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Quais seriam a soluções para salvar este pardieiro chamado futebol português?

Started by Eskol, 01 de May de 2017, 16:16

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Eskol

Este tópico vem no seguimento de um comentário no tópico do jogo de ontem que podem ler aqui:
http://www.superbraga.com/forum/index.php/topic,27251.msg635895.html#msg635895

Tudo o que eu discutir aqui não passarão de situações hipotéticas e imaginárias porque nós bem sabemos como as coisas funcionam neste país. A tríade não pode perder o seu domínio. Com o tempo poderá haver uma alteração ou outra com vista a aumentar receitas mas não irá passar disso. Como diz o ditado: "A m*rda é a mesma, as moscas é que mudam."

O futebol em Portugal sempre foi um símbolo de podridão, mas o que se tem vindo a passar nos últimos 5/10 anos (eu diria mesmo que foi desde que o Braga tentou enfrentar os 3 badamecos) toca o ridículo. Cada vez mais o fosso entre a frente e o resto do comboio é maior e cada vez mais se vê a subjugação das equipas aos 3 senhores feudais.

Isto só lá vai com uma revolução. O ideal seria que essa revolução começasse na cabeça das pessoas, mas se formos esperar por isso bem que podemos esperar sentados. Portanto, a mudança tem de vir de cima.
A Liga não são só os 3 estarolas, a Liga são todos os clubes que constituem a Primeira e a Segunda divisão profissionais em Portugal. Os estarolas sem os outros não são nada. Se os clubes e os seus dirigentes tivessem os seus órgãos reprodutores no sitio, teriam capacidade e vontade para se juntar e fazer frente à tríade. Ficou bem evidente com os contratos de direitos televisivos celebrados recentemente que ninguém está para se chatear e o que interessa é apenas tentar não ir ao fundo. Isso é que é a definição de sucesso para esses clubes, não afundar e continuar durante anos e anos a lutar pela manutenção - até que um ano calham de descer e nunca mais ninguém os vê ou então estão tão aterrados em dívidas que rebentam.

A centralização dos direitos televisivos era um dos pontos mais importantes. Dar a todas as equipas armas suficientes para poderem dar alguma luta. Quem sabe se ao fim de alguns anos um ou outro não se conseguiria libertar das amarras do sistema e tentar algo mais. Mas isso não interessa a ninguém, e o lugar dos pequenos é no fundo da tabela.

Das ideias que tenho em mente para voltar a trazer emoção à Liga, a mais fácil de implementar e que poderia ser posta em prática a curto/médio prazo é um sistema de playoffs. O campeão não deveria ser a equipa que perde menos pontos contra os mais fracos, mas sim a equipa que consegue vencer os mais fortes. Tenho pensado um pouco sobre o assunto e a melhor opção seria mesmo eliminatórias de apenas um jogo. 18 equipas, os oito primeiros apuram-se para os playoffs. O 1º joga em casa contra o 8º, o 2º em casa contra o 7º e assim por adiante. Na segunda ronda funciona com base no mesmo principio, a equipa ainda em competição com melhor classificação joga em casa contra a equipa com pior classificação.
Com 8 equipas tem-se quartos-de-final, meias-finais e final. 3 jogos, 3 vitórias contra as melhores equipas para se ser campeão. Emoção ao máximo, qualquer uma das 8 tem hipóteses de chegar ao troféu. As pessoas interessam-se mais e ficam mais próximas das suas equipas. Braga, Guimarães, Rio Ave, Marítimo, etc, clubes que nunca lá chegariam num campeonato convencional têm uma chance de ser campeões, basta entrarem nos playoffs e ficam apenas dependentes deles próprios.
Sendo eliminatórias de um jogo, os estádios teriam mais pessoas, as audiências seriam maiores e teríamos jogos verdadeiramente épicos. Basta ver o ambiente quando há um jogo grande nas últimas jornadas do campeonato. Agora imaginem isso durante um mês de competição para decidir o campeão. Imaginem o que seria um Braga vs Guimarães nas meias-finais por exemplo.
O sistema de playoff é o futuro. É aplicado no estrangeiro com muito sucesso e em alguns desportos em Portugal. O facto de ser apenas um jogo percebo que poderá ser fonte de discussão e nem toda a gente estará de acordo mas para mim não há nada melhor que any given Sunday.(http://www.urbandictionary.com/define.php?term=any%20given%20sunday)

A longo prazo estabelecia-se um tecto salarial que seria coberto pela receita dos direitos televisivos, dessa maneira, além de se priorizar a competitividade, todas as equipas teriam receita para pagar as suas despesas. Por exemplo usando valores aleatórios, se cada equipa recebe-se pelo menos 10M por ano, um tecto salarial de 8M anuais para o plantel principal com um limite máximo de 25 jogadores inscritos permite normalizar a qualidade da Liga e diminuir consideravelmente as diferenças entre a equipa mais fraca e a mais forte. Isto origina ainda mais incerteza e imprevisibilidade no campeonato. Um chão salarial também teria de ser implementado.

Ter a equipa na mó de cima traz pessoas ao futebol e faz-las voltar a conectarem-se com o clube que "esqueceram" no passado. Estas épocas de sucesso têm trazido mais massa adepta jovem para o Braga, adeptos estes que em outros casos apoiariam um clube do regime. Maior competitividade e igualdade promove o bairrismo e daria mais adeptos às equipa mais pequenas, voltando a pôr pessoas nas bancadas, além de melhorar o ambiente geral do futebol.


Estas medidas também trariam consequências negativas. A diminuição considerável da força portuguesa nas competições europeias é a mais evidente. Mas vamos ser sinceros, ninguém na Europa leva a Liga Portuguesa a sério. Muito me rio quando se vê os Portugueses a tentar argumentar que o seu campeonato merece ser considerado um campeonato europeu de topo.
A Liga Inglesa é a melhor liga de futebol do mundo e não é coincidência que as prestações das equipa inglesas nas competições da UEFA fiquem a desejar. É o preço a pagar, um nivelamento das equipas dentro de portas diminui a capacidade de fazer a diferença lá fora. Eu acho que não temos nada a perder, fazendo um belo campeonato com qualidade ano após ano, o interesse estrangeiro cresce, aumentando as receitas e a reputação do país.



Isto são apenas os meus pensamentos sobre o assunto. Quem sabe se no futuro, daqui a algumas décadas, o barco começa a mudar e alguém toma acção para alterar isto. Entretanto, temos o que temos e não posso dizer que me entusiasme muito. A ideia de todos os anos lutar pelo quarto lugar e ter o sistema a mostrar-nos o dedo do meio mete-me nojo.

Só mais uma pequena estatística, a AFL (Liga de Futebol Australiano) implementou um tecto salarial em 1987. Antes do tecto salarial, as 3 equipas mais ricas e com mais poder (coincidências  ::)) tinham ganho 42 títulos entre elas. Desde 1987, essas mesmas 3 equipas foram campeãs apenas 5 vezes. Na verdade, das 18 equipas do campeonato, 12 já ganharam a Liga pelo menos uma vez desde essa altura. Ficam os números para reflectir.

Gverreiro21

É limpar a trampa toda e implantar medidas ISENTAS que realmente defendam TODOS os clubes e o futebol português!! Logo para começar a Liga deveria ser gerida por uma entidade independente como acontece na Liga Inglesa e não pelos clubes!
Mas com o poder que está instalado............ talvez daqui a 1000 anos.....