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Braga e a crise

Started by Olho Vivo, 29 de March de 2013, 03:34

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Olho Vivo

Não gosto de iniciar tópicos mas desta feita julgo que vale a pena fazê-lo. Há coisas importantes que devem ser discutidas.

Ninguém que viva neste rectângulo à beira-mar plantado se consegue alhear do que está a suceder à sua volta. É um país em colapso, onde a maioria das pessoas vai procurando safar-se dia-a-dia, sem fazer grandes planos porque o futuro não é claro. Muitos desistem (ou será antes resistem?) e partem – como fizeram outros, em outros tempos. Felizmente e apesar de tudo, os que partem fazem-no (na sua maioria) em condições menos precárias do que aconteceu no passado.

O que tem isto a ver com o Braga clube? Tem muito... e em várias vertentes. Em primeiro lugar – e esta questão coloca-se à maioria dos clubes médios, de âmbito regional/local – este estado de coisas ameaça e de que maneira as suas perspectivas de médio-longo prazo. Já se sentem com clareza os efeitos imediatos das dificuldades económicas nas bancadas – não só pelo dinheiro que falta mas também por um estado de espírito que nos submerge e nos leva a vontade de gozar um pouco da vida, seja num estádio, assistindo a um jogo, seja noutra circunstância qualquer de lazer. Dir-se-ia que muitos de nós sentem algum peso na consciência, algum complexo de culpa por gastarem um pouco do seu tempo (e dinheiro) em algo "dispensável", neste clima. Mas por muito que a falta de dinheiro na carteira e de ânimo nos espíritos pese, não é este o efeito mais duro para o clube (e grosso modo para a maioria das instituições de raiz local-regional). É que muitos (mas mesmo muitos) de nós foram, são e serão forçados a migrar (para outras regiões do país) e bastantes mesmo a emigrar. Acredito inclusive que algo deste efeito já pese no esvaziamento das bancadas.

É evidente que isto é, em parte, uma tendência dos nossos dias. Há grande facilidade de circulação, o mundo é mais "líquido", não há instituições estáveis que ancorem as vidas das pessoas. Tudo é precário, epidérmico, poucos são capazes de se comprometerem para lá de um tempo demasiado curto. E isso é válido também em relação ao espaço. Os laços com os lugares são menos apertados – porque não há tempo para que eles cresçam. Enfim, não quero parecer passadista, acredito até que parte das mudanças que estão na base desta evolução são inclusive positivas. Ter a possibilidade de ganhar mundo é sem dúvida uma conquista importante. O problema coloca-se quando essa possibilidade degenera numa inevitabilidade: quando cada um de nós, ao invés de ver alargado o seu leque de escolhas quanto a opções de vida, vê-as a afunilarem-se, acabando não raramente por ser empurrado para um destino pouco ou nada desejado.

Braga é uma cidade relativamente jovem. O Braga-clube é uma instituição com muitos jovens. Felizmente, creio que existem alguns nichos de dinamismo na cidade e na região que (talvez) permitam que ainda surjam oportunidades para alguns, se quiserem permanecer perto da terra que os viu nascer e crescer. Mas não serei um adivinho particularmente dotado se antecipar que muitos terão de procurar a sua felicidade noutras paragens, possivelmente bem distantes.

Isto é, sem dúvida, uma ameaça à consolidação, antes de mais no plano social, do clube (com reflexos em todas as restantes vertentes). O clube tem de definir uma estratégia para enfrentar esta evolução. Tem de criar mecanismos de acompanhamento dos seus sócios e adeptos que deixarão de poder estar "junto do clube" amiúde, de forma a minorar os efeitos que a distância sempre provoca. Mas também tem de ter – e isto é muito importante – a capacidade para seduzir novos sócios e adeptos, se, como desejo, a cidade e a região não estiverem condenadas a definhar e forem também capazes de atrair pessoas de outras paragens. Este esforço é importantíssimo e, se depende muito do esforço que o clube fizer do ponto de vista institucional, também exige dos nossos sócios e adeptos uma abertura que muitas vezes não vejo. Mais: o que tenho visto nos últimos tempos sugere-me uma evolução no sentido contrário. Menos abertura, mais radicalismo, menos urbanidade. Se o clube (direcções e sócios/adeptos) não for capaz de se abrir, de ser acolhedor, de se afirmar também pelos valores, de ser proactivo na sua relação como o meio em que se insere, lamento, mas o meu vaticínio é o de que vai definhar aos poucos. Parece que é o que alguns querem. Ser um clube dos "puros" mas um clube de meia-dúzia de resistentes. Um clube de aldeia. Respeitável como todos os clubes de aldeia. Mas um clube de aldeia.

Ainda tenho mais temas para abordar relacionados com o ambiente que vamos vivendo mas o texto já vai longo e mais para diante, se tiver tempo e paciência e se houver interesse, continuo...

Aquiles

Excelente texto do "Olho vivo" e com muito apropósito.

Vale realmente a pena reflectir sobre o momento que vivemos e que vai influenciar também a evolução do SCBraga.

Só acho é que se calhar o texto é demasiado evoluído para a generalidade dos foristas.


JL

Não tenho ultimamente por hábito comentar por aqui no fórum por várias razões. Uma delas advém de não me identificar com muito do que por aqui se escreve. Não sou apologista de radicalizações, sobretudo as infundadas e injustificadas.
No entanto, a pertinência deste tópico leva-me a ter novamente vontade de deixar a minha opinião.
Sendo eu estudante do ensino superior, subscrevo na íntegra o texto do Olho Vivo - eu próprio não sei se o meu futuro profissional passa por cá (não só por obrigação mas também por vontade, diga-se). O Braga, enquanto instituição onde os jovens assumem particular importância - as próprias campanhas de marketing assim o demonstram - não se pode alhear desta situação. Se é certo que pouco ou nada poderá fazer para a resolver ou evitar, deve procurar criar condições para que a distância não desempenhe um papel dissuasor. E isto é possível, à imagem do que é feito por outros clubes, se bem que com uma dimensão diferente da nossa.
Gostava só de ressalvar um ponto supra mencionado pelo forista: os recentes actos praticados por "adeptos" do nosso clube em nada contribuem para o seu crescimento; essa mentalidade arcaica para além da má imagem que transmite, está mais que provada como sendo infrutífera. Não quero com isto dizer que não sou sensível a alguns dos argumentos utilizados, por exemplo, nos confrontos com clubes do Sul. Apenas considero que o futebol está completamente alheado desses "campos" e que ainda que assim não fosse, esta não seria, de longe, a melhor maneira de os expressar.

A.COSTA

#3
Tema pertinente sem dúvida. E preocupante.

Creio que a próxima época vai trazer um orçamento mais realista e, por isso, mais baixo. Não espantará ver saídas de jogadores como VINA, SALINO ou outros.

Em relação à atual situação do país lamento que os responsáveis não estejam todos numa ilha deserta e sem recursos. Politicamente este país é miserável. Politicamente esta europa é execrável. Esta política não tem emenda e desejo que o EURO (€) acabe de uma vez ou que algum raio deluz ilumine quem nos comanda tão mal de fora (os de dentro são ZERO).

Em relação ao clube penso que os valores têm passado para segundo plano e lamento ver o nome do SCBRAGA várias vezes associado a comportamentos desviantes.

