Na sequência do tópico do Zé...
No passado fim-de-semana disputou-se um jogo da Liga em que estavam em confronto os dois actuais candidatos ao quarto lugar: U. de Leiria e S. C. de Braga. Nas bancadas, o habitual: uma assistência que, para um jogo destes, só não foi fraquíssima devido à presença de muitos adeptos do Braga.
Cá pela nossa cidade fala-se muito da fraca adesão do público ao Municipal de Braga. E quando o assunto vem à baila, é incontornável a comparação com os nossos vizinhos de Guimarães, que conseguem colocar mais de 15.000 adeptos num jogo da Honra.
Eu penso que um dos nossos maiores problemas tem sido a comparação com o Vitória de Guimarães. Na verdade trata-se de um caso à parte, fruto de um trabalho continuado de muitas décadas. A comparação com o Vitória leva-nos, evidentemente, à angústia que o presidente da SAD sentiu e que nós partilhamos. Mas o futebol português não é só o Vitória. Se nos compararmos com os outros clubes da superliga excepto os "tais" três, veremos que somos o clube mais bem colocado para alcançar o estatuto de quarto clube português, pelo menos em termos de dimensão humana: o Braga é, de longe, o quarto clube da Superliga com maior número de adeptos no estádio. É por aí que devemos pegar. É a partir daí que devemos começar. Com calma e acima de tudo com um projecto de futuro.
O mal das fracas assistências é real; para nós também, porque todos gostávamos de ver o Municipal com mais público. Mas o problema é global; se nós estamos mal, que dirão o Boavista e o Belenenses, que têm tido assistências muito inferiores à nossa?
Vejamos alguns números extraídos do jornal "O Jogo", quanto à média de espectadores nos jogos da Liga na presente temporada: Académica 7.121; Aves 3.133; Beira Mar 4.018; Belenenses 4.400; Boavista 4.947; Marítimo 3.937; Leiria 2.616. Quanto ao S. C. de Braga, a média de espectadores é de 11.135, claramente à frente de todos os outros clubes com excepção dos grandes.
É claro que o facto de outros clubes terem ainda mais problemas que nós não é razão para deixar de enfrentar a situação. A realidade é que em Portugal vai-se pouco à bola. Se compararmos a nossa situação com a de campeonatos europeus com os quais queremos competir, encontramos números muito diferentes dos nossos. Se verificarmos, por exemplo o campeonato francês, que nem é dos mais mediáticos, encontramos números que variam entre os 10.000 e os 40.000 espectadores por jogo. O último classificado, o Sedan, teve no passado fim-de-semana 12.000 pessoas no seu estádio.
Em Portugal a variação do número de espectadores de uma semana para a outra é enorme. Se o clube faz um resultado excelente, na partida seguinte tem uma excelente "casa". Mas se sofre um desaire, o número cai abruptamente. Talvez noutros países não se levem as derrotas tão "a peito". Nós levamos muito a sério um desaire. Em Espanha, por exemplo, vive-se a emoção do futebol como em nenhum outro sítio. No entanto, ficamos com a sensação de que os adeptos ultrapassam mais facilmente as derrotas e é por isso que vemos estádios cheios, em clubes mal classificados. Talvez o que leva um espanhol ou um inglês ao futebol não seja só a vontade de ganhar mas já um hábito, algo que já faz parte da sua rotina semanal e que não se altera com as derrotas.
No entanto, quando nos confrontamos com estas disparidades esquecemos com frequência os dados explicativos mais simples: a França tem 62 milhões de pessoas, a Itália 58, a Espanha 40 e a Inglaterra 61 (fonte: www.cia.gov ). Como é óbvio, o "campo de recrutamento" em Portugal é muito menor, com os nossos 10 milhões de almas.
Além disso, há a questão económica. Tomando como indicador o PIB per capita, a nossa situação é bem inferior à dos quatro países referidos: Portugal - 18.503 dólares; Espanha - 23.627; França - 27.738; Itália - 28.760 e Inglaterra - 28.938 (fonte: wikipédia). Como o futebol não é propriamente um passatempo barato, estes números também nos podem ajudar a compreender esta realidade.
os números do BRAGA em casa para a Liga
Académica 6751
Aves 7191
Benfica 22000
Boavista 8645
Porto 13740
Marítimo 13050
Paços 9326
Leiria 8378
TOTAL 89.081 MÉDIA 11.135
Os preços dos bilhetes podem fazer com que menos gente vá aos estadios, mas na minha opinião tudo passa por uma questão de falta de paixão pelos clubes e pelo futebol de uma maneira geral!
Há muitos factores associados à falta de gente nos estádios.
É por causa do preço dos bilhetes, os horários estúpidos ditados pela sportv (na maioria das vezes), a falta de condições de alguns estádios do país, e, um dos principais é que a maioria dos adeptos são adeptos das vitórias e por isso seguem sempre os "grandes" e só depois se lembram do clube da terra quando este está em alta. Não quero com isso dizer que seja o caso do Braga!
Outra das explicações, para os estádios term pouca gente, é que 90 % da população Portuguesa apoia os 3 do costume.
Não necessariamente por esta ordem:
Corrupção
Horários dos jogos
Preço dos bilhetes
O futebol praticado é, na sua generalidade, fraco
Falta de identidade com o clube da terra - Existência do conceito "3 grandes"
Muitos jogos na televisão
Má promoção dos eventos (jogos)
Más condições na maior parte dos estádios
À excepção de lisboa e porto, as cidades portuguesas são pequenas
Quote from: Vlad on 21 de February de 2007, 22:10
Não necessariamente por esta ordem:
Corrupção
Horários dos jogos
Preço dos bilhetes
O futebol praticado é, na sua generalidade, fraco
Falta de identidade com o clube da terra - Existência do conceito "3 grandes"
Muitos jogos na televisão
Má promoção dos eventos (jogos)
Más condições na maior parte dos estádios
À excepção de lisboa e porto, as cidades portuguesas são pequenas
CONCORDO A 100%
Cardoso, concordo na generalidade com o teu post. Quando comparas Portugal com outros países, realmente muitas vezes esquecemos que somos pequeninos em relação ao tamanho doutros países. Não podemos esquecer que um país de 50 ou 60 milhões de habitantes siginifica também mais receitas. Mais receitas possibilita a compra de melhores jogadores. Melhores jogadores possibilita melhores espectáculos... por exemplo hoje estive a ver o FCP-Chelsea e a qualidade de jogadores como o Essien, Ricardo Carvalho, Cech, etc, etc... não tem comparação em nenhum jogador a actuar em Portugal. Pelo contrário, os campeonatos mais ricos acabam por nos levar os melhores jogadores. Se assim se passa em Portugal, o mesmo se passará com outros países. Acho que seria oportuno também fazer uma abordagem e estudar o caso de países mais pequenos e com os respectivos campeonatos talvez mais parecidos com o nosso, por exemplo: a Bélgica, Holanda, Austria, República Checa...
