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OS FUNDOS NO FUTEBOL PORTUGÊS

Started by JotaCC, 20 de July de 2014, 09:43

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JotaCC

Resolvi colocar aqui esta investigação do DN porque pode ser útil para algumas duvidas que tenhamos sobes o fundos

O LADO OCULTO DAS TRANSFERÊNCIAS
Benfica, Sporting e FC Porto com 49 jogadores em fundos
No ano passado os três grandes tinham nos seus quadros quase cinco dezenas de futebolistas com passes detidos parcialmente por fundos nacionais e internacionais. DN investigou sociedade luxemburguesa que negociou James para FC Porto. Um dos diretores tem Imobiliária no mesmo prédio da Casa do FC Porto em Lisboa.



Chamam- se fundos e o nome não podia ser mais apropriado. É preciso escavar bem fundo para descobrir quem controla, quem investe e onde estão sediadas as sociedades que detêm os direitos económicos dos futebolistas. Portugal é mesmo dos países mais férteis para ver nascer ou crescer o negócio dos fundos de investimento no futebol. Segundo um estudo da consultora KPMG, no ano passado, entre 40 e 70 jogadores da principal Liga tinham o seu passe disperso, pertença de empresários, fundos e clubes. Sendo na sua maioria atletas valiosos, representavam 27% a 36% do valor do mercado de jogadores do campeonato nacional ( estimado entre 231 e 303 milhões de euros). Portugal é mesmo o país europeu que mais recorre a estes instrumentos financeiros para comprar atletas.
A relevância desses jogadores vê- se na análise que o DN fez aos plantéis de Benfica, FC Porto e Sporting, que apenas detinham na íntegra os direitos económicos de 28 jogadores – 12 no Dragão, dez na Luz e seis em Alvalade – na época passada. No total dos jogadores pertencente aos quadros ( não apenas ao plantel) destes três clubes 49 são pertença de fundos. Alguns são sociedades nacionais, reguladas e fiscalizadas, mas a maioria são fundos com sede em paraísos fiscais. Nestes é fácil encontrar transferências pouco transparentes, que rendem milhões, sobretudo aos investidores. Holanda, EUA, Ilhas Virgens Britânicas, Luxemburgo ou Malta são alguns dos países escolhidos como base de um setor milionário.
A procura por quem detém parte dos seus passes leva- nos até à Holanda... James Rodríguez é agora um jogador na moda e está na iminência de trocar o Mónaco pelo Real Madrid, mas já antes de chegar ao principado tinha dado muito dinheiro a um fundo luxemburguês: o Goal Football Luxembourg Ltd.
Tudo começou quando o FC Porto adquiriu 70% do passe de "el bandido" ao Banfield por 5,1 mil hões de euros. Cinco meses depois, os "dragões" venderam 35% dos direitos económicos do colombiano ao fundo luxemburguês por 2,55 milhões. Porém, dois meses depois – fevereiro de 2013 – a SAD portista recomprou a percentagem por 8,75 milhões. Ou seja: o fundo lucrou 6,2 milhões de euros com a transação. A dúvida que surge é: quem está por detrás do fundo? Quem lucrou com isto?

Imobiliária junto à Casa do FC Porto
O DN investigou os registos comerciais da empresa, que mostram que tem três diretores: Nicolaas Zeeland, Michelle Carville James David Hassan, que será o líder do trio. Aqui a história ganha outros pormenores. James Hassan vive em Gibraltar, onde está a empresa- mãe – a Goal Football ( Gibraltar) Limited – mas tem um negócio em Portugal. Hassan tem 67 anos e é dono de uma imobiliária, a Annsfield, a qual, curiosamente, está sediada na Avenida da República, n. º 48 B, em Lisboa. Precisamente o prédio da Casa dos "dragões" em Lisboa, com a diferença de que a filial do FC Porto é no 2. º esquerdo e a imobiliária de Hassan no 3. º esquerdo. O DN tentou contactar a SAD portista sobre o assunto – e tentar perceber se se tratava de uma mera coincidência – mas não obteve resposta.
Atualmente o fundo é dono de 45% do passe do defesa mexicano Reyes ( no clube azul e branco desde o verão de 2013), numa transação que rendeu três milhões de euros à SAD portista. Este caso mostra como são complexas as ligações entre clubes e fundos.

Os receios de Platini
O próprio presidente da UEFA mostrou- se preocupado com esta realidade em que acionistas, gestores e investidores dos fundos não têm rosto e é quase impossível seguir o rasto ao dinheiro. Michel Platini advertiu que "hoje em dia há muitos jogadores cujos passes estão na posse de empresas alojadas em paraísos fiscais e controladas por um agente desconhecido ou fundo de investimento". O francês lamenta o facto de alguns jogadores terem deixado de ter "o controlo das suas carreiras desportivas e são transferidos todos os anos para gerar receita a esses anónimos". E acrescentou: "Sou totalmente contra esse modelo e acredito que pode ameaçar a integridade das nossas competições (....). Não podemos aceitar que os jogadores sejam propriedade de instituições financeiras." Para o professor de economia da Universidade do Minho Paulo Reis Mourão os maiores perigos dos fundos "encontram- se na colocação dos clubes/ jogadores na sujeição aos interesses dos donos do capital financeiro, havendo uma separação entre os objetivos de capitalização rápida do capital financeiro e os objetivos de formação e de preparação a prazo dos jogadores cujo passe se encontra assim preso".
Uma opinião partilhada pela SAD do Sporting ( a única dos três grandes clubes que se disponibilizou a falar com o DN) que admite que este "é um dos receios existentes. Face à dimensão e a notícias que circulam, há uma suspeição de que, de facto, haja intervenção direta ou indireta dos fundos ou de entidades a eles equiparadas que detém créditos sobre os clubes e controlo de direitos económicos dos seus jogadores". A SAD, presidida por Bruno de Carvalho, assume que os fundos "têm vindo a servir para aumentar [ a competitividade dos clubes portugueses], embora se cometam excessos e se prejudique o devido investimento na formação de jovens". A União Europeia também está preocupada com esta realidade. A comissária europeia com a pasta do Desporto, Androulla Vassiliou, avisa que as "novas formas de investimento em jogadores podem minar a capacidade dos organismos desportivos para regular suas atividades". A problemática da manipulação dos resultados, na opinião do jurista João Leal Amado, não pode ser vista como uma situação exclusiva e potenciada pelos fundos: "Estes perigos existem praticamente desde que o dinheiro começou a entrar no futebol. A mercantilização do futebol, que pode comprometer a verdade desportiva, existe praticamente em tudo, nos contratos de sponsorização, agentes, patrocinadores."
Os clubes nacionais – a Liga portuguesa é das que mais utilizam este tipo de mecanismo financeiro – têm hoje nos fundos de investimento uma forma alternativa de financiamento, ajudando a adquirir jogadores de um nível superior que de outra forma seriam proibitivos para os seus cofres. Ou seja: os fundos têm sido essenciais para manter a competitividade das equipas portuguesas, nomeadamente nas competições europeias, em que nas últimas temporadas têm marcado presença assídua nas fases finais quer da Liga dos Campeões quer da Liga Europa . Talvez por isso sejam aclubísticos. Ou melhor: transclubísticos.
Três grandes com fundos comuns
A Doyen Sports Investments ( DSI) tem sede em Malta e é, neste momento, um dos fundos mais reputados no mercado. A DSI é presidida por um português, Nélio Lucas, que disse ao DN que a sua empresa é "transparente", mas admite que "quase todas ou mesmo todas as outras [ empresas desta área] tentam esconder ao máximo quem são e o que fazem". Nélio Lucas explica que o Doyen Group ( empresa-mãe, sediada em Londres) "é um grupo privado muito forte, que move mais de seis mil milhões de dólares, investindo em muitas áreas, principalmente energia e mineração".
O português garante ao DN que todas as decisões na empresa são tomadas unilateralmente.

