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NOTÍCIAS DO ENORME DO DIA 19/09

Started by Bruno3429, 19 de September de 2016, 09:23

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Bruno3429

José Peseiro: "temos qualidade para discutir o resultado na Luz"
Miguel Machado

É com o único objectivo de lutar pelos três pontos que a equipa do SC Braga vai entrar hoje em campo, no Estádio da Luz, para medir forças com o Benfica, no jogo grande da 5.ª jornada da I Liga. A equipa bracarense vai a Lisboa à frente das águias na tabela classificativa, embora com os mesmos pontos (10), mas José Peseiro atribui com naturalidade o favoritismo ao campeão nacional, sem que isso belisque ambição dos Guerreiros do Minho em lutar pela vitória.

"Não temos problemas em assumir que o Benfica é o campeão, que nos venceu na Supertaça, tem outras condições, orçamento e recursos, mas nós estamos aqui. Sabemos o que valemos, temos confiança e estamos motivados. Queremos fazer um jogo muito bom, e tem que ser muito bom para vencer na Luz, contra um adversário poderoso. Mas o SC Braga tem qualidade para chegar à Luz disputar o resultado", afirmou o técnico arsenalista, ontem, na antevisão.

E para tentar derrotar o Benfica, o treinador do SC Braga quer que a sua equipa esteja "compacta, organizada, comprometida e pressionante" e com mais posse de bola do que tem tido, porque, se for só defender, vai "passar um mau bocado".
José Peseiro abordou ainda o rol de lesões que afectam as duas equipas, nesta fase da temporada, e apontou que não são só encarnados que têm jogadores importantes lesionados.

"Com a lesão do Djavan, só temos dois laterais, o Velázquez lesionou-se ontem [sábado] e só temos dois centrais, o Artur Jorge [equipa B] vai ser convocado, o Benítez [emprestado pelo Benfica] e o Oti [lesionado] não podem jogar, só tenho dois extremos, mas o Braga e o Benfica têm a responsabilidade de independentemente dos jogadores disponíveis terem uma boa equipa e jogarem vencer", frisou.

Nesta conferência de imprensa, o treinador do SC Braga abordou ainda a questão dos adeptos, depois de ter pedido mais apoio no final do jogo da Liga Europa, diante do Gent (1-1), após alguns assobios das bancadas. José Peseiro apelou, mais uma vez, a uma maior tolerância dos adeptos bracarenses para com os jogadores que chegaram esta temporada a Braga.

"O SC Braga perdeu quatro jogadores muito importantes da época passada [Boly, Luiz Carlos, Josué e Rafa] e recebeu outros em quem nós confiamos muito. Queremos fazer uma equipa tão forte como no ano passado, mas esses jogadores precisam de alguma tolerância e um ambiente favorável para expressarem essa qualidade. Sabemos da exigência dos nossos adeptos, é bom sentirmos essa pressão, mas é preciso que as pessoas compreendam alguns erros, apoiem a equipa e, depois, no final, podem cobrar. Sei que é impossível, mas quero pedir isso aos meus sócios", disse Peseiro.

O treinador do SC Braga deixou ainda elogios ao árbitro da partida desta noite na Luz.
"O Jorge Sousa é um dos melhores árbitros portugueses e até da Europa. Acredito muito nos árbitros, sei que é difícil ser árbitro, mas acho que a arbitragem portuguesa está no bom caminho", considerou José Peseiro.

Correio do Minho

Bruno3429

LIDERANÇA EM DISPUTA
Quem ganhar será 1.º

Águias ainda não ganharam em casa, bracarenses continuam sem perder fora.

ARTUR JORGE COBRE VAGA DE VELÁZQUEZ
Oportunidade para o capitão da B

A manta está curta no eixo defensivo bracarense. Ricardo Ferreira está na fase final da recuperação a uma lesão no ligamento do joelho direito, contraída no final da pré-época, e agora foi a vez de Emiliano Velázquez também ser 'convocado' pelo departamento médico. O defesa uruguaio tem uma lesão muscular na coxa direita e não pôde, por isso, ser incluído na convocatória. Ora, do plantel da equipa principal ficavam a sobrar apenas dois centrais: André Pinto e Rosic. Por isso, José Peseiro foi obrigado a chamar mais uma vez o capitão da equipa B, Artur Jorge, central de 22 anos que muito promete e que é filho do antigo capitão, com o mesmo nome, do clube bracarense.

Artur Jorge já não foi chamado para o jogo de sábado da equipa B e treinou-se com o grupo principal nos últimos dias, ele que esta época já fez seis jogos pela equipa comandada por Abel Ferreira, tendo conseguido um golo. Será ele a única alternativa aos titulares.

Record

Bruno3429

Benfica-Sp. Braga (antevisão): Luz para a liderança
Vitória no encerramento da jornada vale primeiro lugar
Por Nuno Travassos     

O MOMENTO:

BENFICA: o balde de água fria despejado por Talisca, a meio da semana, confirmou uma estranha insegurança das «águias» em casa. A equipa de Rui Vitória já tinha empatado na Luz com o Vitória de Setúbal, para a Liga, e nem na Eusébio Cup conseguiu vencer (o Torino). Quebrar esta tendência com um triunfo sobre o Sp. Braga vale a liderança isolada do campeonato, por força da derrota com Sporting em Vila do Conde.

SP. BRAGA: a formação «arsenalista» apresenta-se na Luz em igualdade pontual com a equipa da casa, o que significa que também pode assumir a liderança da Liga em caso de vitória. A equipa minhota já perdeu com o Benfica esta época, na Supertaça, mas a exibição foi mais positiva do que o resultado transmitiu (3-0), e José Peseiro até foi o último treinador a ganha na Luz como visitante, embora então ao serviço do FC Porto (vitória por 2-1, a 12 de fevereiro).

AUSÊNCIAS:

BENFICA: Jardel, Rafa, Samaris, Jonas e Raúl Jiménez estão lesionados. Danilo também está entregue ao departamento médico, mas de qualquer forma não podia jogar, uma vez que está emprestado pelo Sp. Braga.

SP. BRAGA: Djavan, Velázquez, Ricardo Ferreira, Luís Aguiar e Oti estão lesionados. Ricardo Horta está convocado, mas a sua disponibilidade permanece em dúvida, devido a uma entorse. Benítez está impossibilitado de jogar, por estar cedido pelo Benfica ao emblema minhoto.

DISCURSO DIRETO:

RUI VITÓRIA: «Vai ser um jogo naturalmente difícil. Vamos defrontar um bom adversário, que tem feito um bom início de temporada. Já fizemos um jogo em que acabámos por ganhar, mas o Sp. Braga acaba por fazer um início de temporada com resultados razoavelmente positivos. Portanto, vamos ter um adversário difícil com um bom treinador português, bem orientada. Estou à espera de um jogo com grau de dificuldade elevado, mas com a noção que jogámos em casa e que queremos muito vencer. Vamos entrar muito determinados, sabemos da nossa capacidade e vamos pô-la em pratica, respeitando o valor do Sp. Braga, mas acreditando muito em nós.»

JOSÉ PESEIRO: Temos os mesmos dez pontos, mas não temos problema em assumir que o Benfica tem outras condições, outros recursos e que é favorito, mas nós estamos aqui e sabemos o que valemos. Temos confiança, estamos motivados e queremos fazer um jogo muito bom para vencer na Luz, frente a um adversário poderoso. Espero que a equipa seja determinada para disputar o resultado.

