falta. Já Mourinho é acusado de ter falta de Fair Play por não saber aceitar as derrotas com compostura, desculpando-se com as arbitragens, com as cargas de jogos, etc. Os adeptos não toleram isso, de maneira que, quem quiser vingar no futebol inglês, ou se adapta a esta maneira de estar no futebol, ou mais lhe vale fazer as malinhas. E como se nota que tanto Ronaldo como Mourinho têm vindo a mudar!...

O último ponto deste meu comentário vai para a relação dos adeptos com os clubes. Em Inglaterra não se vê esta vergonha do bi ou tri-clubismo como assistimos neste país de provincianos. As pessoas apoiam fortemente o clube do seu bairro, da sua cidade ou da sua região de forma indefectível e "não reversível". Isto traduz-se em lotações esgotadas nos jogos em casa e sempre um forte apoio nos jogos fora, o que permite às direcções dos diversos clubes ter asseguradas, quanto mais não seja, as receitas decorrentes da venda de bilhetes e cadeiras LOGO NO INÍCIO de cada época o que, convenhamos, é uma enorme maisvalia.

Por tudo o que foi aqui exposto, estou convencido que o grande calcanhar de Aquiles do nosso futebol de trazer por casa é, justamente, a mentalidade dos adeptos portugueses:

- porque para a maioria infelizmente só existem 3 clubes, e o tuga típico tem sempre uma enorme necessidade, por falta de auto-estima, de pertencer a essa maioria

- porque se vai à bola mas a generalidade do público só se manifesta para insultar árbitros e jogadores e para festejar os golos

- porque o comportamento anti-desportivo de atletas e dirigentes é pouco ou nada censurado, sendo, o mais das vezes, sancionado

- porque ainda há gente que acredita que um jogo de futebol jogado num estádio vazio e visto na TV pode ser um bom espetáculo



Sou do Braga, mas sou "inglês", de vermelho e branco!

Reis

Quem dera que isso fosse tão verdade como o escreves Cardoso!!!!

Vai aqui:

http://www.arsenal.com/teamstats.asp?thisNav=First+Team


Isto é o Arsenal...
Nem é das equipas com mais jogadores disponiveis, mas o certo é que esta época já utilizaram 28 ( :o) jogadores e cada um com imensa qualidade!!!!
Qunado um sai e entra outro nem damos conta disso!

Só há 4 dos 28 ( :o) jogadores a jogarem mais do que 40 jogos! e nem o Guarda redes isso fez....

Está bem que fazem mais do que os Portugueses, mas repara com quantos jogadores o Braga teve de jogar 3 semanas seguidas a fazer jogos de 4/4 dias...
PRATICAMENTE OS MESMOS JOGADORES....

A grande diferença é esta:
QUALIDADE E QUANTIDADE NO BANCO!
Vás para onde fores, veste a tua camisola para mostrares identidade gverreira.

Ana Cunha

É um facto Cardoso... As características das pessoas mudam de país para país. Mas penso que esta diferença entre o campeonato português e o Inglês (e com outros campeonatos) deve-se acima de tudo ao poderio económico de cada um dos países. Maior poder de compra enche os estádios, e com isso os clubes arrecadam receitas muitíssimo mais elevadas (quando comparadas com as nossas) e permite a esses mesmos clubes contratar jogadores de topo que coloquem estas equipas bem no topo da Europa. É o dinheiro, é o dinheiro...

Ricardo

Quote from: sol on 12 de April de 2007, 12:08
O último ponto deste meu comentário vai para a relação dos adeptos com os clubes. Em Inglaterra não se vê esta vergonha do bi ou tri-clubismo como assistimos neste país de provincianos. As pessoas apoiam fortemente o clube do seu bairro, da sua cidade ou da sua região de forma indefectível e "não reversível". Isto traduz-se em lotações esgotadas nos jogos em casa e sempre um forte apoio nos jogos fora, o que permite às direcções dos diversos clubes ter asseguradas, quanto mais não seja, as receitas decorrentes da venda de bilhetes e cadeiras LOGO NO INÍCIO de cada época o que, convenhamos, é uma enorme maisvalia.

