News:

Maio 2024
FÓRUM ANTIGO APENAS EM MODO CONSULTA
--------------------------------------------------------
NOVO FÓRUM SUPERBRAGA.COM 2024
Faz um novo registo em https://www.superbraga.com/

Main Menu

Reportagem - Taça de Portugal 66

Started by Jorge Costa, 02 de January de 2013, 16:57

Previous topic - Next topic

Jorge Costa

Deixo aqui uma reportagem sobre a conquista da Taça de Portugal em 1966.

------

Jamor, 22 de Maio de 1966. No relvado do Estádio Nacional, SC Braga e Vitória de Setúbal estão empatados. Passam os minutos, prolonga-se o nulo e cresce a ansiedade. Falta menos de um quarto de hora para o final da Taça de Portugal. Jogo aguerrido, disputado por homens de barba rija, sem temores e em ritmo elevado. O clique surge aos 77 minutos: Perrichon, oportuno e letal, supera os adversários e remata certeiro. Mais do que um golo, o avançado argentino consegue cunhar o nome do SC Braga na história.

Os minutos finais levam sofrimento ao SC Braga. A oportunidade não podia ser desperdiçada e, desse por onde desse, o capitão, Canário, um universitário vindo de Lisboa, tinha de receber a Taça de Portugal das mãos de Américo Tomaz. Para isso, naqueles 12 minutos, era preciso resistir, unindo esforços e vontades, até porque o Vitória de Setúbal que jogava como detentor da Taça de Portugal, ficara em quinto lugar no campeonato e tinha jogadores de valor como Mourinho Félix, Jaime Graça ou Carlos Manuel.

Armando era titular indiscutível na baliza desse SC Braga. Experiente, sabia que a final estava a terminar e, num dos últimos lances do jogo, quando o Vitória de Setúbal forçava o empate, cai depois de disputar a bola com um adversário – os lances aéreos eram o seu ponto forte. Faltam dois minutos e a oportunidade é aproveitada para quebrar o ritmo sadino. Depois de assistido, o guarda-redes repõe a bola em jogo e fixa Braga Barros, internacional de Leiria, ansiando pelo fim do jogo. O apito final do árbitro faz o SC Braga tocar o céu.

"Eu saí da baliza e vi todos os outros, os jogadores, o treinador, o massagista... Parecíamos ovelhas tresmalhadas, uns para um lado, outros para outro. Depois, foram as comemorações normais de quem não está habituado a ganhar", recorda Armando. Hoje com 74 anos e com a doença de Parkinson a importunar, o antigo guarda-redes, um dos intocáveis nesta equipa treinada por Manuel Palmeira, mantém as memórias dessa final bem vivas. "Tenho muito, muito, muito orgulho". Percebe-se na forma como fala.

Para se perceber como ganhar não estava, mesmo, nos genes da equipa do SC Braga, uma história curiosa, contada, entre risos, por Armando: "Acabou o jogo e nós perdemos a cabeça, ao ponto de a Taça desaparecer. Andou toda a gente à procura dela... Tinha sido um jogador, salvo erro o Coimbra, que pegou nela e meteu-a na cama".



Uma equipa capaz de tudo

O SC Braga era, nessa altura, uma equipa inconstante. Tanto derrotava Benfica e Sporting na caminhada para a Taça de Portugal, como, no campeonato, acumulava golos sofridos e pesadas derrotas. Parecia, no fundo, caminhar sobre o arame, como um trapezista, sem rede por baixo. "Era uma equipa jeitosa mas se desse para o torto desmoronava-se como um baralho de cartas, levávamos cinco ou seis e vínhamos todos satisfeitos", atira Armando.

Prova disso é que semanas antes da final da Taça, no primeiro dia de Maio de 1966, o SC Braga deixou Setúbal vergado a uma goleada de 8-1. Foi a última jornada do campeonato e estava tudo decidido, talvez isso ajude a explicar. "Não é que não corrêssemos mas não demos o litro... E isso criou no Vitória de Setúbal a ideia de que a final da Taça seriam favas contadas", diz Canário. Não foram: o SC Braga colocou um ritmo alto, surpreendeu o adversário e conservou o nulo. Armando estava intransponível.

Até surgir, então, o tal golo de Perrichon. "A bola é jogada no meio campo, depois é metida nas costas da defesa do Setúbal. O Perrichon vai a correr de frente, o defesa está de costas e tem que virar e o Perrichon, como vai embalado, tem mais facilidade em chegar à bola primeiro. E chegou". A descrição é feita por Armando, ao pormenor, acompanhada de um desenho, como se fosse um esquema, feito com os dedos na mesa. "O Vitória de Setúbal era uma equipa fabulosa. E só uma grande equipa lhes poderia ganhar", orgulha-se.