HISTÓRICO DE CONFRONTOS:

O Benfica já recebeu o Sp. Braga em 60 ocasiões, para o principal escalão do futebol português, e só perdeu uma vez. Sendo que essa derrota foi sofrida no Estádio Nacional, e não na Luz, em 1954 (0-1, com golo de Mario Imbelloni). Registo ainda para doze empates, o último dos quais em 2012/13 (2-2). O Benfica soma, por assim, 47 vitórias caseiras sobre o Sp. Braga.


Horta vs Horta, irmão vs irmão: «É estranho, é esquisito»
André e Ricardo no Benfica-Sp Braga
Por Luís Pedro Ferreira     

As redes sociais de André e Ricardo Horta estão cheias de fotografias dos dois. De agora, mais antigas, com a camisola do Vitória de Setúbal, na América, com os amigos e os primos, com o resto da família, de boné, sem boné, com a camisola da seleção, a cantar o hino, abraçados...

Os dois irmãos mostram uma grande cumplicidade. Fazem-no publicamente sem complexos, como sempre devia ser, apesar de jogarem em clubes diferentes nesta Liga 2016/17. Com milhões a ver, fizeram-no logo após a Supertaça entre Benfica e Sp. Braga, um duelo que se repete nesta segunda-feira e que os coloca em lados opostos de um só jogo. Se Ricardo recuperar, ele que foi convocado no Sp. Braga, mas está em dúvida.

Não é caso único no futebol nacional, mas é «peculiar, estranho e esquisito».

Várias duplas de irmãos jogaram no campeonato português. Aliás, do lado do Benfica isso nem é novidade nenhuma. No campeonato nacional, houve até irmãos brasileiros que jogaram um contra outro em clássicos de FC Porto e Sporting.

Se do lado de cá do televisor ou da bancada pouco efeito tem, a não ser como curiosidade, dentro do seio familiar é bem diferente.

Nelson e Albertino, gémeos, jogaram várias vezes um contra o outro durante a carreira de ambos. «É uma situação peculiar, fora do comum, mas ao mesmo tempo um motivo de alegria, pois ambos atingimos os objetivos de sermos profissionais e jogarmos em clubes de Liga», conta-nos o antigo lateral de Sporting, FC Porto, Aston Villa e V. Setúbal.

Campeão do mundo de sub-20 em Lisboa, Fernando Nelson explica o que é vivenciar um encontro frente ao irmão e acredita que com os Horta acontecerá igual.

«É estranho, é esquisito. Na vida particular, queremos sempre o bem um do outro, no campo não pode ser assim», referiu ao Maisfutebol, para garantir que «são sentimentos muito antagónicos».

Não será apenas diferente para André Horta e Ricardo Horta, pois «durante a semana, isso é o motivo de conversa dentro da família, que vive a expectativa desses momentos».

Nelson sublinha que «a família fica muito dividida», mas que no caso muito próprio dele e de Albertino havia algo a considerar.

«A maior parte da minha é sportinguista. Eu também sou, o meu irmão sempre foi do FC Porto. Quando eu estava no Sporting e ele no Salgueiros torciam por mim, quando eu fui para o FC Porto e ele estava no Marítimo, e até chegámos a jogar uma final da Taça de Portugal, torciam por ele. Quando fui para o Vitória aí já ficou difícil de perceber», riu o antigo lateral.

Ora, se fosse por aí, seria fácil adivinhar para que lado estariam inclinados Fernando e Anabela Horta, os senhores que deram origem a este texto. É conhecido que o benfiquismo na família.

Conhecer as manhas um do outro

Dentro de campo, André e Ricardo ocupam posições diferentes no terreno. Nem é garantido que se defrontem. Uma das últimas fotos de ambos é do dia de aniversário do mais velho, que falhou o jogo da Liga Europa por uma virose. Ricardo Horta também ficou na bancada na Supertaça.

Já Nelson e Albertino jogaram quase sempre à distância de uma diagonal de lateral direito para lateral direito. «Aconteceu cruzarmo-nos no mesmo flanco uma única vez e lembro-me que, de certa forma, nos anulámos um ao outro. Há muito conhecimento do que é o outro», disse Nelson.

Toda a informação de peladas, jogos na sala de estar, no corredor, na casa dos avós, na casa dos outros avós, com os amigos é processada.

«Nas brincadeiras de rua, quando se cresce, há momentos em que se é da mesma equipa, outros em que não, acabamos por nos conhecer de tal forma que um anula o outro», justificou o campeão do mundo de Lisboa 91.

Em Aveiro, correu o país o abraço entre André e Ricardo. Nelson diz que é normal: «A seguir ao jogo vínhamos a conversar pelo caminho fora e a falar das incidências do jogo. Era a primeira pessoa que procurava antes e depois da partida. É sempre especial, inclusive, após alguns jogos tirávamos fotografias juntos para recordar.»

O antigo lateral considera que «as reações dos Horta vão ser muito semelhantes» às de Nelson e Albertino Alves. «Não vão diferenciar das que eu vivi com o meu irmão. Se podem mudar ao longo dos anos? Não, eu defrontei o meu irmão pela primeira vez aos 21 anos. Éramos muito jovens também. A única coisa que muda é a relevância dos clubes. O impacto depende dos clubes ou da importância do jogo, porque pode ser uma descida de divisão ou uma final de uma taça.»

Como é que eles são?

O Vitória de Setúbal é um clube comum aos dois rapazes de Almada. Foi ali que chegaram à Liga, foi pelos sadinos que marcaram os primeiros golos. E o primeiro de André, apontado frente ao Belenenses, levou a uma cascata de lágrimas. «As pessoas não compreendem», declarou ao tentar explicar o que sentia por estar a dedicar o golo a Ricardo.

Foi um pouco o que aconteceu na tal Supertaça de Aveiro, já com André de águia ao peito, o símbolo que sempre seguiu para todo o lado. O extrovertido da equação desatou num choro, numa das imagens fortes daquela noite e que ambos recordaram.

Entre eles, «o André é mais atrevido» do que o mano mais velho, frisa Dani, médio do Vizela que partilhou o balneário do Vitória com os dois. «Atrevido no bom sentido, muito mais falador, é mais brincalhão. O Ricardo é mais reservado, fica sempre no cantinho dele», acrescentou.

Dani dá conta daquilo que o país sabe, mesmo que seja apenas por redes sociais ou por breves declarações em flash-interviews, que se chamam assim por serem curtos e não se poder aprofundar temas como este.

«São mesmo muito próximos, o Ricardo ia ver os jogos do Vitória muitas vezes, sempre que podia estava no estádio. São muito chegados, sempre a ligar um ao outro, são irmãos e os melhores amigos», concluiu Dani.

Agora também são colegas de equipa na seleção sub-21, numa reedição da chamada dos Fontes: José e Rui estiveram juntos na AA.

André vive o que sempre sonhou para ele e para o irmão, diz que as conquistas que alcança são de Ricardo também, ainda que nesta segunda-feira não seja bem assim.


Quem fica a ganhar na «balança comercial» entre a Luz e a Pedreira?
Rafa, a maior transferência de sempre entre clubes portugueses, é o símbolo maior da «troca de camisolas» entre Benfica e Sp. Braga. Mas ao longo de 13 anos de presidência de Vieira e Salvador já é possível estabelecer um padrão nos negócios entre os dois emblemas
Por Sérgio Pires     

Benfica e Sp. Braga voltam a defrontar-se esta segunda-feira (20h00), na Luz, para o jogo grande que encerra a 5.ª jornada da Liga.