Como inicialmente disse a Anabela, a maioria dos portugueses apoia os 3 "G". será que não vão à bola?
Quando joga um "grande", regra geral os estádios ficam bem compostos, nomeadamente quando joga o Benfica. Sabendo nós que os clubes visitados aumentam desmesuradamente os bilhetes e mesmo a dar na televisão os adeptos comparecem e... gastam muito dinheiro. Agora se um desses grandes estiver na luta pelo título, a questão ganha proporções absurdas. o que impulsiona os adeptos? A vitória... o sabor de vencer... a glória de ser vitorioso... Não sei? alguém que explique por mim!!!
Quote from: Zé on 21 de February de 2007, 22:34
Cardoso, concordo na generalidade com o teu post. Quando comparas Portugal com outros países, realmente muitas vezes esquecemos que somos pequeninos em relação ao tamanho doutros países. Não podemos esquecer que um país de 50 ou 60 milhões de habitantes siginifica também mais receitas. Mais receitas possibilita a compra de melhores jogadores. Melhores jogadores possibilita melhores espectáculos... por exemplo hoje estive a ver o FCP-Chelsea e a qualidade de jogadores como o Essien, Ricardo Carvalho, Cech, etc, etc... não tem comparação em nenhum jogador a actuar em Portugal. Pelo contrário, os campeonatos mais ricos acabam por nos levar os melhores jogadores. Se assim se passa em Portugal, o mesmo se passará com outros países. Acho que seria oportuno também fazer uma abordagem e estudar o caso de países mais pequenos e com os respectivos campeonatos talvez mais parecidos com o nosso, por exemplo: a Bélgica, Holanda, Austria, República Checa...
Excelente ponto de vista. Acho que acaba por ser um erro estarmos sempre a comparar as assistências do nosso campeonato com Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, Itália. São todos países 4, 5, 6 ou 7 vezes mais populosos que o nosso. Todos com cidades grandes. As cidades médias nesses países têm todas 400.000 a 1 ou 2 milhões de habitantes. E em Portugal? Braga, a terceira do país tem cerca de 200.000...
Acho que er interessante saber as assistências de países como os referidos pelo Zé, mais facilmente comparáveis com Portugal.
Quote from: Zé on 21 de February de 2007, 22:34
Como inicialmente disse a Anabela, a maioria dos portugueses apoia os 3 "G". será que não vão à bola?
Quando joga um "grande", regra geral os estádios ficam bem compostos, nomeadamente quando joga o Benfica. Sabendo nós que os clubes visitados aumentam desmesuradamente os bilhetes e mesmo a dar na televisão os adeptos comparecem e... gastam muito dinheiro. Agora se um desses grandes estiver na luta pelo título, a questão ganha proporções absurdas. o que impulsiona os adeptos? A vitória... o sabor de vencer... a glória de ser vitorioso... Não sei? alguém que explique por mim!!!
Eles de facto vão à bola... mas o mesmo adepto, o tal dos 3, o das vitórias, vai quê? 2 ou 3 vezes por ano? se tanto...
Exactamente, Bruno.
Mas quando eu digo que termos uma média de 11 mil já é bom, já pouca gentge concorda. Porquê? Porque nos comparamos sistematicamente com o Guimarães, que é um caso à parte.
Para reforçar o que disse, um jogo "normal" do Grashoppers tem 3 ou 4 mil pessoas.
Um jogo normal do AZ (clube identico ao nosso, num país identico ao nosso) tem 10 ou 11 mil.
Quote from: cardoso on 21 de February de 2007, 21:03
Na sequência do tópico do Zé...
No passado fim-de-semana disputou-se um jogo da Liga em que estavam em confronto os dois actuais candidatos ao quarto lugar: U. de Leiria e S. C. de Braga. Nas bancadas, o habitual: uma assistência que, para um jogo destes, só não foi fraquíssima devido à presença de muitos adeptos do Braga.
Cá pela nossa cidade fala-se muito da fraca adesão do público ao Municipal de Braga. E quando o assunto vem à baila, é incontornável a comparação com os nossos vizinhos de Guimarães, que conseguem colocar mais de 15.000 adeptos num jogo da Honra.
Eu penso que um dos nossos maiores problemas tem sido a comparação com o Vitória de Guimarães. Na verdade trata-se de um caso à parte, fruto de um trabalho continuado de muitas décadas. A comparação com o Vitória leva-nos, evidentemente, à angústia que o presidente da SAD sentiu e que nós partilhamos. Mas o futebol português não é só o Vitória. Se nos compararmos com os outros clubes da superliga excepto os "tais" três, veremos que somos o clube mais bem colocado para alcançar o estatuto de quarto clube português, pelo menos em termos de dimensão humana: o Braga é, de longe, o quarto clube da Superliga com maior número de adeptos no estádio. É por aí que devemos pegar. É a partir daí que devemos começar. Com calma e acima de tudo com um projecto de futuro.
O mal das fracas assistências é real; para nós também, porque todos gostávamos de ver o Municipal com mais público. Mas o problema é global; se nós estamos mal, que dirão o Boavista e o Belenenses, que têm tido assistências muito inferiores à nossa?
Vejamos alguns números extraídos do jornal "O Jogo", quanto à média de espectadores nos jogos da Liga na presente temporada: Académica 7.121; Aves 3.133; Beira Mar 4.018; Belenenses 4.400; Boavista 4.947; Marítimo 3.937; Leiria 2.616. Quanto ao S. C. de Braga, a média de espectadores é de 11.135, claramente à frente de todos os outros clubes com excepção dos grandes.
