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Art DM - Reformas e Remendos

Started by cardoso, 20 de November de 2008, 14:15

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José Paulo Pedrosa

Gosto muito destes debates de ideias provocados pelos excelentes textos do cardoso.

Para não restringir muito o comentário à situação da educação em Portugal, posso dizer que fazendo uma abordagem transversal à história da humanidade, ela é feita de Reformas e Remendos. Circunscrevendo-a ao antes e após revolução de Abril, posso dizer algo que é do comum conhecimento:  pobreza sempre a houve. A diferença é que esta revolução babilónica que trouxe acoplada vários direitos e deveres, de entre os quais a supracitada liberdade de expressão, foi diluindo aos poucos num registo inversamente proporcional o valor respeito.

Eu sei que no antes-revolução a situação era complicada: as famílias eram unidas nas adversidades, eram patriarcais e os papéis bem definidos. As pessoas mais velhas impunham mais respeito só pela idade. Era vergonhoso ficar a dever dinheiro. A escola, a igreja, a polícia eram instituições de respeito e isso reflectia-se no comportamento de todos. Trabalho havia para todos mesmo que no sector primário, secundário e terciário. Dava para escrever muito mais...

E o futebol no meio disto tudo? É o espelho da sociedade em que vivemos.
Olá, eu sou o Paulo e estou aqui pk sou viciado no...BRAAAAAAAAAGAAAAAAAAAAAAA:D

aurelio II

Quote from: J. Vaz on 21 de November de 2008, 17:21
O Professor Aurelio II é uma grande professor, se todos os professores fossem como o Srº Aurelio II não era preciso avaliações aos professores  ;)

Ó J.! Graxa?
Se ainda fosses meu aluno chumbarias de certeza!

Abraço!  ;D
Braga até ao fim!

xpt_nautilus

Caros,

Tinha e ainda tenho imenso que dizer sobre toda esta tematica, no entanto nao sendo este o espaço indicado para me manisfestar e nao tendo tempo para colocar aqui um comentario que reproduza em toda a amplitude a minha opiniao prefiro aguardar uma outra ocasiao temporal para o fazer. Espero sinceramente o poder vir a fazer.

No entanto, nao queria deixar de passar a oportunidade sem dizer apenas duas coisas. Uma, culpar o 25 de Abril de todos os nossos problemas só o consigo ler desta forma, os portugueses sofrem todos de uma amnésia colectiva selectiva (seja sob a forma de falta de memória ou entao conhecimento de causa do que era de facto o nosso país no saudoso tempo do melhor portugues de sempre). Outra e para terminar em jeito de reflexao, vou parafrasear um antigo presidente dos Estados Unidos da America, "Ask not what your country can do for you but what you can do for your country." (JFKennedy), reflectiam nisso...se tiverem tempo claro!

Zav

Quote from: aurelio II on 23 de November de 2008, 21:22
Quote from: J. Vaz on 21 de November de 2008, 17:21
O Professor Aurelio II é uma grande professor, se todos os professores fossem como o Srº Aurelio II não era preciso avaliações aos professores  ;)

Ó J.! Graxa?
Se ainda fosses meu aluno chumbarias de certeza!

Abraço!  ;D

;D ;D ;D

Olho Vivo

Se estivesse noutro fórum que não este, também meteria a colherada na discussão. Como aqui se discute fundamentalmente bola, queria pegar no texto do Cardoso por aí dizendo desde já que não me parece que a comparação seja muito bem conseguida. O futebol não vai lá com reformas, é bem patente. O que o futebol precisa é uma nova relação de forças - o que está em causa no bloqueio do nosso futebol é uma questão de poder. É preciso uma revolução nas estruturas de poder!

