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Art DM: Ide mas é trabalhar!

Started by cardoso, 14 de May de 2009, 14:47

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cardoso

O futebol é arte e espectáculo, mas também tem aspectos que, sinceramente, me provocam uma espécie de urticária. Para não irritar também o leitor, limito-me aqui a apontar quatro dessas situações. São quatro simples e ingénuos desabafos que me apetece partilhar consigo:
Irritação 1 - Uma das coisas que mais me irrita no futebol actual é aquela mania das estatísticas que vemos nos jornais e nas transmissões televisivas. O futebol, como já afirmei várias vezes não é (para mim, claro) do domínio da razão. Aquilo que tem de racional é a inteligência prática dos jogadores, algo que fica a meio caminho entre o saber-fazer e o instinto; refiro-me à capacidade de decidir o gesto técnico a adoptar em cada momento. Tudo o resto é arte, coração e força bruta.
Portanto, aquela resma de números com que nos bombardeiam são apenas formas artificiais de adornar o que toda a gente vê. Se uma equipa ataca mais que a outra, isso vê-se, não é preciso fazer estatísticas de remates à baliza, remates ao lado ou por cima da barra, pontapés de canto, foras de jogo, faltas cometidas e sofridas, etc., etc. Já se chegou ao cúmulo de contabilizar os quilómetros que cada jogador corre! Qualquer dia ainda alguém há-de inventar uma maneira de contar os palavrões que cada um diz e, já agora, não seria má ideia contar as vezes que eles cospem no chão para depois cair em cima das expectorações dos outros.
Não andarei longe da verdade se disser que há 30 ou 40 anos o futebol era mais espectacular, marcavam-se mais golos e ninguém andava lá a fazer contas a tudo o que acontece durante o jogo.
Irritação 2 – As flash-interviews e outras entrevistas patetas que fazem a jogadores e a treinadores, sabendo-se de antemão o que os artistas vão responder. Futebolista joga, treinador treina, jornalista escreve. Cada um é para o que nasce, ou melhor, cada um faz aquilo para que lhe pagam. Pelo menos era assim que devia ser. Eu não pagava um tostão para ver o Miguel Prates, ou o José Eduardo a jogar futebol. Da mesma maneira, mudo de canal sempre que me põem à frente um jogador a dizer patetices banais como "agora vamos seguir em frente e pensar no próximo jogo" ou "fizemos os possíveis mas não conseguimos ganhar", etc. às vezes até imagino que eles sabem de cor quatro ou cinco frases e depois, perante o microfone, é só escolher uma delas.
Irritação 3 – O adepto "da onça". O Braga precisa de todos os adeptos. Mas alguns de nós irritam-me solenemente. Refiro-me àqueles que na bancada, em casa ou no café passam o jogo todo a criticar os jogadores e o treinador. Mestres na arte do assobio ou eloquentes no palavrão, para eles nunca nada está bem, os jogadores são sempre maus. No entanto, quando há golo saltem como se tivessem molas nos fundilhos e berram mais que um cabrito desmamado. Depois, não levam mais de dois minutos a voltar à arte do bota-abaixo.
Irritação 4 – artigos de opinião sobre futebol. Sinceramente não sei como se pode perder tempo a ler textos de opinião sobre a bola. A bola é para ser jogada ou apreciada, ao vivo e a cores. Ler opiniões como a minha, por exemplo, não contribui em nada para a felicidade de ninguém, ao contrário do futebol propriamente dito. Obviamente respeito quem gosta e é por isso que escrevo (e também porque me dá prazer escrever. E é claro que agradeço que leiam. Fazem muito bem e o Diário do Minho também agradece. Eu é que não leio; quer dizer, leio para corrigir as gralhas e garanto-vos que me aborreço. Fico mesmo com a sensação de ser um grande chato e não sei como é que vocês me aturam. Mas também reconheço que há piores do que eu; se abrir um jornal desportivo e tentar ler alguns artigos de opinião apetece dizer como o "chato" dos Contemporâneos: "Ide mas é trabalhar, ó..."


Somos Braga!

#1
Professor Cardoso, desta vez (ao contrario do normal) discordo quase na totalidade da sua opinião.

Irritação 1 – A estatística hoje em dia é fundamental no futebol. Cada vez mais o futebol é mais Cientifico e menos Arte. Na altura em que era mais arte e menos científico uma equipa com melhores jogadores ganhava quase sempre. Agora, já não é assim. Ganha a melhor equipa e não os melhores jogadores. Ganha a equipa melhor preparada, mais organizada, com treinador mais inteligente, etc. Isso deve-se ao facto de se tratar o futebol de forma cada vez mais cientifica. Todos os grandes clubes têm analistas informaticos nos seus quadros com o objectivo de produzir dados estatisticos para serem utilizados na preparação dos jogos)

Irritação 2- Entrevistas, acho que são fundamentais. Aliás, acho que se devia dar mais voz aos jogadores e treinadores e menos aos dirigentes.

Irritação 3. Estou 100% de acordo. IRRA! Raisparta os tipos!!

Irritação 4 – Não concordo. Adoro ler as suas crónicas assim como de outros "opinadores".
O verdadeiro adepto vê-se nas derrotas!

cardoso

É natural que discordes, as irritações são coisas muito pessoais e que não obedecem à lógica. ;) Por exemplo: eu não digo que as estatísticas não são importantes; mas digo que me irritam e não lhes ligo nunhum.

euxinha

Ora aí está um bom texto...Que tal como o Cardoso diz não será para concordar ou não. Poderá ser mais uma questão de identificação ou não!Identifico-me com a maior parte do que diz!

Acho só que a na irritação n.º 4 o Cardoso dá a visão de quem escreve...Também eu que me atrevo de vez quando a escrever os meus pequeninos textos me aborreço a revê-los!
Quanto a quem os lê, podem ou não identificar-se com o tipo de escrita de quem escreve e, concordar ou não com o que é escrito. Mas quem tem o hábito de ler artigos de opinião irão lê-los com certeza.


Dracul

Concordo plenamente com a irritação nº3, porque desde que vou ao futebol nunca compreendi esse tipo de adeptos, que parecem estar sempre no contra.
Creio que só existe uma explicação plausível: são os tais com duas caras, que vão ver o Braga porque são de Braga ou vivem cá, mas estão com o ouvido no rádio a escutar o seu primeiro clube.
A esta espécie de adeptos, preferia que ficassem em casa, a lavar louça ou bater na mulher, como qualquer verdadeiro lampião.