JotaCC

Donos da bola escondem- se nos ' fundos'

Na Liga de futebol mais competitiva do mundo, a de Inglaterra, é proibida a partilha dos passes dos jogadores entre os clubes e os chamados "fundos de investimento", por detrás dos quais se escondem os rostos que ganham com o negócio de compra e venda de futebolistas. A Liga portuguesa, ao invés, é uma das que mais utilizam este tipo de mecanismo financeiro, uma forma alternativa de financiamento que ajuda a adquirir jogadores de um nível superior e que de outra forma seriam proibitivos para os cofres dos nossos clubes. Os fundos, ao mesmo tempo que encerram um lado pouco conhecido e pouco escrutinado, que urge tornar mais transparente, têm sido essenciais para manter a competitividade das equipas nacionais, nomeadamente nas provas europeias. O fundamental em relação a estes fundos é tornar claro quem controla, quem investe e onde estão sediadas as sociedades que detêm os direitos económicos dos futebolistas. O DN investigou e chegou a sociedades offshore, sediadas em paraísos fiscais. Em relação a esta realidade há posições distintas. A UEFA defende a proibição. A FIFA, pressionada pela Argentina e o Brasil, os mercados que mais beneficiam com estes instrumentos, é partidária da regulação. O DN entrevistou empresários, treinadores, economistas e juristas e encontrou uma unanimidade: é necessário regular. Proibir seria uma tragédia para o futebol português, no qual os principais clubes perderiam a competitividade. Enquanto a nível global se amadurece uma posição definitiva, convém por isso que a investigação faça o seu papel. A PJ está a investigar casos envolvendo transferências na Liga portuguesa, na qual estão em causa situações de branqueamento de capitais, pagamento de luvas e burlas. É um tema economicamente relevante, que pode até ter pontos de contacto com a crescente corrupção na apostas desportivas, que vão começar a pagar impostos em Portugal. Defender a verdade desportiva passa, portanto, pelo controlo destes fenómenos. Conhecê- los é importante para o grande público e foi por isso que o DN foi à procura de mais informação para os seus leitores.

JotaCC

O vento invisível que move o futebol europeu

O dossier dos fundos de investimento em jogadores de futebol é um tópico por esgotar. Se a sua rendibilidade desceu, nos últimos quatro anos, de 64% para 23%, o interesse pelos fundos não esmoreceu. Podemos questionar se a perda de rendibilidade se deve a uma gestão de reputação dos gestores, ao efeito da crise económica europeia ou à eficácia da UEFA ( esta sempre muito questionável). No entanto, neste defeso são eles o vento invisível que move o futebol europeu. Um fundo de jogadores, visto pelo lado puramente técnico, cumpre com dois objetivos muito próximos dos fundos de investimento tradicionais. Por um lado, dispersa o risco por vários ativos, na ótica do investidor. O segundo objetivo é o de preferência pelo risco que um fundo de jogadores permite, trazendo atletas de proveniência sobretudo sul- americana ou africana para as ligas europeias que, de outra forma, não conseguiriam vir, a menos que tivessem um certificado inquestionável de experiência, maturidade e qualidade. Portanto, este tipo de mecanismo de financiamento das ligas profissionais de futebol ( sobretudo, das ligas mediterrânicas, tão criticadas – também pelos fundos – pela direção da UEFA) promove, por natureza intrínseca, dois movimentos financeiros. Por um lado, dado que um "fundo de jogadores" valoriza com a transferência dos ativos ( isto é, com a comercialização dos direitos contratuais dos jogadores), o bom gestor de um fundo será o primeiro a incentivar a mobilidade dos ativos, acelerando as transferências dos jogadores financiados pelos fundos. Mais do que a Lei Bosman ( nos anos 1990), os fundos de jogadores têm sido os grandes impulsionadores da "corrida" dos jogadores entre clubes europeus ( nesta última década). Por outra via, a natureza de um fundo promove a desmaterialização do capital, isto é, do ativo. Portanto, se antes havia o interesse de um clube A, o interesse de um clube B, o interesse do jogador e do seu agente, agora existe também o interesse dos donos do fundo, entidades bancárias, por natureza anónimas, apessoadas, desmaterializadas. O fundo financia o futebol, mas o futebol desconhece o rosto de quem assim o financia. O futebol mediterrânico está a ficar fundodependente mas desconhece assim quem pedirá a fatura dessa dependência. Enquanto as folhas salariais e o endividamento dos clubes não forem levados a sério, os administradores dos clubes agradecem a criatividade financeira que gerou instrumentos como os fundos de jogadores. O adepto, na sua ignorância, aplaude, chora e alegra- se com as vitórias e derrotas da sua equipa. Até um dia em que, descapitalizada (veja- se o exemplo do Málaga, entre outros), a equipa desce de divisão. O adepto não teve culpa. Semanalmente, religiosamente, ele torceu; mensalmente, ele pagou a quota; anualmente, ele participou na Assembleia Geral do clube. Mas o clube perdeu- se. Mas o clube foi ao fundo.

JotaCC

P&R

Que tipo de fundos de investimento no futebol existem? Os fundos nacionais, como o Benfica Stars Fund e o Sporting Stars Fund, e os fundos estrangeiros, na sua maioria sediados em países de baixa tributação, os chamados paraísos fiscais. Quais as principais diferenças a nível de segurança e transparência no funcionamento? Os fundos nacionais são geridos por empresas especializadas [ no caso dos do Benfica e do Sporting a entidade gestora é o Espírito Santo Fundos de Investimento Mobiliário S. A.], aprovados e supervisionados pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. Os estrangeiros são empresas ( sociedades limitadas ou anónimas) criadas exclusivamente para transacionar direitos económicos dos jogadores, não estão sujeitos à supervisão de um regulador e os investidores não estão identificados. A expectativa dos dois tipos de fundos é a mesma: que o jogador seja transferido e que possa render um retorno superior ao montante investido. Como funciona este mecanismo? Os fundos trabalham em ligação com os clubes. Têm especialistas em futebol que avaliam os jogadores. O clube e o fundo partilham o risco inerente ao investimento num jogador. O clube entra com uma parte do dinheiro e fica com uma percentagem dos direitos económicos. O fundo entra com outra parte e fica com a percentagem consequente. O direito desportivo do jogador é sempre propriedade do clube, é o que permite registar o atleta na Federação de forma a poder competir. Além dos fundos e dos clubes quem pode adquirir os direitos desportivos de um futebolista ? Um agente/ empresário e o próprio jogador também pode ter percentagem do "passe". Quem são os investidores dos fundos de investimento? No caso da grande maioria dos fundos estrangeiros não se conhece o rosto dos investidores, nem a origem do dinheiro. Daí a frequente referência à falta de transparência dos fundos. Todos os países da Europa permitem a partilha dos passes? Não. Inglaterra, França e Polónia não permitem. Quando foi constituído o primeiro fundo em Portugal? Em 2004, o First Portuguese Football Players Fund, adquirido depois pelo Grupo Orey. Tinha jogadores de FC Porto, Sporting e Boavista. Na longa carteira constavam Cristiano Ronaldo, Quaresma, Deco, Pepe, Benni McCarthy. Foi fechado em 2008, com resultados negativos.

JotaCC

Benfica fecha fundo próprio em setembro
Vieira já comunicou decisão à entidade gestora. Ainda há dez jogadores em carteira, que podem ser vendidos pela melhor oferta. Sporting deve seguir o mesmo caminho. Dois fundos são deficitários