Enquanto não passa esta crise (uma guerra na Coreia poderia ajudar) desejo que o clube se mantenha ganhador, bom comprador e melhor vendedor. E se possível que nos alegre um pouco, visto que anda tudo deprimido.
[b] No S. C. BRAGA só nos baixamos para beijar o símbolo

JL

Quote from: A.COSTA on 30 de March de 2013, 01:00

Em relação à atual situação do país lamento que os responsáveis não estejam todos numa ilha deserta e sem recursos. Politicamente este país é miserável. Politicamente esta europa é execrável. Esta política não tem emenda e desejo que o EURO (€) acabe de uma vez ou que algum raio deluz ilumine quem nos comanda tão mal de fora (os de dentro são ZERO).



Só um aparte em relação a isto: quando vejo esta solução (não fundamentada) proposta em espaços de opinião por pessoas que se dizem entendidas, a enganar pessoas menos informadas, percebe-se logo o estado deste país. A grande maioria não está ciente do impacto que tal decisão teria na economia - só assim de repente, uma inflação galopante e consequente perda enorme do poder de compra dos indivíduos. Isto claro sem referir a perda de credibilidade nos mercados.
Se Portugal devia ter entrado no euro, sobretudo nos moldes em que o fez, e a qualidade dos governantes e decisores tanto a nível nacional como continental, isso já é outra coisa.

A.COSTA

Quote from: JL on 30 de March de 2013, 01:10
Quote from: A.COSTA on 30 de March de 2013, 01:00

Em relação à atual situação do país lamento que os responsáveis não estejam todos numa ilha deserta e sem recursos. Politicamente este país é miserável. Politicamente esta europa é execrável. Esta política não tem emenda e desejo que o EURO (€) acabe de uma vez ou que algum raio deluz ilumine quem nos comanda tão mal de fora (os de dentro são ZERO).



Só um aparte em relação a isto: quando vejo esta solução (não fundamentada) proposta em espaços de opinião por pessoas que se dizem entendidas, a enganar pessoas menos informadas, percebe-se logo o estado deste país. A grande maioria não está ciente do impacto que tal decisão teria na economia - só assim de repente, uma inflação galopante e consequente perda enorme do poder de compra dos indivíduos. Isto claro sem referir a perda de credibilidade nos mercados.
Se Portugal devia ter entrado no euro, sobretudo nos moldes em que o fez, e a qualidade dos governantes e decisores tanto a nível nacional como continental, isso já é outra coisa.

Eu tenho uma noção aproximada das consequências. Doía de uma vez e depois passava. Este caminho vai levar à morte lenta e à entrega ao domínio alemão que traz ao de cima o pensamento nazi, ainda que agora com outras armas.

O país está a definhar e a instabilidade aliada à ausência de perspetivas preocupa-me e muito. Que país é este que qulifica os seus jovens e depois os oferece a países mais ricos?

Como tenho dois filhos jovens estou seriamente preocupado com esta política neoliberal, cuja essência de vida são números em que os melhores especialistas falham todas as previsões.

Esta política de empobrecimento global de um país cada vez mais velho e dominada por incompetentes ao mais alto nível deve deixar apreensivo qualquer um.

Ex. Um Pai que mata um filho e se suicida em seguida é a escuridão total. E é colocar para trás o valor elevado da vida. Esta ausência de esperança mata um povo e um país. Estou-me a burrifar para os mercados se a gente do meu país vive cada vez pior.
[b] No S. C. BRAGA só nos baixamos para beijar o símbolo

JL

Quote from: A.COSTA on 30 de March de 2013, 01:30
Quote from: JL on 30 de March de 2013, 01:10
Quote from: A.COSTA on 30 de March de 2013, 01:00

Em relação à atual situação do país lamento que os responsáveis não estejam todos numa ilha deserta e sem recursos. Politicamente este país é miserável. Politicamente esta europa é execrável. Esta política não tem emenda e desejo que o EURO (€) acabe de uma vez ou que algum raio deluz ilumine quem nos comanda tão mal de fora (os de dentro são ZERO).



Só um aparte em relação a isto: quando vejo esta solução (não fundamentada) proposta em espaços de opinião por pessoas que se dizem entendidas, a enganar pessoas menos informadas, percebe-se logo o estado deste país. A grande maioria não está ciente do impacto que tal decisão teria na economia - só assim de repente, uma inflação galopante e consequente perda enorme do poder de compra dos indivíduos. Isto claro sem referir a perda de credibilidade nos mercados.
Se Portugal devia ter entrado no euro, sobretudo nos moldes em que o fez, e a qualidade dos governantes e decisores tanto a nível nacional como continental, isso já é outra coisa.

Eu tenho uma noção aproximada das consequências. Doía de uma vez e depois passava. Este caminho vai levar à morte lenta e à entrega ao domínio alemão que traz ao de cima o pensamento nazi, ainda que agora com outras armas.

O país está a definhar e a instabilidade aliada à ausência de perspetivas preocupa-me e muito. Que país é este que qulifica os seus jovens e depois os oferece a países mais ricos?

Como tenho dois filhos jovens estou seriamente preocupado com esta política neoliberal, cuja essência de vida são números em que os melhores especialistas falham todas as previsões.

Esta política de empobrecimento global de um país cada vez mais velho e dominada por incompetentes ao mais alto nível deve deixar apreensivo qualquer um.

Ex. Um Pai que mata um filho e se suicida em seguida é a escuridão total. E é colocar para trás o valor elevado da vida. Esta ausência de esperança mata um povo e um país. Estou-me a burrifar para os mercados se a gente do meu país vive cada vez pior.

Caro A.COSTA, não me interprete mal. Não podia estar mais de acordo consigo.Só defendo que a solução (a existir) não pode passar por aí.

PAF

É um tema interessante este... que me preocupa essencialmente porque os clubes vivem num mundo à parte, os seus dirigentes são na maioria lunáticos (incluindo Braga) que não fazem a mínima noção da realidade que os rodeia! E isto vai trazer problemas dos grandes, mas grandes mesmo. Vão continuar a fechar clubes (cada vez mais), porque vai haver cada vez menos dinheiro quer seja da TV quer da publicidade e obviamente e antes de tudo do público!


Quanto à crise Costa se sairmos do Euro não doía de uma vez e depois passava, ou melhor passava daqui por 10 ou 20 anos ou coisa parecida (como irá passar com o Euro). O problema português é bem mais grave que o euro, é um problema com séculos! Tu certamente lembras-te melhor que eu das outras vindas do FMI e não tínhamos euro nem havia Alemanha, qual era a desculpa na altura?
É mal português atirar as culpas sempre para os outros! Os problemas são nossos e fomos nós que os criamos! Podia haver solução europeia? Podia certamente... e a verdade é que vai havendo, embora não seja aquela que todos querem! Mas se os portugueses não querem empobrecer depois de de um número de erros governativos sem fim, porque raio terão os alemães que empobrecer para nos ajudar, e logo eles que ao longo da última década até se foram preparando para a crise tomando medidas preventivas enquanto os outros iam continuando a festa?
Acho que nos devemos preocupar com nós... se o tivéssemos feito no passado não teríamos chegado aqui, nem sequer perto! Os portugueses nunca foram um povo exigente, bem pelo contrário, são um povo displicente em tudo! E isso paga-se bem caro!
Eu digo sempre, aplicássemos nós a exigência que temos com a nossa equipa de futebol no nosso dia a dia e nunca teríamos chegado nem perto do ponto em que estamos hoje!