É claro que o facto de outros clubes terem ainda mais problemas que nós não é razão para deixar de enfrentar a situação. A realidade é que em Portugal vai-se pouco à bola. Se compararmos a nossa situação com a de campeonatos europeus com os quais queremos competir, encontramos números muito diferentes dos nossos. Se verificarmos, por exemplo o campeonato francês, que nem é dos mais mediáticos, encontramos números que variam entre os 10.000 e os 40.000 espectadores por jogo. O último classificado, o Sedan, teve no passado fim-de-semana 12.000 pessoas no seu estádio.
Em Portugal a variação do número de espectadores de uma semana para a outra é enorme. Se o clube faz um resultado excelente, na partida seguinte tem uma excelente "casa". Mas se sofre um desaire, o número cai abruptamente. Talvez noutros países não se levem as derrotas tão "a peito". Nós levamos muito a sério um desaire. Em Espanha, por exemplo, vive-se a emoção do futebol como em nenhum outro sítio. No entanto, ficamos com a sensação de que os adeptos ultrapassam mais facilmente as derrotas e é por isso que vemos estádios cheios, em clubes mal classificados. Talvez o que leva um espanhol ou um inglês ao futebol não seja só a vontade de ganhar mas já um hábito, algo que já faz parte da sua rotina semanal e que não se altera com as derrotas.
No entanto, quando nos confrontamos com estas disparidades esquecemos com frequência os dados explicativos mais simples: a França tem 62 milhões de pessoas, a Itália 58, a Espanha 40 e a Inglaterra 61 (fonte: www.cia.gov ). Como é óbvio, o "campo de recrutamento" em Portugal é muito menor, com os nossos 10 milhões de almas.
Além disso, há a questão económica. Tomando como indicador o PIB per capita, a nossa situação é bem inferior à dos quatro países referidos: Portugal - 18.503 dólares; Espanha - 23.627; França - 27.738; Itália - 28.760 e Inglaterra - 28.938 (fonte: wikipédia). Como o futebol não é propriamente um passatempo barato, estes números também nos podem ajudar a compreender esta realidade.
Acrescentaria à lista de razões apontadas pelo Cardoso, mais uma importante que é a ditadura da televisão, que obriga a horários que em nada favorecem a ida ao futebol e por outro lado presenteiam-nos com futebol quase toda a semana.
Não me parece que a situação da assistência no Braga seja dramática, atendendo a todas as condicionantes referidas e ainda à quase inexistência de marketing. Não é com vinagre que se apanham moscas...
Quote from: Vlad on 21 de February de 2007, 23:01
Quote from: Zé on 21 de February de 2007, 22:34
Cardoso, concordo na generalidade com o teu post. Quando comparas Portugal com outros países, realmente muitas vezes esquecemos que somos pequeninos em relação ao tamanho doutros países. Não podemos esquecer que um país de 50 ou 60 milhões de habitantes siginifica também mais receitas. Mais receitas possibilita a compra de melhores jogadores. Melhores jogadores possibilita melhores espectáculos... por exemplo hoje estive a ver o FCP-Chelsea e a qualidade de jogadores como o Essien, Ricardo Carvalho, Cech, etc, etc... não tem comparação em nenhum jogador a actuar em Portugal. Pelo contrário, os campeonatos mais ricos acabam por nos levar os melhores jogadores. Se assim se passa em Portugal, o mesmo se passará com outros países. Acho que seria oportuno também fazer uma abordagem e estudar o caso de países mais pequenos e com os respectivos campeonatos talvez mais parecidos com o nosso, por exemplo: a Bélgica, Holanda, Austria, República Checa...
Excelente ponto de vista. Acho que acaba por ser um erro estarmos sempre a comparar as assistências do nosso campeonato com Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, Itália. São todos países 4, 5, 6 ou 7 vezes mais populosos que o nosso. Todos com cidades grandes. As cidades médias nesses países têm todas 400.000 a 1 ou 2 milhões de habitantes. E em Portugal? Braga, a terceira do país tem cerca de 200.000...
Acho que er interessante saber as assistências de países como os referidos pelo Zé, mais facilmente comparáveis com Portugal.
Quote from: Zé on 21 de February de 2007, 22:34
Como inicialmente disse a Anabela, a maioria dos portugueses apoia os 3 "G". será que não vão à bola?
Quando joga um "grande", regra geral os estádios ficam bem compostos, nomeadamente quando joga o Benfica. Sabendo nós que os clubes visitados aumentam desmesuradamente os bilhetes e mesmo a dar na televisão os adeptos comparecem e... gastam muito dinheiro. Agora se um desses grandes estiver na luta pelo título, a questão ganha proporções absurdas. o que impulsiona os adeptos? A vitória... o sabor de vencer... a glória de ser vitorioso... Não sei? alguém que explique por mim!!!
Eles de facto vão à bola... mas o mesmo adepto, o tal dos 3, o das vitórias, vai quê? 2 ou 3 vezes por ano? se tanto...
Compreendo o teu ponto de vista Bruno. É verdade!!! No entanto como eles sã muitos, enchem o estádio.
Conheço um adepto do SLB de S.J.Madeira que costuma ir ver 6 ou 7 jogos por época do SLB. Vai regra geral acompanhado com os filhos... diz ele que, em bilhetes, deslocação, refeições...gasta mais de 1 000 euros por época.
O que importa salientar não é saber se o adepto tem disponibilidade financeira, o que importa é saber quanto o adepto está a disposto a gastar com o seu clube.Por exemplo: No SCB existem mais sócios da superior que sócios da central. Porquê? porque é melhor o ambiente na superior?
na minha opinião há mais sócios na superior porque é mais barato e as pessoas não estão dispostas a dar muito dinheiro para ver futebol. Admito estar enganado, mas é a minha opinião!|
Quote from: Ferreira-Braga on 21 de February de 2007, 23:14
Não me parece que a situação da assistência no Braga seja dramática, atendendo a todas as condicionantes referidas e ainda à quase inexistência de marketing. Não é com vinagre que se apanham moscas...
Cá está!
Outro exemplo comparável ao Braga: Charleroi, 5º classificado do campeonato Belga: média de 8 a 9 mil pessoas. A cidade tem 200 mil pessoas. O AZ, da Holanda numa cidade muito maior (se não me engano Alkmaar tem à volta de 400 mil pessoas) mete 11 mil pessoas por jogo.
Se nos compararmos com estes clubes até podemos dizer que, dada a inferioridadde da nossa economia, até nem estamos nada mal.