Quem quer comprar 20% do "passe" de Cardozo? E 50% de Rúben Amorim ou 30 de Maxi Pereira? Quem dá mais? Não, ainda não estão a leilão, mas os direitos económicos – os chamados "passes" na linguagem simplificada das transferências – de dez jogadores do Benfica podem ser vendidos pela melhor oferta a partir de 30 de setembro. É que o clube da Luz pretende fechar o seu fundo próprio – Benfica Stars Fund – constituído em setembro de 2009 por um prazo de cinco anos.
Em 2016 também termina o prazo de existência do Sporting Portugal Fund e os leões podem seguir o exemplo dos encarnados. Questionada pelo DN sobre se o Sporting pretendia a dissolução do fundo a curto/ médio prazo, a resposta da administração da SAD leonina foi lacónica: "Não podemos responder por questões de deveres de informação, dado que a Sporting SAD é uma sociedade cotada."
Mas tal não significa que os dois clubes de Lisboa estejam em condições de prescindir destes instrumentos financeiros que lhes permite ter jogadores de qualidade e caros. Outros fundos – que não são controlados por qualquer entidade, que estão sediados, na sua maioria, em paraísos fiscais e são opacos quanto à identidade dos investidores – estão prontos a intensificar a "colaboração" com os clubes portugueses.
A decisão do Benfica de acabar com o fundo, segundo apurou o DN, já foi transmitida por Luís Filipe Vieira, presidente dos encarnados, aos administradores da sociedade gestora, ESAF – Espírito Santo Fundos de Investimento Mobiliário SA. O responsável máximo do Benfica está disposto a recomprar percentagens de jogadores que continuam em carteira: Nelson Oliveira ( 25% pertencem ao fundo, que pagou 2 milhões de euros), Rúben Amorim ( 50%, 1,5 milhões), Urretaviscaya ( 20%, 1,2 milhões), Cardozo ( 20%, 4 milhões), Maxi Pereira ( 30%, 1,35 milhões), Jara ( 10%, 600 mil euros), Gaitán ( 15%, 2,25 milhões), Djuricic ( 20%, 2 milhões), Airton ( 40%, 3 milhões).
Ao DN a CMVM explicou que para o fundo não continuar é necessário que "a entidade gestora não decida propor à assembleia de participantes a sua prorrogação ou esta, a ocorrer, não decida favoravelmente nesse sentido". Mais um sinal de que o fundo vai fechar é que a CMVM garantiu também ao DN que "não tem conhecimento de nenhuma convocação de assembleia de participantes deste fundo que tenha sido efetuada, até ao momento".
Foi numa reunião, realizada há quatro meses, que Vieira revelou à ESAF que esta ligação iria terminar e até já escolheu a empresa que vai conduzir o processo administrativo de liquidação do Benfica Stars Fund. Ou seja, a entidade que irá negociar com a ESAF o valor de venda da percentagem dos passes que interessam ao clube.
O presidente dos encarnados justificou a decisão, por um lado, com o aumento da saúde financeira do clube ( apesar de o passivo ser superior a 400 milhões de euros) e por outro com algumas condições de funcionamento do fundo, nomeadamente os 28% de impostos que são pagos em cada transação. Condições essas que são supervisionadas pela CMVM. Uma situação que não se verifica nos outros fundos de investimento, a grande maioria sociedades offshore , e que acentuaram a ligação aos clubes portugueses nos últimos três anos, depois de a troika ter obrigado os bancos a reduzir a sua exposição aos clubes. O FC Porto é o que movimenta quantias mais avultadas com estas entidades sem rosto ( ver págs. 12 e 13).
A posição de Vieira foi reafirmada por Rui Gomes da Silva, vice- presidente do Benfica, que num programa televisivo da SIC no final de junho afirmou que o Benfica pretendia recomprar todos os passes. Porém, essa não é uma situação que dependa exclusivamente da vontade dos dirigentes. É que cabe à sociedade gestora garantir o interesse dos subscritores ou seja de proteger os investidores ( ver págs. 8 e9) e para isso terá de tentar vender os ativos pelo melhor preço. E pode vender a outros clubes ( não portugueses) ou a outros fundos. O Benfica só terá prioridade se cobrir a melhor proposta. O valor da percentagem dos direitos económicos que pertencem aos investidores será negociado consoante o valor de mercado e não com base no investimento feito ou na desvalorização em carteira. Por exemplo, Cardozo custou ao fundo 4 milhões de euros em 2009 e uma vez que todos os ativos sofrem uma desvalorização mensal , "vale" cerca de 750 mil euros. Estes valores são meros indicadores e de pouco contarão para as negociações caso existam outros interessados para além do Benfica. O DN contactou a SAD do Benfica que disse não estar disponível para prestar declarações sobre este assunto. Já a ESAF, depois de alguma abertura para falar com o DN, acabou por se remeter ao silêncio.

Fundos deficitários
O Benfica Stars Fund começou com um capital inicial de 40 milhões de euros, mas as compras e vendas ao longo dos últimos cinco anos alteraram a liquidez da entidade. Desde o início, o fundo investiu em direitos económicos de 28 jogadores do Benfica mais de 52 milhões de euros – encaixados pela SAD em diferentes períodos, à medida que foram alienadas percentagens. Em sentido inverso, o fundo encaixou 35, 68 milhões de euros com as vendas que o Benfica conseguiu realizar, o que ainda assim significa uma perda de 16,37 milhões de euros face ao investido. O valor pode ainda ser recuperado, uma vez que o fundo tem dez jogadores em carteira e um valor líquido global de 26,9 milhões de euros.
O fundo do Benfica conseguiu, aliás, gerar mais- valias superiores às do Sporting Portugal Fund, que tinha um capital inicial de 15 milhões. Desde agosto de 2011, o fundo adquiriu direitos de jogadores por 12,72 milhões de euros e encaixou apenas três milhões de euros. O fundo es tá assim com uma perda de 9,72 milhões, o que não significa que este seja uma aposta ruinosa. Neste momento, o fundo ainda tem 15 jogadores em carteira, alguns com potencial de gerar receitas, e mais de dois anos de duração para que essas transações possam ocorrer.
A salvação dos grandes acionistas ( BES e BCP) pode ser, aliás, o médio William Carvalho. Em agosto de 2011 o fundo adquiriu 40% dos direitos do internacional português por 400 mil euros. Se, por hipótese, o jogador for vendido por 30 milhões, isto significará um encaixe de 12 milhões para o fundo ( 11,7 milhões de lucro), o que o torna logo num fundo lucrativo.

O último negócio
O último negócio feito por um destes fundos foi o de Ezequiel Garay e por valores inferiores aos do mercado e abaixo da cláusula de rescisão. O defesa central tinha uma cláusula de 20 milhões e foi vendido antes da estreia da Argentina no Mundial por pouco mais de 6 milhões de euros. Um negócio que se pode considerar no mínimo precipitado e que possivelmente não terá agradado ao fundo, uma vez que a expectativa de lucro com o defesa era grande.
Segundo o comunicado do Benfica à CMVM, o clube terá feito um encaixe de 2,4 milhões e o fundo de 600 mil euros pelos 10% dos direitos económicos do atleta. Os valores suscitaram alguma surpresa entre a massa adepta benfiquista. E até confunde títulos internacionais. O jornal inglês Daily Mail fez referência a um investimento do Zénit de 15 milhões de euros por Garay. Certamente um engano que os investidores do fundo do Benfica gostariam que tivesse acontecido, pois significaria que pelo menos teriam recuperado todo o investimento feito no argentino, 1,17 milhões de euros.

JotaCC

Das Ilhas Virgens ao Rato: fundos ' agarram' 22 leões
Mesmo juntando as equipas A e B, o Sporting só detém a totalidade dos direitos económicos de um terço dos jogadores. Se um dia, por exemplo, Carrillo for vendido, metade do valor da transferência vai para fundo nas Ilhas Virgens Britânicas

Os jogadores do Sporting que pertencem a fundos davam praticamente para construir um plantel. Ao todo são pelo menos 22 jogadores cujo passe está dividido entre o Sporting e terceiros, havendo direitos económicos repartidos em três entidades. Só no chamado "fundo próprio" – o Sporting Portugal Fund – estão 15 jogadores do futebol profissional do Sporting, sendo a maioria oriunda da formação.
O Sporting Portugal Fund está neste momento deficitário ( ver texto nas págs. 2 a 4), mas pode tornar- se rentável e, desde que foi criado, em agosto de 2011, já significou um encaixe monetário para a SAD sportinguista no valor de 12 720 000 euros. O fundo, quando da constituição, teve dois participantes (grandes acionistas): o BCP e o BES, que no entanto não ficaram com os fundos nos seus balanços.
A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários ( CMVM) explicou ao DN que a lei "prevê o dever de identificação dos participantes que detenham 10% ou mais das unidades de participação". Neste caso há os dois bancos. O BES é aliás acionista da SAD, entidade gestora do fundo e participante do fundo. Questionada sobre se não existiria conflito de interesses, a CMVM esclareceu que "a lei não proíbe que entidades relacionadas com a entidade gestora possam ser participantes dos fundos geridos por esta, mas em contrapartida estabelece um vasto conjunto de regras relativas a conflito de interesses".
Voltando ao aspeto financeiro, o fundo ainda só encaixou mais- valias com dois jogadores: Wolfswinkel e Insúa. O atacante holandês foi vendido ao Norwich por dez milhões de euros, o que significou um encaixe para o fundo de 1,5 milhões de euros ( aos quais t em de se subtrair o valor de aquisição: 975 mil euros). Já com o defesa- esquerdo argentino – vendido ao Atlético Madrid – o fundo terá ganho 1,5 milhões de euros ( havia dado 525 mil euros por 15% dos direitos económicos).
Por outro lado, este fundo – gerido pela ESAF ( sediada na Álvares Cabral, junto ao Largo do Rato, em Lisboa) – já teve os seus maus negócios. Jeffrén Suarez, cujos 25% dos direitos económicos custaram ao fundo 1,37 milhões, é exemplo disso, pois rescindiu com o Sporting sem se ter verificado uma t ransferência, pelo que não houve qualquer recuperação do investimento.
A aposta em fundos faz que o Sporting detenha a totalidade dos direitos económicos de apenas um em cada três jogadores das equipas Ae B ( embora aqui se incluam as percentagens detidas por outros clubes. A administração da SAD admitiu ao DN que "o Sporting tem cerca de um terço dos seus jogadores que no ano passado jogaram nas Ligas I e II, detidos a 100%".