Na última vez que o campeão nacional e o vencedor da Taça de Portugal se encontraram, há cerca de um mês e meio na decisão da Supertaça, no jogo que abriu a temporada (e que as águias venceram por 3-0), Rafa Silva ainda representava a equipa arsenalista e ainda não se tinha tornado na contratação mais sonante do defeso.

Agora, o extremo internacional português de 23 anos não vai defrontar a sua antiga equipa, já que por estar lesionado não é opção para Rui Vitória no Benfica. Ainda assim, aquela que foi a transferência mais cara de sempre entre clubes portugueses, no valor de 16,4 milhões de euros, é um dos motes para uma abordagem sobre do duelo que tem quase moldes de clássico.

António Salvador e Luís Filipe Vieira levam quase o mesmo tempo à frente dos dois clubes. O empresário da construção civil minhoto tornou-se presidente do Sp. Braga em fevereiro de 2003 e Vieira tornar-se-ia seu homólogo nos encarnados em outubro desse ano.

Ainda assim, a «balança comercial» entre a Luz e a Pedreira demorou até começar a funcionar.

Desde os primeiros tempos de Salvador em Braga que o parceiro principal nas cedências e empréstimos foi o FC Porto. No entanto, ao longo do tempo, o Benfica foi ganhando preponderância e nos últimos anos e dois dos raros alvos que Vieira conseguiu desviar das garras de um dragão que foi sendo mais voraz na abordagem ao mercado durante anos vieram de Braga: Lima, em 2012/13, e agora Rafa Silva.

Os dois clubes que, em diferentes patamares, se tornaram principais parceiros no mercado nacional do «superagente» Jorge Mendes foram-se aproximando nos tempos mais recentes, a tal ponto que é possível estabelecer um padrão nos negócios entre si.

Djavan foi o único investimento bracarense

Nestes cerca de 13 anos da era Salvador-Vieira sete jogadores rumaram de Braga para Lisboa. Em sentido contrário, seguiram onze jogadores.

Nessas mais de duas mãos cheias de reforços Salvador gastou quase nada. O único reforço contratado ao Benfica por um valor significativo foi Djavan, que faz parte do plantel atual de José Peseiro, onde estão os ex-benfiquistas Rui Fonte e Benítez, cedidos a título definitivo e por empréstimo, respetivamente, no negócio de Rafa.

Em agosto de 2014, Djavan custou um milhão de euros por 60 por cento do passe aos cofres da SAD arsenalista, porém, os restantes jogadores provenientes da Luz foram cedidos por empréstimo ou chegaram em final de contrato. Ou seja, chegaram a «custo zero».

Isso quer dizer que o Sp. Braga ficou a ganhar na relação de mercado que teve com o Benfica? Não propriamente...

É verdade que os bracarenses quase não investiram nas contratações de ex-benfiquistas, mas também é um facto que esses faziam quase sempre parte da lista dispensáveis na Luz e em Braga não foram muitos os que fizeram carreira.

Rafa: a fatia de leão num bolo de 23 milhões

Por seu lado, o Benfica contratou em Braga apenas sete jogadores desde que Vieira é presidente e na grande maioria das vezes pagou pela transferência. A fatia de leão dos quase 23 milhões de euros investidos pelas águias corresponde precisamente ao negócio de Rafa, cobiçado por FC Porto e ainda por Sporting.

Ao longo dos tempos, foram raras as compras na capital minhota que se podem chamar de maus negócios. A primeira venda de Salvador para o Benfica foi Quim por 1,4 milhões de euros. A verdade é que o guarda-redes, que voltaria a Braga (a custo zero, lá está) sete épocas depois, seria uma peça importante logo na sua primeira época na conquista do campeonato de 2004/05.

Tal como o foi, embora com menor preponderância, no título encarnado de 2009/10 César Peixoto, o único reforço que Jorge Jesus levou consigo quando trocou de banco. Ou sobretudo Lima, avançado brasileiro que chegou a troco de quatro milhões de euros em 2012/13 e foi determinante para o bicampeonato do Benfica em 2013/14 e 2014/15.

Já neste defeso, enquanto Benítez e Rui Fonte seguiam para Lisboa, do Minho para a capital registaram-se a sonante e dispendiosa contratação de Rafa e a estranha, porque inédita, cedência do médio-defensivo brasileiro Danilo Barbosa, que é representado pela Gestifute de Jorge Mendes.

Esta época ajudará a perceber ainda melhor quem fica a ganhar na balança comercial entre a Luz e a Pedreira.

DA PEDREIRA PARA A LUZ

Quim   2004/05   1,4 M€
Luís Filipe   2007/08   0,5 M€
César Peixoto   2009/10   0,4 M€
Artur Moraes   2011/12   Custo zero
Lima   2012/13   4 M€
Danilo   2016/17   Empréstimo
Rafa Silva   2016/17   16,4 M€

DA LUZ PARA A PEDREIRA

Marcel   2006/07   Empréstimo
Jaílson   2007/08   Empréstimo
Miguelito   2007/08   Custo zero
Quim   2010/11   Custo zero
Nuno Gomes   2011/12   Custo zero
Michel   2012/13   Empréstimo
Hugo Vieira   2013/14   Empréstimo
Djavan   2014/15   1 M€
Dolly Menga   2014/15   Não divulgado
Rui Fonte   2015/16   Empréstimo*
Óscar Benítez   2016/17   Empréstimo**
*Cedido em definitivo na época 2016/17

**Emprestado como «moeda de troca» no negócio Rafa Silva

Maisfutebol

Bruno3429

Liderança à distância de uma vitória
Texto por Rodrigo Coimbra

Benfica e Braga encerram a 5.ª jornada da Liga NOS, esta segunda-feira, em jogo marcado para as 20 horas, no Estádio da Luz. Esta será a segunda vez que as duas equipas vão medir forças esta temporada, depois de os encarnados terem conquistado a Supertaça Cândido de Oliveira aos minhotos (3x0).

O encontro assume particular destaque na agenda desportiva portuguesa, uma vez que, em caso de se verificar um resultado que não o empate, a liderança do campeonato português muda de mãos. A derrota do Sporting em Vila do Conde (3x1) abre caminho para o topo da classificação, algo que, certamente, águias e minhotos vão querer aproveitar.
No lançamento do encontro, José Peseiro, treinador do Braga, entregou o favoritismo aos homens de Rui Vitória, ciente das dificuldades que é jogar frente aos tricampeões nacionais, equipa com «outras condições e orçamento». Já Rui Vitória elogiou a equipa do Braga, antevendo um bom espetáculo entre as duas equipas.

O Benfica tem o foco apontado para o objetivo de oferecer a primeira vitória, em casa, aos seus adeptos. Os encarnados empataram com V. Setúbal (1x1) e Besiktas (1x1) e vão querer inverter este registo. Pela frente, um Braga com algumas baixas de vulto mas muito motivado para lograr a terceira vitória consecutiva fora de portas (Estoril e V. Guimarães).

A história diz-nos que, em jogos do campeonato, o Braga só venceu uma vez em casa do Benfica, em jogos a contar para a Liga prtuguesa: época 1954/55.

A diferença passa por...

BENFICA
Mitroglou

Boas notícias para Rui Vitória. O treinador dos encarnados volta a contar com Mitroglou, depois do avançado helénico ter falhado os dois últimos compromissos da equipa por lesão. O atacante acrescenta poder de fogo ao Benfica e é sinónimo de... golos. Reforço muito importante para a receção ao Braga.

BRAGA
Pedro Santos

Pedro Santos vive, provavelmente, o melhor momento desde que chegou a Braga. O extremo agarrou com unhas e dentes um lugar no onze bracarense, aproveitando da melhor maneira a saída de Rafa para... o Benfica. A capacidade de explosão é uma das maiores armas deste jogador que já leva três golos na Liga NOS 2016/17.