O futebol está hoje (como esteve nas últimas décadas) entregue aos clubes e, na prática, aos mais fortes de entre estes. Esta estrutura de poder impede que os clubes, dada a concentração de forças em três deles, se possam dar ao luxo de ultrapassar uma visão centrada num interesse próprio míope. Todos nós percebemos que o que interessa à competitividade do nosso futebol como um todo (o que implica uma visão de longo prazo) não coincide com os interesses imediatistas dos clubes:uns porque as assimetrias de poder em seu favor lhes permitem reinar na mediocridade; outros pela sua fraqueza relativa, temem que a mudança venha a afectar os seus interesses... havendo ainda os que, eventualmente percebendo os benefícios de algumas alterações a longo prazo, temem represálias dos mais fortes. E que mudanças são essas? É evidente que o nosso país não tem dimensão (demográfica e sobretudo económica) para suportar duas divisões profissionais com tantos clubes. É evidente que a forma como as receitas do futebol são repartidas é um mecanismo de reforço das desigualdades entre clubes que mina a competitividade desportiva e, a prazo, ameaça a viabilidade do negócio futebol. A questão é: se há algum consenso quanto a esta leitura genérica, porquê não se consegue levá-la por diante? Precisamente porque, com o poder nas mãos dos clubes, estes não conseguem ultrapassar o seu interesse egoísta, imediatista: uns porque lhes interessa manter o statu quo, outros por receio de que alterações coloquem em causa a sua presença entre os maiores do nosso futebol; e outros por receio de provocarem ondas. Mediante isto, é evidente que não há soluções possíveis dentro do actual quadro  institucional que governa o futebol. E das duas uma: ou há uma entidade externa que pressiona/força mudanças - e só pode ser o Estado através da Sec. Estado do Desporto; ou o futebol cai de podre e, nesse dia, talvez acabem essas alterações por ser implementadas mas com custos muito maiores em termos desportivos e económicos. Como não acredito que o Estado queira sujar as mãos com o futebol (qualquer que seja a cor do governo), creio que, tarde ou cedo, o meu segundo cenário acabará por concretizar-se.

Aqui fica uma opinião de José Manuel Delgado, jornalista d'A BOLA (que até não aprecio particularmente). Há muito que me parece que a proposta que faz de uma Liga com duas fases seria uma boa opção. Mas a reconfiguração dos quadros competitivos não pode estar separada de outras alterações institucionais, sobretudo a centralização das receitas televisivas (e de publicidade "genérica") numa Liga mais forte, com critérios de repartição bem mais equitativos.



O que querem os clubes?

Por José Manuel Delgado

A crise em que o Estrela da Amadora continua mergulhado (e que aflige muitos outros clubes do principal escalão que apenas ainda não saíram do armário) e a preocupação dos emblemas da II Liga quanto às receitas da competição, trouxeram à luz do dia, mais uma vez, o tema da necessidade de alterar profundamente os quadros competitivos do futebol português. Está mais do que visto que um mercado não sustenta 16 clubes profissionais na I Liga, muito menos suporta igual número na II. A questão não é nova e as soluções há muito são conhecidas. Porém, parece que é preciso que se verifiquem mais alguns estoiros para que sejam tomadas as medidas necessárias. E que medidas são essas, de que muitos clubes fogem por temerem ser por elas apanhados e outros não as querem por temerem alterações na actual correlação de forças dentro da Liga, que lhes é favorável?

Em relação ao primeiro escalão, a viabilidade passa por uma Liga de 12 clubes, que jogam entre si uma primeira fase (22 jogos); na segunda fase, os seis primeiros e os seis últimos formam duas séries, para onde transita metade dos pontos que conseguiram na primeira fase. Ou seja, até se apurar a classificação final, cada clube faz 32 jogos, em vez dos actuais 30. Com a vantagem de haver mais duelos susceptíveis de levar muitos mais adeptos aos estádios, aumentando exponencialmente não só as receitas mas também a qualidade do jogo jogado.

No que respeita à II Liga, a solução também não é difícil de levar a cabo: basta apostar na regionalização, acabando com um formato megalómano que gera receitas curtas e despesas longas.

Só um conceito de aposta firme nos derbies regionais pode devolver a vida ao escalão secundário. Enquanto a actual política de avestruz vigorar, vamos lamentar a crise do futebol profissional. Então, porque não se muda? Ora, porque tudo isto interessa à maioria dos dirigentes. Só pode...

in A BOLA

cardoso

#45
Quote from: Pedro Ribeiro on 24 de November de 2008, 12:31
...
queria pegar no texto do Cardoso por aí dizendo desde já que não me parece que a comparação seja muito bem conseguida. O futebol não vai lá com reformas
...

E o país, Pedro? O país vai lá com reformas? Era aí que eu queria chegar.