Não dirias isso se vivesses em Inglaterra ou mesmo na Escócia. Conheço muitas pessoas que são duma cidade e simaptizam com o clube mas que na verdade apoiam outra equipa. E isto tanto com Ingleses como com Escoceses. O que acontece é que em Portugal isso é muito mais comum...
Em Braga, Com o Braga, Pelo Braga
www.mesadaciencia.blogspot.com

Vlad

Quote from: Kilo on 12 de April de 2007, 01:32
Curioso é o facto de o único país sem interrupção natalicia, ter neste momento as equipas em melhor forma na Europa!

O trabalho, a disciplina e o profissionalismo fazem milagres!


É verdade!
Até dá gosto vê-los jogar.

Aqui jogam pouco, mal, devagar e ainda se queixam de sobrecarga...
BRAGA... um dia ainda te vou ver a campeão!

Nota:desprezo os chamados "grandes"

cardoso

#9
Reis
o que dizes pode ser verdade mas o problema está a montante: sem o poderio económico desses clubes era impossível manter esses planteis. Por outro lado, referes um caso que é suigerneris: o Arsenal. Por ter optado por fazer uma época de transição, o Arsenal quase abdicou de lutar por títulos, preparando umplantel em renovação. Se vires o caso do Manchester, por exemplo, de certeza que encontras muitos jogadores que fizeram todos os quase todos os jogos. Mas a grande diferença está na atitude: alguma vez viste um jogador inglês queixar-se de sobrecarga? E refiro-me aqui a jogadores daqueles que fazem 40 jogos por época.

Sol
muito obrigado por teres completado de forma excelente o meu texto. De facto, referes factores importantissimos que ajudam a perceber este sucesso inglês. Em especial, destaco a paixão pelo futebol, pelo jogo, mais do que pela competição. Há dias vi na televisão um jogo em que o último (salvo erro o Watford) jogava em casa. Impressionante: o ESTÁDIO CHEIO! Eles perdem, perdem e voltam a perder, mas o povo está lá batidinho todos os sábados. Aquilo já é ritual sagrado, ir à bola com a familia e os amigos. Por cá, como diz o amigo Zé, somos adeptos das vitórias. (Este "somos" é a média portuguesa, não é certamente o que se refere a nós, braguistas saudavelmente doentes).
Depois há esse fenómeno labrego do bi-clubismo que, acredto, não seja comum no Reino Unido.

disco infiltrator

#10
Gostei do artigo do Cardoso mas julgo que , é a  minha opinião, não aborda a principal questão para a diferença abissal entre a realidade portuguesa e a realidade inglesa.

O Sol já referiu aquela que o penso ser a principal diferença e que é bem mais profunda do que parece. Para mim o dinheiro e nível de vida fazem diferença mas a principal diferença é sem dúvida a educação e valor dado ao desporto na sociedade.

Em Portugal as pessoas geralmente não gostam do desporto futebol. Gostam dos clubes de futebol e cerca de 90% (ou mais) apoiam um dos 3 clubes ditos grandes. Em Portugal o futebol monopoliza todas as notícias sobre desporto e não só. Em Portugal existem 3 jornais diários que todos os dias "lançam" notícias ligadas ao futebol mas raramente são notícias sobre o "desporto" futebol. Em Portugal todos sabem quem são os presidentes dos principais clubes mas se calhar alguns não conseguem dizer o 11 da sua equipa. Em Portugal um jogador que simula um penalti é  esperto e inteligente. Em Portugal um jogador que simula uma lesão para ganhar tempo é esperto e inteligente. Em Portugal quase não existem apoios para outra modalidades desportivas. O público não adere facilmente a outras modalidaes (o ABC em Braga é uma feliz excepção). Em Portugal a população é acomodada e a sua grande maioria não pratica nem praticou qualquer desporto. Educação física sempre foi vista como uma disciplina secundária. Existem cidades (adivinhem algumas...) em que não se privilegia os espaços para a prática de desporto mas prefere-se contruir prédios nem que não exista gente para morar neles....
Tudo isto afasta gente da cultura desportiva e do próprio futebol. Existem outras questões mas julgo que esta é, sem dúvida, uma das razões fundamentais.