"Revolução na equipa? Isso é algo que não vai acontecer de uma forma vincada. O tempo de recuperação que as equipas portuguesas têm permite recuperar jogadores de um jogo para o outro. Como é óbvio não irei dizer mais nada porque isso seria dizer algo mais ao Braga que agora não interessa"
Rui Vitória

"O Benfica é o campeão, que nos venceu na Supertaça, que tem outros recursos e que é favorito para o jogo. No entanto, nós também estamos aqui. Estamos motivados para vencer num estádio que terá um grande ambiente, frente a um adversário poderoso"
José Peseiro

Sabia que...

2
VITóRIAS

SC BRAGA
O SC Braga venceu os dois jogos que fez fora de casa neste campeonato.

16
JOGOS

BENFICA
O Benfica não perde no campeonato há 16 jogos (15 vitórias e um empate).

72
éPOCAS

HISTóRICO
Em jogos do campeonato, o SC Braga só venceu uma vez em casa do Benfica: foi em 1954/55, quando venceu por 0x1, com um golo do argentino Imbelloni.

Zerozero

Bruno3429

Benfica-SC Braga encerra 5ª jornada e liderança pode mudar

Os tricampeões em título e os 'arsenalistas' têm 10 pontos, menos dois do que o Sporting, conjunto derrotado domingo pelo Rio Ave, por 3-1, em Vila do Conde.

Benfica e Sporting de Braga poderão assumir hoje a liderança isolada da I Liga de futebol, caso um saia vencedor da partida no Estádio da Luz (20:00), que encerrará a quinta jornada da prova.

Para a partida, que será arbitrada por Jorge Sousa (Porto), Rui Vitória volta a poder contar com os avançados Mitroglou e Luka Jovic, mas continua sem meia dúzia de nomes sonantes do plantel, todos lesionados: Jonas, Rafa, Danilo, Samaris, Jardel e Raul Jiménez.

Os 'arsenalistas' também estarão privados de alguns futebolistas, nomeadamente Djavan, Velázquez, Ricardo Ferreira, Luís Aguiar e Oti (todos lesionados) e Benítez (emprestado pelo Benfica).

Ricardo Horta recuperou da virose que o impediu de jogar, quinta-feira, frente ao Gent, para a Liga Europa, mas contraiu uma entorse e a sua utilização é duvidosa.

Resultados da quinta jornada da I Liga de futebol:

- Sexta-feira, 16 set:

Nacional – Marítimo, 2-0.

- Sábado, 17 set:

Estoril-Praia – Moreirense, 2-0.

Vitória de Setúbal – Paços de Ferreira, 1-4.

Vitória de Guimarães – Belenenses, 1-1.

- Domingo, 18 set:

Arouca – Desportivo das Chaves, 0-1.

Boavista – Feirense, 1-2.

Tondela – FC Porto, 0-0.

Rio Ave – Sporting, 3-1.

- Segunda-feira, 19 set:

Benfica – Sporting de Braga, 20:00 (BTV).

Sapodesporto

JotaCC

Benfica e Braga atacam liderança
Empate dos dragões em Tondela e desaire dos leões em Vila do Conde abrem caminho a mudanças no topo da classificação

O Benfica regressa hoje (20 horas) à Luz, palco onde ainda não conquistou qualquer triunfo em 2016/17. O jejum de dois jogos consecutivos sem ganhar em casa é novidade na era de Rui Vitória. E para encontrar sequência de três duelos seguidos sem vencer é necessário recuar a dezembro de 2008, ainda sob o comando de Quique Flores. De qualquer forma, depois da derrota do Sporting, se não houver empate, Benfica ou Braga sairão, esta noite, isolados da Luz.
Técnico defendeu departamento clínico e recusou "caça às bruxas"
"Faz hoje um ano que a questão era a de que o Benfica não marcava fora. Ninguém é campeão nem deixa de o ser à quinta jornada. Vamos à procura da vitória e havemos de ganhar muitas vezes", assumiu Rui Vitória.
O treinador já pode contar com Mitroglou e Jovic, jogadores que ultrapassaram os problemas físicos que os inibiam.
O regresso dos avançados revelou-se uma boa nova para o técnico, que saiu em defesa do gabinete clínico.
"Só existe um megadepartamento, que é o Benfica, e nunca estivemos à procura de responsabilidades. Aqui, não há caça às bruxas. Houve um conjunto de lesões perfeitamente identificado e justificado", observou.
No entendimento do técnico, os inúmeros problemas físicos "são acasos". "Coisas que aconteceram todas ao mesmo tempo. Não desejo mal a ninguém, mas isto é o futebol e vai acontecer a outras equipas, mais à frente. Não há atenção especial com qualquer departamento. Somos todos um corpo só", acentuou. Por outro lado, elogiou o Sporting de Braga, oponente desta noite.
No plano estatístico, a vantagem sorri claramente aos encarnados. As equipas defrontam-se na casa benfiquista pela 68.ª vez na principal prova nacional. As águias só perderam em duas ocasiões, registaram-se 12 empates e triunfaram 53 vezes.



"Temos de fazer um jogo muito bom para ganhar"

As muitas ausências por lesão não tiram ambição a José Peseiro para o duelo desta noite com o Benfica. "Só temos dois laterais, dois centrais e dois extremos, mas sabemos o que valemos, temos confiança e estamos motivados", referiu o treinador bracarense, na antevisão ao jogo no Estádio da Luz. José Peseiro atribui favoritismo às águias, salientando que só um jogo "muito bom" permitirá aos arsenalistas chegar à vitória. "O Benfica é o campeão, venceu-nos na Supertaça, tem outras condições, orçamento e recursos. Temos de fazer um jogo muito bom para vencer na Luz, contra um adversário poderoso", realçou Peseiro, que quer uma equipa "compacta, organizada, comprometida e pressionante".

JN

JotaCC

Do primeiro estrangeiro na Luz ao negócio mais caro de sempre
Brasileiro Jorge Gomes é um elo da ligação entre Sp. Braga e Benfica, uma relação comercial que teve agora o ponto alto com Rafa

