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art. DM: Qual Festa?

Started by cardoso, 14 de October de 2009, 18:45

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cardoso

No fim-de-semana que se avizinha teremos Taça de Portugal. Por mais que continuemos a chamar-lhe a "festa do futebol", tal epíteto só faz sentido para alguns. É uma festa, de facto, para aqueles clubes de menor nomeada que aproveitam esta ocasião para encher a casa, recebendo clubes da "alta roda", numa ocasião única para que os seus adeptos vejam os craques milionários a pisar o seu modesto relvado.
Mas para outros, a Taça é a degola dos inocentes: aqueles que são obrigados a fazer viagens que mal conseguem pagar para depois levarem para casa, apenas, a modesta alegria de terem pisado um relvado de ricos.
Para outros ainda, a Taça é um fardo que têm de aguentar até serem deitados borda fora por um clube da sua igualha ou por um desses tomba-gigantes que são os únicos personagens ilustres desta história.
Depois há aqueles, os "aristocratas", para quem esta competição é um aborrecimento que têm de cumprir porque, tal como os seus dois parceiros da realeza, têm a obrigação de conquistar o troféu, caso contrário é o fracasso.
Penso que os moldes em que se disputa a Taça de Portugal deviam ser revistos. Já nem vou falar aqui do disparate que continua a ser a disputa da final num obsoleto estádio dos arredores de Lisboa que não serve para mais nada. Estádio esse a que pomposamente continuam a chamar "estádio nacional", como se os outros estádios fossem estrangeiros.
Mas há aspectos em que as mudanças poderiam ser mais significativas. Se queremos que a Taça de Portugal seja de facto uma festa, devíamos levá-la onde, realmente, a festa faz sentido: aos campos dos mais modestos, aqueles que realmente abrilhantam a competição. Os clubes mais fortes encaram este troféu como uma ocasião para "rodar" jogadores menos utilizados noutras competições e os seus estádios ficam "às moscas" nos jogos da Taça. Muito teríamos a ganhar se ficasse pré-determinado que, em cada emparelhamento, o clube de escalão superior jogasse sempre no campo do adversário. Desta forma, levaríamos muito mais gente aos campos de futebol, os "craques" teriam de se mostrar ao povo que somos nós, os que damos sentido à sua profissão. Desta forma os clubes ditos "grandes" teriam também maior motivação para fazer alinhar as suas "estrelas" em vez de as deixar na prateleira, guardadas para jogos mais rentáveis. Assim, a festa iria de facto até aos adeptos e (de preferência ao domingo à tarde) muitas terras do nosso país reviveriam o verdadeiro espírito da Taça.
O futebol português começa a padecer de um mal que se vai tornando crónico e praticamente irreversível: é cada vez mais o futebol que se afasta do público e não o contrário. Toda a "máquina" que dirige o futebol português está montada de forma a perpetuar o predomínio dos chamados "grandes"; a actuação de alguns órgãos de comunicação social funciona como um importante alicerce deste paradigma. E só com esforços notáveis alguns (poucos) clubes, como o S.C. de Braga, o Nacional e o Vitória de Guimarães tentam afrontar esta hegemonia.
Uma mudança no esquema competitivo da Taça de Portugal, favorecendo os mais "pequenos" poderia ser um passo importante no sentido de promover a tal "democratização" do futebol português. O problema é que, de facto, isso não interessa a quem comanda o nosso futebol. E eu começo a acreditar que para muitas pessoas o futuro ideal seria um campeonato disputado com três equipas, nem que tivessem de cumprir dez ou vinte voltas ao calendário; dessa forma os jornais desportivos venderiam muito mais, os três "grandes" teriam dinheiro para comprar todos os reservistas dos clubes espanhóis, italianos e argentinos e ainda sobraria dinheiro para umas resmas de jogadores brasileiros. O único problema seria, talvez, a dificuldade de promover a naturalização de mais umas dúzias de atletas para fornecer a selecção nacional. Mas a FPF certamente se encarregaria de tão nobre tarefa!