Claro que a falta de futuro é grave e preocupante principalmente nos jovens, mas somos um país que ao longo de décadas apenas se preocupou com o momento e nunca com o futuro, e isso é culpa de todos nós, governos e povo! Uns e outros apenas se limitaram a gastar o que havia e que não havia! Todos queríamos uma autoestrada à porta, todos queremos um sintético à porta, todos queremos um hospital à porta, todos queriam uma reforma mais ou menos milionária... mas nunca ninguém se preocupou de onde vinha o dinheiro e quem o iria pagar um dia! E um dia acabamos industrialmente a competir com China, India e Bangladeshe... como não havemos de empobrecer!?
Felizmente por um lado o mundo é muito pequeno nos dias de hoje e fica "mais perto" para um bracarense trabalhar na suíça ou em Londres que trabalhar em Faro e os portugueses nunca tiveram medo de se aventurarem, infelizmente por outro lado nos países que tradicionalmente nos acolhem estão também com problemas (até mesmo a Alemanha) e ao contrário do passado em que a crise era apenas portuguesa hoje em dia os países também estão com dificuldades e crescimento é uma palavra rara e por isso emigrar também já não é o que foi no passado também nos salários!
Obviamente este emigrantes muitos deles jovens fazem falta aos clubes... eu próprio tenho familiar na no estrangeiro que continua a pagar cotas e lugar anual, mas nem todos o fazem.

Olhem para o que escrevi atrás sobre o país e olhem para o futebol... não é a cópia um do outro? Apenas o futebol como sempre vai-se aguentando um pouco mais à custa de malabarismos!
Espero que o Braga seja a Alemanha da Liga Portuguesa... em momentos e em algumas decisões tem-o sido, esperemos que graças a isso o futuro possa ser ainda mais risonho!
Ontem no Mais futebol acerca deste tema Nuno Madureira dizia que Porto e SLb vivem a leste da crise, apenas estão preocupados com eles (por exemplo com as receitas de TV), a curto prazo ficam a ganhar, mas a longo vai ser um desastre! E eu não tenho duvidas disso!

Desculpem este off-topic entre politica-crise e futebol, mas acho que um e outro nos dias de hoje são quase que inseparáveis, embora como disse os clubes parece que não deram conta, mesmo tendo os estádios cada vez mais vazios!

A.COSTA

#8
Convém lembrar que em outras vindas do FMI eles não acampavam por cá. E a estadia era bem mais passageira. Desta vez tudo parece eterno. E como os alemães nunca enterraram os seus superiores valores, a não ser quando precisaram da ajuda e do perdão de outros, tudo volta facilmente ao de cima.

Não vou responder mais neste assunto. Fici demasiado irritado pela política sem valores e ao serviço da finança de quem comanda mal esta europa. Com alguns lideres do passado esta vergonha de política daquela transsexual da sra. Merkel e de quem a acompanha não existiria. Os valores ... já eram

Ponto final.
[b] No S. C. BRAGA só nos baixamos para beijar o símbolo

Aquiles

Voltando a este tema, apraz-me sublinhar a mensagem do forista "PAF", na sequência da original do "Olho Vivo", também me parece merecer uma cuidada leitura.

Espero que muitos foristas e talvez alguns dirigentes do nosso muito amado clube passem por aqui.

Sérgio Gonçalves

Se um texto do Pedro é sempre merecedor de ser lido, os comentários do PAF às vezes (como esta) merecem destaque.

Há aqui algo que já disse várias vezes:

"Eu digo sempre, aplicássemos nós a exigência que temos com a nossa equipa de futebol no nosso dia a dia e nunca teríamos chegado nem perto do ponto em que estamos hoje!"

O pior desta crise é que nem empobrecendo drasticamente seremos competitivos. Desengane-se que pensa que saindo do euro as coisas melhoram. Se saíssemos do euro rapidamente a função publica deixava de receber e aí o colapso era maior! A única forma de ultrapassarmos de vez os nossos problemas é deixarmos de viver à rico quando somos pobres. O que pagamos de impostos não chega para ter os serviços públicos que temos. Há seguramente malta muito mais informada do que eu para falar sobre isto.

Quanto ao Braga se em períodos de forte abundância nunca deu grande cavaco aos sócios, não acredito que o fará agora.
Sócio nº 2014

rpo.castro

Quote from: Sérgio Gonçalves on 01 de April de 2013, 12:12
Se um texto do Pedro é sempre merecedor de ser lido, os comentários do PAF às vezes (como esta) merecem destaque.

Há aqui algo que já disse várias vezes:

"Eu digo sempre, aplicássemos nós a exigência que temos com a nossa equipa de futebol no nosso dia a dia e nunca teríamos chegado nem perto do ponto em que estamos hoje!"

O pior desta crise é que nem empobrecendo drasticamente seremos competitivos. Desengane-se que pensa que saindo do euro as coisas melhoram. Se saíssemos do euro rapidamente a função publica deixava de receber e aí o colapso era maior! A única forma de ultrapassarmos de vez os nossos problemas é deixarmos de viver à rico quando somos pobres. O que pagamos de impostos não chega para ter os serviços públicos que temos. Há seguramente malta muito mais informada do que eu para falar sobre isto.

Quanto ao Braga se em períodos de forte abundância nunca deu grande cavaco aos sócios, não acredito que o fará agora.
Os únicos a viver à rico moram em lisboa e ocupam os palácios de s. bento e de belém.
Viver à rico só se for para comprar submarinos, fazer estradas para ninguém e negociatas BPN. De resto vejo muitos com 485€ à rasca.
Quem não sente não é filho de boa gente.

nuno1986

Quote from: Sérgio Gonçalves on 01 de April de 2013, 12:12
O pior desta crise é que nem empobrecendo drasticamente seremos competitivos. Desengane-se que pensa que saindo do euro as coisas melhoram. Se saíssemos do euro rapidamente a função publica deixava de receber e aí o colapso era maior! A única forma de ultrapassarmos de vez os nossos problemas é deixarmos de viver à rico quando somos pobres. O que pagamos de impostos não chega para ter os serviços públicos que temos. Há seguramente malta muito mais informada do que eu para falar sobre isto.

Quanto ao Braga se em períodos de forte abundância nunca deu grande cavaco aos sócios, não acredito que o fará agora.
Os funcionários publicos deixavam de receber porquê?? Qual é o raciocinio subjacente a essa conclusão? Passavam a receber em escudos (valia menos que o euro mas não iam faltar escudos).
Diz que se deixarmos de viver à rico a crise passa. Pois então mais 1 motivo para deixar o euro. Empobrecemos logo automaticamente para aquilo que vale a nossa economia e vivemos com a moeda a representar aquilo que valemos.
Mais pobres é certo, mas com menos desemprego e mais independencia.

Sérgio Gonçalves

Bom...Eu não estava a atacar os funcionários públicos. O que disse é que, se Portugal saísse do Euro deixava de ter dinheiro para pagar os ordenados aos funcionário públicos. É fácil de perceber porquê, já que atualmente para o Estado cumprir as suas obrigações tem de se endividar, se saísse do Euro ninguém nos emprestava dinheiro a taxas de juros que pudéssemos pagar. Acho que isto é simples. Houve aí alguém que explicou o impacto direto na economia nacional se saíssemos do Euro e reintroduzíssemos o escudo.

