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Artigo DM: a fauna portuguesa

Started by cardoso, 03 de January de 2007, 22:10

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cardoso

Quando se aproxima a hora de escrever o textinho para o Diário do Minho, uma pergunta me assalta o pensamento com uma insistência sádica: o que vais tu, Cardoso, escrever hoje? Normalmente esta dúvida aparece pelas duas menos vinte e cinco e a resposta que dou a mim próprio é evasiva até ao momento em que, na quarta à noite, me aparece à frente a página em branco do Word, ansiosa por ser crivada de letras. Hoje, a regra não teve excepção. A ideia, como de costume, apareceu à última hora, mas com uma aparência peculiar: a fauna portuguesa. Sim, caro leitor, é um tema que tem muito a ver com o futebol português.
Tratando-se, no entanto, de um tema muito vasto para este espaço decidi restringir-me, pelo menos por hoje, a algumas espécies de aves.
No futebol português abundam as aves de rapina – o milhafre, por exemplo. Alimentam-se de animais mais pequenos e de carne morta. Veja-se como os milhafres atacam, normalmente no chamado defeso e em Janeiro, abocanhando com avidez pequenos espécimes com dificuldades de sobrevivência. Esta ave, pode dizer-se, vive da desgraça dos outros mas tem uma particularidade interessante: muitas vezes volta a abandonar as suas presas sem as devorar totalmente, largando-as quando estão decrépitas. Curiosamente, os proprietários do seu antigo habitat não se recusam a acolhê-las, mesmo velhas e caducas.
Aves de arribação ou aves migratórias: trata-se também de uma espécie muito abundante em Portugal. Nasce no nosso país, onde cresce e engorda. Normalmente, quando atinge a idade adulta (ou por vezes ainda antes) adquire uma bela e colorida plumagem que a torna muito presunçosa. Nessa altura migra para outras paragens, geralmente países mais frios, onde nidifica. A ave de arribação, tal como acontece com a ave de rapina, tem tendência a regressar ao seu habitat primitivo quando entra em decrepitude, à procura de um descanso final e de uma marmita para garantir um futuro tranquilo.
Aves de capoeira: no nosso país, este tipo de ave vive em condições absolutamente anómalas. Regra geral, estas aves, como o próprio nome indica, vivem presas numa espécie de jaula grande, a que se chama capoeira. Mas no nosso país, um pouco à imagem das galinhas da minha aldeia, vivem à solta, alimentando-se livremente de qualquer espécie rastejante que por aí exista. Para estes espécimes, não há prisão que lhes valha; por mais danos que causem nos quintais vizinhos, exibem a sua acção predadora a seu bel-prazer. A população, inexplicavelmente ingénua, continua a acreditar que um dia estas galinhas e galinholas recolham à gaiola que seria, teoricamente, o seu habitat natural.   
O pato-bravo é, sem dúvida, uma espécie ornitológica que merece um destaque especial. Trata-se de uma ave aquática que se caracteriza pelo facto de voar sempre atrás de um bando de outra espécie, seguindo-o e imitando-o. O pato-bravo não se preocupa em saber para onde vai, desde que vá atrás dos grandes. A sua vida não faz sentido se não seguir o bando; por isso, e em nome desse ideal, o pato-bravo recusa-se a pensar por si próprio e o único ideal a que aspira é que as aves mais pequenas admirem a sua capacidade de imitar os outros. O pato-bravo não tem personalidade mas vive feliz porque nada precisa de fazer para ter sucesso, desde que os grandes o tolerem e os pequenos não se apercebam da sua inutilidade.
Esta é apenas uma pequena amostra da variedade e riqueza da fauna portuguesa no que toca a espécies ornitológicas. E perante a ameaça da gripe das aves crescem as preocupações pela sobrevivência de algumas destas espécies. No entanto, a bonomia do povo português e a sagacidade das nossas autoridades políticas são garantias suficientes da sobrevivência destas espécies que, felizmente, estão longe de se considerarem ameaçadas.

Finesco

Faltou-te falar do Cuco, uma ave cada vez mais abundante.  ;D
Assinado,

Fino (de joelhos...) :-*

ZGANDULO

Quote from: Finesco on 04 de January de 2007, 10:55
Faltou-te falar do Cuco, uma ave cada vez mais abundante.  ;D

Sim, e quem será o cuco que ficará com o ninho (um dia mais tarde) feito por um pássaro trabalhador???

Também acho que o CARDOSO se esqueceu de falar naquele tipo de ave que só sabe fazer barulho e irritar; a pêga!!! ::) - Ou então uma que cheira muito mal que é a poupa.


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maquiavel

Cardoso, gostei da ironia, principalmente aquela do patobravo. Então cá por Braga, patos-bravos é coisa que conhecemos muito bem.
Quanto aos cucos, é coisa que também não falta aqui no fórum, e  ainda bem; haja alegria!

Vlad

BRAGA... um dia ainda te vou ver a campeão!

Nota:desprezo os chamados "grandes"

TRINCADO

Excelente texto metafórico Cardoso. Em grande. ;)