Kramer

A única justificação para a final da taça ser jogada lá é o factor tradição.
Quanto ao afastamento das pessoas do futebol é algo que vai continuar a acontecer até se tornar um desporto de elites. Aí sim, vão ser tomadas medidas para aproximar as pessoas, até lá vai continuar tudo igual. Desde a FPF, liga, jornaleiros, vão continuar a seguir a mesma linha.
Quanto às equipas rodar jogadores não vejo nenhum mal, é algo que acontece em todo o lado e nem por isso os estádios estão vazios. o problema não são os jogadores que vão jogar as pessoas é que estão cada vez mais distantes do futebol. Permitir que a equipa do escalão inferior jogue em casa é uma boa medida, apesar de tudo são nestes pequenos clubes que ainda se vive o verdadeiro futebol ou o que mais se aproxima disso.
\\\\"Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos

Nemec

Na verdade as equipas de menor calibre desejam sempre que lhes caia em sorte um "gigante" em casa, para poderem amealhar uns euritos que façam a diferença entre as equipas que lutam por um lugar no mesmo campeonato. Poucos lhes importa ganharem a eliminatória e passarem à fase seguinte, afinal que importa perder se puder encher os cofres? É a visão de um futebol mais capitalista e menos desportivo, onde o prestigio parece deixar de ser o ir mais longe possivel mas sim perder com o mais gigante possivel... em casa! Os actuais moldes de sorteio da Taça de Portugal, dá uma probabilidade de 50% de um jogo destes ser jogado em casa da equipa de um escalão inferior. Para trocar essa probabilidade por uma certeza, o sorteio teria de ser "condicionado", tal como foi o sorteio da liga deste ano, e sabendo todos nós o "meio" onde vivemos, esses condicionalismos iriam favorecer três clubes! Sim, porque não me parece que os condicionalismos se limitassem a "obrigar" a equipa de um escalão superior a jogar em casa da do inferior. Um exemplo dos condicionalismos da liga, é que não vejo vantagem nenhuma nem qualquer inconveniente em o Braga e o Guimarães ou o Nacional e o Maritimo, não poderem jogar juntos na mesma jornada em casa. Como solução a um sorteio menos justo para alguns e sem colocar condicionalismos, defendo eliminatórias a duas mãos. Se por um lado iria obrigar as equipas "maiores" a jogar na casa das mais "pequenas", por outro iria trazer uma maior emoção em jogos entre equipas mais equivalentes. Os moldes da extinta Taça Uefa foram alterados na fase de grupos por trazer beneficios diferentes a equipas de orçamentos parecidos, ou seja, cada equipa fazia dois jogos em casa e dois fora mas com equipas diferentes, e exagerando um pouco para melhor se perceber imaginem um grupo onde se encontravam AC Milan e Bayern de Munich e que nesse grupo além de outra qualquer equipa se encontrava o Braga e o Slovan Liberec. Em sorte caia ao Braga jogar em casa com ambos os "tubarões" e ao Slovan Liberec jogar fora com ambos. Como é obvio as receitas quer televisivas quer de bilheteira e a cobertura mediática seria muito maior para o Braga que para o Slovan Liberec. Os actuais moldes obrigariam todas as equipas a jogar em casa e fora com os mesmos adversários o que lhes traria lucros parecidos e oportunidades de passar à fase seguinte equivalentes. É apenas a minha opinião e vale o que vale, pode estar errada e não ser a opção mais acertada, mas tal como o Cardoso penso que a Taça de Portugal necessita ser remodelada.
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Manuel Pereira

Muito bem amigo.
Mais uma boa quantidade de "farpas" muito bem mandadas.
E eu, mais uma vez, "tiro o chapéu e ajoelho".

Saudações braguistas

Dracul

De facto é um absurdo que a final da Taça tenha que ser jogada num estádio com poucas condições, só porque o apelidaram de "Estádio Nacional" e está situado na "capital do Império".
Quanto aos moldes em que a competição se realiza, poder-se-iam fazer algumas modificações, sobretudo em benefício dos clubes mais pequenos, mas num país em que o futebol gira em redor dos "três grandes" não me parece que as coisas mudem.