Quando disse que vivemos à rico, também expliquei anteriormente, o que pagamos de impostos não cobre as regalias socias que providenciamos. É verdade que há muita gente a viver com muito pouco, é um facto, não o nego, nem tão pouco o disse, mas também há muita gente que durante anos se aproveitou do sistema para viver sem trabalhar, e não são só os inquilinos da AR, ou palácios do governo. Quanto estudava andava sempre de comboio porque era mais barato mas conhecia muita gente que vivia nas residências universitárias e tinha carro ou um grande computador e os pais supostamente ganhavam o ordenado mínimo. Este sempre foi o pais do chico-esperto, daquele que conhece o buraco na lei para se aproveitar. Agora está à vista de todos o resultado...é um problema transversal a todos os portugueses, não é exclusivo de políticos, pois estes são pessoas como eu. É uma questão cultural.
Sócio nº 2014

nuno1986

Quote from: Sérgio Gonçalves on 01 de April de 2013, 13:31
Bom...Eu não estava a atacar os funcionários públicos. O que disse é que, se Portugal saísse do Euro deixava de ter dinheiro para pagar os ordenados aos funcionário públicos. É fácil de perceber porquê, já que atualmente para o Estado cumprir as suas obrigações tem de se endividar, se saísse do Euro ninguém nos emprestava dinheiro a taxas de juros que pudéssemos pagar. Acho que isto é simples. Houve aí alguém que explicou o impacto direto na economia nacional se saíssemos do Euro e reintroduzíssemos o escudo.
Sergio, se saissemos do euro o banco de Portugal emprestava dinheiro ao estado nos primeiros anos. Não haveria recurso a leiloes de divida nos mercados internacionais como há hoje. O Japao, Reino Unido e EUA (aliá, todo o mundo faz isso com excepção dos tristes paises que estão na zona euro) fazem isso à decadas. Por isso dinheiro não oa faltar. E é por não faltar que se pode concluir que haveria desvalorizaçao automatica (nem era preciso recurso ao estado para manipular o cambio) e consequente inflação de todos os bens quando comparados com o euro.
Uma divida de 300% do Pib mas suportada é melhor do que uma divida de 100% insuportavel.

Sérgio Gonçalves

Quote from: nuno1986 on 01 de April de 2013, 13:40
Quote from: Sérgio Gonçalves on 01 de April de 2013, 13:31
Bom...Eu não estava a atacar os funcionários públicos. O que disse é que, se Portugal saísse do Euro deixava de ter dinheiro para pagar os ordenados aos funcionário públicos. É fácil de perceber porquê, já que atualmente para o Estado cumprir as suas obrigações tem de se endividar, se saísse do Euro ninguém nos emprestava dinheiro a taxas de juros que pudéssemos pagar. Acho que isto é simples. Houve aí alguém que explicou o impacto direto na economia nacional se saíssemos do Euro e reintroduzíssemos o escudo.
Sergio, se saissemos do euro o banco de Portugal emprestava dinheiro ao estado nos primeiros anos. Não haveria recurso a leiloes de divida nos mercados internacionais como há hoje. O Japao, Reino Unido e EUA (aliá, todo o mundo faz isso com excepção dos tristes paises que estão na zona euro) fazem isso à decadas. Por isso dinheiro não oa faltar. E é por não faltar que se pode concluir que haveria desvalorizaçao automatica (nem era preciso recurso ao estado para manipular o cambio) e consequente inflação de todos os bens quando comparados com o euro.
Uma divida de 300% do Pib mas suportada é melhor do que uma divida de 100% insuportavel.

Nuno, acho que não é o local para esta discussão, mas como gosto de aprender diz-me, o que é um divida de 300% Pib suportada? O que eu acho (e não tenho qualquer formação na area) é que há certos países que podem contrair a divida que "quiserem" pois há sempre quem aceite investir, o mesmo não se passa com outros países. Infelizmente, acredito eu, o nosso é um caso que pertence ao lote dos últimos. E não consigo entender como é que o BdP conseguira financiar a nossa economia? Iamos vender as reservar de ouro? E a inflação não disparava? E como se suportava isso?
Sócio nº 2014

rpo.castro

Quote from: Sérgio Gonçalves on 01 de April de 2013, 13:51
Quote from: nuno1986 on 01 de April de 2013, 13:40
Quote from: Sérgio Gonçalves on 01 de April de 2013, 13:31
Bom...Eu não estava a atacar os funcionários públicos. O que disse é que, se Portugal saísse do Euro deixava de ter dinheiro para pagar os ordenados aos funcionário públicos. É fácil de perceber porquê, já que atualmente para o Estado cumprir as suas obrigações tem de se endividar, se saísse do Euro ninguém nos emprestava dinheiro a taxas de juros que pudéssemos pagar. Acho que isto é simples. Houve aí alguém que explicou o impacto direto na economia nacional se saíssemos do Euro e reintroduzíssemos o escudo.
Sergio, se saissemos do euro o banco de Portugal emprestava dinheiro ao estado nos primeiros anos. Não haveria recurso a leiloes de divida nos mercados internacionais como há hoje. O Japao, Reino Unido e EUA (aliá, todo o mundo faz isso com excepção dos tristes paises que estão na zona euro) fazem isso à decadas. Por isso dinheiro não oa faltar. E é por não faltar que se pode concluir que haveria desvalorizaçao automatica (nem era preciso recurso ao estado para manipular o cambio) e consequente inflação de todos os bens quando comparados com o euro.
Uma divida de 300% do Pib mas suportada é melhor do que uma divida de 100% insuportavel.

Nuno, acho que não é o local para esta discussão, mas como gosto de aprender diz-me, o que é um divida de 300% Pib suportada? O que eu acho (e não tenho qualquer formação na area) é que há certos países que podem contrair a divida que "quiserem" pois há sempre quem aceite investir, o mesmo não se passa com outros países. Infelizmente, acredito eu, o nosso é um caso que pertence ao lote dos últimos. E não consigo entender como é que o BdP conseguira financiar a nossa economia? Iamos vender as reservar de ouro? E a inflação não disparava? E como se suportava isso?
nuno: o sérgio neste aspecto tem toda a razão. Japão e EUA têm economias suficientemente fortes para controlarem niveis de valorização da moeda. A UE não (nem mesmo o reino unido teria se se visse a braços com esta crise).

Se algum país sair do euro, terá um futuro igual à da argentina-falência completa, inflacção galopante, perda de bens (o dinheiro que tens no banco passa a valer 0).
A argentina só saiu do buraco porque o Hugo Chavez comprou a divida numa altura em que todos assobiaram para o lado.
Quem não sente não é filho de boa gente.

paulop

Quote from: nuno1986 on 01 de April de 2013, 13:40
Quote from: Sérgio Gonçalves on 01 de April de 2013, 13:31
Bom...Eu não estava a atacar os funcionários públicos. O que disse é que, se Portugal saísse do Euro deixava de ter dinheiro para pagar os ordenados aos funcionário públicos. É fácil de perceber porquê, já que atualmente para o Estado cumprir as suas obrigações tem de se endividar, se saísse do Euro ninguém nos emprestava dinheiro a taxas de juros que pudéssemos pagar. Acho que isto é simples. Houve aí alguém que explicou o impacto direto na economia nacional se saíssemos do Euro e reintroduzíssemos o escudo.
Sergio, se saissemos do euro o banco de Portugal emprestava dinheiro ao estado nos primeiros anos. Não haveria recurso a leiloes de divida nos mercados internacionais como há hoje. O Japao, Reino Unido e EUA (aliá, todo o mundo faz isso com excepção dos tristes paises que estão na zona euro) fazem isso à decadas. Por isso dinheiro não oa faltar. E é por não faltar que se pode concluir que haveria desvalorizaçao automatica (nem era preciso recurso ao estado para manipular o cambio) e consequente inflação de todos os bens quando comparados com o euro.
Uma divida de 300% do Pib mas suportada é melhor do que uma divida de 100% insuportavel.