"Como em tudo na vida é preciso sorte e nós tivemos. Não fomos muito superiores ao Vitória de Setúbal, fomos praticamente iguais mas tivemos a felicidade de fazer o golo e eles não conseguiram", solta a voz forte de Canário. Ao contrário do que é regra geral hoje em dia, o capitão não era o mais antigo no clube nem era, sequer, natural da cidade. Fora escolhido porque era universitário e, diz, isso tinha importância acrescida. Agora mora em Cascais mas a ligação a Braga rendeu-lhe "a melhor recordação desportiva".



Ganhar ou... ganhar

Para chegar ao Jamor, o SC Braga não teve, todavia, tarefa fácil. Pelo caminho, já se disse, enfrentou Benfica e Sporting, equipas dominadoras de então. Frente aos encarnados, o SC Braga perdeu por 3-1 na Luz – a única derrota na caminhada – mas a vitória conquistada no então Estádio 28 de Maio (4-1) permitiu a passagem à fase seguinte. "Nós começamos a ganhar a Taça quando eliminámos o Benfica", atira Canário. Uma vitória por 1-0 frente ao Sporting, ao terceiro jogo, depois de dois empates a um, carimbou o passaporte do SC Braga rumo à final.

Pela primeira vez na sua história, o SC Braga atingiu a final da Taça de Portugal. Para Armando, contudo, a sensação de pisar o relvado do Jamor não foi nova, porque o guarda-redes já havia conquistado o troféu, em 1958, ao serviço do FC Porto, apesar de não ter sido utilizado. Fazê-lo pelo SC Braga provoca, no entanto, uma emoção diferente. "É indescritível. Não há palavras que consigam transmitir aquilo que a gente sentiu", diz Armando.

"Ganhar uma Taça de Portugal pelo SC Braga é mais qualquer coisa, porque no FC Porto, se não ganhar este ano, ganha para o ano. No SC Braga não havia outra hipótese, era aquela e acabou", atira. E o acabou é, até agora, para ser levado à letra, porque foi nesse ano que o clube – que até tinha corrido o risco de ficar fora do campeonato nacional por falta de dinheiro – alcançou o único título do seu historial no futebol. Em Maio deste ano completar-se-ão quarenta e sete anos.

E, como Canário disse instantes antes do início da final de 1966, para ficar na História é preciso ganhar. Não basta jogar.

---------------

Retirado de: http://comumonline.com/desporto/item/1448-1966-o-ano-dourado-do-sc-braga

Luís Duarte


Kriticus

Quote from: Luís.Duarte.35 on 03 de January de 2013, 00:51
Quote from: Jorge Costa on 02 de January de 2013, 16:57

alcançou o único título do seu historial no futebol.


Enfim...

Taça da FPF de 1976/77, Taça Intertoto 2008/09, duas vezes campeão da II divisão...

jaimeh

Quote from: Kriticus on 03 de January de 2013, 00:57
Quote from: Luís.Duarte.35 on 03 de January de 2013, 00:51
Quote from: Jorge Costa on 02 de January de 2013, 16:57

alcançou o único título do seu historial no futebol.


Enfim...

Taça da FPF de 1976/77, Taça Intertoto 2008/09, duas vezes campeão da II divisão...

Erro de expressão, deveria ter dito, "única Taça de Portugal".
Não hei de morrer sem ver o meu Braga Campeão!

Sérgio Gonçalves

Quote from: jaimeh on 03 de January de 2013, 01:39
Quote from: Kriticus on 03 de January de 2013, 00:57
Quote from: Luís.Duarte.35 on 03 de January de 2013, 00:51
Quote from: Jorge Costa on 02 de January de 2013, 16:57

alcançou o único título do seu historial no futebol.


Enfim...

Taça da FPF de 1976/77, Taça Intertoto 2008/09, duas vezes campeão da II divisão...

Erro de expressão, deveria ter dito, "única Taça de Portugal".

Erro de expressão, deveria ter dito, "única Taça de Portugal", até à data... ;D
Sócio nº 2014

kaspanamona

#5
- Foi neste jogo que eu vi, através de resumo, um dos maiores roubos de igreja da história do futebol (penalti não assinalado a nosso favor). Vejam, por exemplo:   minuto 2:29
"Bebo porque sou egocêntrico... Gosto quando o mundo gira à minha volta"

Vasco Soares

Canario, disse aquilo que muitos parecem que diarimente se esquecem, palavras que devem guiar a equipa, mas principalmente nós adeptos " PARA FICAR NA HISTORIA É PRECISO GANHAR, NAO BASTA JOGAR" Esta frase diz tudo mais nada há a acrescentar.