A.COSTA

#5
Bem meu caro Cardoso. Deste-lhe bem de novo. Muito bem.

Aquela do "estádio nacional" como "se os outros fossem estrangeiros" nunca tinha ouvido. Nem mesmo do Pôncio Monteiro que luta há 300 anos para que a final da taça seja noutro estádio.
Este futebol de hoje transformou-se numa máquina de alguns fazerem dinheiro. E só com muita abnegação é que Braga ou Guimarães conseguem ás vezes algumas vitórias importantes. Isto porque o outro que conseguia destas coisas, Boavista, caiu em desgraça de modo inacreditável.


Nota:

Fui ver o Portugal 4 vs Malta 0 e foi um regalo ver o estádio cheio. Ainda há algo que nos une
.
[b] No S. C. BRAGA só nos baixamos para beijar o símbolo

JOAO CARLOS

Cardoso, como sabes normalmente comungo dos teus pontos de vista. Mas neste artigo estiveste nos antípodas do que eu preconizo. É com sinceridade que te digo que não concordo com nenhuma das ideias-chave aventadas... Um abraço.

El Che

Cardoso parabens,e concordo totalmenete com o que dizes. Julgo que a taça deves er remodeladas e penso que nos mesmos moldes que tu afiguras, as equipas de escalões superiores serem sempre visitantes.

JR1287

Há apenas um pequeno erro de raciocínio neste artigo: é certo que todas as equipas mais pequenas querem jogar com equipas da liga, principalmente com os 3 gordos, mas não é necessariamente verdade que prefiram fazer esses jogos em casa; aliás, penso que preferem fazê-los nos estádios dos gordos, por uma questão muito simples: receita de bilheteira. É que nos jogos da taça a receita de bilheteira é a dividir igualmente entre os dois clubes participantes. Vejamos uma equipa como o Merelinense, ou o Vieira, que até estão na 2ª divisão (e se forem da 3ª o raciocínio é ainda mais nítido); o campo deles deve levar cerca de 2.000 pessoas, ou qualquer coisa perto disso. Mesmo que o campo esteja lotado, a receita vai ser necessariamente menor do que jogar no Dragão ou na Luz "às moscas", porque mesmo "vazios", têm sempre, pelo menos, 5, 7 ou 10.000 pessoas. Por isso, embora compreenda os argumentos do Cardoso, não sei se vão ao encontro das preferências dos clubes pequenos, porque para estes a taça é muito mais importante economicamente do que desportivamente.

J

 Muitos parabens pela visão realista da "festa" chamada taça...

Aquiles

Um bom artigo, mas desta vez com algumas ideias polémicas...

1

Concordo com as equipas mais fracas serem sempre as visitadas mas para isso teria ser criado um ranking interno (baseado na classificação da época anterior talvez seja o mais justo).

E acho que apartir dos 16s avos (ou 8s) devia ter 2 mãos a taça assim seria mais competitiva.

Pedro_RBA

Quote from: JOAO CARLOS on 15 de October de 2009, 01:52
Cardoso, como sabes normalmente comungo dos teus pontos de vista. Mas neste artigo estiveste nos antípodas do que eu preconizo. É com sinceridade que te digo que não concordo com nenhuma das ideias-chave aventadas... Um abraço.

x2

Um abraço ;)