Quote from: Zé on 21 de February de 2007, 23:25
O que importa salientar não é saber se o adepto tem disponibilidade financeira, o que importa é saber quanto o adepto está a disposto a gastar com o seu clube.
Concordo em absoluto. Embora deva ser dito que a situação económico-financeira das pessoas será certamente tida em conta por elas quando definem o quanto estão dispostas a gastar.
Vamos a um exemplo que nada tem de "científico", é apenas uma opinião que resulta da minha observação. Em várias deslocações da nossa equipa, conseguimos arrastar uma boa quantidade de adeptos à casa do adversário, nomeadamente quando as saídas são relativamente curtas. Eu quando olho para a bancada, muitas vezes bem composta (por exemplo, em Paços de Ferreira), não consigo dizer que aquela gente que ali está não é uma amostra representativa dos nossos adeptos. Não me parece que se possa dizer que naquela gente estão apenas pessoas com um nível de vida acima da média; haverá de tudo. E, no entanto, para assistir a uma partida fora de casa gasta-se algum dinheiro. O que há na esmagadora maioria daquelas pessoas é uma paixão "militante" que não se vê de forma tão evidente nos jogos em casa - não porque não exista, claro, mas porque está mais diluída entre aquelas pessoas que, gostando do clube, não "investem" tanto nele. Por isso, confesso que me dá um maior gozo assistir aos jogos fora de casa entre braguistas...
Corro o risco de fazer um julgamento apenas pelas aparências. E, que ninguém duvide, tenho muito respeito por aquelas pessoas que enfrentam dificuldades no seu dia-a-dia e que têm que encarar o futebol como um bem de luxo. Mas parece-me que a achega do Zé tem alguma razão de ser...
vamos lá tentar por os pontos nos i's. O factor económico pode contar; e conta. Mas é apenas um dos factores. O que me parece é que a realidade portuguesa não andará muito longe da belga ou holandesa embora nestes países o nível de vida seja mais alto. Por isso o Braga não se pode queixar pois parece que está ao nível de alguns bons clubes europeus em termos de mobilização popular.
O problema é que temos dois mitos à nossa frente: o Guimarães e os "grandes".
Podiamos ter mais adeptos, sem dúvida, mas estaremos assim tão mal como tanta gente nos pinta ao ponto de dizerem que não temos adeptos?
Quote from: cardoso on 21 de February de 2007, 23:58
vamos lá tentar por os pontos nos i's. O factor económico pode contar; e conta. Mas é apenas um dos factores. O que me parece é que a realidade portuguesa não andará muito longe da belga ou holandesa embora nestes países o nível de vida seja mais alto. Por isso o Braga não se pode queixar pois parece que está ao nível de alguns bons clubes europeus em termos de mobilização popular.
O problema é que temos dois mitos à nossa frente: o Guimarães e os "grandes".
Podiamos ter mais adeptos, sem dúvida, mas estaremos assim tão mal como tanta gente nos pinta ao ponto de dizerem que não temos adeptos?
Penso que a questão tem a ver com o facto de se sentir que há em Braga pano para mais. É que em Braga, há muito mais gente que gosta de futebol para além daquela que frequenta o EMB...
Eu acho que ficamos bastante aquém do que é possível. Mas se estamos dentro da média, digamos assim, como os exemplos que aqui são apontados, provavelmente há que recuar na estratégia desportiva da SAD. É que esta pressupõe a possibilidade de uma massa crítica que, a crer nestes exemplos e na evidência das assistências no EMB, muito dificilmente se alterará de froma significativa no curto prazo. As ambições devem ser proporcionais à dimensão. Neste momento, nesta perspectiva, são desmesuradas...
Exactamente, Pedro! Era aí que eu queria chegar: com menos dinheiro que cidades como as que citei acima, com menos gente, com três estarolas a sugar o que podem, com um case-study a 22 Km, mesmo assim, há muito pano para mangas mas, para usar o termo do Ferreira, continuamos a espalhar vinagre...
Existe um leque varíadissimo de razões que afasta as pessoas do futebol. Os temas centrais são claramente os elevados preços praticados em Portugal. Se formos comparar um preço de um bilhete de 20€ por exemplo, numa família de 4 pessoas, com o salário minimo em Portugal a rondar os 400€, é óbvio que essa família vai zelar em primeiro lugar pelo seu bem-estar. Mas também se resume a uma questão de mentalidade, porque um adepto fiel, independentemente da sua situação financeira, fará de tudo para ir apoiar a sua equipa, mesmo que lhe custe "largar" o dinheiro e passar por situações de maior aperto.
Outro ponto que podemos explorar é a qualidade do futebol Português que está a diminuir a olhos vistos. Isto afecta e muito a decisão de um adepto que pondere deslocar-se a um estádio de futebol. Ainda para mais, os casos de corrupção que temos assistido actualmente. Ora, ninguém tem prazer de despender de muitos euros para ver um jogo que desde o ínicio já se prevê o resultado. Falta competitividade entre os clubes Portugueses.
Por último, as transmissões televisivas. As televisões controlam na totalidade, estabelecendo horários impróprios para jogos de futebol. Eu defendo o lema "ódio eterno ao futebol moderno". Jogos à sexta ou à segunda-feira? Não obrigado!!!
Aceita-se todos os motivos mas destaco um que é o facto das pessoas não gostarem do clube da terra mas sim de um dos 3M porque tem campeonatos e outros titulos.
Quote from: Pedro Ribeiro on 22 de February de 2007, 00:01
Penso que a questão tem a ver com o facto de se sentir que há em Braga pano para mais. É que em Braga, há muito mais gente que gosta de futebol para além daquela que frequenta o EMB...
Depois de um saudável discussão como já não se via há algum tempo aqui tempo no fórum, resolvi salientar esta frase do Pedro, penso que a partir deste pano é que se tem de conceber as mangas, no potencial público que gosta de bola e que boa parte dele deve simpatizar ou ter aquele "gostinho pelo Braguinha", são para estes sócios em potência que se tem de apontar as baterias, mas claro para isso são necessários títulos! Para mim, neste momento, seria muito mais importante vencer a Taça de Portugal do que atingir o 3º lugar, pois muita juventude e alguns simpatizantes tinham títulos onde se agarrar, sendo mais tarde possivelmente "convertidos" ao braguismo ;)
Porque é que deixaram de convidar as escolas para irem aos jogos ?! convidaram uma ou outra vez e acabou! Acho que implementar isto nos mais novos é criar raízes enquanto absorvem melhor as coisas e não têm vícios clubísticos!