Carrillo detido por três entidades
Os direitos económicos do extremo peruano André Carrillo, por exemplo, encont ram- se divididos por t r ês entidades: o Sporting ( 30%), o "fundo próprio" ( 20% por 600 mil euros) e a Leiston Holdings ( 50% por 352 mil euros). Ora, ao contrário do Sporting Portugal Fund ( regulado pela CMVM), a Leiston Holdings Ltd é um exemplo característico da falta de transparência neste tipo de transações.
A Leiston é uma sociedade offshore sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, da qual só se conhecem três intervenções: a compra do passe de um médio brasileiro de 23 anos, Ronny, ao Criciúma ( jogador que depois passou pelo Figueirense e pelo Palmeiras e que atualmente está no Botafogo); a compra do passe de Carrillo; e a compra de 48% de Viola por 2,28 milhões de euros. Porém, desconhecem- se os acionistas que estarão por detrás deste fundo.
Mas, além de Carrillo, existem outros jogadores que pertencem a mais do que um fundo. Rinaudo, Chaby, Diego Rubio e João Mário "são" não só do Sporting Portugal Fund, mas também de empresas criadas pela Quality Sports Investments ( ver edição de amanhã), uma autêntica teia de sociedades com ligações ao empresário Jorge Mendes ( através da Gestifute International), ao ex- diretor desportivo do Chelsea, Peter Kenyon, e à CAA Sports.
Já parte dos direitos económicos do argentino Marcos Rojo ( 75%) e do marroquino Zakaria Labyad ( 35%) pertencem à Doyen Sports, que pagou 4,5 milhões de euros pelas percentagens adquiridas.
O Sporting t em ai nda um j ogador no grupo brasileiro Traffic. O clube adquiriu 60% de Jefferson no verão passado, mas ficou com opção de compra de mais 20% no final de 2013/ 2014. Ao que o DN apurou, o Sporting utilizou esta prerrogativa e adquiriu mais 20% do brasileiro pela quantia de 300 mil euros.
O capitão leonino Rui Patrício também por pouco não viu os seus direitos económicos no Sporting Portugal Fund. Uma discordância na avaliação do valor do seu passe fez que o guarda- redes da seleção nacional ficasse fora da carteira. Por norma, os clubes tentam sempre que a avaliação seja a mais alta possível. Foi o que aconteceu no caso de Patrício, em que o Sporting apontava para entre dez e 12 milhões, mas o fundo defendia metade. Não houve acordo.
À semelhança do que já propôs num documento entregue à Assembleia da República, o Sporting disse ao DN que "não é favorável à proibição" dos fundos, mas defende "uma clarificação e a devida regulação" deste instrumento de financiamento. Para o Sporting, os clubes não devem, no entanto, depender financeiramente destas sociedades. "As alienações e aquisições de direitos desportivos de jogadores deveriam ser tratadas como aspetos acessórios", defende a SAD leonina.

JotaCC

Clube- fantasma assombra negócios portistas
Apesar de ter optado por não constituir um fundo próprio, o FC Porto utiliza este instrumento para conseguir vários jogadores. Para além da dispersão dos direitos económicos, surge ainda um misterioso clube uruguaio em algumas transferências

O FC Porto é o único dos "três grandes" que não tem um fundo com o seu nome, o que não significa que não trabalhe com este tipo de entidades. Muito pelo contrário: até tem os direitos económicos de jogadores dispersos. Além disso, nas transferências dos dragões há um misterioso clube uruguaio que tem um protagonismo exagerado: o Rentistas do Uruguai.
O mais parecido que os azuis e brancos têm com um "fundo próprio" é o Soccer Invest Fund, entidade criada em maio de 2011 e que – tal como acontece nos fundos de Benfica e Sporting – tem acionistas desconhecidos ( há apenas um com mais de 10% de participação). O fundo é gerido, no entanto, pela MNF Gestão de Ativos, liderada pelo CEO Luís de Freitas.
O Soccer Invest Fund ( SIF) já teve, desde que foi criado, dois grandes ativos: o português João Moutinho e o argentino Juan Iturbe. No caso da jovem promessa argentina, o SIF investiu 1 062 500 euros em 11% dos direitos económicos. O jogador foi vendido ao Hellas Verona nesta janela de transferências por 15 milhões de euros, o que significou um lucro de 587 500 euros.
Com a venda de Iturbe, o fim de contrato de Fucile e a venda pelo preço de aquisição (101 875 euros) dos direitos de Eduardo Silva, subsistem dois jogadores no fundo: Mikel Agu e Djalma. No último relatório e contas o fundo referia que se encontrava a "envidar esforços para passar novamente a deter direitos económicos em, pelo menos, cinco jogadores". Os mesmos devem futuramente ser "recrutados" junto do plantel do FC Porto.
Além da Doyen Sports (onde estão Mangala e Defour) e da Goal Football Luxembourg, também há direitos económicos de jogadores dos azuis e brancos detidos pelo grupo Traffic ( Carlos Eduardo, 20%; e Licá, 40%). Além disso, a Onsoccer International ( do empresário brasileiro António Araújo, que agencia jogadores como o portista Maicon, o sportinguista Marcelo Boeck ou Rafa, do Sporting de Braga) detém cerca de 30% do passe do avançado brasileiro Kléber.
Mais problemática parece ser a sociedade que detém os direitos económicos do brasileiro Walter: a Pearl Design Holding. Esta empresa tem como diretor um português de 51 anos, Mário Queiroz e Castro.
Além de Walter, a Pearl Designed Holding vendeu também 60% do passe do defesa- central Abdoulaye ao FC Porto em setembro de 2012 por 750 mil euros. Foi precisamente nesse ano, em janeiro de 2012, que a Bloomberg – um dos principais títulos de informação financeira a nível mundial – deu conta de que a UEFA pediu às autoridades britânicas para investigarem a Pearl Design Holding e uma outra sociedade, a For Gool Co. Ltd, uma vez que ambas estão sediadas no Reino Unido.
A For Gool Co. adiantou o pagamento de dois milhões de euros ( ao Rentistas, o "clube vendedor") para que os dragões pudessem comprar o passe de Walter. O FC Porto pagou essa dívida em julho de 2012 e, em troca, a For Gool Co. ficou com direito a receber 10% do passe de Walter numa futura transferência.
A For Gool Co. emprestou também 4,5 milhões de euros ao FC Porto dois meses após a notícia de que estaria a ser investigada. O empréstimo – sem, aparentemente, nenhum jogador envolvido – foi feito em duas tranches ( o clube recebeu 2,5 milhões de euros em março de 2012 e mais dois milhões em abril) e a SAD dos dragões acabou por pagar tudo, no prazo estipulado, a 30 de setembro de 2012.
Mas as desconfianças não ficam pelo fundo e têm um denominador comum: o "passe" de Walter, que foi comprado pelo FC Porto ao Rentistas, um emblema uruguaio que tem levantado suspeitas das autoridades que regulam o futebol, levando a FIFA a investigar o empresário mais conhecido daquele país: Juan Figer.
Já há 13 anos, Figer enfrentou uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Brasil devido aos esquemas utilizados com o Rentistas e um outro clube uruguaio: o Central Español. Documentos a que o DN t eve acesso mostram que "Juan Figer Svirski" foi ouvido durante 4h52, a 13 de fevereiro de 2001, tendo justificado, entre outros casos, o porquê de ter tratado de um passaporte português para Edu, jogador do Arsenal, que de acordo com Figer não era falso, pois Edu "tinha avô português" e, por isso, direito a "passaporte comunitário". Ou seja: há anos que o Rentistas está debaixo de olho das autoridades.
Passagens- fantasma?
Atualmente as suspeitas recaem sobre jogadores portistas. Walter era jogador do Internacional de Porto Alegre, mas foi adquirido ao Clube Atlético Rentistas, clube uruguaio em que nunca jogou, mas ao qual o FC Porto pagou 5,75 milhões de euros. O Clube Atlético Rentistas – apesar de atualmente ser primodivisionário – tem como melhor palmarés quatro conquistas do título da segunda divisão uruguaia, a última das quais em 2011.
Este clube já havia sido utilizado na transferência de Hulk. O internacional brasileiro, que atualmente alinha no Zénit de São Petersburgo, chegou ao FC Porto em 2009, oriundo do clube japonês Tokyo Verdy. E também nunca jogou no Rentistas. No entanto, em julho de 2008 o FC Porto pagou a este desconhecido clube uruguaio 5,5 milhões de euros por 50% do passe e voltou a pagar mais 13,5 milhões de euros, em maio de 2011. Só por Hulk, que nunca lá jogou, o clube Rentistas encaixou 18,5 milhões de euros. Foram estas contas que levaram a FIFA e a UEFA a investigar Figer.
O DN tentou ao longo de mais de um mês contactar o gabinete de comunicação da SAD portista, mas– apesar das várias tentativas – não foi possível obter esclarecimentos até à hora de fecho desta edição.