Em Inglaterra este cenário muda radicalmente. O desporto faz parte da cultura da população. O futebol, rugby, criquet, etc arrastam multidões para os jogos. Não existe um fosso tão grande do futebol em relação a outras modalidades. Desde tenra idade os ingleses são educados para a importância do desporto na vida. O desporto como escola de vida e como um meio de melhor encarar os desafios da vida sempre esteve presente na cultura dos ingleses.
Eu já tive oportunidade de fazer digressões com uma equipa de outra modalidade que não o futebol por inglaterra e irlanda e logo se constata a importância dada ao desporto por essas gentes.
No caso particular do futebol, não julgo que seja o dinheiro e o facto de terem grandes estrelas internacionais que fazem a grande diferença. É relativamente recente esta vaga de estrelas internacionais no futebol inglês. Mesmo quando as principais equipas inglesas eram constituídas quase só por ingleses esta afluência e paixão do público já existiam.
Muitos ingleses marcam as férias do trabalho em função de mundiais de futebol, europeus. liga dos campeões, uefa, etc. É muito raro ver os adeptos de determinada equipa inglesa assobiarem os jogadores da sua equipa. Em Inglaterra os presidentes dos clubes raramente aparecem na imprensa pois as estrelas lá são os jogadores e alguns treinadores. Esses é  que merecem o destaque todo. Em Inglaterra aceita-se o campeão como o melhor e o que ganhou mais jogos - ninguém vem falar que foi o árbitro e o "sistema". A figura do árbitro é respeitada e protegida. Sempre que um treinador acusa um árbitro terá uma pesada multa e se repararem quando isto acontece, geralmente, é com treinadores não ingleses.
Em Inglaterra alguns, mesmo de outras cidades, apoiam os principais clubes: Liverpool, MU, Tottenham, Arsenal, etc Mas a grande maioria apoia orgulhosamente o clube da sua cidade. Clubes como o West Ham, Southampton, etc e até o Millwall que milita nas divisões secundárias têm sempre muitos adeptos quer nos jogos fora quer em casa. Existe uma noção de bairrismo e de orgulho nas raízes.

Resumindo esta conversa toda :-) para mim a razão principal para esta diferença é a  cultura desportiva e educação. Enquanto os miúdos crescerem a verem o desporto como algo de acessório na vida nunca veremos uma verdadeira cultura de paixão pelo desporto em Portugal.



Reis

Vás para onde fores, veste a tua camisola para mostrares identidade gverreira.

aurelio

E o mais curioso é que o preparador físico do Chelsea é português!
Sem dúvida, é um questão de mentalidade. Diria mais, uma questão de educação.

Vlad

Reis,

Não posso concordar contigo quando explicas tudo pelo poderio económico.
Olha o caso do Chelsea.

Appearances this season 53
Lampard 49+3, Drogba 46+5, Carvalho 46, Essien 45+1, Ballack 39+3, Shevchenko 37+9, Makelele 36+3, A Cole 33+2, Terry 33+1, Cech 26, Robben 24+11, Ferreira 22+8, Gérémi 22+4, Bridge 20+6, Kalou 18+29, Hilário 18, Boulahrouz 17+4, Mikel 15+16, Diarra 13+5, Wright-Phillips 12+22, Cudicini 9+1, J Cole 3+10, Morais 0+3, Sahar 0+3, Woods 0+2, Sinclair 0+1

Onze base do Chelsea:

Cech - 26 jogos


Diarra-18 jogos (Ferreira 30,Geremi 26)       Terry-34 jogos      Carvalho-46 jogos       Cole-35 jogos (Bridge-26 jogos)


Makelele-39 jogos

Essien-46 jogos            Ballack-42 jogos

Lampard-52 jogos

Drogba-51 jogos        Shevchenko-46 jogos

E ainda Robben (35 jogos), Kalou (47 jogos), Mikel (31 jogos), Wright-Philips (34 jogos). E há que diuzer que o Terry e o Cech tiveram bastante tempo lesionados, senão estariam ao lado do Lampard, Drogba, Carvalho em número de jogos.
Como se vê, existe um núcleo duro de jogadores (11/12)  que já fizeram mais de 35/40 jogos. Se a estes junatrmos os que fazem pelas respectivas selecções nacionais (todos eles), já vão para aí em 50/60 jogos. Estes jogadores acabam a época com 70 jogos nas pernas. E jogam sempre a um ritmo muito mais elevado que cá em Portugal e não só. Viste o poderio físico deles contra o Valência na parte final do jogo? Esta análise valerá também para o Manchester. Mesmo clubes de 2.ª linha como o Tottenham, têm neste momento 12 jogadores com mais de 30 jogos pelo clube. E desses 12, 9 têm mais de 35 jogos. E isto não se explica APENAS pelo poderio económico, pois outros colossos europeus que gastam tanto ou mais que o chelsea (barça, R. madrid, Inter) não correm, nem por sombras, tanto como qualquer clube inglês e não fazem tantos jogos com a mesma regularidade. E o facto é que neste momento da época (fase adiantada), como referiu o Kilo, as equipas que se apresentam em melhor forma... são as que já fizeram mais jogos (as inglesas). É uma questão de mentalidade, outra visão do que é o espectáculo futebol e de preparação física!!!!

Os do Braga ( e Portugal em geral),os mais utilizados têm 20 a 30 jogos  e ai ai ai que não posso...
BRAGA... um dia ainda te vou ver a campeão!

Nota:desprezo os chamados "grandes"

ZGANDULO

Muito complicado estar aqui a referir as diferenças porque o nosso campeonato é diferente do campeonato de um outro mundo que gosta de futebol e onde o comodismo é uma coisa de reformados!!!

[url="http://pwp.netcabo.pt/peixotom/emoticons/forca_braga2.gif"]http://pwp.netcabo.pt/peixotom/emoticons/forca_braga2.gif[/url]

cardoso

Quote from: disco infiltrator on 12 de April de 2007, 15:06
Gostei do artigo do Cardoso mas julgo que , é a  minha opinião, não aborda a principal questão para a diferença abissal entre a realidade portuguesa e a realidade inglesa.

Disco
Tens toda a razão. Aliás, já escrevi sobre esses factores. Nestes textos estou limitado a 3500 a 4000 caracteres. Por isso, este texto é uma espécie de continuação de outros em que abordo diferentes factores relativos a este assunto:
http://cardosogomes.com.sapo.pt/porqueequenaovamosabola.htm
http://cardosogomes.com.sapo.pt/porqueequenaovamosabola2.htm
http://cardosogomes.com.sapo.pt/osinglesesenos.htm

Quote from: disco infiltrator on 12 de April de 2007, 15:06
Resumindo esta conversa toda :-) para mim a razão principal para esta diferença é a  cultura desportiva e educação. Enquanto os miúdos crescerem a verem o desporto como algo de acessório na vida nunca veremos uma verdadeira cultura de paixão pelo desporto em Portugal.

Aqui estás a deixar-me pano para mangas para um próximo texto!
Trata-se de uma questão cultural, ou de mentalidade, bem visíel nas escolas. Ainda hoje falava com um colega de Ed. Física sobre os preconceitos que os miúdos têm em relação à prática do desporto e da Ed. Física em particular. O assustador da questão é que se começa cada vez mais cedo a ser desportista de sofá.

ric

é engraçado tb que as coisas se interligam. O poderio economico traz assistencia, a assist~encia receitas, essas receitas trazem jogadores excelentes e estes proporcionam bons espectaculos, cham publico e a coisa repete-se num ciclo.

