Entrevista com Domingos

[Imbelloni]

Antes de mais nao sei se será este o local apropriado para colocar a entrevista de Domingos Paciencia ao Diário de Noticias, se nao for, queiram por favor mover o tópico para o local correspondente.

Diário de Noticias (DN) - O vínculo que acaba de assinar com o Sporting de Braga é o passo certo na altura certa?

Domingos Paciencia (DP) - Era um projecto aliciante como este que eu esperava. Se apareceu ou não no momento certo, não sei, mas tenho a consciência de que estou preparado para o desafio. Foi-me apresentado um projecto que me traz novas res- ponsabilidades. Gosto disso, sempre gostei de assumir responsabilidades, nunca me pesaram. Tive vários convites, mas ao fim do quarto ano como treinador, este, do Sporting de Braga, era irrecusável. A equipa está numa li-ga europeia, está entre os quatro melhores clubes portugueses e tem uma estrutura muito sólida.

DN - Não teme o risco, mas um falhanço pode ser muito mau para a sua carreira...

DP - Não tenho esse medo. Ao longo da minha vida profissional sempre tive que ultrapassar obstáculos. No futebol não há dias fáceis, e quem não perceber isto não pode estar nesta profissão.

DN - Jorge Costa, por exemplo, esteve no Sporting de Braga, e, como nem tudo correu bem, viu-se obrigado a fazer uma travessia pela segunda Liga. Falou com Jorge Costa antes de se decidir?

DP - Não. As decisões da minha vida pessoal e profissional tomo-as depois de ponderação solitária.

DN - Por que razão demorou tanto tempo a oficializar a ligação ao Sporting de Braga?

DP - O Sporting de Braga teve treinador até há pouco tempo.

DN - Quando é que foi convidado?

DP - No final da época tinha uma certeza: não ia continuar na Académica. A partir daí entrei no mercado.

DN - Quando é que percebeu que não queria continuar na Académica?

DP - Decidi que não continuaria na Académica a cinco jornadas do fim do campeonato. E tomei essa decisão sem ter sido abordado e sem ter assumido qualquer compromisso.

DN - Teve pesadelos com os avanços e recuos da saída de Jesus do Sporting de Braga? Teve pesadelos com as indecisões?

DP - Sou daqueles que acreditam que se tiver que acontecer, acontece.

DN - Podia ter ido para o Vitória de Guimarães. Chegou a receber um convite?

DP - A partir do momento em que o Sporting de Braga e o Vitória de Guimarães prescindiram do treinador e a partir do momento em que entrei no mercado, as possibilidades do Sporting de Braga e do Vitória eram as mesmas.

DN - Tem apenas quatro anos como treinador, é muito discreto, fala pouco publicamente e , de repente, aparece no Sporting de Braga, que se está a tornar para os treinadores uma antecâmara de um dos três grandes...

DP - A minha maneira de ser revelou-se no campo e tem muito a ver com aquilo que era como jogador: quando menos se esperava marcava um golo.

DN -O que o distingue como treinador?

DP - O meu trabalho e a forma como ponho a minha equipa a jogar.

DN - Acha que já entrou no top five dos treinadores portugueses?

DP - Acho que todos os dias sou um treinador mais competente. No Sporting de Braga entro no escalão dos treinadores reconhecidos e que trabalham em grandes clubes.

DN - Já disse que o Sporting de Braga tem obrigação de ficar entre os quatro primeiros classificados. Pode fazer melhor ainda do que os seus antecessores?

DP - Tenho consciência de que o Sporting de Braga pode fazer ainda melhor do que fez a época passada. Esta é a minha maneira de olhar para os projectos e responder aos desafios. Acredito que se pode sempre fazer melhor e é assim que a equipa vai encarar a época.

DN - Vai ter equipa para isso?

DP - O Sporting de Braga precisa que os jogadores que já estão na equipa, aqueles que já conhecem o clube, entendam que terão que ser ainda mais ambiciosos, entendam que a próxima época não será apenas mais uma, mas sim uma época diferente. E precisa que os mais recentes entendam desde o primeiro minuto que chegaram a um grande clube que os obriga a uma grande responsabilidade.

DN - O Sporting de Braga não tem uma massa associativa fácil. Por vezes é até distante da equipa. Tem algum segredo para estabelecer uma ligação afectiva com os sócios?

DP - O segredo é fazer um Sporting de Braga forte, construir uma equipa que jogue bem ganhando, porque as vitórias são essenciais. Sem vitórias qualquer adepto desmoraliza.

DN - Orlando Sá saiu para o FC Porto antes da sua chegada. Deixaria sair o jogador?

DP - Há situações que ultrapassam o treinador e a sua vontade. Os jogadores são, antes de mais, activos do clube. Se for importante para um clube vender um jogador, se o clube entender que está perante um bom negócio, o treinador pouco ou nada tem a fazer.

DN - Como vai ser o Sporting de Braga de Domingos?