CONTRATAÇÕES ÉPOCA 2014/ 2015

O Porto já assegurou a contratação de seis jogadores nas ainda falta informação sobre algumas partilhas de passe:
• Sami - Marítimo
• Ricardo - Académica
• Adrian López - Atlético de Madrid
• Evandro - Estoril
• Martins Indi - Feyenoord
• Opare - Standard Liège

EMPRESTADOS AO FC PORTO • Casimiro - Real Madrid • Oliver Torres - Atlético de Madrid • Tello - Barcelona

Pé Ligeiro

#7
Trata-se de uma verdadeira teia de interesses, utilizando dirigentes de vários clubes ao serviço de alguns investidores, em negócios muito pouco transparentes, que em boa parte fogem ao fisco (não pagam os impostos devidos) e ao controlo das autoridades legalmente estabelecidas.
São esquemas semelhantes aos de lavagem de dinheiro proveniente de tráfico de droga e de outras formas de tráfico, se não forem eles verdadeiros esquemas desses.
Os clubes serão cada vez mais vítimas deste tipo de "abutres", que iludem os adeptos dos muitos clubes envolvidos, com promessas de grandes craques, quando são eles próprios que "fabricam" esses craques na Comunicação Social e manipulam o valor dos seus passes.
A longo prazo os clubes irão pagar a factura e os adeptos, que cada vez mais servem apenas para bater palmas e pagar quotas, nada poderão fazer, pois quando souberem dos verdadeiros contornos do esquema, já será tarde..
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rpo.castro

Quote from: Pé Ligeiro on 20 de July de 2014, 11:54
Trata-se de uma verdadeira teia de interesses, utilizando dirigentes de vários clubes ao serviço de alguns investidores, em negócios muito pouco transparentes, que em boa parte fogem ao fisco (não pagam os impostos devidos) e ao controlo das autoridades legalmente estabelecidas.
São esquemas semelhantes aos de lavagem de dinheiro proveniente de tráfico de droga e de outras formas de tráfico, se não forem eles verdadeiros esquemas desses.
Os clubes serão cada vez mais vítimas deste tipo de "abutres", que iludem os adeptos dos muitos clubes envolvidos, com promessas de grandes craques, quando são eles próprios que "fabricam" esses craques na Comunicação Social e manipulam o valor dos seus passes.
A longo prazo os clubes irão pagar a factura e os adeptos, que cada vez mais servem apenas para bater palmas e pagar quotas, nada poderão fazer, pois quando souberem dos verdaeiros contornos do esquema, já será tarde..
Exactamente. Isto é uma autêntica bolha expeculativa e tal como as restantes um dia irá estourar, e os clubes mais dependentes e com menos robustez de receitas irão ao fundo.

Por sua vez nenhuma das autoridades parece interessada em limitar estas acções, porque certamente não lhes interessa.
Porque nunca se avançam para a Casa das Transferências tantas vezes falada? Porque o estado português anda sempre ávido de esmifrar os contribuintes e pensionistas, mas deixa passar impunes centenas de milhões de euros?
Quem não sente não é filho de boa gente.

Pé Ligeiro

O Diário de Notícias publicou hoje a continuação da investigação sobre este assunto.

Seria interessante para memória futura colocar aqui toda a investigação.
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Pé Ligeiro

A teia irlandesa que vai de Jersey a Alvalade e passa por Mendes

por Rui Pedro Antunes
"Super-agente" de Cristiano Ronaldo e José Mourinho está ligado a empresas sediadas em paraíso fiscal que alimentaram fundos irlandeses que ajudaram a comprar dez jogadores do Sporting
Jorge Mendes é conhecido como o melhor agente do mundo do futebol, muito por culpa dos valores astronómicos pelo qual é capaz de transferir os seus jogadores. Tem uma carteira com 58 jogadores. Porém, se são conhecidos os seus negócios na qualidade de agente, passam mais despercebidas as ligações que tem a fundos de investimento.
O agente de Cristiano Ronaldo e José Mourinho é o proprietário da Sociedade Start B.V., sediada na Holanda, que é a empresa-mãe da Start, SGPS, com sede no Porto. Por sua vez, a empresa portuense detém a Gestifute (Gestão de Carreiras) na totalidade, aos quais se somam 49,9% de uma imobiliária (a T23, onde Sandra Mendes é presidente e Jorge Mendes vogal), 40% da Polaris Sports e 95% da Gestifute International, que tem como diretor Luís Correia (braço-direito de Jorge Mendes), Andy Quinn e Liam Grainger.
É precisamente na Gestifute International, sediada na Irlanda, que começam as ligações a fundos, nomeadamente aos que derivam da Quality Sports Investments (ver infografia) - fundo ligado ao ex-manager do Chelsea, Peter Kenyon.

Leia mais no e-paper do DN

http://www.dn.pt/desporto/interior.aspx?content_id=4037784

DN
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Pé Ligeiro

#11
SEF investiga tráfico de menores ligado ao futebol


por Marina Marques, Rui Marques Simões, Rui Pedro Antunes e Sílvia Freches

Na última década, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras investigou 11 casos de imigração ilegal relacionada com a prática do futebol, dois envolvendo menores
O tráfico de menores para a prática de futebol em Portugal é um fenómeno que continua a preocupar ainda que os números tenham diminuído nos últimos anos. Segundo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), na última década, apenas dois dos 11 inquéritos instaurados relativos ao auxílio à imigração ilegal relacionados com futebol abrangiam menores. Números bem longe dos adiantados pela Organização Internacional para as migrações que estima em 15 mil os jovens africanos que todos os anos emigram ilegalmente para jogar futebol. (ver pág. 5).
A legislação foi reforçada pela FIFA em 2010 e as transferências internacionais de menores de 18 anos passaram a ser proibidas. No entanto, o regulamento prevê algumas exceções à regra geral: caso os pais do jogador se mudem para o país do novo clube "por razões não relacionadas com o futebol" ou se entre a localização do novo e do antigo clube não distarem mais de 100 quilómetros e o jogador continuar a morar em casa da família.

http://www.dn.pt/desporto/interior.aspx?content_id=4037783

DN
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Pé Ligeiro

O que têm em comum Peter Lim, Benfica e o Porto ?

Jorge Mendes é o braço direito de Peter Lim, milionário de Singapura, na sua tentativa, ainda não consumada, de aquisição do Valencia. Da mesma forma, o super empresário negoceia ano após ano com os grandes portugueses, proporcionando aos clubes excelentes encaixes financeiros. É de tal forma frequente vermos os principais clubes nacionais no top das transferências mundiais época sim, época sim, que um olhar mais desatento ou alguém que observe este fenómeno de fora das fronteiras portuguesas, poderá pensar que os principais emblemas da nossa primeira Liga vivem tempos de fartura e de pujança financeira, completamente em contra ciclo com a actividade económica do país e até da Europa. Mas...

O cenário real é assustadoramente diferente! As contas dos três grandes portugueses mostram precisamente o contrário, e reflectidas numa outra qualquer actividade empresarial, faria destes clubes os próximos principais candidatos à apresentação de insolvência. Lógico que as justificações que emanam dos clubes para os seus sócios, é que a situação está completamente sobre controlo, porque os activos da sua pertença são mais que suficientes para fazer face aos gigantescos passivos. Em teoria isto até é verdade, mas na prática a sua execução seria quase como o liquidar absoluto dos clubes. Vencer a todo o custo, parece ser a máxima a seguir, e o endividamento (em tudo semelhante às políticas ruinosas que levaram o país à falência técnica e consequente intervenção da troika) a arma utilizada. Os clubes gastam sem excepção, muito acima das receitas fixas que conseguem arrecadar, as políticas salariais são totalmente desajustadas da realidade portuguesa, a aposta na formação é praticamente nula, mas tudo isso é validado desde que no fim da época chegue o tão almejado título nacional, ou uma presença nas finais europeias. Este sucesso desportivo dos nossos clubes (e que colocam Portugal numa posição no ranking da Uefa, bem mais acima do que países com Ligas financeiramente pujantes) é alicerçado por uma política financeira desastrosa e que mais cedo ou mais tarde levará o futebol português a tomar medidas drásticas. Desde as negociatas com empresários, muitos deles com idoneidade altamente duvidosa, passando pela hiper dependência da Banca (curioso como os três grandes portugueses são patrocinados pelo mesmo banco), até aos negócios da moda com os fundos de jogadores, que mais não são que sociedades off-shore da própria banca (vide BES nos casos do Benfica e Sporting e o BMG no caso do Porto) e grupos de empresários que se estão literalmente nas tintas para o futuro dos clubes, mas sim preocupados com os seus rendimentos que advêm das transferências. Michel Platini já mostrou a sua preocupação com estes negócios e a Uefa prepara-se para proibir os fundos no futebol.