Não sei onde tiraste o curso de economia, mas espero que não tenha sido no mesmo local que eu, porque isso significava que o ensino la tinha caido muito de qualidade.....


Como é que o BdP ia emprestar dinheiro ao estado? pois a emissão de moeda esta intimamente ligada á criação de riqueza. Se o BdP começasse a emitir moeda ao desbarato o que ia acontecer era de apenas sofrermos uma desvalorização fortissima da nossa moeda  e consequentemente uma inflação galopante (como aconteceu recentemente com a Argentina) (deixavamos de ser competitivos nos mercados internacionais, e se ha algo que tem segurado a economia têm sido as exportações portuguesas. Como grande parte das nossas exportações têm incorporados grande parte de produtos que são préviamente importados, não tinhamos forma de competir nos mercados internacionais. o dinheiro que tens no banco fruto da inflassão galopante passava a valer basicamente ZERO... As pessoas recebiam o seu salario, mas ele não dava para comprar um kg de arroz fruto da inflação...

os paises que falas (principalmente os EUA, mas os outros também) têm capacidade de emitir moeda acima do da sua riqueza pois as suas moedas são aquelas que são consideradas pelos bancos centrais de todo o mundo como as moedas de reserva e que por isso mesmo são elas que compeoem as reservas dos diferentes Bancos centrais, por isso é que principalmente os EUA as vezes faz uma desvalorização cambial para ganhar competitividade (mas fa-lo de forma muito ligeira, e cada vez menos, pois grande parte das reservas de dolar estão na china e a china tem ameaçado que poderá cortar as reservas em dolar caso os EUA continuem a faze-lo...

Como tal a saida do euro seria muito mais catastrofica do que continuar no euro......

Alguem falou das reservas de ouro que portugal tem.. senao me engano somos o 7º pais com maiores reservas de ouro, e mesmo sendo os 7ºs o volume total de ouro que temos é muito inferior á nossa divida publica, nao tenho a certeza mas quando portugal pediu os 78 mil milhoes recordo-me de pesquizar e acho que as nossas reservas de ouro a preços de mercado da altura andavam pelos 30 mil milhoes---- menos de metade do valor que pedimso á troika para resolver os  problemas de curto prazo...
Pessoalmente sou contra ter as reservas de ouro, principalmente quando a economia precisa desse dinheiro, por isso era a favor da venda programada (pois se não fosse programada a queda do preço do ouro acontecia e arrecadamos menos do que o valor de então), mas se progressivamente vendessemos parte das nossas reservas de ouro... seria possivel que algumas das medidas que empobreceram o pais pudessem não ser tao fortes....


Mas isso não ia resolver os verdadeiros problemas estruturais de portugal.

claro que a formação baixa é um desses problemas, mas esse parece-me o menor, acho que dentro da formação ha algo muito mais grave, nas camadas mais jovens formaram-se muitos "doutores" so para que ficassem bem nas estatisticas, o problema é que se formaram demasiadas pessoas em áreas em que a economia não precisa (pelo menos na quantidade que temos), por isso vemos muitos "professores" sem emprego, como para o estado ficava mais barato formar um licenciado em historia, portugues, etc... do que um licenciado nas areas técnicas e tecnologicas, foram abrindo-se vagas para essas áreas(que davam para o ensino), e agora vê-se que isso foi um erro(já se sabia que era um erro na altura, mas os pessimos politicos que temos só pensam no curto prazo)...

para alem deste problema de capacitação adequada.. temos muitos outros problemas...

aposta em demasia em auto-estradas(temos 2 que ligam lisboa ao porto.. para quê???) fraca aposta na ferrovia com ligação entre os principais portos(principalmente sines) e espanha(e consequentemente com toda a europa). eu resido no Brasil e tenho uma empresa de importaçao aqui, e para importar vinho portugues ele sai de Leixoes vai para barcelona ou valencia e dai é que vem para o Brasil...... quando devia ser ao contrário... portugal devia ser a entrada na europa dos produtos que veem das Américas(e mesmo de africa) e não é, pois não temos uma plataforma logistica preparada para isso....

depois temos os problemas da função publica... já nem falo que temos funcionariso publicos a mais... falo antes que os temos mal distribuidos (ha setores com centenas deles a olhar para o tecto e em outros que realmente sentem falta de pessoal(principalmente a área de fiscalização e investigação).... alem disso temos que ao longo dos anos os funcionarios publicos se reformavam em condiçoes injustas para todos os outros.. e como foram muitos a fatura a pagar é alta... pois alguem reformar-se antes dos 50 anos é uma vergonha... principalmente porque depois continuavam a trabalhar ganhando dos dois lados(reforma e salario) (isto sem falar nas reformas douradas, que os politos(e restante corga ligada aos politos) tiveram direito.. em que "trabalhando" poucos anos tinham logo direito a reformas completas... somando todos estes valores no fim do mês é uma grande despesas para o estado.

claro que deposi temos o tal chico-espertismo... que faz com que o objetivo de cada empresario(e mesmo trabalhadores) seja o de não pagar impostos...

temos também um tecido empresárial muito retrogado.. temos aquilo a que eu chamo de patroes... e não temos empresários.... (falta criação de marcas portuguesas pois os "empresários" portugueses nao têm visão.... querem comprar um ferrari um ano depois de abrir a empresa e de resto já nao pensam em mais nada....

e temos muitos outros problemas, mas estes parecem-me alguns dos mais graves e que deveriam ser mudados





nuno1986

Quote from: rpo.castro on 01 de April de 2013, 14:37
Quote from: Sérgio Gonçalves on 01 de April de 2013, 13:51
Quote from: nuno1986 on 01 de April de 2013, 13:40
Quote from: Sérgio Gonçalves on 01 de April de 2013, 13:31
Bom...Eu não estava a atacar os funcionários públicos. O que disse é que, se Portugal saísse do Euro deixava de ter dinheiro para pagar os ordenados aos funcionário públicos. É fácil de perceber porquê, já que atualmente para o Estado cumprir as suas obrigações tem de se endividar, se saísse do Euro ninguém nos emprestava dinheiro a taxas de juros que pudéssemos pagar. Acho que isto é simples. Houve aí alguém que explicou o impacto direto na economia nacional se saíssemos do Euro e reintroduzíssemos o escudo.
Sergio, se saissemos do euro o banco de Portugal emprestava dinheiro ao estado nos primeiros anos. Não haveria recurso a leiloes de divida nos mercados internacionais como há hoje. O Japao, Reino Unido e EUA (aliá, todo o mundo faz isso com excepção dos tristes paises que estão na zona euro) fazem isso à decadas. Por isso dinheiro não oa faltar. E é por não faltar que se pode concluir que haveria desvalorizaçao automatica (nem era preciso recurso ao estado para manipular o cambio) e consequente inflação de todos os bens quando comparados com o euro.
Uma divida de 300% do Pib mas suportada é melhor do que uma divida de 100% insuportavel.

Nuno, acho que não é o local para esta discussão, mas como gosto de aprender diz-me, o que é um divida de 300% Pib suportada? O que eu acho (e não tenho qualquer formação na area) é que há certos países que podem contrair a divida que "quiserem" pois há sempre quem aceite investir, o mesmo não se passa com outros países. Infelizmente, acredito eu, o nosso é um caso que pertence ao lote dos últimos. E não consigo entender como é que o BdP conseguira financiar a nossa economia? Iamos vender as reservar de ouro? E a inflação não disparava? E como se suportava isso?
nuno: o sérgio neste aspecto tem toda a razão. Japão e EUA têm economias suficientemente fortes para controlarem niveis de valorização da moeda. A UE não (nem mesmo o reino unido teria se se visse a braços com esta crise).