DP – Quero fazer uma grande época. Essa é a minha grande ambição. Quero pôr a minha equipa a jogar bem e a ganhar. No mais, os jogadores e os adeptos podem esperar aquilo que sempre exigi como treinador e que julgo ser uma marca do meu trabalho e das minhas equipas; uma equipa de grande rigor, muito organizada e com uma disciplina bem implementada.

DN - É uma marca da escola portista?

DP - Tive a sorte de entrar num clube onde há uma cultura de vitória. Quando cheguei ao FC Porto, a equipa estava afastada há alguns anos dos títulos, mas depois começou a ganhar, a aparecer. Foi campeã nacional, campeã da Europa e do Mundo e a partir dessa altura transformou-se, ganhou estrutura. Quem passou por esses tempos aprendeu a contentar-se apenas com as vitórias.

DN - O Sporting de Braga está a tornar-se para os treinadores uma antecâmara de um grande. Segue-se o FC Porto?

DP - Não estou obcecado com o meu futuro. Tenho o meu sonho, é evidente, mas ele passa sobretudo por ser cada vez um treinador competente. Como já disse, não temo responsabilidades. Sei que o Sporting de Braga é um passo decisivo na minha carreira de treinador mas não estou a pensar o que me pode acontecer daqui a dois anos.

DN - Mas gostava de entrar no FC Porto?

DP - Estou tão entusiasmado com esta fase da minha vida, tão empenhado em fazer uma boa época que não penso um segundo no futuro a médio prazo.

DN - Sporting ou Benfica - qual o projecto mais aliciante?

DP - Só quem está por dentro pode ter uma opinião sobre o projecto de cada um dos clubes. O mais consistente é aquele que chegar ao final vitorioso.

DN - O seu amigo Rui Costa está a fazer um bom trabalho?

DP - ...

DN - Nunca se arrependeu de não ter aceitado o convite do Sporting após a saída do Tenerife?

DP - Nunca me arrependo de nada.

DN - Gosta mais de ganhar ao Benfica e Sporting do que ao FC porto?

DP - Eu gosto é de ganhar. Fui assim educado no FCPorto. A minha formação foi virada sempre para esse objectivo, cresci nessa escola e, por isso, não consigo pensar seja no que for que não em ganhar. Comigo, as equipas são talhadas para ganhar, voltadas para a competição. Respeitamos todos os adversários, mas não admitimos perder com nenhum.

DN - Mantém a relação especial com Pinto da Costa?

DP - É uma relação muito boa. Pinto da Costa conheceu-me com 15 anos e sempre esteve ligado às minhas decisões, quer como jogador quer como treinador. Foi ele, por exemplo, quem me aconselhou a treinar a equipa B do FC Porto e ainda bem que o fiz. Reconheço nele um grande presidente e tenho por ele uma grande admiração.

DN - Gostava de ainda ir a tempo de voltar a trabalhar com ele...

DP - Para conseguir isso temos que assumir os nossos compromissos diários e ganhar aos domingos.

DN - É esse o seu tal sonho?

DP - Esse ou outro ainda melhor. Os sonhos não têm limite.

DN - Cinco treinadores portugueses nas cinco primeiras equipas de acordo com a última tabela. É um bom sinal?

DP - É um óptimo sinal. Se o resto do mundo aposta nos treinadores portugueses, por que razão não há-de Portugal apostar neles? Acho que é um excelente sinal.

DN - Mas têm menos margem de erro, ou não?

DP - Têm e é mau. Em Portugal, há muita precipitação. É possível conseguir grandes recuperações mas em Portugal os resultados negativos abalam muito e o treinador sente sistematicamente que está a curto prazo. E isso é péssimo para todos. Há trabalhos que demoram a dar fruto, há projectos que demoraram a concretizar-se, no futebol não há receitas mágicas, tudo depende de trabalho, e o trabalho leva o seu tempo. Por vezes só ao fim de dois ou três anos se consegue uma fazer uma época fora do normal. Os treinadores portugueses estão cada vez mais preparados. Precisam é de tempo e de projectos estruturados.

In Diário de Noticias

Uma entrevista normal, vinda de um jornal Lisboeta. A alimentar a polémica da saída do Jesus, as guerras Porto-Benfica e Braga-Guimarães. A falar em demasia do facto do Domingos ter jogado no Porto, etc. Falou-se alguma coisa do Braga, mas Domingos nao desvendou muito o grande tema destes dias, a tactica a utilizar. Talvez ainda seja cedo tambem para ele. Retenho desta entrevista sobretudo a sua vontade de vencer e jogar bem!

Apesar disso e como diz respeito ao clube decidi colocar esta entrevista.

[krugger]

Os jornalistas são fodidos, o homem ainda nem sucesso teve e já falam na hipotese de dar o
"salto" para o POrto ou outro clube, imagino quando começar a ganhar, nng os cala.

[barinho]

Isso já se sabe,se chegarmos a Dezembro ali colados aos 3 primeiros a imprensa já o vai a começar a pôr fora daqui.E então se o porto estiver com dificuldades ainda mais.