(é um bom tema para um belo trabalho nosso: elaboração de um inquérito dirigido aos habitantes de Braga(estudantes,reformados,trabalhadores activos,desempregados,etc) cuja pergunta central seria mesmo essa "porque é que não vamos à bola", penso que so mesmo assim iremos conseguir saber o que o nosso povo realmente pensa.Há que sair á rua. )
Quote from: cardoso on 21 de February de 2007, 21:03
Em Portugal a variação do número de espectadores de uma semana para a outra é enorme. Se o clube faz um resultado excelente, na partida seguinte tem uma excelente "casa". Mas se sofre um desaire, o número cai abruptamente. Talvez noutros países não se levem as derrotas tão "a peito". Nós levamos muito a sério um desaire. Em Espanha, por exemplo, vive-se a emoção do futebol como em nenhum outro sítio. No entanto, ficamos com a sensação de que os adeptos ultrapassam mais facilmente as derrotas e é por isso que vemos estádios cheios, em clubes mal classificados. Talvez o que leva um espanhol ou um inglês ao futebol não seja só a vontade de ganhar mas já um hábito, algo que já faz parte da sua rotina semanal e que não se altera com as derrotas.No entanto, quando nos confrontamos com estas disparidades esquecemos com frequência os dados explicativos mais simples: a França tem 62 milhões de pessoas, a Itália 58, a Espanha 40 e a Inglaterra 61 (fonte: www.cia.gov ). Como é óbvio, o "campo de recrutamento" em Portugal é muito menor, com os nossos 10 milhões de almas.
Além disso, há a questão económica. Tomando como indicador o PIB per capita, a nossa situação é bem inferior à dos quatro países referidos: Portugal - 18.503 dólares; Espanha - 23.627; França - 27.738; Itália - 28.760 e Inglaterra - 28.938 (fonte: wikipédia). Como o futebol não é propriamente um passatempo barato, estes números também nos podem ajudar a compreender esta realidade.
Meus amigos, não fujamos com o ***** à seringa. Em Portugal vê-se o futebol do sofá. Isto mais porque os jogos são marcados consoante as televisões querem. COnheço muita gente que não vai aos jogos do Braga porque são à noite e à noite faz mais frio, especialmente pessoas mais velhas.
Vejam o exemplo da Escócia que tem metade da nossa população (5 milhões)
1 Celtic 57.457 14 -1,2% 59.659
2 Rangers 49.853 13 1,2% 50.488
3 Hearts 16.847 14 0,5% 17.369
4 Hibernian 14.696 13 8,3% 16.747
5 Aberdeen 11.876 13 -6,7% 20.045
6 Dundee Utd 7.275 13 -11,3% 12.329
7 Kilmarnock 6.902 14 -2,4% 13.506
8 Motherwell 6.439 12 3,0% 11.745
9 Dunfermline 6.268 13 1,1% 8.561
10 Falkirk 5.562 14 0,8% 7.245
11 Saint Mirren 5.522 13 45,4% 8.445
12 Inverness CT4.975 14 -1,7% 7.522
E não venham com as tretas que eles ganham mais. Qualquer jogo da Scottish Premier League custa no mínimo £20 (€30). O que se passa aqui é que o pessoal só vai ver o jogo ao pub se não houver lugar no estádio. Reparem que os 4 primeiros clubes têm estádios não muito maiores que as médias e é por isso que as médias não são maiores. É impossível arranjar um bilhete para o Celtic ou Rangers e mesmo no Hearts ou Hibs é preciso comprar no dia de emissão.
Quote from: jaimeh on 22 de February de 2007, 01:51
Porque é que deixaram de convidar as escolas para irem aos jogos ?! convidaram uma ou outra vez e acabou! Acho que implementar isto nos mais novos é criar raízes enquanto absorvem melhor as coisas e não têm vícios clubísticos!
Já foi várias vezes destacado este factor e penso que é muito importante incutir nos mais novos o gosto pelo clube da cidade.
Quote from: Ricardo on 22 de February de 2007, 12:57
Quote from: cardoso on 21 de February de 2007, 21:03
Em Portugal a variação do número de espectadores de uma semana para a outra é enorme. Se o clube faz um resultado excelente, na partida seguinte tem uma excelente "casa". Mas se sofre um desaire, o número cai abruptamente. Talvez noutros países não se levem as derrotas tão "a peito". Nós levamos muito a sério um desaire. Em Espanha, por exemplo, vive-se a emoção do futebol como em nenhum outro sítio. No entanto, ficamos com a sensação de que os adeptos ultrapassam mais facilmente as derrotas e é por isso que vemos estádios cheios, em clubes mal classificados. Talvez o que leva um espanhol ou um inglês ao futebol não seja só a vontade de ganhar mas já um hábito, algo que já faz parte da sua rotina semanal e que não se altera com as derrotas.No entanto, quando nos confrontamos com estas disparidades esquecemos com frequência os dados explicativos mais simples: a França tem 62 milhões de pessoas, a Itália 58, a Espanha 40 e a Inglaterra 61 (fonte: www.cia.gov ). Como é óbvio, o "campo de recrutamento" em Portugal é muito menor, com os nossos 10 milhões de almas.
Além disso, há a questão económica. Tomando como indicador o PIB per capita, a nossa situação é bem inferior à dos quatro países referidos: Portugal - 18.503 dólares; Espanha - 23.627; França - 27.738; Itália - 28.760 e Inglaterra - 28.938 (fonte: wikipédia). Como o futebol não é propriamente um passatempo barato, estes números também nos podem ajudar a compreender esta realidade.
Meus amigos, não fujamos com o c* à seringa. Em Portugal vê-se o futebol do sofá. Isto mais porque os jogos são marcados consoante as televisões querem. COnheço muita gente que não vai aos jogos do Braga porque são à noite e à noite faz mais frio, especialmente pessoas mais velhas.