Rafa, que custou 16 milhões de euros ao Benfica, está lesionado

Sente-se o orgulho na voz de Jorge Gomes quando este se gaba, em tom de brincadeira, de ter sido ele a "abrir as portas do Benfica à estrangeirada toda". O homem que quebrou uma tradição com 75 anos, tornando-se o primeiro jogador estrangeiro a vestir a camisola das águias, partilha o amor pelo Sp. Braga. É apenas mais um eixo de ligação entre os dois clubes que hoje (20.00, BTV ) se defrontam na Luz, resultado dos múltiplos negócios que levaram a cabo ao longo das últimas décadas.
Quatro anos após a revolução do 25 de Abril, o Benfica aprovou, em assembleia geral, a possibilidade de contratar jogadores de outras nacionalidades. O brasileiro Jorge Gomes, então no Boavista, foi o eleito para derrubar esse preconceito. A sua contratação, no verão de 1979, ficou marcada por uma disputa que se foi prolongando até à atualidade. O Sporting tentou levá-lo para Alvalade, mas o seu destino acabou por ser a Luz. Duas épocas depois, rumou a Braga – onde vive ainda hoje.
Essa será, provavelmente, a sua única semelhança com Rafa, a mais recente – e badalada – transação entre benfiquistas e arsenalistas. É que o jovem avançado, que no último defeso protagonizou a transferência mais cara da história entre clubes portugueses (16 milhões), também era cobiçado pelos leões. Coincidência ou não, mudou-se igualmente para as águias, tentando preencher a linha de sucessão da dinastia de bracarenses que fizeram sucesso no Benfica.
Este século tem sido pródigo em negócios produtivos entre os clubes liderados por António Salvador e Luís Filipe Vieira, embora o primeiro também seja próximo do líder do FC Porto. As boas relações entre o superempresário Jorge Mendes e ambos os dirigentes ajudam a explicar muitas destas transações. Além de Rafa (lesionado, não pode jogar hoje), houve outro jogador a trocar a Pedreira pelo Seixal durante a última janela de transferências: o médio Danilo, por empréstimo.
Houve muitos outros a percorrer o mesmo caminho, uns mais bem sucedidos do que outros (ver quadro). Tiago, hoje no Atl. Madrid, é um dos casos mais gritantes. Aterrou no Benfica em 200102, acompanhado por Armando Sá e Ricardo Rocha, que só se juntou a eles na época seguinte. Fez sucesso de águia ao peito e ainda encheu os cofres da Luz, dois anos depois, ao transferir-se para o Chelsea por 12 milhões de euros.
Na baliza houve dois exemplos de sucesso. Quim chegou em 2004-05 para a titularidade na baliza encarnada, fazendo o caminho inverso seis anos depois. Precisamente na temporada em que Artur Moraes seguiu para o Benfica, também ele proveniente de Braga. Em 2012-13 foi a vez de Lima, avançado brasileiro que contribuiu para dois títulos na Luz, com Jorge Jesus. Mas também houve negócios menos proveitosos, como o do lateral Luís Filipe (em 2007-08).
No sentido contrário, a tendência é outra. Tal como aconteceu com Jorge Gomes, em 1981, o Sp. Braga tem resgatado alguns elementos que não têm lugar no plantel do Benfica. Os exemplos multiplicam-se nos últimos anos, entre empréstimos e cedências definitivas.
De Michel a Ruben Amorim, passando por Miguelito, Djavan, Hugo Vieira, até Nuno Gomes – hoje na estrutura encarnada – cumpriu esse trajeto, a custo zero, já na reta final da sua carreira. Neste ano, foi a vez de Benítez (cedido) e Rui Fonte se transferirem para os arsenalistas. Teima com Eriksson ditou o adeus "Já na altura as relações entre o Benfica e o Sp. Braga eram muito boas", relembra ao DN Jorge Gomes, que viu uma teima com o treinador sueco Sven-Goran Eriksson precipitar o final da sua passagem
Nome Rafa jogou a última Supertaça, em agosto, ainda com a camisola do Sp. Braga, mas mudou-se para a Luz entretanto, no maior negócio de sempre entre clubes nacionais
Época pelos encarnados. "Ele queria que eu jogasse numa posição que não era a minha e eu recusei. Cheguei a jogar a trinco no Benfica, até a extremo... Mas ali não era a minha praia", recorda ao DN. "Na altura, podia ter ficado, mas não ia jogar. Então apareceu a oportunidade de ir para Braga e aceitei", conta o ex-avançado, agora com 62 anos.
Jorge Gomes continua a viver em Braga, onde descobriu uma nova paixão: o andebol. É que o seu filho André, de 18 anos, já dá cartas na equipa sénior do ABC. Ainda assim, acompanhou de perto a evolução do futebol português. "No meu tempo, o Sp. Braga não tinha esta dimensão nem estas condições. No inverno, por vezes, tínhamos de tirar as camisolas, encharcadas, e torcê-las para voltarmos para segunda parte. Hoje em dia, só não joga bom futebol quem não quiser", atira.
No duelo de hoje, o brasileiro só espera "que vença o melhor". Em todo o caso, não esconde uma pequena predileção pelas águias. "Gostei de todos os clubes por onde passei. Uns mais, outros menos. Tenho uma ligeira preferência pelo Benfica devido a essa história. Quebrei uma tradição com 75 anos e fiquei marcado no clube. Fui eu que abri as portas à estrangeirada toda", relembra, sorridente.

DN

sedas

#7
ENTREVISTAS TRIBUNA

Karoglan: "Antigamente quem marcava ao Benfica era um herói"

Quem viu futebol nos anos 90 de certeza que nunca mais esqueceu um dos grandes avançados que passou pelo campeonato português: Mladen Karoglan, ex-bracarense que se lembra bem da sensação de marcar ao Benfica - e esta noite há Benfica-Braga (20h, BTV1)



Mladen Karoglan (à direita) jogou no Sporting de Braga entre 1993/94 e 1998/99, época em que se reformou

http://tribunaexpresso.pt/entrevistas-tribuna/2016-09-19-Karoglan-Antigamente-quem-marcava-ao-Benfica-era-um-heroi
Falamos em português?
Claro, estou velhote mas ainda sei. Se não perceber, eu digo-te.

O que andas a fazer agora?
Agora sou olheiro, vou vendo muitos jogos aqui em Zagreb e pela Croácia. E tenho um filho que vai ser jogador, han? Ele pode ir para Portugal, tem muita qualidade.

Não me digas que é avançado.
É igual [a mim], é avançado. Joga na 2ª divisão, tem 19 anos. Mas tem de ser melhor do que o pai.

Dás-lhe conselhos para marcar mais?
Ele ainda tem de conhecer mais coisas, ser mais formado, não é assim que se diz? Mas tem caraterísticas.

Está com uma boa idade para vir para Portugal.
Agora um jogador com 25 anos já é velho [risos]. Imagina eu que fui para Portugal com 26 ou 27, já estava acabado. Hoje mudou muito.

Lionel Messi? Não: Mladen Karoglan
Lionel Messi? Não: Mladen Karoglan ARQUIVO VISÃO
Se jogasses hoje era tudo diferente?
Não percebi.

Se fosses jogador hoje em dia, achas que seria tudo muito diferente na tua carreira?
Ah, tudo, tudo, claro. E digo-te que 30 anos é a melhor idade para jogar, é quando percebes melhor as coisas. Mas agora qualquer jogador já é jogador em jovem. Football is business, é vender, vender. É outro tempo, pá. Se sabes jogar hoje, estás safo para a vida. Agora até na China... Todo o mundo quer jogadores.

Quanto vieste ganhar para o Chaves?
Ah, achas que me lembro disso? Isso é do antigamente, o que passou passou. Já não tenho idade para me lembrar [risos].

E de marcar ao Benfica, lembras-te?
Disso lembro-me bem, sim, gostava muito de jogar contra o Benfica, o melhor clube de Portugal. Davámos tudo para ganhar aqueles jogos, eram grandes momentos. Antigamente quem marcava ao Benfica era um herói. Agora é tudo diferente, não é? Mas o Braga também é melhor hoje, é uma boa equipa, grande.

E quando é que marcaste ao Benfica então?
Olha, foi na meia-final da Taça, dois golos, há um vídeo na internet, vai ver.


Já vi, um de livre e outro de cabeça.
Foi uma grande alegria, uma festa. O estádio estava cheio, muita gente a festejar, foi um dia para não esquecer. E o Benfica era muito forte, não era fácil marcar ao Preud'homme. Eles tinham grandes nomes, não me lembro se nessa altura ainda estava o Caniggia também. Mas era desses jogos que eu gostava mais.

A final da Taça é que não correu tão bem.
Foi contra o Porto e o árbitro foi amigo do Porto [risos]. Mas eles também eram mais fortes, tinham grandes jogadores, mereceram ganhar. Lembro-me que foi uma festa muito bonita.