Se algum país sair do euro, terá um futuro igual à da argentina-falência completa, inflacção galopante, perda de bens (o dinheiro que tens no banco passa a valer 0).
A argentina só saiu do buraco porque o Hugo Chavez comprou a divida numa altura em que todos assobiaram para o lado.
este n é mesmo o lugar para esta discussao, por isso vou escrever pela ultima vez sobre isto ate porque o Segio fez perguntas directas e sabe discutir sem ofender e com ideias e o Rrpo.castro falou de algo que n concordo.
Sergio, divida de 300% suportavel significa pagavel (se grande parte da divida pertencer ao banco central é facil perceber que é controlada pois o banco central apesar da independencia pertence ao estado). Há paises que imprimem montes de dinheiro porque a inflaçao esta controlada, pouco interessa o investivemto que eles têm. Se não o tiverem, siplesmente criam-no eles proprios (EUA nos ultimos 5 anos, acho que estao melhor que nos). O valor da moeda esta controlado por isso os investidores não lhes fogem.
Rpo.castro a suiça é bem mais pequena que o RU e tem controlado o nivel de valorizaçao de moeda emprestando a paises vizinhos e tentando puxar para baixo o valor do franco suiço. A dimensao do pais é importante para controlar a desvalorizaçao (consequente inflaçao), mas nao a valorizaçao. E nos nao precisamos de controlar isso, simplesmente ficariamos mais pobres de uma só vez. Regressar ao valor dos salarios antes do euro comparados com dolares era um bom começo. O que eu tinha no banco valeria menos uns 40% e não zero. Se nao fizermos isso é que vai valer zero pois farao como no Chipre. Eu nao disse que era uma grande soluçao, mas pelo menos dependiamos de nós e podiamos agir.

Paulop, voce deve ter tirado um curso de economia mas nao deve ler muito imprenssa internacional. O que não faltam aí são economistas premios noebel que propoe a saida do euro a alguns paises. E ate existem (maioria dos economistas na decada de 90) os que previram que o euro ia ser um fiasco. E não é que acertaram passados mais de 15 anos. Esses que fizeram essas previsoes nao devem ser os mesmos que ensinam na sua escola.

Nakamura

#19
Bem, tenho quase 40 anos e orgulho em ter tirado um curso na Univ. de Coimbra (Direito), com algumas noções, ainda que rudimentares, de economia.
Serve de base de partida para uma leitura própria do país e do mundo... que todos devemos fazer (ou pelo menos tentar) já que nos foi confiado o direito/responsabilidade de sermos cidadãos/votantes.

Costumo, desde há muitos anos repetir esta ideia: "A democracia sem instrução dos seus cidadãos é uma ditadura como outra qualquer: é a ditadura da demagogia e da propaganda".
Temos esse direito e esse dever: de nos instruirmos. Sermos lúcidos e responsáveis.

Partindo daqui, este tópico veio revelar aquilo que já há muito desconfiava: neste fórum e nos adeptos do Braga há muitos jovens, e muitos deles de excelente formação, universitários ou não, pois há também técnicos muito bem formados.
CONCORDO PLENAMENTE COM O "PAF" e o "PauloP"
E FICO ORGULHOSO POR VER AQUI O NÍVEL COM QUE SE DEBATEM TEMAS TÃO COMPLEXOS.
É A PROVA QUE ESTE PAÍS TEM EVOLUIDO!
Os mais novos nem imaginam a diferença para há 30 anos...

Tenho é pena que seja o estrangeiro a beneficiar de grande parte deste "novo Portugal" se veja forçado a rumar a outras paragens...  :( Espero que temporariamente. 

Quanto ao problema de fundo da crise:
a verdade é que desde há décadas que o povo tinha razão (intuitivamente, não cientificamente), contrariamente à ideia vendida por  políticos e correntes mediática e académica dominantes: o povo via o encerramento das suas fábricas e a deslocalização destas para países de terceiro mundo e de mão-de-obra barata (China, Roménia, etc) dizendo ser impossível concorrer economicamente com países de mão-de-obra escrava - o chamado "dumping social".
Mas os nossos políticos e corrente dominante alimentava essa quimera, sustentando que isso não só era possível, como até sairíamos beneficiados, pois ficaríamos com as indústrias tecnologicamente mais desenvolvidas e os serviços, que nos gerariam mais valor acrescentado.
Isso porque de acordo com as correntes económicas predominantes, o livre comércio traz sempre vantagens para ambos os lados da troca, propiciando novos trabalhos e funções (e especialização).

Mas isso veio-se a revelar uma falácia, pois nesse processo o poder relativo de predominância do mundo ocidental foi subvertido: por um lado porque os países emergentes rapidamente copiaram a tecnologia (e até desenvolveram), e, por outro, devido ao seu subavaliado factor quantitativo (de milhares de milhões!) fizeram rodar a mesa do poder mundial em termos absolutos.
A globalização não correu como o Ocidente (ou as suas elites político-mediáticas) imaginavam: correu como o povo logo pressentiu...
Mas tal falácia foi alimentada durante décadas no Ocidente, por políticos e imprensa, não por acaso: tais ideias foram alimentadas por uma pequeníssima minoria de grandes empresas (agências de rating, grandes empresas, e sobretudo sector financeiro "City" de Londres e "Wall Street") que foram os únicos que no Ocidente beneficiaram (brutalmente) com este modelo de globalização.
O problema é que só eles (dirigentes e accionistas das grandes empresas e sector financeiro) ficaram a lucrar: no resto gerou-se foi desemprego e empobrecimento, sobretudo para as classes mais baixas.

Mas eles bem sabiam que para aguentar este modelo, teriam que manter a ilusão de prosperidade - sobretudo na classe média! Durante décadas esta foi iludida, não sabendo o que se estava a passar, porque lhe deram a "droga" do crédito fácil, que veio esconder a erosão da sua capacidade de compra! Compre agora (com o que não tem) e pague depois (com o suposto rendimento futuro).
E isto gerou aquilo que chamo "a bolha da dívida", que foi inchando, inchando... E como ia sempre inchando, parecia que estava a correr tudo bem, até porque devido ao crédito fácil e democratizado, o valor do imobiliário (casas) ia sempre subindo - podendo até as pessoas comprar e revender posteriormente - não só pagando a dívida como lucrando...

Vê-se agora que era uma ilusória prosperidade, uma "bolha" alimentada por dívida e que era provida pelas tais empresas financeiras.
No fundo, o que está a acontecer no mundo (despoletado pela insustentabilidade desse modelo, sobretudo com a falência de uma colossal instituição financeira em 2008 - banco "Lehman Brothers") é o fim dessa bolha de ilusões e o confronto com a economia real. E a constatação, agora evidente, de que nestes 30 anos o poder (económico para já, mas também poder político), mudou para o outro lado do mundo (Oriente).
Só a escassa elite financeira no Ocidente beneficiou (pornograficamente) com este "twist".
Lucrou até começar a rebentar (inchou e sacou os ganhos, pois sabe que terá que haver reajuste/confronto com a realidade).

O problema agora, para o Ocidente, é como controlar esse embate com a realidade (só espero que não se lembrem de guerras!)
Para já, os líderes ocidentais estão a ver se evitam um choque imediato e brutal, tentando suavizar essa perda de nível de vida/riqueza/poder.