Saudações Ultras

cardoso

NEMEC
A disputa das eliminatórias em duas mãos seria, sem dúvida, uma boa opção. Diriam muitos que iria causar excesso de jogos. No entanto, muitos clubes ingleses disputam mais de 60 jogos por época e os jogadores são feitos da mesma massa que os nossos.
JOÃO CARLOS E PEDRO
A diversidade de ideias e de opiniões é saudável. Gosto que discordem de mim, é sinal que as minhas ideias fazem pensar.
Um abraço.
JR2969
Ora aí está um aspecto que eu nunca equacionei. É possível que isso seja verdade, de facto. Nunca tinha pensado nisso. Realmente, muitas vezes os clubes pequenos têm campos tão pequenos que não podem gerar grandes receitas. Ainda assim, admito que na maior parte dos casos não seja assim; repara nos custos das viagens, por exemplo. Por outro lado, uma "festa" dessas numa terra pequena gera outro tipo de receitas, nomeadamente no comércio local. Sabias, por exemplo que um clube da regional tem mais lucro no bar do estádio que na bilheteira? Agora imagina uma grande afluência de benfiquistas no bar do Soarense ou do Leões das Enguardas, numa tarde de calor. Aquilo é que era vender ;D

JR1287

Quote from: cardoso on 15 de October de 2009, 21:25
JR2969
Ora aí está um aspecto que eu nunca equacionei. É possível que isso seja verdade, de facto. Nunca tinha pensado nisso. Realmente, muitas vezes os clubes pequenos têm campos tão pequenos que não podem gerar grandes receitas. Ainda assim, admito que na maior parte dos casos não seja assim; repara nos custos das viagens, por exemplo. Por outro lado, uma "festa" dessas numa terra pequena gera outro tipo de receitas, nomeadamente no comércio local. Sabias, por exemplo que um clube da regional tem mais lucro no bar do estádio que na bilheteira? Agora imagina uma grande afluência de benfiquistas no bar do Soarense ou do Leões das Enguardas, numa tarde de calor. Aquilo é que era vender ;D

Tens razão na questão das viagens e do bar  ;D mas mesmo isso não chega para compensar...


Pedro_RBA

Quote from: cardoso on 15 de October de 2009, 21:25
JOÃO CARLOS E PEDRO
A diversidade de ideias e de opiniões é saudável. Gosto que discordem de mim, é sinal que as minhas ideias fazem pensar.
Um abraço.

Se pensassemos todos da mesma forma o mundo era tristemente cinzento! Sem duvida.

E sim, as tuas ideias fazem-me pensar, tanto que aguardo ansiosamente pela próxima!  ;)

Saudações Ultras

Aquiles

Desta vez o artigo do Cardoso, não teve muitos "posts", mas já pôs alguns a pensar...

Nemec

Quote from: JR2969 on 15 de October de 2009, 22:07
Quote from: cardoso on 15 de October de 2009, 21:25
JR2969
Ora aí está um aspecto que eu nunca equacionei. É possível que isso seja verdade, de facto. Nunca tinha pensado nisso. Realmente, muitas vezes os clubes pequenos têm campos tão pequenos que não podem gerar grandes receitas. Ainda assim, admito que na maior parte dos casos não seja assim; repara nos custos das viagens, por exemplo. Por outro lado, uma "festa" dessas numa terra pequena gera outro tipo de receitas, nomeadamente no comércio local. Sabias, por exemplo que um clube da regional tem mais lucro no bar do estádio que na bilheteira? Agora imagina uma grande afluência de benfiquistas no bar do Soarense ou do Leões das Enguardas, numa tarde de calor. Aquilo é que era vender ;D

Tens razão na questão das viagens e do bar  ;D mas mesmo isso não chega para compensar...




Talvez não compense é um facto mas imagina a sensação que é cada jogador jogar no "seu" modesto estádio contra um "gigante" e jogar no estádio desse "gigante". É criada toda uma ambição de que por jogar em casa não vai ser fácil eles perderem e resta sempre uma esperança minuscula dentro de que cada um que ainda é possivel, e gera toda uma união em volta das gente lá da terra, que se orgulham de ver o seu clube jogar na Taça com um clube que costuma dar na televisão. Além de todo o turismo e mediatismo que ganha a região e o clube, porque na verdade todos eles crêm ser "tomba-gigantes" e na Taça há sempre surpresas.
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joaobl03

A unica alteração que eu faria neste modelo da taça era que os jogos se disputassem em casa das equipas de escalões inferiores . Costumo concordar com os teus textos mas com este não estou de acordo com a maioria das ideias .
"Muitos querem derrubar-te mas tua gente não quer"