Já voltaste lá depois disso.
Voltei a Portugal no ano passado, o Braga convidou-me para ver a final da Taça contra o Sporting. Mas vejo tudo na televisão. Gosto muito de Portugal e nunca vou esquecer as gentes de Braga, tenho muitos amigos. Braga é como se fosse a minha terra e Portugal também. Gosto muito de ver aqui os portugueses na Croácia, antes estava o Tonel, o Eduardo... Agora é só o Paulo Machado, é bom jogador e boa gente. Hoje em dia é tudo perto, não é como antigamente.

Quando te mudaste para Portugal era mais complicado.
Claro, mas foi melhorando porque foi na altura que começaram os telemóveis [risos]. Há muito tempo. Também gostei muito de Chaves.

Sabias que o Chaves está de volta à 1ª divisão?
Sabia, sabia, e a vender bilhetes por 80 mil euros, não é?

80 euros. Estás bem informado.
Isso. 80 euros é muito para ver um jogo, nem acreditava quando li. Como digo, aqui estamos todos sempre informados, vemos os jogos na televisão e tudo.

E os clubes aqui também andam informados sobre os jovens croatas.
Pois é, viste o Kalaica? Acho que ainda não jogou mas é bom central, é meu amigo. Agora há muitos croatas em Portugal e portugueses na Croácia. Mesmo em turismo, vejo aqui muitos portugueses.

Reconhecem-te?
Já me reconheceram, sim. Mas só os velhotes [risos]. Os novos já não sabem quem sou.

Expresso

JotaCC

BENFICA É O MELHOR CLIENTE DO BRAGA
Rafa foi o último negócio entre os dois adversários de hoje; Benfica tem conseguido rentabilizar os jogadores contratados ao Braga

Braga: os arsenalistas também "lucraram" com o regresso de Quim e o empréstimo de Rúben Amorim

O Benfica tem contratado sempre bem em Braga, com Tiago e Lima como expoentes máximo desse aproveitamento desportivo; Rafa e Danilo procuram manter a tradição de sucesso na Luz


O Braga recebeu 14 jogadores do Benfica durante este século, mas só teve de pagar um milhão de euros, pelo passe de Djavan

O maior negócio interno da história do futebol português aconteceu este verão, quando, após longas e duras negociações, o Benfica aceitou pagar ao Braga 16 milhões de euros por 90% do passe de Rafa – a restante percentagem foi negociada diretamente entre Luís Filipe Vieira e António Araújo, empresário que detinha um décimo dos direitos económicos do internacional português. Só nesta transferência, o Benfica aceitou pagar quase o dobro do que tinha gasto nas restantes nove que tinha acertado com o Braga ao longo deste século (8,795 milhões de euros), com o acréscimo de ter conseguido um excelente rácio de aproveitamento desportivo relativamente aos jogadores provenientes de Braga.
O primeiro grande negócio entre os dois clubes aconteceu em 2002, numa altura em que António Salvador ainda não tinha chegado à presidência do Braga, e envolveu as transferências de Armando Sá, Ricardo Rocha e Tiago para o Benfica. Depois seguiram-se Quim, Luís Filipe, César Peixoto, Artur Moraes e Lima. Na prática, todos estes jogadores somaram vários jogos no clube da Luz, independentemente da maior ou menor importância que acabaram por ter no clube.
Em sentido inverso, o Braga também beneficiou desportivamente de jogadores que chegaram do Benfica, como são os casos de Quim (regressou em 2010), Nuno Gomes ou Rúben Amorim, já para não falar de Djavan, o único que, segundo os dados oficiais conhecidos, rendeu efetivamente dinheiro aos encarnados, no caso um milhão de euros.
Esta época, e para além de Rafa, as trocas entre os dois clubes envolveram mais três jogadores: a ida de Danilo para a Luz (emprestado) e de Rui Fonte (título definitivo) e Óscar Benítez (emprestado) para o Minho. Curiosamente, nenhum deverá ser utilizado hoje, e só mesmo o avançado português está entre os convocados dos arsenalistas.



Sempre a crescer à boleia dos grandes
Desde o início do século, o Braga recebeu 46 milhões de euros com a venda de jogadores a Benfica, FC Porto e Sporting

O FC Porto deixou nove milhões de euros em Braga na compra de dois jogadores: o defesa Boly e o avançado Orlando Sá (três milhões de euros)
O Sporting pagou oito milhões de euros ao Braga pelas contratações de João Alves (dois milhões), João Pereira (três milhões) e Evaldo (três milhões)


O Benfica é o clube que mais dinheiro deixou em Braga, mas, do ponto de vista desportivo, tem sido a relação com o FC Porto a que mais beneficia o clube minhoto. Alan e Josué são os melhores exemplos

O crescimento do Braga nos últimos anos pode começar a ser explicado com os negócios, quase sempre bons, que o clube tem conseguido fazer com os três grandes desde o início do século. Do posto de vista financeiro, a balança beneficia claramente os arsenalistas, que encaixaram quase 46 milhões de euros em vendas e gastaram pouco mais de dois milhões em compras. O Benfica é o clube que mais dinheiro deixou em Braga (24,975 milhões de euros), seguido do Sporting (10,99 milhões) e FC Porto (9,75 milhões, seis deles com a recente aquisição de Boly).
No sentido inverso, o Braga tem ficado a ganhar sobretudo com os jogadores que chegam do Dragão. São muitos (22) desde o início do século, quase todos a custo zero ou emprestados – só mesmo a compra de Luís Aguiar obrigou os minhotos a deixar 600 mil euros nos cofres do FC Porto. O melhor exemplo deste aproveitamento está em Alan, provavelmente o melhor jogador da história do Braga, que chegou a custo zero depois de ter sido dispensado pelos portistas. Mas há mais exemplos de sucesso para os minhotos, como são os casos de Josué, na época passada (marcou um golo na final da Taça de Portugal...), Miguel Lopes, Ukra ou Rentería, todos emprestados, ou Beto e César Peixoto, que chegaram ao clube a custo zero, para além do já referido Alan.
Em termos práticos, pode concluir-se que é com o Benfica que o Braga tem feito mais dinheiro, ainda que, como se pode constatar no texto aqui ao lado, sempre com jogadores que acabaram por se revelar úteis ao clube da Luz; em contraponto, e analisando apenas o aspeto desportivo, tem sido com o FC Porto que os arsenalistas mais têm ficado a ganhar, através das já referidas cedências, temporárias ou definitivas, de jogadores de qualidade.
Na relação com o Sporting, que tem sido a mais discreta ao longo dos últimos anos, destaque para os encaixes efetuados com as vendas de João Alves (dois milhões de euros), João Pereira (três milhões) e Evaldo (três milhões), e ainda para a compra de Nuno André Coelho por cerca de meio milhão de euros.



PESEIRO VAI COM 3-0 A SEU FAVOR

Até hoje, em jogos da I Liga, nenhuma equipa treinada por Rui Vitória conseguiu vencer um onze orientado por José Peseiro. Em três jogos, o atual treinador do Braga levou sempre a melhor, o que não preocupa Vitória. "O papel de um treinador é importante, mas este jogo vai ter vida própria. Nestas coisas, não há dados absolutos, há é duas equipas boas: nós comum a vontade muito grande de que o jogo venha e de o ganhar, e do outro lado uma outra equipa com qualidade, também como mesmo objetivo. Mas esse tipo de coisas pouco ou nada me interessa abordar."

