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JOÃO MARIA PINTO: “Ainda guardo o cartão de sócio do Sporting de Braga”

Started by (S)oon(C)hampion(B)raga, 31 de January de 2010, 22:49

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(S)oon(C)hampion(B)raga

QuoteMalucos do riso, da SIC e Conta-me como foi, da RTP, são séries onde surge João Maria Pinto. O actor, que nasceu em Braga, voltou há dias para conversar com amigos na Escola Sá de Miranda. Ao CM, dá conta das impressões que lhe faz a cidade. Lamenta ter visto pouco público quando representou no Theatro Circo e lembra como ia ao velho Estádio 28 de Maio: "ainda guardo o cartão de sócio".




O Fanan, que é dono do café em Conta-me como foi, veio rever amigos da adolescência e contar "como foi" uma certa Braga dos anos 60.
A 19 de Janeiro, no auditório da Escola Secundária Sá de Miranda, a noite fria e chuvosa não impede casa cheia. Naquele espaço onde João Maria foi menino, revivem-se cumplicidades como a entrevista forjada ao Paris Match, o enterro da gata com manobras para contornar os censores e as corridas de carrinhos de rolamentos; os roubos de galinhas e as irreverências do 1 de Dezembro; passeios à boleia com marmelada pelo meio e as histórias do já mítico "Puga".
Duas horas de riso com histórias autênticas, corroboradas e testemunhadas, casos aliás de legalidade questionada, mas recordadas com a certeza de que já prescreveram. Outras, pela maneira criativa como se viviam os tempos, já anunciavam as tendências para os talentos da representação que viriam a revelar-se na cada vez mais longa carreira.
João Maria Pinto estreia-se, em 1978, no grupo de teatro "A Barraca", com o qual representou mais de 20 peças, das quais se destacam: "O Zé do Telhado", "D. João VI", " Fernão Mentes?" e "Balada do Café Triste". Depois do riso com o Camilo e com o Manel, após os abraços com os cúmplices da adolescência, teve tempo para uma cerveja preta sem álcool e uma conversa com o Correio do Minho. Percorremos túneis das memórias, umas mais actuais e outras mais recônditas.
Como qualquer palhaço que tem as suas tristezas, como um Charlot de tempos modernos, há neste actor que temos visto em papéis mais cómicos, lados magoados, que ele nos revela em entrevista.

Correio do Minho — Esteve em Braga a reviver com os amigos do liceu memórias da juventude.  Como é que vê Braga depois destes anos?
João Maria Pinto — Não deixo de a ver como a minha cidade pequena desse tempo, que está dentro da cidade grande que Braga já é. É complicado: a memória funciona com balizas um bocado apertadas. Se eu me lembro do facto "xis" no café "xis", eu lembro-me das cores do café como era na altura desse episódio. Em Braga há coisas que são muito criticadas e eu tenho uma certa dificuldade em falar, porque eu não venho cá há muito tempo, não sei. Fazem-me alguma confusão os túneis.

CM — Se entrar nos túneis perde o sentido de orientação e as referências?
JMP — Não perco as referências. mas faz-me uma certa confusão porque os túneis são demasiado apertados. É como as auto-esrtadas, que começam a fazer-se com uma pista, depois duas pistas, três pistas.

Um mamarracho por cima da doçaria

CM — O que acha então mais estranho em Braga são os túneis?
JMP — Os túneis e não só. Há coisas de arquitectura que me chocam muito. Em frente ao Sá de Miranda (onde eu nasci e vivi quase até ir para a tropa) por cima da Doçaria S. Vicente, vi um mamarracho em vidro. É uma coisa que e fez muita impressão. Esteticamente acho aquilo uma aberração. Acho um choque. Mas isto é um problema de todas as cidades, acho eu. Todas as cidades têm os seus mamarrachos. Há uma coisa que eu louvo ao Mesquita Machado: é que faz. Se calhar, em dez coisas que faz, sete ou oito não faz muito bem; cinco ou seis não ficam muito bem, mas há alguma coisa que se vê e isso é importante.

CM — No momento em que estamos a conversar, o Sporting de Braga é líder do campeonato. Isso ainda lhe diz alguma coisa?
JMP — Diz. E vou explicar-lhe porquê. O meu pai era professor de geografia mas gostava muito de sociologia. Gostava de estudar, sentir, ver as pessoas. E íamos muito ao futebol, eu e ele.

CM — Iam mais para ver a multidão?
JMP — Para ver o espectáculo humano. Ainda tenho o cartão de sócio do Sporting Clube de Braga, fui sócio do Sporting Club de Braga. É uma coisa que fica sempre, não é uma questão de bairrismo. Eu, de pequenino ia ao antigo 28 de Maio e vibrava com o Braga. Depois, já na minha juventude, o Braga ganhou a Taça de Portugal contra o Vitória de Setúbal, foi às competições europeias e vieram salvo erro cá jogar uns gregos. Fomos para o estádio fanáticos, com baterias e o diabo a sete a fazer barulho.

CM — Ainda não foi ao estádio novo?
JMP — Ainda não fui. Dizem-me que é muito bonito. Dizem-me que não é muito fácil ser lá espectador. Não sei. Que ele é bonito, é.


IN Correio do Minho

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