E também tem sempre que vir essa treta dos adeptos serem distantes do clubes,mas estes gajos alguma vez viram um jogo do Braga em casa?

[krugger]

Isso já se sabe,se chegarmos a Dezembro ali colados aos 3 primeiros a imprensa já o vai a começar a pôr fora daqui.E então se o porto estiver com dificuldades ainda mais.

E também tem sempre que vir essa treta dos adeptos serem distantes do clubes,mas estes gajos alguma vez viram um jogo do Braga em casa?

Cabrões de *****, não sabem o k falam, é só falar à toa, jornalismo lodo....

[disco infiltrator]

Essa dos adeptos ausentes.....deixa-me mal disposto. Ainda são resquícios das infelizes declarações do Salvador das quais penso que ele já se arrependeu. Até aprendeu com esse erro e a postura dele agora está  bem mais própria.

A nós só nos resta continuar a estar com o SCB e apoiar cada vez mais. Com o tempo essa ideia  de adeptos ausentes irá desaparecer da mesma forma que despareceu essa falsa ideia de em Braga ser tudo lampião...

[Carvalhinha]

Para deitarem abaixo o Sp. Braga eles estão sempre prontos.
Gostei das respostas dadas pelo Domingos. Ao menos este Mister sabe falar em condições.

[Dracul]

Adeptos distantes?!
Esta é a mentalidade típica do lisboeta parolo, que só conhece o estádio dos pintaínhos e vê o resto dos jogos na televisão.
São estes os adeptos que, à primeira contrariedade, acenam com os lencinhos brancos ao treinador e insultam os jogadores.

[ZGANDULO]

É por estas e por outras que este ano, quando renovar a minha cadeira, terá que ser uma fila por trás da bancada de jornaleiros... talvez assim eles levem umas biscas coladas nas costas como recordação!!!

[José Paulo Pedrosa]

Gostei do que ele disse. Só pela postura já vai na frente.

Força Domingos Paciência

[SimpLe-Kid]

Já postei isto num outro tópico mas não sei bem qual é o melhor sítio por isso aqui fica outra vez:

Membros da equipa técnica são também sócios
DOMINGOS PACIÊNCIA É O N.º 20.303

Os novos membros da equipa técnica do Sp. Braga tornaram-se hoje associados do clube minhoto. O técnico Domingos Paciência, sucessor de Jorge Jesus, passa a ser o sócio 20.303.

Os adjuntos Miguel Cardoso e Silvino Morais, o preparador físico Rui Santos e o observador Sérgio Vieira também passar a integrar os quadros sociais dos bracarense. Jorge Vital, treinador de guarda-redes, também acompanhou a comitiva, mas já fazia parte da família arsenalista.

(...)

in record.pt

[anti-lampioes]

Domingos Paciência tornou-se o sócio 20.303

Os novos membros da equipa técnica do Sporting de Braga tornaram-se hoje associados do emblema minhoto, sendo agora Domingos Paciência o sócio 20.303 do clube bracarense, quinto classificado da Liga de futebol em 2008/2009.

Além do responsável máximo, o Sporting de Braga ganhou mais quatro novos sócios, nos treinadores adjuntos Miguel Cardoso e Silvino Morais, no preparador físico Rui Santos e no observador Sérgio Vieira.

Jorge Vital, treinador de guarda-redes, também acompanhou a comitiva, mas já fazia parte da família "arsenalista".

Entretanto, o clube oficializou hoje a contratação de Rodrigo Possebon, que chega a Braga emprestado por uma temporada pelo Manchester United.

Em declarações ao sítio do clube, Possebon disse esperar "fazer uma óptima época e ajudar o clube", mostrando-se "muito entusiasmado com o projecto ambicioso".

"Não tive qualquer dúvida em aceitar este convite", frisou.

O jovem médio subiu ao relvado e ficou surpreendido pela imponência do estádio desenhado pelo arquitecto Souto Moura.

"Este estádio é lindo. Nunca vi nada assim", confessou o jogador natural do Brasil, mas internacional italiano de sub-20

in jogo

[Armando Coelho]

Sim senhor, boas respostas, se foi levado à letra pelo jornaleiro, pareceu bastante sereno, muito ponderado, não entrado na resposta fácil de dizer que o objectivo é dar o salto para um "grande", precisamente a imagem que já tinha acerca dele, uma pessoa discreta que não procura o sucesso a qualquer custo, tipo bola de neve, levando tudo à sua frente.
Quanto à provocação da praxe?, o jornaleiro que venha cá, que logo verá se a massa associativa é distante, a sorte deles é estarem muito "distantes" do meu lugar  .

[Catarina]

Enerva-me mais o facto de os jornalistas estarem sempre a insistir na ideia de um treinador ter que um dia treinar um "grande"... o problema da CS é não conhecer a realidade de um clube, vêm o futebol como um desporto praticado por 3 equipas e as restantes são acessório... Isto vai mudar!

No entanto, gostei bastante das respostas dadas pelo Domingos Paciência, vê-se que é uma pessoa coerente e com princípios.