Vejam o exemplo da Escócia que tem metade da nossa população (5 milhões)
1 Celtic 57.457 14 -1,2% 59.659
2 Rangers 49.853 13 1,2% 50.488
3 Hearts 16.847 14 0,5% 17.369
4 Hibernian 14.696 13 8,3% 16.747
5 Aberdeen 11.876 13 -6,7% 20.045
6 Dundee Utd 7.275 13 -11,3% 12.329
7 Kilmarnock 6.902 14 -2,4% 13.506
8 Motherwell 6.439 12 3,0% 11.745
9 Dunfermline 6.268 13 1,1% 8.561
10 Falkirk 5.562 14 0,8% 7.245
11 Saint Mirren 5.522 13 45,4% 8.445
12 Inverness CT4.975 14 -1,7% 7.522
E não venham com as tretas que eles ganham mais. Qualquer jogo da Scottish Premier League custa no mínimo £20 (€30). O que se passa aqui é que o pessoal só vai ver o jogo ao pub se não houver lugar no estádio. Reparem que os 4 primeiros clubes têm estádios não muito maiores que as médias e é por isso que as médias não são maiores. É impossível arranjar um bilhete para o Celtic ou Rangers e mesmo no Hearts ou Hibs é preciso comprar no dia de emissão.
Pois Ricardo, mas acho que de facto os escoceses, pelo simples facto de serem britânicos, não são exemplo... ou melhor são o exemplo a seguir!!! Mas em termos de comparação com Portugal acho que seria interessantes as tais comparações com Holanda, Bélgica, Rep. Checa, Áustria, Suíça.
Quote from: Ricardo on 22 de February de 2007, 12:57
Quote from: cardoso on 21 de February de 2007, 21:03
Meus amigos, não fujamos com o c* à seringa... .
Vejam o exemplo da Escócia que tem metade da nossa população (5 milhões)
1 Celtic 57.457 14 -1,2% 59.659
2 Rangers 49.853 13 1,2% 50.488
3 Hearts 16.847 14 0,5% 17.369
4 Hibernian 14.696 13 8,3% 16.747
5 Aberdeen 11.876 13 -6,7% 20.045
6 Dundee Utd 7.275 13 -11,3% 12.329
7 Kilmarnock 6.902 14 -2,4% 13.506
8 Motherwell 6.439 12 3,0% 11.745
9 Dunfermline 6.268 13 1,1% 8.561
10 Falkirk 5.562 14 0,8% 7.245
11 Saint Mirren 5.522 13 45,4% 8.445
12 Inverness CT4.975 14 -1,7% 7.522
E não venham com as tretas que eles ganham mais. Qualquer jogo da Scottish Premier League custa no mínimo £20 (30)....
Para além da mentalidade ser diferente de Portugal, Ricardo diz-me qual é o salário mínio da Escócia ?
E aí podemos comparar os preços
Para responder ao Apenas:
Salários mínimos mensais
(em euros, Janeiro de 2003)
Bélgica
1 163
Grécia
605
Espanha
526
França
1 154
Irlanda
1 073
Luxemburgo
1 369
Países Baixos
1 249
Portugal
416
Reino Unido
1 105
Bulgária
56
Eslovénia
451
Estónia
138
Hungria
212
Lituânia
125
Letónia
116
Malta
535
Polónia
201
República Checa
199
República Eslovaca
118
Roménia
73
Turquia
189
Estados Unidos
877
dados www.europa.eu
Os salários explicam alguma coisa sem dúvida. Contudo, no caso de Portugal, não explicam tudo infelizmente. Mesmo que o salário mínimo em Portugal suba para níveis mais realistas não se vai criar uma cultura de desporto por causa disso. Subindo os salários aumentam as pessoas nos shoppings, aumentam as vendas de carros, aumentam as viagens para a Républica Dominicana, aumentam as pessoas nas discotecas, etc. Não vai aumentar significativamente o número de pessoas nos estádios. Para isso falta fazer o fundamental, criar uma cultura de gosto pelo desporto e que as pessoas comecem a apoiar os clubes das suas cidades e região.
Em Portugal as pessoas não gostam de desporto, gostam dos clubes de futebol e sendo que cerca de 90% apoia um dos chamados 3 grandes. Enquanto isso não mudar não vai ser o aumento do poder de compra que vai atrair mais gentes para os estádios dos clubes médios/pequenos.
Em Braga tal como em Portugal não se gosta de futebol... gosta-se de vitorias, pelo menos é a minha opinião.
Vive-se muito ao sabor dos resultados.
Tava a ver as assistencias do Braga e o jogo do maritimo teve tantos adeptos como o FCP, eu sei que nesse jogo levei 2pessoas a ver o jogo, com convites da Sportingbet, o jogo foi á noit e teve muita gente... estranho!! com certeza nesse jogo houve promoções, e não parecendo significativo tiveram mais 4/5mil pessoas que o habitual, ou seja o preço do bilhete conta e muito!
O campeonato escoces é para mim um bom caso de estudo, já há algum tempo que discuto com amigos se não seria positivo ter um campeonato com 10/12 clubes,a jogarem a 3ou 4voltas, todas as semanas haveriam jogos grandes e com mais interesse, sem desprezo para alguns clubes mas não seria interessante jogar todas as semanas com os 3grandes, Boavista, maritimo, guimaraes, academica, setubal, belenenses, teriamos todas as semanas jogos interessantes, pelo menos acho que valeria a pena tentar. Assim teriamos 2Braga-slb, 2braga-fcp e 2braga-scp e consequentemente receitas muito superiores
Quote from: disco infiltrator on 22 de February de 2007, 14:50
Os salários explicam alguma coisa sem dúvida. Contudo, no caso de Portugal, não explicam tudo infelizmente. Mesmo que o salário mínimo em Portugal suba para níveis mais realistas não se vai criar uma cultura de desporto por causa disso. Subindo os salários aumentam as pessoas nos shoppings, aumentam as vendas de carros, aumentam as viagens para a Républica Dominicana, aumentam as pessoas nas discotecas, etc. Não vai aumentar significativamente o número de pessoas nos estádios. Para isso falta fazer o fundamental, criar uma cultura de gosto pelo desporto e que as pessoas comecem a apoiar os clubes das suas cidades e região.
Em Portugal as pessoas não gostam de desporto, gostam dos clubes de futebol e sendo que cerca de 90% apoia um dos chamados 3 grandes. Enquanto isso não mudar não vai ser o aumento do poder de compra que vai atrair mais gentes para os estádios dos clubes médios/pequenos.