Gostaria tb de introduzir uma outra relação: a intensidade do jogo (não é só a preparação fisica) e a assist~encia.Com estádios cheios e publico entusiasta, todos corremos como loucos. Até eu(!!!) se tivesse 60 mil marmelos a incitar-me...

è esta interligação de factores que permite ter jogos excelentes e tudo o mais de arrasto....

Por mim, e por cá, começava a tentar incutir o vicio e o gosto do futebol. Nós achamos que gostamos de futebol mas não me parece ser verdade... e depois de criado o vicio. tudo vinha por arrasto...desde tb que o Socrates ajude e faça crescer o PIB e a economia e passemos a ter ordenados que se vejam e que possam dar para a bucha e para a bola. Agora quando só dá para a bucha.... que se lixe o futebol que não me enche a barriga...

cardoso

Quote from: ric on 12 de April de 2007, 17:34
Até eu(!!!) se tivesse 60 mil marmelos a incitar-me...
;D ;D ;D Desculpa lá Ricardo mas não consegui evitar a gargalhada ao imaginar...
Bem, até eu... e não precisava de 60 mil marmelos atrás de mim, bastava um Doberman ;D ;D

Quote from: ric on 12 de April de 2007, 17:34
Por mim, e por cá, começava a tentar incutir o vicio e o gosto do futebol. Nós achamos que gostamos de futebol mas não me parece ser verdade... e depois de criado o vicio. tudo vinha por arrasto...desde tb que o Socrates ajude e faça crescer o PIB e a economia e passemos a ter ordenados que se vejam e que possam dar para a bucha e para a bola. Agora quando só dá para a bucha.... que se lixe o futebol que não me enche a barriga...
Sem dúvida nenhuma.

Gilberto

Para mim a grande diferênça é a mentalidade que é incutida aos treinadores e jogadores !!
Ou correm e dão o tudo por tudo desde os treinos aos jogos ou vão para a rua !!
Os jogadores deles são seres humanos como os nossos jogadores e têm os mesmos limites físicos, o problema é que aqui os jogadores apesar de serem profissionais a maioria não  aproveita as suas capacidades fisicas a 100%  , principalmente nos treinos, andam a brincar depois chegam aos jogos e não têm pernas e com isso vêm as lesões etc..

Um dos segredos dos Ingleses é o facto de terem poucos Brazileiros nas equipas, como é sabido de toda a gente e salvo raras excepções os Brazileiros são os jogadores mais preguisos das equipas Portuguesas e com isso acabam por influenciar o ritmo das equipas, pois nos planteis das equipas Portuguesas mais de 50% da equipa é constituida por jogadores Brasileiros !!
S.C. BRAGA -CONTIGO ATÉ MORRER !!

Ricardo

Eu penso mesmo que é a mentalidade. Vou dar o exemplo que já dei, o Rochemback. Quando estava no Sporting era o Rocha, marcava livres e golos, era o rei dos lagartitos e o resto da malta era tudo subditos. Tinha uma barriga que parecia que ia todas as noites à tasca mas na realidade, era porque tinha um rei na barriga.

Saiu do Sporting.

Passados uns meses defrontou o mesmo Sporting pelo MIddlesbrough. Mas seria o mesmo Rochemback? É que po que vi foi um jogador que cumpria o que o treinador lhe dizia, rápido, a jogar em prol da equipa e, não magro, mas musculado e muito mais robusto. Vão-me dizer que andou a tomar vitaminas? Nah, o que descobriu, é que se andasse no gandaio ia jogar para a equipa B num rapidinho....
Em Braga, Com o Braga, Pelo Braga
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