O JOGO

JotaCC

"Quero passar um bom bocado na Luz"
José Peseiro promete uma equipa ambiciosa, com vontade de ter bola e nada remetida à defesa, sabedor de que uma postura inversa contra o Benfica será o caminho mais curto para uma noite de fracasso

Decidido a pontuar na visita à Luz, Peseiro assume que o Braga quer replicar o bom futebol praticado na Supertaça e lembra que, tal como Rui Vitória, também se depara com vários impedimentos



Os princípios de jogo de José Peseiro, que sempre valorizou a posse de bola e o futebol de ataque, não são para aplicar exclusivamente contra equipas pequenas. Os grandes não se livram do mesmo tratamento de choque, como se viu na Supertaça, e a repetição está marcada para esta noite, frente ao Benfica, embora com o treinador a torcer por um resultado positivo para o Braga. "Temos uma equipa muito compacta e organizada, pressionante com e sem bola. Quando tivermos a bola, vamos desfrutar disso, sabendo que vamos jogar com menos posse de bola, apesar de na Supertaça termos tido tanta ou mais posse de bola do que o Benfica. Tendo a bola, podemos gerir bem os momentos do jogo. É que quem vai ao Estádio da Luz para dar a iniciativa de jogo ao adversário, cingindo-se a defender, passa sempre por um mau bocado. E nós queremos passar um bom bocado, disputando o jogo até ao fim", anunciou.
Em igualdade pontual no campeonato, Benfica e Braga até podem sugerir semelhanças, mas não passarão de gémeos falsos. Palavra de Peseiro. "O Benfica é o campeão, venceu-nos na Supertaça e tem outras condições, pelo que é favorito para este jogo. Mas sabemos o que valemos, estamos confiantes e motivados para fazer um jogo muito bom num ambiente fantástico. Tenho jogadores de qualidade para discutir o resultado", estimou o treinador, rejeitando a ideia de que a atual onda de lesões do Benfica aumentará as possibilidades de êxito do Braga. "As lesões dos jogadores do Benfica são um problema do Benfica e do Rui Vitória. Certamente que ele gostaria de ter todos os jogadores à disposição e eu também. Só temos dois laterais disponíveis, o Velázquez lesionou-se ainda ontem e só tenho aptos três centrais. O Benítez e o Oti também não podem jogar e, por isso, só tenho dois extremos. Independentemente dos jogadores indisponíveis, o Benfica e o Braga têm responsabilidades e devem fazer um bom jogo, com o objetivo de vencer", analisou.
As dúvidas não param, todavia, de assaltar a mente de José Peseiro. O leque de opções ainda não está totalmente definido e, por isso, o treinador assume que hesita entre os modelos táticos em 4x3x3 e em 4x2x3x1. "Amanhã [hoje], é que vou ver, até porque o Ricardo Horta sofreu uma entorse ontem [anteontem], depois de ter recuperado de uma virose. Hoje [ontem], treinou um pouco, os sinais foram positivos, mas vamos ver se poderá jogar. Isso poderá determinar um pouco a nossa estratégia para o jogo no Estádio da Luz", confessou, embora ressalvando ter "total confiança" nos jogadores convocados. "Quem for escolhido terá toda a minha confiança, tal como terão os outros que vão para o banco de suplentes", juntou.


"Só pedi tolerância para os novos..."

Os reparos que José Peseiro fez aos assobios dos adeptos no fim do jogo com o Gent, para a Liga Europa, desenterrou um estigma antigo. Nem sempre o treinador foi uma figura popular entre os bracarenses, mas a "especulação" também o persegue, como fez questão de lembrar o próprio. "Estigma? Até me agrada essa especulação, porque é sinal de que o Braga é mesmo grande. Esse tipo de especulações só se verificam em clubes grandes. Eu sei que a especulação vende e se isso acontece é porque o Braga vende. É o que acontece com os grandes clubes. Fico contente e satisfeito com isso. O que eu quis dizer é que o Braga perdeu quatro jogadores muito importantes e recebeu outros, em quem confio muito. Queremos fazer uma equipa tão forte como a do ano passado, mas os jogadores que chegaram precisam de alguma tolerância. E isso não é falta de exigência. Precisam de um ambiente favorável para expressarem a qualidade que têm. Somos uma equipa responsável que quer ter sucesso. Esses jogadores precisam de apoio ao longo dos jogos e foi isso que pedi aos adeptos, mesmo sabendo que por vezes isso pode ser impossível. Este meu apelo é normal no resto do mundo. De resto, já tenho experiência e idade suficientes para entender as opiniões dos adeptos", argumentou o treinador.



PREFERIA LEVAR COM RAFA
Treinador queria reencontrar Rafa, que está lesionado, até porque defende que os "melhores" levam mais gente aos estádios

Cabeça de cartaz do atual Benfica, ou não tivesse sido a contratação interna mais cara deste verão, mas também da história do futebol português, o ex-bracarense Rafa não poderá alinhar contra o Braga devido a problemas físicos. Uma certeza que, no entanto, foi tudo menos um alívio para José Peseiro. "Preferia que ele jogasse, eu vejo o futebol de outra forma. Até posso andar enganado, mas gosto de defrontar os adversários sempre com os seus melhores jogadores. Não quero mal ao adversário, antes quero ser melhor do que o adversário e ganhar. Só os grandes espetáculos chamam mais gente e isso é bom para todos. E precisamos dos melhores para isso", defendeu.



Douglas Coutinho estreia-se na lista
Extremo brasileiro faz parte dos eleitos de José Peseiro para a Luz; Ricardo Horta está em dúvida

Recuperado de uma virose, Ricardo Horta foi chamado à condição, agora devido a uma entorse. Privado de seis jogadores, Peseiro requisitou Artur Jorge à equipa B para compensar a baixa de Velázquez

Ainda há caras novas por ver em ação do universo bracarense. Assegurado em cima do fecho do mercado, o avançado Douglas Coutinho é uma dessas incógnitas e o grande momento poderá estar próximo, pois entrou, pela primeira vez, na convocatória. Como a concorrência é apertada, na melhor das hipóteses irá para o banco de suplentes, tal como o central Artur Jorge, requisitado aos bês, e o médio Chidi, que também figuram como novidades na lista de José Peseiro. Condicionado agora por uma entorse, depois de ter recuperado de uma virose, Ricardo Horta foi chamado à condição, tudo apontando para que seja titular contra o Benfica se hoje não apresentar queixas. Nos planos do treinador não entram Velázquez, Ricardo Ferreira,Djavan, Luis Aguiar e Oti, todos lesionados, e ainda Óscar Benítez, cedido pelo Benfica, sendo o central uruguaio a baixa mais recente.Segundo uma nota do clube,Velázquez apresentou queixas no treino de sábado e o departamento médico acabaria por confirmar uma lesão muscular na coxa direita.


AUSENTES
6
Velázquez, Ricardo Ferreira, Djavan, Luis Aguiar e Oti estão lesionados, enquanto Óscar Benítez não pode defrontar o Benfica



Alerta vermelho na defesa
José Peseiro só tem quatro defesas para os próximos compromissos do Braga. Cenário está negro...

Baiano, Rosic, André Pinto e Goiano vão ser os quatro defesas titulares no jogo desta noite frente ao Benfica, mas também são os únicos que José Peseiro tem neste momento à sua disposição. Ricardo Ferreira, Velázquez e Djavan encontram-se lesionados, pelo que não sobra mais nenhuma alternativa para o sector mais recuado. O problema é que estas três lesões não são recuperáveis a curto prazo e o calendário apresenta quatro jogos num espaço de apenas duas semanas: Benfica, V. Setúbal, Shakhtar Donetsk e Arouca.
Ricardo Ferreira ainda tem pelo menos mais um mês de recuperação pela frente antes de começar a trabalhar no relvado, enquanto Djavan e Velázquez sofreram, esta semana, lesões musculares que necessitam, na melhor das hipóteses, de 15 dias para serem ultrapassadas.
Sendo assim, José Peseiro foi obrigado a convocar Artur Jorge, da equipa B, para o jogo da Luz, sendo o central o único defesa que sobra para além dos quatro titulares, não só nesta partida, mas nas restantes três que se seguem. Nas alas, e em caso de indisponibilidade de Baiano ou Goiano, Peseiro terá de recorrer a Wilson Eduardo. O cenário está negro...