;) Sem tirar nem pôr!!! ;)
Fazendo um apanhado e somando as comparações, até não somos assim tão poucos!!! ::)
Quote from: disco infiltrator on 22 de February de 2007, 14:50
Os salários explicam alguma coisa sem dúvida. Contudo, no caso de Portugal, não explicam tudo infelizmente. Mesmo que o salário mínimo em Portugal suba para níveis mais realistas não se vai criar uma cultura de desporto por causa disso. Subindo os salários aumentam as pessoas nos shoppings, aumentam as vendas de carros, aumentam as viagens para a Républica Dominicana, aumentam as pessoas nas discotecas, etc. Não vai aumentar significativamente o número de pessoas nos estádios. Para isso falta fazer o fundamental, criar uma cultura de gosto pelo desporto e que as pessoas comecem a apoiar os clubes das suas cidades e região.Em Portugal as pessoas não gostam de desporto, gostam dos clubes de futebol e sendo que cerca de 90% apoia um dos chamados 3 grandes. Enquanto isso não mudar não vai ser o aumento do poder de compra que vai atrair mais gentes para os estádios dos clubes médios/pequenos.
Mais um campeonato da Primeira Divisão vai a meio - podem lhe mudar para Betadine ou só BetWin ou para qualquer outra coisa mas felizmente para os adeptos continua a ser a Primeira Divisão - e mais uma vez um dos Três Grandes vai com certeza conquistar o título.
Esta monotonia competitiva é um bom motivo para se pensar um pouco sobre a história do futebol português e sobre alguns dos traços característicos que têm barrado uma real melhoria do campeonato e do futebol em Portugal.
Se algum traço é certamente vincado na história do nosso futebol -fazendo já parte integrante da sua identidade - é o domínio imperial de três equipas, em termos desportivos, mas também sociais. Essa hegemonia de FC Porto, Benfica e Sporting, corresponde a um claro domínio das equipas das duas maiores cidades do país, mas também a uma profunda litoralização do nosso futebol, que se tem agravado nos últimos anos.
Se não vejamos:
Durante as cerca de 7 décadas de Primeira Divisão apenas por duas vezes essa hegemonia dos três grandes foi quebrada indicando uma minuscula percentagem de ceca de 3%. O Belenenses, em 1946, e o Boavista em 2001, protagonizaram as excepções. Se a lógica se mantiver vamos ter que esperar mais 50 anos até vermos um novo campeão fora do quadro dos "grandes"!!!
"É caso para dizer que de cinquenta em cinquenta anos algo muda...Para logo voltar à normalidade. Nota ainda mais "preocupante" é o facto de os campeões, incluindo os dois outsiders" serem todos de Porto e Lisboa o que mostra uma enorme concentração do poder futebolístico." A.D.
Note-se que já na década de 70 os clubes da 1ª divisão concentravam-se à volta das areas metropolitanas de Porto e Lisboa. Num raio de 50 km das duas cidades podíamos encontrar cerca 86% de todas as equipas representantes no escalão maior. Hoje os números não são muito diferentes. E mesmo na II Divisão eram 60%. E não havia um único representante do interior do país.
Hoje, a situação é igual, sendo que no entretanto, se contam pelo dedos as excepções a esta "desertificação interior" terrível que tem no futebol apenas mais um exemplo. Eu digo quais foram: Desportivo de Chaves; Académico de Viseu, Covilhã, Elvas e Campomaiorense (quase todos com passagens mais ou menos transitórias pela 1ª divisão.)
O campeonato português revela um dos resultados mais pobres em termos de competitividade e equilíbrio desportivo, quando comparado com outros exemplares europeus, apenas se registando 5 campeões em quase 70 anos, sendo que em número de campeonatos ganhos pelos três clubes mais "titulados" é mesmo aquele que apresenta valores percentuais mais elevados: 97% dos títulos foram para Benfica, Porto e Sporting.
Também na taça de Portugal ahistória não é muito diferente, pois apesar de haver mais vencedores, em cerca de 70 edições houve 11 vencedores, os tres denominados grandes levaram entre si 5 troféus para casa, restando 16 troféus para dividir por 8 equipas Boavista ( 5) belenenses (3), V. Setúbal (3), Académica, Beira-Mar, Estrela da Amadora, Leixões e Sporting de Braga, todos estes com uma vitória. Verifique-se que apenas 6 desses troféus foram para fora do Grande Porto e Lisboa ( Braga SetuBal, Coimbra e Aveiro), e equipas do interior nem sinal delas.. É evidentemente assustador o facto de em cerca de 70 anos de competições não haver uma equipa do interior a ganhar um unico titulo. Continuando na Taça de Portugal, é também revelador a estatística que nos diz que apenas por seis vezes a final não envolveu um dos três grandes , sendo que em 20 ocasiões a final foi disputada entre dois deles. o que quererá isto dizer????
Eu dou-vos a minha opinião: um futebol nacional produzido á medida deste tres clubes, sendo que o dominio destes em Portugal é assustador, sendo apenas seguido em situações semelhantes pelos campeonatos Grego e Turco, onde também existe o dominio de poucos clubes.
Paralelamente a isto surgem a Inglaterra, França, Itália, Espanha, países com fortes tradicões futebolisticas, onde existe com o desenrolar do tempo uma competitividade muito desenvolvida, mais supreendente se torna o equilíbrio de valores na história dos campeonatos de países com menos tradições futebolísticas.
Se tivermos em conta os dados apresentados, designadamente em relação a Portugal, Grécia e Turquia, parece correcto afirmar que o poder concentrado num número diminuto de clubes -" verdadeiras instituições sociais, que devido à sua hegemonia não permitem o crescimento e afirmação de outros clubes", tem mais a ver com os contextos sociais do que designadamente com a tradição e a qualidade futebolística.
Estes três paises identificam-se em muitas outras coisas para além da paixão concentrada a 3 ou 4 clubes, sendo que qualquer um deles são países mais atrasados que a média europeia, onde as dificuldades de desenvolvimento económico e desportivo são evidentes, que viveram muito tempo em regimes ditatoriais, com estruturas de modelos politicos vincadamente centralistas, não encarado o país como um todo, mas trabalhando sempre mais em prol das cidades mais centrais. E pormenor importante são, qualquer um deles, países em que o futebol tem uma popularidade enorme, assumindo foros de paixão nacional, despertando sentimentos muitas vezes quase descontrolados.