É aqui que entram diferentes opções da Economia:
- uns seguem a política económica de Keynes (mais conotada com a esquerda política) de grandes gastos pelo Estado em tempos de crise, emprego público, impressão de mais moeda (que é uma espécie de imposto escondido dos políticos, pois gerará a prazo inflação), etc.
- outros seguem a Escola Austríaca da economia (politicamente mais à direita), de deixar o sector privado funcionar e ajustar-se automaticamente, sem os políticos usarem as "fraudes" ou "droga" de mais dinheiro impresso, de mais débito público.

Como é óbvio, a política de Keynes é a preferida pelos políticos - pois podem gastar o que quiserem, arrecadando para isso o máximo de impostos às pessoas, passando mais dinheiro pelas suas mãos e sempre com o alegado pretexto de os redistribuir pelos mais pobres...
Isso foi o que foi feito em Portugal e em muitos países ocidentais, nesta conjuntura de maquilhar a realidade do mundo ocidental recorrendo à dívida.

O problema é que, com o fim da festa do crédito desde 2008, não dá para ir buscar mais dinheiro "virtual" (crédito). Temos que nos confrontar com o que temos.
Nos países mais à esquerda do mundo ocidental - p.ex. Portugal - foram os Estados que, face à dívida que tinham acumulado e à ausência de riqueza real que a pudesse ir amortizando, ficaram à beira da falência.
Noutros países mais "à direita" (vg. EUA, Irlanda, Espanha, Reino Unido) a dívida foi sobretudo promovida no sector privado, e, em particular no mercado imobiliário (casas).
Mas também estes ficam à beira de falir: mesmo não falindo diretamente o seu Estado, vão à falência os seus bancos que alimentaram essa dívida privada.
O resultado é sempre o mesmo: rebenta a bolha, pobreza geral.

Neste quadro de decadência no mundo ocidental, os EUA tinham uma grande vantagem: podiam imprimir a sua moeda (dólares) massivamente sem rebentarem a sua economia com inflação interna galopante (hiperinflação).
Porquê?
Porque conseguiram (e foram impondo nas últimas décadas, muitas vezes recorrendo a mortes de líderes e guerras) que a sua moeda fosse aceite como moeda de reserva a nivel mundial - assim disseminando-a pelo mundo e não ficando "encharcados" com ela internamente, digamos assim.
Para isso, nos inícios dos anos 70 o presidente americano Nixon abandonou a conversão de dólares em ouro, ficando assim livre o caminho para criarem moeda (que assim passou a ser verdadeira riqueza criada a partir do nada, sendo meros papéis a que todo o mundo reconhecia valor de riqueza).
E, assim, nas últimas décadas, os EUA têm financiado a sua economia - e guerras - com este "duplo dopping": de dívida, por um lado, acrescida da criação massiva de moeda sem correspondência com riqueza, por outro (na Europa também houve criação exagerada de massa monetária - até porque a concessão de crédito também é uma forma de criação de moeda - mas lá foi mais brutal).

A Europa não foi tanto por esse caminho : recorreu à dívida, mas não tanto à impressão de moeda.
Isto porque o principal país europeu - Alemanha - sempre recusou esses esquemas fraudulentos de manipulação da moeda (até porque no pós-guerra sofreu terrivelmente com esse fenómeno da hiperinflação e a nação alemã ficou "vacinada" contra isso).
Mas a Alemanha percebeu que neste mundo globalizado até aAlemanha era pequena para se confrontar com gigantes como a China, EUA, India, Rússia.
A essa escala, para não ser irrelevante, teria que juntar mais países numa União Europeia (desde o início com a cumplicidade do outro grande país europeu: a França).
O problema é que essa integração europeia teria que abarcar duas realidades económicas muito diferentes: uns países muito disciplinados no centro/norte da Europa, sem "dopping" e manipulações nas suas moedas, e outros países no Sul da Europa em que os políticos estavam habituados a recoorer a esse "dopping" de criar moeda, gerando inflação (que retirava poder de compra real às pessoas sem que estas se apercebessem).
E essas duas realidades económicas tão diferentes foram fundidas debaixo de uma mesma moeda: o Euro!

Nessa altura (finais dos anos 90) vários economistas logo alertaram que alguns países do Sul da Europa (entre os quais Portugal) estavam tão habituados ao "dopping" da inflação/desvalorização da moeda, que as suas economias não teriam "pedalada" para aguentar no mesmo pelotão da economia real em que seguiam países como a Alemanha (um desses economistas, mérito lhe seja reconhecido, foi o português João Ferreira do Amaral).
Mas a esmagadora maioria seguiu a opção optimista de que a nova moeda única iria ter o condão de "nivelar" as diferentes economias.

Ora, alguns anos decorridos, viu-se que quem tinha razão eram os primeiros: que havia alguns países do Sul da Europa cujas economias não estavam preparadas para entrar num patamar tão exigente como o novo Euro (e as restrições que veio impôr). Foi o caso de Portugal - que ainda para mais fixou uma taxa de conversão de escudos para Euro num valor demasiado alto!

Ora, no tal cenário de declínio do mundo ocidental, com o fim da bolha da dívida em 2008, os EUA ficaram apenas com o outro "dopping" - da impressão de moeda sem riqueza subjacente - para financiarem a sua economia em declínio e continuarem a alimentar o seu povo com a ilusão (sobretudo a classe média).
Só que já foi tanto o dinheiro artificialmente criado, que já nem a disseminação por todo o mundo começou a servir!
Começou a soar bem alto o alarme - nos EUA e no mundo inteiro - pondo-se em causa o valor de tanto dólar.
E ainda por cima, com a economia americana reagindo cada vez menos às notas "espalhadas" pelo seu Banco Central (Federal Reserve).

À beira do colapso, os EUA recorreram ao esquema conhecido: "chama-lhe antes que te chamem a ti!"
Através das suas agências de rating e mercados financeiros começou a desviar a atenção de todo o mundo para as fragilidades do Euro - e de que havia países europeus - como a Grécia - completamente à beira da falência por não terem conseguido adaptar-se às exigências da nova moeda, não tendo riqueza para pagar a dívida em que se afundaram (e, contrariamente aos americanos, sem capacidade, sequer, de emitir Euros por sua iniciativa).
A Grécia estava entalada, e os EUA (agências de rating e mercados financeiros) apontaram o sangue, logo abocanhado pelos tubarões financeiros de todo o mundo.
Mas, a seguir à Grécia havia mais: Irlanda, Portugal, Espanha, Chipre, etc, etc.

E não vai parar... porque os EUA querem desviar a atenção de todo o mundo dos seus próprios problemas (porventura mais graves) e sobretudo acabar com o Euro (pois sabem que a Alemanha tem a ambição de tornar o Euro como uma moeda forte - à imagem do antigo Marco Alemao - que se tornasse a nível mundial uma moeda de reseva- roubando a prerrogativa do dólar).

Por isso a Alemanha não quer deixar fazer aquilo que os países do Sul da Europa estavam habituados e pedem: que o Banco Central Europeu (BCE) emita mais Euros - pois sabe que isso desvalorizaria o Euro, geraria inflação e assim roubava riqueza real e porque sabe que uma vez habituados a esse "dopping" jamais os políticos do Sul deixariam de recorrer a essa droga: quer forçá-los a enfrentar de frente os problemas reais da sua economia e reconverterem-se em reais economias competitivas à escala mundial (como a Alemã). Como foi sempre pressuposto para a entrada no Euro.