O JOGO

JotaCC

Braga. Um borrego chamado Benfica
Fecha-se esta segunda-feira a 5ª jornada, na Luz, onde o Braga nunca ganha para o campeonato (a única vitória é no Jamor, em Outubro 1954). E falámos com um dos heróis bracarenses de há 61 anos.

O que é um borrego? É um substantivo. E um animal, claro. Borrego tanto é um carneiro até um ano de idade como uma pessoa excessivamente boa e pacífica, ou ainda um animal muito manso. Na gíria futebolística diz-se "matar o borrego" quando uma equipa ganha a uma outra não sei quantos anos depois. Acontece, por exemplo, com o Sporting no Bessa (21 jogos, de 1969 a 1990).

Na atualidade, qual é o maior borrego do futebol português? O do Belenenses em Alvalade. Dezembro de 1954, dia 26. Fixem bem esta data, é a da última vitória do Belenenses na casa do Sporting – daí para cá, 47 derrotas e sete empates no campeonato nacional (mais sete derrotas e dois empates para a Taça). É dia de Sporting-Belenenses para a 13.ª jornada, a última da primeira volta. Tanto um como outro fazem pela vida: o Sporting, tricampeão em título, perdera o primeiro lugar para o Benfica na jornada anterior, com o 2-2 na Covilhã, e o Belenenses fora derrotado nas Salésias pelo Braga, surpreendente 3.º classificado.

Com as obras do Estádio José Alvalade, inaugurado em junho 1956, o Sporting (2.º) joga no Jamor com o Belenenses (5.º). O árbitro é Inocêncio Calabote, de Évora. Ao intervalo, 0-0. Na segunda parte, há um jogador melhor que todos os outros juntos. A sua graça é Sebastião Lucas da Fonseca, vulgo Matateu. O 1-0 aparece aos 54', de cabeça, após cruzamento da direita de Di Pace e palmada (insuficiente) na bola de Carlos Gomes, o tal que se veste de preto em protesto com os "doutores" do futebol (dirigentes e afins).

Juca encarregar-se-ia de empatar aos 79', com um pontapé de primeira na sequência de um canto de Mendonça. Quando tudo indica 1-1, eis Matateu a dar o ar de sua graça. De um cruzamento de Dimas quase na bandeirola de canto, o avançado cabeceia ao poste e faz a recarga com o pé direito. No balneário do Sporting, o treinador Joseph Szabo anda de um lado para o outro. "Carago, este Matateu ainda vai ser o melhor marcador do campeonato." E não é que é mesmo? (à conta de 32 golos em 26 jogos).

Isto é o maior borrego, em matéria de jogos (54). Se formos procurar o maior borrego em anos de vida, aí o do Braga na Luz é superior ao do Belenenses em Alvalade. Pela diferença de dois meses. A data precisa é 31 outubro 1954. É há tanto tempo que Jesus até graceja com o facto durante a conferência de imprensa antes de um Benfica-Braga em 2014. "Isso nem é do tempo do Dom Afonso Henriques." Lá está, Jesus a ser Jesus. Mistura com graça com savoir-faire. E porquê? Jesus é precisamente de 1954. Posto isto, lançamo-nos na procura intensa sobre o paradeiro de algum sobrevivente desse heróico onze bracarense. Pai Manels, assim é conhecido no mundo da bola em Braga (e não há como dar a volta), arranja-nos o número de telemóvel da Dona Augusta. Quem? A esposa do Dono José Maria Vieira, homem dos seus 87 anos, recém operado à coluna. "Ai ele agora foi prò café, com o irmão, e já só volta à hora do comer." Ouro, isto é ouro. Aguardemos serenamente. Afinal, não é todos os dias que se fala com pessoas da idade ali entre o tempo de Dom Afonso Henriques e Jesus. É dose.

Quando o fisgamos, é um fartote. José Maria Vieira tem uma voz animada, bem-disposta. A acompanhar uma memória intacta. Assim, de repente, diz-nos a equipa de uma assentada. "Era o Cesário na baliza. Na defesa, o Antunes, eu e o Abel. No meio, Faria mais Pinto Vieira, ex-Porto. No ataque, o Baptista, depois um espanhol chamado Velez, o Imbelloni como avançado-centro, um miúdo chamado Gabriel e o veterano Corona, vencedor da Taça Latina pelo Benfica em 1950." Sem parar, José Maria Vieira solta o verbo sobre esse memorável um-zero. "Esse jogo continua aqui, na minha cabeça. Sabe quem marcou o golo?" Temos aqui Imbelloni. É verdade que ele é também o treinador? "Sim, sim. Ele era jogador-treinador. Tinha sido um jogador fabuloso no San Lorenzo, aquela equipa argentina que deu brado na excursão pela Europa nos anos 40, com vitórias sobre Benfica, Sporting, Belenenses, FC Porto, Real Madrid, Barcelona, seleção inglesa. Ganharam a todos e mais alguns. Imbelloni fazia parte dessa equipa e o Braga perguntou-lhe se queria treinar. Ele aceitou, veja bem." E o que aconteceu ao Braga? "O Imbelloni tinha 30 anos mas continuava em forma e impôs-nos o estilo argentino. O Braga daquele tempo jogava à bola como gente grande. Não metíamos a bola lá para a frente. Éramos refinados, de pé para pé. Por isso, demos cinco secos ao Benfica em janeiro 1954. Foi cá um festival. Só visto. Contado nem se acredita." Golos de Gabriel (13'), Teixeira (48'), Teixeira (53'), Gabriel (64') e Corona (65'). "Não satisfeitos com isso, ganhámos outra vez ao Benfica nesse mesmo ano de 1954."

Só nos falta descrever a jogada do golo do Imbelloni? "Nesse jogo, marquei o José Águas. Lembra-se dele? Era alto e elegante. Media 1,90 m. Eu só 1,70, mas ganhei-lhe sempre de cabeça. Às tantas, num canto, ele perguntou-me como é que eu saltava tão alto. Tenho molas nas botas, respondi-lhe na brincadeira. Bem, desarmei esse rapaz, o José Águas, corri uns metros, vi o extremo Baptista a desmarcar-se e meti-lhe a bola entre o central e o defesa-esquerdo. Ele vai à linha de fundo e cruza para trás, onde aparece o Imbelloni a rematar. Foi um golo muito, muito bonito." No Jamor? "Sim, na Catedral." Como? "O Jamor era então a Catedral. Um pouco parecido com o nosso 28 de Maio, depois 1ºMaio. Maior, claro, mas muito parecido na estrutura de pedra e tudo o mais. E a cidade de Braga em peso estava lá. Foram quatro ou cinco autocarros. Não havia cá carros nem foguetes, os comboios está a ver?, iam sempre em autocarros. Nós chegámos a Lisboa na véspera e ficámos uma noite no Hotel Suíço em Lisboa, ali na Baixa, ao pé da Calçada da Ajuda, à direita, não sei se está a ver?" Errrrrrr.

OBSERVADOR