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Entrevista a João Nuno Coelho

Started by Freitas, 08 de September de 2009, 11:41

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Freitas

Entrevista na revista VISÃO de 27 de Agosto a 2 de Setembro

João Nuno Coelho: Sociólogo, 39 anos, autor de três livros sobre futebol nacional (dois deles em parceria), trabalha, actualmente, no projecto Football Ideas, dedicado à análise, estatística e história do desporto-rei. Com as ligas profissionais já em marcha, uma conversa á flor da relva.
Por Miguel Carvalho

Partindo das estatística dos últimos anos, que leituras se podem fazer em relaçao á liga que está a começar?

Não sendo os dados completamente objectivos, a estatística é um bom ponto de partida. e há pormenores que explicam muito. Nas últimas três épocas, o fcporto rematou sempre mais três vezes do que o benfica e sporting, fez mais passes que resultaram em jogadas perigosas e mais recuperações de bola no meio-campo adversário. O benfica e o sporting têm mais recuperações de bola mas fazem-no mais atrás. Esta época jorge jesus parece querer adaptar ao benfica um estilo de jogo semelhante ao de jesualdo ferreira: pressão alta e transições rápidas. Se o fizer, será um adversário muito difícil.
O fcporto perdeu lucho e lisandro, cuja importância, nos quatro anos do tetra, foi impressionante: a equipa marcou por 240 vezes e os dois argentinos valiam quase 50% em assistências e golos. No sporting, a manutenção da estrutura pode ser uma vantagem. Mas o modelo parece previsível e os jogadores revelam algum cansaçode paulo bento ou da forma como ele joga.

Os "grandes" têm treinadores portugueses. O dado é relevante?

Mais relevante ainda é o facto de, nesta época, as 32 equipas das duas ligas profissionais terem treinadores portugueses. É o ano de ouro do treinador português. O conhecimento profundo de um campeonato, do estilo de jogo das equipas dos outros treinadores e até da dimensão do campo do adversário foram factores devisivos para a mudança. A qualidade de formação dos treinadores portugueses também melhorou muito, sejam eles mais ou menos "científicos". Hoje, mesmo a "velha guarda" apoia-se muito nos jovens com outra formação e incluem-nos nas suas equipas técnicas.

Que outro tipo de curiosidades nos revelam as estatísticas dos últimos campeonatos?

Dizem-nos, por exemplo, que, nos últimos três anos, porto, benfica e sporting perderam capacidade ofensiva. Rematam menos e com cada vez menos perigo. A qualidade do jogo e a sua espectacularidade têm vindo a diminuir.E mesmo estando sempre a queixar-se das arbitragens, o facto é que, juntos, tiveram, nos últimos três anos, praticamente o mesmo número de penaltis a favor. Reduzido, isso sim, continua a ser o número de penalidades marcadas contra os "grandes".

O futebol português é sustentável?

O problema não está nos orçamentos. No geral, mantêm-se. O mal está nas receitas. Há uma grande dependência das verbas das transmissões televisivas que estão "congeladas". Mas também é preciso baixar o preço dos bilhetes, atrair jovens e crianças com bilhetes comparticipados junto das escolas, por exemplo. E, antes de tudo, se não houver uma ligação muito forte entre o adepto e o clube da terra, por razões de identidade local, a sustentabilidade do futebol nacional estará em risco.

Sendo treinador das escolinhas do Averomar Futebol Clube, como lida com as ilusões dos miúdos, num mundo que mediatiza um Ronaldo de forma avassaladora?

Pois, todos dizem que vão jogar no porto, no manchester, no chelsea...dizer-lhes que só cinco ou seis num milhão poderão chegar a um estatuto de grande jogador entra-lhes  por um ouvido e sai por outro. Nem sequer têm idade para perceber isso. O melhor é dra exemplos de jogadores de que eles estejam próximos, nos clubes da terra, e mostrar que ter jeito não chega. Fazemos este discurso em quase todos os treinos e jogos. Mas, mesmo assim, alguns pais continuam a achar que os miúdos vão longe e a perguntar se devem levá-los a este ou àquele clube.


Nota: Coloquei a negrito as passagens que considerei pertinentes, embora hajam muitas outras durante a entrevista que poderão estimular os vossos comentários.
ORGULHOSAMENTE  BRACARENSE

jaimec

Não é novidade .Infelizmente, se um sociólogo fala de futebol, ninguém liga, só se presta atenção porque se ouviu a palavra futebol .Ainda por cima ter que ler ? Nããã .... isso não dá na tv ?

Neste país, aqueles que botam faladura sobre o futebol são os realizadores de cinema, médicos, presidentes de câmara, e outros bate-chapas que compõe o restrito grupo dos paineleiros televisivos .Esses é que percebem do assunto, porque deram uma vez uns chutos em 1961 .

Freitas

Este sociólogo coloca ênfase numa questão que já muitas vezes realçamos aqui no fórum, que é o facto da necessidade de se apoiar o clube da terra em deterimento dos 3 do costume.
O grande mal do nosso futebol é mesmo este, o facto de 95% da nossa população apoiar 3 clubes. Este apoio torna cada vez mais poderosos esses 3 clubes e cada vez maior o fosso para os restantes. Estes 3 clubes, por terem uma base de apoio social enorme, asfixiam os outros clubes, sugam todos os patrocinadores ( Sagres, superbock, coca-cola, PT, EDP, Caixa Geral de Depósitos, etc), deixando apenas umas migalhas para os outros.
Enquanto caminhamos para o "abismo", os clubes nada fazem, apenas orbitam em torno dos 3 á espera das suas migalhas.
ORGULHOSAMENTE  BRACARENSE

Imbelloni

Freitas seria possivel colocares aqui toda a entrevista sff?

Freitas

A entrevista já está na totalidade.
ORGULHOSAMENTE  BRACARENSE