Curiosamente, o Sporting aquando da entrada de Bruno de Carvalho começou a limpar a casa, no Benfica assiste-se a um desinvestimento na equipa de futebol e a direcção benfiquista irá liquidar o seu fundo de jogadores em Setembro deste ano, e até o Porto que está a ser o grande animador do mercado, inverteu a sua política de transferências e começou a apostar nos jogadores emprestados ou na compra directa. Coincidências?

Saliente-se que a Liga Inglesa onde é expressamente proibida a contratação de jogadores via fundos, é aquela onde se assiste a um maior número de aquisições por parte dos "sugar daddys". Será que os adeptos do futebol português estarão preparados para o tempo das vacas magras que se avizinha? Será que estão preparados para uma cada vez maior aposta no produto oriundo da formação? Será que estão preparados para a perda de competitividade na Europa?  Estas perguntas serão respondidas a pouco e pouco, e é aqui que aparece Peter Lim. Ficando secas as fontes de financiamento, e quando o mercado louco das transferências for regulado, deixando de estar à mercê de fundos/pessoas/investidores sem rosto, estarão os adeptos do futebol português preparados para terem à frente dos seus destinos um qualquer Sheik árabe, ou um bilionário russo?   

http://visaodemercado.blogspot.cz/2014/07/o-que-tem-em-comum-peter-lim-benfica-e.html

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Lipeste

The Guardian: Agente Jorge Mendes pode ter violado regulamentos da FIFA
22 Setembro 2014, 22:31 por Jornal de Negócios

Jorge Mendes pode ter violado os regulamentos da FIFA porque actua como agente dos jogadores cujos direitos são detidos por vários fundos que aconselha, criando assim um conflito de interesses, segundo o jornal inglês.

O agente de futebol Jorge Mendes pode ter violado alguns regulamentos da FIFA, avança o jornal inglês The Guardian esta segunda-feira, 22 de Setembro.
Jorge Mendes e Peter Kenyon - antigo director executivo do Manchester United e do Chelsea - aconselham cinco fundos com mais de 100 milhões de euros para investir em direitos económicos de jogadores.

O agente pode estar em violação dos regulamentos da FIFA porque actua como agente dos jogadores cujos direitos são detidos pelos fundos que o português aconselha.
Num artigo intitulado "Jorge Mendes: o homem mais poderoso no futebol?" (http://www.theguardian.com/football/2014/sep/22/-sp-jorge-mendes-agent-third-party-ownership-players) o jornal inglês diz que Mendes "além de agir como agente" e "de ser pago por clubes como um "intermediário" de transferências" está "seriamente envolvido com Kenyon no aconselhamente na propriedade de terceiros de direitos económicos de jogadores".

O The Guardian cita um documento, um prospecto de 2012 que procurava angariar 85 milhões de euros para comprar parcelas de jogadores através do paraíso fiscal de Gibraltar, para um fundo chamado Quality Sports V Investments LP, registado noutro paraíso fiscal, a ilha de Jersey no Reino Unido.

O objectivo depois seria movimentar o dinheiro para a empresa Quality Football Ireland IV Limited, registada na Irlanda, que iria proceder à compra dos jogadores.
Segundo o prospecto, outros quatro fundos estão a investir na compra de direitos de jogadores, todos sedeados em Jersey.

O prospecto do fundo Quality Sports V Investment aborda a questão dos conflitos de interesse."O Fundo está sujeito a um número de actuais e potenciais conflitos de interesse", aponta o prospecto.
Um desses conflitos deve-se ao facto de Jorge Mendes agir como agente dos jogadores cujas parcelas são compradas pelo fundo. "Jorge Mendes (quer directamente ou através dos veículos corporativos) age ou pode agir como agente para - ou de outra forma representa ou pode representar -alguns dos jogadores investidos ou potenciais jogadores investidos, e pode ser remunerado independentemente dessa capacidade".

Segundo o The Guardia, isto pode fazer com que o "mais celebrado super-agente do mundo" esteja em violação do regulamento 19.8 da FIFA: "Os agentes dos jogadores devem evitar todos os conflitos de interesse no decurso da sua actividade".

O regulamento 29.1 impõe uma obrigação aos clubes de não pagar qualquer parte de uma transferência de um jogador a um agente, e proibe especificamente o agente de "deter qualquer interesse em qualquer transferência ou futuro valor de transferência de um jogador", aponta o jornal.

O prospecto revela também os negócios feitos por Jorge Mendes na década entre 2001 e 2010 no futebol português. Olhando para os três grandes, Jorge Mendes foi responsável por 68% do valor das transferências nos três grandes do futebol português.
No Sporting realizou 78% do total de 88 milhões arrecadados em receitas nesse período. No Benfica, o agente foi responsável por 51% dos 107 milhões de euros de transferências. No Porto, esta percentagem chega aos 70% do total de transferências realizadas entre 2001 e 2010, que alcançaram os 340 milhões de euros.

A propriedade de terceiros está banida na Premier League inglesa e é condenada pela UEFA.

em: http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/detalhe/agente_jorge_mendes_pode_ter_violado_regulamentos_da_fifa_diz_o_the_guardian.html

Lipeste

Jornal britânico fala de conflito de interesses de Jorge Mendes
The Guardian diz que agente português e Peter Kenyon estão ligados a fundos de investimento.


Um artigo no The Guardian refere ligações de Jorge Mendes à co-propriedade de jogadores, um cenário que o jornal britânico classifica como "conflito de interesses" e que diz estar em contradição com os regulamentos da FIFA. Concretamente, o diário diz que o português, agente de futebolistas (e treinadores) e intermediário em muitas transferências, aconselha fundos a investir na compra de percentagens de passes de jogadores de clube em Portugal e Espanha, incluindo atletas que poderão ser representados por si.

Segundo o jornal, num artigo intitulado "Jorge Mendes: o homem mais poderoso no futebol?" (http://www.theguardian.com/football/2014/sep/22/-sp-jorge-mendes-agent-third-party-ownership-players), o português e o britânico Peter Kenyon, antigo director de Manchester United e Chelsea, aconselharam fundos de investimentos sediados na Ilha de Jersey ou em Gibraltar, ambos paraísos fiscais, a investir mais de 127 milhões de euros na compra de direito económicos de jogadores.

No artigo é recordada a enorme influência, nos últimos anos, do super-agente nas transferências dos três grandes portugueses, Benfica, Sporting e FC Porto, assim como no Sporting de Braga, mas também a sua importância para clubes como Real Madrid, Atlético de Madrid, Chelsea, Mónaco ou Valência.

Em Portugal, já foram apontadas várias vezes supostas ligações de Jorge Mendes a fundos de investimento e também a discussão sobre o regime de co-propriedade não é novidade: este método é recorrente (a posse do passe dos atletas é partilhada com os fundos) e, mais recentemente, foi notícia por causa do conflito entre Sporting e a empresa Doyen Sports no caso de Marcos Rojo.

Este sistema é justificado pelos clubes como uma forma de terem oportunidade de fazerem contratações que de outro modo não conseguiriam financiar. Mas é criticado pela UEFA e proibido em Inglaterra. O The Guardian cita um relatório conjunto do Centro de Direito e Economia do Desporto e do Centro Internacional de Estudo do Desporto, encomendado pela FIFA, que concluiu existirem várias situações em que há um conflito de interesses. "O agente, cujo primeiro dever deveria ser defender os interesses do seu cliente, o jogador, na realidade é dono de uma parte do seu passe e por isso tem um interesse financeiro na sua venda", lê-se no jornal, que refere ainda que o relatório afirma que os agentes mais influentes do futebol estão envolvidos em negócios de co-propriedade.

O artigo sublinha o caso do Sporting, lembrando as críticas de Bruno de Carvalho aos fundos de investimento. "O Sporting não cede a chantagens, a pressões de agentes e de fundos, não cede a atitudes que desrespeitem o clube", declarou, perto do arranque da Liga, o presidente "leonino", referindo-se aos braços-de-ferro de então com Rojo e Slimani. "Esta é uma situação com que o Sporting não concorda. Principalmente em situações em que a renovação do contrato com os jogadores dependia da venda de parte do passe [aos fundos]", afirmou um porta-voz do Sporting, citado pelo The Guardian, referindo-se à alegada ligação de Mendes aos fundos.

O jornal dá o exemplo de um prospecto de um fundo chamado Quality Sports V Investments LP em que as empresas Gestifute (de Mendes) e Opto (de Kenyon) são descritas como conselheiras e como importantes mais-valias para os potenciais investidores, dada a experiência e a influência dos dois empresários junto dos grandes clubes europeus.

