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Carta aberta à Liga Portugal

Started by Nemec, 27 de October de 2018, 11:06

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Nemec

No seguimento da organização do jogo de ontem, resolvi "perder" algum tempo a redigir uma carta aberta. sintam-se livres de a divulgar se assim entenderem.

"Exmo. Sr. Presidente da Liga Portugal,

Escrevo-lhe na qualidade de um simples adepto de futebol, e digo simples porque não me considero um profundo conhecedor de táticas, estratégias, jogadores, clubes e treinadores. Sou um simples adepto porque me apaixona toda a emoção vivida durante um jogo de futebol num estádio, porque considero que é só lá que faz sentido ver-se futebol.
Dentro desta ideologia, venho por este meio expressar o meu descontentamento sobre a forma como foi organizado o jogo referente à 8ª jornada da Liga NOS entre o Vitória Sport Clube e o Sporting Clube de Braga.
Este é sem dúvida um jogo especial para os adeptos de ambas as equipas. Rivalidades que vão muito além do futebol, criam um ambiente único com emoções singulares. À parte dos excessos de alguns indivíduos que não considero adeptos de futebol, a rivalidade e as picardias saudáveis de parte a parte apimentam e aumentam o espetáculo dentro do estádio. Entendo por isso que os adeptos são parte integrante deste espetáculo e não um apêndice. Sem adeptos o espetáculo diminui, caminha para o abismo, porque não existindo ninguém para ver, não tem interesse criar algo para mostrar.
A Liga Portugal tem como missão "Garantir a excelência da organização das competições profissionais..." e como fins principais, entre outros:
•   Organizar e regulamentar as competições de natureza profissional nos termos da legislação aplicável;
•   Promover a defesa dos interesses comuns dos seus associados e a gestão dos assuntos inerentes à organização e prática do futebol profissional e das suas competições;
•   Exercer, relativamente às competições profissionais de futebol, as competências em matéria de organização, direção e disciplina, nos termos da legislação aplicável.
Quer na missão quer nos fins indicados, a palavra organização é comum. Tem ainda a Liga Portugal com fim principal a "gestão dos assuntos inerentes à organização do futebol profissional". Entendo por isso que a Liga Portugal é responsável pela organização de todos os espetáculos da Liga NOS.
No jogo atrás referido, lamento dizê-lo, mas falharam redondamente a vossa missão em vários pontos da organização. Não vos foi possível assegurar que milhar e meio de adeptos do clube visitante estivesse dentro do espetáculo antes do apito inicial para o jogo.
Os estádios dos dois clubes distam menos de 25 km. A saída do conjunto de autocarros desde o Estádio Municipal de Braga deu-se pelas 19h40. As cidades são ligadas por uma autoestrada que nos permite fazer uma viagem calma de cerca de 30 minutos. Inesperadamente o conjunto de autocarros saídos de Braga ficaram retidos dentro da autoestrada, parados entre a berma e as faixas de rodagem, colocando estes e os restantes utilizadores da autoestrada em perigo. Retomamos a viagem já depois das 21h (o jogo teve início às 21h15) com destino não ao estádio (local onde se realizou o espetáculo e onde seria espectável sermos sairmos dos meios de transporte) mas sim a uma zona próxima da Universidade do Minho, sendo forçados a percorrer a pé mais de um quilómetro entre prédios onde facilmente fomos alvo de arremesso de objetos.
A falta de organização foi mais uma vez notória quando à entrada, os meios disponibilizados não são de todo suficientes para se fazer o devido controlo e revista em tempo útil. Entrei no estádio com 33 minutos de jogo decorridos (e não fui dos últimos). Não vi o espetáculo todo pelo que paguei, não tive oportunidade sequer de ver os golos. No final do jogo fiquei com um sentimento incompleto. Senti-me enganado porque paguei por algo que não tive na totalidade.
Triste, desiludido e frustrado com toda esta situação, só me restava o regresso a casa que só queria que fosse breve. Tinha ainda um penoso trajeto de mais de um quilometro para percorrer até ao local onde ficaram estacionados os autocarros que me trariam de volta à minha cidade. Para surpresa minha, em vez dos cerca de 25 km a percorrer até à cidade de Braga, fomos encaminhados para a cidade de Fafe, sendo depois conduzidos em direção a Famalicão e finalmente Braga, num trajeto de mais de 85 km. A viagem acabou já depois das 2h da manhã.
Face ao exposto tenho algumas questões sobre as quais gostaria que refletisse e me respondesse:
•   É responsabilidade da Liga Portugal organizar os eventos e coordenar com as forças de segurança a deslocação e entrada dos adeptos visitantes no recinto desportivo. Dentro desta organização estava prevista a paragem tão demorada em plena autoestrada?
•   Na organização do evento em causa, não foi prevista, programada, coordenada previamente a deslocação dos adeptos visitantes garantido a sua segurança?
•   Ao contrário dos eventos noutros palcos destes espetáculos, os adeptos visitantes ficaram a mais de 1 quilómetro do estádio em vez de ficarem (como sempre) próximos do local de entrada, colocando os adeptos numa posição muito vulnerável, sobretudo no final do jogo. Da mesma forma que se encerraram as vias de acesso ao estádio para que a caixa de segurança seguisse a pé, era inconcebível que esse caminho fosse efetuado de autocarro, sendo os adeptos largados junto ao estádio e os autocarros seguissem o mesmo estacionamento onde ficaram? Da mesma forma no final do jogo, era impossível esse trajeto ter sido realizado pelos autocarros?
•   Em que tipo de ambiente bélico vivemos que não conseguimos assegurar o bem-estar de 1500 pessoas num trajeto de volta a casa, forçando-os a uma viagem de uma distância superior ao triplo do trajeto normal?
•   Sendo este último, o único trajeto possível para tudo corresse com a maior segurança, porque não fomos encaminhados por ele na viagem de ida?
Creio que a Liga Portugal sabe, pode e tem por obrigação de organizar os eventos com maior qualidade, só assim o futebol em Portugal pode crescer e prosperar. O futebol não é só para os adeptos, o futebol é também os adeptos, sem eles o futebol caminhará rapidamente para o abismo, tonando-se apenas na lembrança de um desporto que foi rei. O futebol, do lado dos adeptos, é a emoção e o sentimento que nos provoca, por isso é para ser vivido dentro dos estádios, não na televisão. Tal e qual um concerto de música, um teatro, uma revista, uma ópera, o futebol é para ser vivido no local onde acontece e por completo, não em parte.
Apesar de me sentir do direito de ser ressarcido no valor correspondente à parte do espetáculo que a organização em impediu de vivenciar, não é esse o meu objetivo. Apenas que a Liga Portugal possa refletir sobre a organização dos espetáculos pela qual é responsável e crie condições e estratégias para que situações semelhantes sejam apenas exemplos do passado que não devemos repetir.
Sou um simples adepto de futebol, sou sócio do Sporting Clube de Braga há quase 25 anos e quero continuar a sê-lo pela paixão e emoção que me move. Peço por isso encarecidamente que não matem o que nos une, não metem o futebol.
Certo de que esta carta merecerá a vossa melhor atenção, apresento respeitosos cumprimentos,
Rui Xavier"
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