É nessa fase que estamos: partidos como o PS português e mesmo François Hollande na França e Rajoy em Espanha a pedirem intervenção do BCE (mais notas) e a Merkel a opôr-se e a exigir reformas.

A Alemanha é que tem razão: não se deve recorrer ao dopping da impressão do dinheiro e a massa monetária deve ter correspondência com a economia real (sob pena de mais tarde serem originados problemas maiores - o típico "empurrar com a barriga" à portuguesa).
Contudo, a diferença de economias entre o norte e sul da Europa é tão grande, que é um problema doloroso mantê-los a todos dentro da mesma moeda.
É isso que a Alemanha está a tentar fazer, mas não sei se será capaz de continuar...
Vai remendando buraco-a-buraco que vai surgindo, tentando ganhar tempo e que passe a tempestade.
É nisso que aposta a Merkel: ir ganhando tempo e aguentando no limite os países do Sul, obrigando-os a ajustes violentos.
O problema é que as economias do Sul da Europa têm uma estrutura e uma cultura tão diferente que essa tarefa é colossal - é possível que não aguente mais tempo essa terapia de choque sem rebentar por completo a nível social.

As más notícias é que todo o mundo ocidental irá sofrer um ajuste em baixo do seu nível de vida (insustentável) a curto-médio prazo.

As boas notícias é que, se a Alemanha conseguir ganhar tempo e "segurar as pontas" dos países mais frágeis do Euro, quando vier esse ajuste no mundo ocidental ele será muito menos sentido na Europa do que nos EUA.
Será sempre duro - se os americanos forem abaixo, levam todo o mundo atrás!
Mas será menos duro se a Alemanha aguentar o Euro.

Portugal está na beira do precipício e a tentar segurar-se à mão estendida alemã.

Foi um erro entrar para o Euro naquela época, sem estar preparado, só para se armar em "país rico" que estava no "pelotão da frente" (como dizia o Guterres).

Mas agora é tarde. Agora é aguentar e tentar que a nossa economia se adapte a este novo patamar de exigência: ou subimos o precipício com a ajuda da mão alemã, ou caimos de vez no abismo.

Voltar ao escudo não teria apenas o problema do imediato empobrecimento em 50% ou 60%.
Como já alguém disse essa desvalorização faria com que a compra de produtos ao estrangeiro passasse a ser o dobro mais cara: já viram por exemplo o que aconteceria com a gasolina e com a energia, de que somos dependentes?? Seria brutal!
O colapso.
Não deviamos ter entrado em 1998, mas agora já não dá: é aguentar e tentar ganhar força na nossa economia para voltar a subir a borda do precipício!

Porque a alternativa é infinitamente pior: é um empobrecimento do tipo América Latina (alguém falou, muito bem, da Argentina).
É ficar cada vez mais pobres e, pior do que isso, os nossos políticos do Sul da Europa se tiverem hipótese outra vez de voltarem a recorrer ao esquema fraudulento de criação de moeda, voltarão sistematicamente a essa droga!
Voltaremos ao que estávamos habituados nos anos 80: o zé-povinho contente por ter o dinheiro a render 20% de juros ao ano no banco, quando a inflação chegava perto dos 30%.
Ou seja, estavam contentes (iludidos) mas por ano perdiam 10% (isto em números redondos).
Não se apercebiam que estavam a ser roubados pelos seus políticos - assim financiando com a sua pobreza os tais gastos brutais do Estado (alegadamente com o intuito de os redistribuir pelos mais pobres, mas na verdade com o único propósito de serem os políticos a mexerem nas grandes somas de dinheiro a seu bel-prazer). É isto que ainda hoje pessoas como Mário Soares defendem.

Mas aí, iriamos continuar a afastar-nos progressivamente do resto da Europa mais rica (a vantagem é que seria uma descida/empobrecimento mais sibilino: depois dos 50% de desvalorização à cabeça, teríamos a seguir um empobrecimento mais atenuado e disfarçado... mas contínuo!

Esta é a minha leitura da realidade nacional e internacional. É apenas a minha opinião, não são factos científicos. Mas como disse acima, cada um deve formar a sua.
Assumo que não sou um Professor ou partucular especialista - simplesmente sigo a realidade económico-social com interesse.

Aos jovens o que digo é: se conseguirem aguentar cá, aguentem.
Pode ser que consigamos - com muito esforço e ao fim de uns anos - subir a borda do precipício.
A alternatva é despenharmo-nos na pobreza.
Mas não pensem que a emigração - sobretudo para outros países europeus - será uma solução mágica para a crise!
Grande parte destes problemas também existem noutros países europeus (e, como disse, no mundo ocidental em geral): a França tem uma dívida também a crescer brutalmente e está na próxima linha de tiro (ainda que um pouco melhor para já do que nós), a Holanda que se armou em moralista contra nós (tal como a Alemanha) está agora a descobrir também uma brutal crise imobiliária, etc.
É um pouco geral no mundo ocidental: pode ser mais no sector público (Estado/governo) ou no sector privado (bancos/imobiliário) mas por todo o lado a "bolha dp crédito" começa a rebentar e vai deixar marcas.
Vamos ver é como é que os diferentes países ocidentais a vão tentar controlar.

Se tiverem boas propostas no estrangeiro: força!
Países emergentes - em fase de desenvolvimento acentuado - serão uma "boa onda" nos próximos tempos. No Oriente (p.ex. Macau) existem boas perspectivas pela frente... Em Angola é preciso estar bem apoiado na cleptocracia que manda naquele país (regime/generais), que a qualquer altura nos podem "tirar o tapete"... no Brasil há grandes oportunidades, mas muitos economistas alertam para o mesmo erro de se estar a alimentar um "boom" imobiliário "à espanhola" (provavelmente a rebentar daqui a uns anos, depois dos Jogos Olímpicos e Mundial de futebol).

Mas analisem bem qual vai ser o vosso salário líquido real: às vezes o salário nominal é maior, mas, p. ex. nos países mais ricos da Europa, gasta-se logo para aí uns 60% só para pagar a renda da casa (lá está: nesses países houve uma bolha imobiliária e as casas e rendas são muito caras).
Não vão para lá trabalhar para que outros paguem as casas caras que compraram, à custa do suor do vosso trabalho.
Se forem e virem que em termos líquidos não compensa, se calhar é melhor ficar por cá a ganhar um pouco menos e ficar no nosso próprio país, em casa, a ajudar os mais velhos e tambéma receber a ajuda deles.
E tentar algo que crie um pouco de riqueza (com projectos novos na agricultura, na aquacultura, em novos produtos industriais e comerciais - sobretudo os novos engenheiros aqui da UM com produtos de base tecnológica -, em importação de novas tecnologias e métodos de trabalho...) e teremos que nos habituar a viver com menos.
Será inevitável.

No meio disto penso que a continuarmos a lutar por tentar ficar no Euro até podemos assistir a baixas de preços (deflação - existe neste momento, p.ex. no Japão). Ao contrário de muita gente que acha que isso seria a falência de muitas empresas, acho que a deflação (baixa de preços) teria um papel importante de ajuda ao cidadão comum neste processo

E aí as quotas para ir ver o Braga iriam descer!  ;D ;D

Nesse cenário, mesmo com menos público, o Braga até pode ganhar poderio relativo face a outros clubes devido à sua maior solidez financeira (outros poderão mesmo falir);)

P.S.- Desculpem a chatice e o "tratado" impróprio para este forum...  :( mas eu começo a escrever e depois não paro.