Remetendo-me ao futebol: como já discutimos a propósito de outro texto, concordo contigo quando dizes que o futebol está nas mãos de alguns. E dizes também que a uns clubes interessa o "staus quo" enquanto outros estão dominados pelo medo de fazer ondas. Concordo. Acho que uma das soluções passa pela união entre os clubes "não-considerados-grandes". falta coragem e há demasiada rivalidade, como aquela questão que a CS adora lançar (porque será?) sobre quem é o 4º grande. Sem união, os pseudo-auto-intitulados-grandes continuarão a dominar a seu bel-prazer o futebol português.
Por outro lado lanças a questão da intervenção estatal. Acontece que em portugal (e não só) ainda há muito aquela ideia que a intervenção do Estado faz lembrar os comunistas-que-comem-criancinhas. Há medo de intervir e há interesses pelo meio, como todos sabemos.

Olho Vivo

Quote from: cardoso on 24 de November de 2008, 16:02
Quote from: Pedro Ribeiro on 24 de November de 2008, 12:31
...
queria pegar no texto do Cardoso por aí dizendo desde já que não me parece que a comparação seja muito bem conseguida. O futebol não vai lá com reformas
...

E o país, Pedro? O país vai lá com reformas? Era aí que eu queria chegar.


De forma simplista, só há três situações possíveis, Cardoso:

a. Está tudo bem (ou pelo menos razoavelmente bem) no país, de forma a não termos que temer pelo futuro e não precisarmos assim de alterações significativas no modo como o país funciona;

b. Nem tudo está bem no presente e há que alterar algumas situações de forma a que as coisas não tendam a piorar, introduzindo reformas no sistema - de outro modo, o sistema (não confundir com o outro, o da bola) perderá perante grande parte da população a sua legitimidade e estará a breve trecho em causa;

c. As coisas não estão bem nem há forma de as resolver sem significativas alterações ao sistema; é preciso pois questionar tudo, a sociedade desde a base - o que termina normalmente em processos revolucionários turbulentos.


Tudo depende da percepção das pessoas. Para já, parece-me que a maioria das pessoas tem a leitura b. Mas há bem mais pessoas dispostas a aderir à tese c do que havia há alguns anos. A história mostra que quando se estica demasiado a corda, as sociedades ficam vulneráveis a movimentos de diversas origens de natureza autoritária. E estes considerandos ultrapassam (em muito) a dimensão do nosso país.

Agora, entendo perfeitamente que dentro das possibilidades de reforma há vários caminhos disponíveis. E o termo reforma tem sido usado de forma recorrente como substituto de recuo (do Estado). Falta verdade perante as populações quanto a estas escolhas - porque elas trazem alguma dor, nem todos vão sair melhor delas. Não se pode olhar apenas aos recursos sem oferecer uma visão de futuro às pessoas, sob penas de estas não estarem dispostas a sacrifícios. Somos capazes de sacrifícios quando sabemos que eles têm uma razão de ser - um futuro melhor para a maioria de nós, uma sociedade mais harmoniosa.

No caso da educação, os problemas começam quando não se assume que há um objectivo de estancar o crescimento dos custos, criando mecanismos artificiais que o procuram alcançar de uma forma dissimulada. Erro grave, a partir do qual tudo degenerou, porque as pessoas não são parvas e certamente não gostam que os problemas que lhes dizem respeito sejam resolvidos nas suas costas. Atenção: não considero que a questão dos custos suportados pelo Estado nas suas diversas áreas seja um problema menor. Não é. Basta ligar a televisão e ouvir os telejornais. Só na semana passada, não contando com os professores, sem estar muito atento, ouvi queixas de magistrados e militares, todos alegando falta de recursos nas suas áreas. E a verdade é que metade da riqueza que produzimos é consumida pelos serviços do Estado. Em contrapartida, ninguém quer pagar mais impostos. Isto não é sustentável: quem suporta o Estado não é a pequena parcela dos mais ricos nem a (cada vez maior) parcela dos pobres: é uma classe média cada vez mais empobrecida. E eu temo que se não houver um travão a este crescimento descontrolado do Estado, se atinja um limite de saturação para essa classe média, que deixe de se rever nesta configuração social, passando a adoptar o "cada um por si". Isso seria o fim do Estado Social e uma desgraça para uma franja muito alargada da população.

Muito mais havia para dizer mas este não é o fórum adequado... e já me afastei do tema bola mais do que queria... ;D ;D ;D