Jorge Mendonça e outros jogadores e equipas históricas

[Olho Vivo]

Jorge Mendonça. O Eusébio do Atlético na história dos dérbis

por Rui Tovar, Publicado em 05 de Março de 2010  |  Actualizado há 13 horas

Há 45 anos, um português passou a fronteira. Não para comprar rebuçados, mas para derrubar o Real Madrid, invencível há 131 jogos.

O Atlético Madrid é um clube especial. É um grande em Espanha, mas nunca conseguiu sair da sombra do arqui-rival Real. O seu nome assusta por essa Europa fora, mas não ganha nada desde 1996. E vende tantos jornais em Barcelona que até o "El Mundo Deportivo", feito e impresso na Catalunha, dedica-lhe 20 páginas diárias.

Nos tempos de hoje, o Atlético é um clube bipolar, um carrossel de emoções, cheio de altos e baixos, com rumo incerto. Vá, vamos, é como o creme de mãos anti-séptico, que estava muito na moda por altura da gripe A e agora ninguém liga nenhuma. Enfim, o que dizer de um clube cuja história se divide em pré-Armstrong e pós-Armstrong? Pouco, ou nada. Antes da chegada do homem à Lua, o Atlético ainda metia respeito. Agora, os tempos são outros, menos brilhantes e mais sombrios.

Porque antes de a bandeira norte-americana ser espetada na cratera lunar, o Atlético ganhava taças nacionais, europeias e até, imagine-se!, ao Real Madrid, no Santiago Bernabéu. E é disso que aqui falamos, porque foi há 45 anos que o Atlético acabou com a invencibilidade caseira do Real Madrid, que já ia em 131 jogos - curiosamente, Mourinho pode igualar esse recorde no domingo, por ocasião do Inter-Génova.

HERÓI A 5 de Março de 1965, o avançado português Jorge Mendonça, que jogou no Braga na década de 50 antes de se transferir para Espanha, deu um presente aos adeptos do Atlético, com um golazo aos 76 minutos.

"Garanto-lhe, não fiz nada de jeito nesse jogo, mas aquele remate de primeira saiu-me particularmente bem. Os adeptos do Atlético ficaram loucos, como deve imaginar, não é?", conta Jorge Mendonça, hoje assessor do desporto na embaixada de Angola em Madrid. "Ainda há pessoas que se cruzam comigo na rua e falam-me desse jogo de 1965. E explicam-me sempre que o Real não perdia desde 1957, etc., etc. e etc. Eu já sei toda a história de trás para a frente, mas é sempre um orgulho ouvi-la uma vez mais."

Sim, é verdade, o Real Madrid não perdia no Bernabéu desde 1957. E sim, é verdade que sucumbiu oito anos depois, vergado ao peso de um solitário golo do português Jorge Mendonça, a passe de Luis, que, mais tarde, passou a ser conhecido como Luis Aragonés - esse mesmo, o treinador que levou a Espanha ao título europeu em 2008. E, já agora, sim é verdade que a vitória do Atlético no dérbi foi efusivamente celebrada em Barcelona, com os jornais a compararem Mendoza (escrevia-se assim porque, entretanto, Mendonça nacionalizou-se espanhol) a Eusébio.

Como Eusébio havia sido o líder de uma memorável goleada do Benfica ao Real Madrid (5-1 na Luz, para a Taça dos Campeões), uma semana e meia antes de Mendonça desferir o golpe fatal nos pentacampeões espanhóis, a imprensa catalã aplaudiu as pérolas negras, que derrubaram o império branco.

http://www.ionline.pt/conteudo/49684-jorge-mendonca-o-eusebio-do-atletico-na-historia-dos-derbis


Recordo-me de ouvir algumas vezes o meu avô falar nos irmãos Mendonça, particularmente no Jorge Mendonça que ele considerava um fora-de-série.

Luís Freitas Lobo, no seu (novo) Planeta do futebol, também lhe dedica algumas palavras:

Dizem os mais antigos, que o viram jogar, que foi o melhor jogador que passou pelo Sporting de Braga em toda a sua história. Revendo as crónicas da época e os jornais velhos, mesmos os espanhóis, não custa a acreditar. Curiosamente, rumara a Braga apenas por exigência do seu pai e anterior clube, o Sporting, que só permitia a contratação pelo Braga do seu irmão mais velho, Fernando Mendonça, se também trouxessem o miúdo que não podia ficar sozinho em Lisboa. Veio então o miúdo, juntou-se aos três irmãos, e revelou-se um jogador fantástico que, poucos anos depois, rumaria ao Atletico de Madrid. Uma transferência fabulosa para a época. Na foto, uma equipa desse tempo: De pé: Nogueira, Calheiros, Armando, Vieira, Zé Maria e Passos, em baixo: Rafael, Ferreirinha, João Mendonça, Jorge Mendonça e Fernando Mendonça.


Vale a pena ler as referências a outros jogadores históricos do Braga (Chico Gordo, Zé Nuno) e à equipa de 1977/78, a primeira a conseguir um quarto lugar no campeonato (e também uma das primeiras de que vagamente me recordo de ver jogar). Tudo isso aqui.

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Gosto muito de ver estes textos com a historia do nosso Braga.

Era uma boa ideia utilizar este tópico (ou outro do género) para compilar artigos sobre o nosso passado.

Tipo 1 arquivo do superbraga.com