Mangala (do FC Porto para o Manchester City: num negócio global de 40 milhões de euros), Diego Costa (Atlético de Madrid-Chelsea: 40), James Rodríguez (Mónaco-Real Madrid: 80), Ángel Di María (Real Madrid-Manchester United:75) e o empréstimo de Falcao (Mónaco-Manchester United: 8,5) foram as grandes transferências desta temporada de futebolistas representados por Jorge Mendes.

em: http://www.publico.pt/desporto/noticia/jornal-britanico-fala-de-conflito-de-interesses-de-jorge-mendes-1670530

Lipeste

#16
A noticia original no site The Guardian (link com tradução google) http://translate.google.com/translate?hl=pt&sl=auto&tl=pt&u=http%3A%2F%2Fwww.theguardian.com%2Ffootball%2F2014%2Fsep%2F22%2F-sp-jorge-mendes-agent-third-party-ownership-players  tem uma série de link's associados que permitem perceber melhor alguns negócios.

Jorge Mendes: the most powerful man in football?
From Diego Costa to Angel di María, the Portuguese super agent is responsible for the biggest deals in football but is also in apparent breach of Fifa regulations
Jorge Mendes: the most powerful man in football?

Monday 22 September 2014 13.01 BST

Jorge Mendes, the Portuguese agent who has conducted many of the biggest transfers in European football, is serially involved in the third‑party ownership of players in apparent breach of Fifa regulations, a Guardian investigation can reveal.

Mendes, who brokered the year's biggest deals, including Ángel di María's £59.7m move to Manchester United and Diego Costa's £32m purchase by Chelsea, was seeking to attract €85m (£67m) from undeclared investors via offshore companies to buy stakes in players at clubs in Spain and Portugal, according to a document seen by the Guardian. The prospectus and further inquiries have shown that:

• Mendes and the former Manchester United and Chelsea chief executive Peter Kenyon advise five Jersey-based funds on more than £100m to be invested in buying "economic rights" in players.

• Mendes admits he has a conflict of interest, because he acts as the agent to players whose economic rights have been bought by the funds he advises; this appears to contravene Fifa regulations on agents.

• Sporting Lisbon say the funds that Mendes and Kenyon advise sought to buy stakes in players as a condition of players, advised by Mendes, renewing their contracts.

• Mendes claims to have conducted 68% of all player transactions at Portugal's great clubs, Sporting Lisbon, Benfica and Porto, in the decade 2001-10.
Jorge Mendes. Jorge Mendes. Photograph: Antonio M. Simoes/Atlantico/Press Association Images

The 20-year ascent of Mendes from Porto nightclub owner and friend of footballers to the beaming broker of the game's most lucrative transfers has tracked the sport's pay-TV-fuelled inflation itself, and Portugal's status as a habitual exporter of players. Mendes built his name and the operation of his company, Gestifute, on attaining a remarkable dominance over the deals done by Portugal's top three clubs, and he took several of these players on multimillion-pound moves to England and Spain. There he has extended his influence, particularly after his client José Mourinho made the journey himself from Porto after 2004, to sign as the manager at Chelsea, then Internazionale and Real Madrid, now Chelsea again.

Mendes's work reached stunning fruition this summer, when he was seen conducting the biggest moves of talent and money not only from his home country's financially hollowed out clubs but of the whole European football player transfer market. James Rodríguez, his reputation glowing from his World Cup excellence, was signed by Real Madrid for £71m from Monaco, to where Mendes brokered his move from Porto only last year for €45m (£38.5m). Porto declared in its annual report that it paid Gestifute €4.4m (£3.6m) for "intermediation service costs" on that deal; the amount paid by Real this year has not been disclosed.
Angel di Maria moved to Manchester United for a shade under £60m. Angel di María moved to Manchester United from Real Madrid for a shade under £60m. Photograph: John Peters/Man Utd via Getty Images

Di María, deemed surplus stock at Real Madrid, came to Old Trafford for almost £60m in Manchester United's post-Sir Alex Ferguson and David Moyes splash-out; a grinning Mendes was seen with Louis van Gaal in the 4x4 at United's Carrington training ground. Radamel Falcao, whose €40m (£32m) sale by Porto to Atlético Madrid in 2011 was brokered by Mendes – Gestifute shared €3.7m (£3m) "intermediation service costs" with another company, Orel – moved to Monaco last year for £50m, then Mendes brought him to United this summer on an extraordinarily costly loan. Eliaquim Mangala, for whom Manchester City paid £32m to Porto – 33% of Mangala's "economic rights" had been owned by the Malta-based third-party ownership fund Doyen – was another Mendes move.

Costa brought his goalscoring eye from Atlético Madrid, where Mendes boasts of powerful influence, to Mourinho at Chelsea, who paid £32m. Reports have stated that 30% of Costa's "economic rights" were owned by an offshore fund but sources close to the signing say in fact there was no third‑party ownership of Costa.

Unquestionably true, however, is that Mendes, as well as acting as an agent for these and many other players, and being paid by clubs as a transfer "intermediary", is serially involved with Kenyon in advising on the third‑party ownership of economic rights in players.



The Quality Sports V Investment prospectus deals with Mendes and the question of conflicts of interest. It says: "The Fund is subject to a number of actual and potential conflicts of interest." These include "inherent conflicts" in the way Gestifute will "provide services" to the fund and to the company investing the money, Quality Football Ireland IV Ltd based in Dublin, and the "services" and "sub‑advisory services" Kenyon's company Opto will provide to the fund, QFI IV, and Gestifute. Gestifute and Opto "may carry on activities for other investment funds or entities", with different "investment programmes", the document says, and "provide advisory services" to other funds established since 2010 which have "equivalent investment objectives" to the fund.

"There could be actual or potential conflicts of interest between those funds and [this Quality Sports V Investments] fund," the prospectus says. Under the general heading "Conflicts of Interest", the document declares that Mendes will act as the agent for players in whom stakes are bought by the fund.

"Jorge Mendes (either directly or through his corporate vehicles) acts or may act as agent for, or otherwise represents or may represent, certain of the Investee Players or potential Investee Players, and may be remunerated independently in that capacity."
Jorge Mendes, front, watches a Real Madrid game with Cristiano Ronaldo in 2013. Jorge Mendes, front, watches a Real Madrid game with Cristiano Ronaldo in 2013. Photograph: Helios de la Rubia/Real Madrid via Getty Images

This appears to make the world's most celebrated football intermediary "super‑agent" in breach of Fifa's agents regulations, which remain in force. Regulation 19.8 states: "Players' agents shall avoid all conflicts of interest in the course of their activity."

Regulation 29.1 imposes an obligation on clubs not to pay any part of a transfer fee to a player's agent, and specifically prohibits the agent "owning any interest in any transfer compensation or future transfer value of a player".

Mel Stein, chairman of the Association of Football Agents in England, argues that agents can represent a player and be a broker in his transfer, if efforts are made to avoid a conflict. However, he says: "What is not acceptable is seeking to earn money from both ends of a transfer without ensuring that there is no conflict. I believe that third-party ownership makes that impossible to achieve."

Mendes and Gestifute declined requests for an interview and did not respond to specific questions about his involvement in the third-party ownership funds and the apparent conflict of interest with his duties as an agent. Fifa would not provide an answer to whether an agent such as Mendes, who is also involved in third‑party ownership, is by definition acting in breach of their regulations.

A spokeswoman for Fifa said in response to that question: "We cannot provide comments based on a hypothetical situation. The disciplinary committee decides on a matter after analysis of all the specific circumstances pertaining to a case."

World football's governing body is believed never to have brought any proceedings against any club or person in relation to third-party ownership funds, which clubs are prohibited from allowing to "influence" them, and there is not understood to be any investigation into the activities of Mendes.

The prospectus seen by the Guardian illustrates, with coloured pie charts, Mendes's startling dominance of Portuguese football. Famously, he is always said to have brokered his first significant deal in 1997, the move from Portugal's Primeira Liga club Vitória Guimarães to Spain's Deportivo La Coruña for the goalkeeper Nuno Espirito Santo.

Mendes, seen smiling by players' sides ever since, has always been said to have accumulated a huge share of deals, and this document sets it out explicitly, that from 2001-2010, Mendes had "unparalleled success in the Portuguese transfer market".
José Mourinho is unveiled as Chelsea manager in 2004, with chief executive Peter Kenyon alongside him. José Mourinho is unveiled as Chelsea manager in 2004, with chief executive Peter Kenyon alongside him. Photograph: Tom Jenkins/Guardian

Mendes, it says, conducted transfers worth 78% of Sporting Lisbon's total earnings of €88m (£70m) in that decade. At Benfica, the figure is cited as 51% of €107m (£85m) in transfer deals. Porto exported most of Mourinho's 2004 Champions League-winning squad – including Paulo Ferreira (£13.2m) and Ricardo Carvalho (£19.85m) – to Chelsea, whom Mourinho had joined as manager with Kenyon as chief executive. Further deals included Pedro Mendes (£2m), who went to Tottenham Hotspur; Deco, sold to Barcelona in a €21m (£17m) swap deal with the midfielder Ricardo Quaresma; then Maniche to Dinamo Moscow and the 31-year-old Nuno Valente, who joined Everton for £1.5m. Mendes is stated to have conducted 70% by value of Porto's transfers between 2001-10 – €238.4m (£189m) worth of deals, out of €340m (£270m).

In total, Mendes is said to have conducted 68% by financial value of all the deals done in the whole decade by Portugal's top three clubs: €362.2m (£287m) of players sold, out of €535m (£425m) "transactions" concluded in total by the clubs.

There are some in Portuguese football who see this dominance by one agent as unhealthy, reflecting concern expressed in the CIES/CDES report to Fifa of the transfer market's "oligopolisation" by a few powerful intermediaries. Mendes represented or brokered the transfers of most of Portugal's national team, and acted for Carlos Queiroz, who was the side's coach from 2008 to 2010.

The Guardian asked Portugal's football association, the FPF, whether Mendes's dominance as illustrated by the document and his representation of so many players and coaches gave any cause for concern. A spokesman replied: "The Portuguese FA is not aware of the documents you mention and has no comments to make on this matter."

Sporting Lisbon have recently had plenty of comments to make. The club's new president, Bruno de Carvalho, has denounced as a "menace" and "monster" the funds to whom majority stakes in almost the club's entire squad were sold before he was elected in March 2013 and he vowed to end the practice. Sporting's latest annual report listed eight players, as of 30 June this year, majority or 50% owned by three of the companies in the structure advised by Kenyon and Mendes: Quality Football Ireland; Quality Football Ireland III (in which Chelsea appear to be involved), and Quality Football Fund Ireland.

Sporting have told the Guardian that some of these stakes in players were bought by the funds advised by Mendes and Kenyon when the players' contracts with Sporting were renewed, with Mendes negotiating as their agent. The stakes appeared to De Carvalho's regime to have been sold as a condition of the players renewing their contracts, which the club argues was a "distortion" and a conflict of interest.

A Sporting spokesman, discussing Mendes's status as an agent and his involvement with third-party ownership funds, said: "This is a situation that Sporting does not agree with. Mainly in situations where the conditions for the renewal of the players' contracts depended upon the grant from Sporting of those economic rights."

Mendes and Kenyon did not respond to the Guardian's question about whether economic rights in players were sold to the funds they advise as a condition of a player, represented by Mendes, renewing his contract. However, Sporting said they have been told by the Quality Ireland companies that Mendes does not play a role in their management.

Having risen, and moved, with football's escalation to a business of multibillion-pound money flows and shifting centres of spending, Mendes now bestrides the game, from delivering Di María to a flapping Manchester United, to advising funds buying stakes in Portuguese players he also represents.



Mendes's first major international deal came in 2002 when he brokered the midfielder Hugo Viana's transfer from Sporting to Newcastle United, who paid £8.5m for a 19-year-old who would start just 16 Premier League matches for them. Mendes's break into English football was achieved in partnership with the Manchester‑based agency Formation, who then claimed Mendes broke their agreement when sealing his truly breakthrough deal the following year: Ronaldo's move from Sporting toUnited.

Kenyon then moved to Chelsea, where he and Mendes negotiated Mourinho's hiring as the new manager, the signings of Carvalho and Ferreira to join him from Porto, and Tiago Mendes, from Benfica. Formation sued in 2005, claiming their agreement required Gestifute to split the agents' fees from Chelsea, of €2.9m (£2.3m). In 2011 Formation announced they had settled the case, with the payment by Gestifute, net of legal costs, of €205,000 (£163,000).

In 2007, Mendes negotiated the £27m purchase by United of Anderson, from Porto, and, for £25.5m from Sporting Lisbon, Nani, whose previous agent, Ana Almeida, complained she had been sidelined. The same summer, Mendes broke through to Real Madrid, when the Spanish giants signed the central defender Pepe for €30m (£24m) from Porto.

Mendes's influence at Real greatly extended when he negotiated Ronaldo's £80m move from United in 2009, then Mourinho's arrival as the coach in 2010. Di María, signed from Benfica for £21m, and Carvalho, from Chelsea for £6.7m, were signed immediately, Fábio Coentrão, for £25m from Benfica, the following year, all deals brokered by Mendes.
Bebé with Manchester United in 2010. Bebé with Manchester United in 2010. Photograph: Lee Smith/Action Images

In 2010 came his most enduringly curious deal: United's signing of Bebé, from Vitória Guimarães, for £7.4m. The player, who had a troubled childhood and grew up in care, never played in any club's academy, unlike Nani, Anderson, Ronaldo and the rest, played in the Homeless World Cup, then scored goals in one season in the Portuguese third division, before playing pre-season friendlies with Guimarães.

The club told their members that Mendes bought 30% of Bebé's economic rights just before the move – rather undermining the argument that the sale of economic rights enables clubs to hold on to players – and, with a 10% agent's fee, was paid €3.6m (£2.9m) of the £7.4m from United. Gonçalo Reis, Bebé's agent, complained to the PFP and Fifa that Mendes had poached the player; later Portuguese police announced an investigation into the transfer, but no results of it are known and Mendes has faced no disciplinary charges.

Emilio Macedo, the Vitória president, said approvingly of Mendes: "This country owes him a lot because he handles large transfers and brings money into the country. This is like an export."

Bebé, said by United to have been recommended by their scouts in Portugal but never seen by Ferguson, started not a single Premier League match, then was loaned to Besiktas, where several Mendes-represented players have gone, then the Portuguese clubs Rio Ave and Paços Ferreira, before Benfica bought him this summer, spending £2.4m.
Real Madrid's James Rodríguez arrived from Monaco for £71m. Real Madrid's James Rodríguez arrived from Monaco for £71m. Photograph: Lavandeira Jr/EPA

Last year, Mendes was called to help with the new Monaco project financed by the Russian billionaire Dmitry Rybolovlev, and he organised the arrivals of Rodríguez, Falcao, Carvalho, and the midfield force João Moutinho, from Porto. This summer, Rybolovlev decided to restrain his spending and Mendes brokered the sale of Rodríguez to Real Madrid and the loan of Falcao to United on deadline day.

Mendes is said now to be involved with the Singapore businessman Peter Lim, who is buying an indebted Valencia. The club's coach, appointed after two seasons at Rio Ave, is Nuno Espirito Santo, Mendes's first ever client, back when, a nightclub owner, he ventured into deal-making in the beautiful game.

Football has changed vastly since, becoming an industry in which super‑rich Premier League clubs and Spain's top two are bulk buyers of talent. Mendes, agent, transfer intermediary, adviser to anonymous investors buying stakes in players, "partner" to smaller clubs, "leverager" of relationships in rich ones, has ridden that change. He has made a huge, unthinkable amount of money, and made himself indispensable, too, as an orchestrator, an oiler of the wheels.

• Coming on Tuesday: Owen Gibson on why third-party player ownership is the biggest integrity issue in football



Mais Norte


Mais Futebol:

"A FIFA vai proibir que os passes dos jogadores sejam partilhados com terceiros, anunciou Joseph Blatter, após a reunião do Comité Executivo.

Em alguns países, como é o caso de Portugal, alguns clubes partilham os direitos sobre os atletas com fundos de investimento e empresas privadas.

O presidente do organismo terá dito que esta é uma «decisão firme». Segundo Blatter, vai ser criado um grupo de trabalho para implementar a proibição, que entrará em vigor após um «período de transição».

Recorde-se que, em março, o presidente da UEFA, Michel Platini, mandou um recado a Blatter, pedindo-lhe que tivesse «a coragem política para lidar com este problema de uma vez por todas».

Em setembro, o «The Guardian» revelou que os responsáveis da UEFA estavam a equacionar a introdução de novas regras, que poderão levar à exclusão de jogadores da Liga dos Campeões ou até ao impedimento de transferências, de forma a combater os perigos dos fundos de investimentos.

Em ligas como a inglesa e a francesa, o passe dos jogadores tem de pertencer integralmente ao clube".

dioogo

Vao ser proibidos e acho muito bem, ja chega destes negocios no futebol. O futebol nao deveria ser um negocio mas sim um jogo popular para os adeptos. Das melhores medidas tomadas pela FIFA que eu me lembro nos ultimos tempos.
"Perderemos batalhas, mas jamais perderemos a guerra"

rpo.castro

Quote from: dioogo on 26 de September de 2014, 20:23
Vao ser proibidos e acho muito bem, ja chega destes negocios no futebol. O futebol nao deveria ser um negocio mas sim um jogo popular para os adeptos. Das melhores medidas tomadas pela FIFA que eu me lembro nos ultimos tempos.
Menos uma negociata muito obscura no futebol
Quem não sente não é filho de boa gente.