Em Portugal, como na Grécia ou na Turquia, a hegemonia desportiva dos fenominados clubes "grandes"estende-se à dimensão social - no caso português os milhões de adeptos portugueses identifican-se quase todos por estes três clubes, o que obviamente não contribui em nada para o desenvolvimento do futebol português.
Por isso não é só o dinheiro que faz com que os clubes tenham pouca gente no estádio, mas as questões de mentalidade cultural, e para qual a maioria dos portugueses contribui para fraco desenvolvimento da competividade futebolistica nacional, pois a maioria ao invés de defender as questões sociais e culturais da sua região e tentar contribuir para o desenvolvimento da competitividade do fenómeno futebolistico, que se repercutirá noutros sectores da região, faz precisamente o inverso contribui ainda mais para a tendencia centralista do modelo politico que temos tido em Portugal.
MACROCEFALIA é a doença que assola Portugal.
"Macrocefalia é um fenómeno que consiste na existência de uma rede de centros urbanos muito desequilibrada, ou seja, uma rede onde há grandes cidades e faltam cidades de média dimensão.
Uma cidade é MACROCÉFALA quando domina todas as outras e se impõe exageradamente no país, não só pela população, mas também por acumular grande parte das indústrias"
gostava de poder responder a esta questão, mas como funciono ao arrepio do normal funcionamento, não posso.
eu vou sempre à bola - entenda-se sempre como dentro das minhas possibilidades - e ainda tenho o bilhete dos cinco contos em espanha.
faça-se uma campanha por quem não vai e não se atirem palpites de SAlvador.
Tudo o que aqui foi comentado é válido.
Estamos de acordo quando se diz que o factor económico e populacionall são os dois factores mais importantes nesta questão das assistências.
E como se não fosse o suficiente,ainda temos de "levar" com o critério dos nossos dirigentes na politica dos preços,sem nunca levarem em consideração o que atrás foi enumerado.
O último grande exemplo está nos preços de 5 euros que o Parma colocou para este jogo de extrema importância e os preços colocados pelo nosso presidente.
Mas o que me revolta mesmo é saber que ao ter este tipo de atitudes quem paga sempre a factura são sempre os mesmos...os que estão sempre lá na pedreira como eu.
Grécia e Turquia são 2 bons exemplos. Contudo, a assistência nos estádios desses 2 países eu creio ser bem superior à assistência dos estádios em Portugal. Pelo menos nos jogos dos grande de lá não existe comparação. Também devem ser dos povos com adeptos mais fanáticos do mundo.
Portugal está melhor em muitos outros pontos: percurso da Selecção Nacional (apesar dos gregos terem feito aquela gracinha no Euro:(), percurso dos clubes na UEFA, jogadores de nível internacional em clubes de topo, etc
Contudo acho que Portugal perde para paixão dos adeptos e assistências nos estádios. Mesmo nos jogos dos grande muitas vezes o estádio está semi vazio, o que dificilmente acontece na Grécia ou Turquia.
Quote from: Vlad on 22 de February de 2007, 17:04
MACROCEFALIA é a doença que assola Portugal.
"Macrocefalia é um fenómeno que consiste na existência de uma rede de centros urbanos muito desequilibrada, ou seja, uma rede onde há grandes cidades e faltam cidades de média dimensão.
Uma cidade é MACROCÉFALA quando domina todas as outras e se impõe exageradamente no país, não só pela população, mas também por acumular grande parte das indústrias"
Sim Vlad, e no nosso caso é Bi- polarizada, onde existe o Porto no Norte e Lisboa no Sul.
Só nove mil sócios vão poder votar
O sufrágio eleitoral de 3 de Março só poderá contar com a participação de cerca de nove mil associados do Guimarães, num universo de mais de 24 mil. O facto de apenas ser permitido o acesso às urnas dos sócios com a quota 2, relativa a Fevereiro, regularizada, e tendo o prazo de pagamento terminado a 21 de Fevereiro, limitou o número de votantes, isto além de mais de cinco mil sócios serem menores de idade, não podendo, por isso, exercer o direito de voto. Os cadernos eleitorais vão passar a estar à disposição dos interessados no Complexo da Unidade e no Estádio D. Afonso Henriques.
O balanço dos últimos dias de regularização das quotas foi ontem, ao final da tarde, apresentado aos candidatos das três listas por intermédio de alguns responsáveis actuais do clube, entre os quais o secretário geral, Fernando Roriz, e o representante da mesa de Assembleia Geral, César Machado. No final do encontro foi ainda promovida uma visita às instalações do estádio dos vimaranenses, local onde irá decorrer o acto eleitoral, de modo a que todos possam conhecer o espaço e, consequentemente, a disposição das mesas de voto.
Jogo
Isto é só para demonstrar que o futebol muitas das vezes é feito de momentos,e que é possível inverter a nossa situação se aproveitarmos estes anos dourados. ;)
Segundo o comentário dos adeptos do Guimarães só vem provar a velha teoria de que o que custa é cair depois...
"Eu bem digo que os nossos sócios andam mesmo a dormir, foram avisados em jornais, rádios, papeis, net, pelos próprios candidatos vezes sem conta e agora estão admirados?
A nossa actual realidade é esta, nem é preciso pensar muito atentem na quantidade de pessoas que assistem aos jogos, tinhamos 24000 sócios pagantes 16000 iam ao estádio, temos 14000/15000 vão 10000/11000, é esta a nossa actual realidade, para quem tanto disse mal de Pimenta, este actual levou-nos ao Ceu e atirou-nos ao Inferno em menos tempo."
Adepto Guimarães
(Só um reparozinho Cardoso: a I liga portuguesa de futebol não se chama SuperLiga mas Bwinliga ou então pura e simplesmente I Liga, o termo superliga vem do tempo da Superliga Galp Energia...)
Quote from: Ricard8 on 23 de February de 2007, 17:24
(Só um reparozinho Cardoso: a I liga portuguesa de futebol não se chama SuperLiga mas Bwinliga ou então pura e simplesmente I Liga, o termo superliga vem do tempo da Superliga Galp Energia...)
Bem visto, foi distracção minha. Obrigado, Ricard.
Desculpem ainda não ter respondido a muitos comentários mas isto merece tempo. Talvez mais logo...
Quote from: Vlad on 21 de February de 2007, 22:10
Não necessariamente por esta ordem:
Corrupção
Horários dos jogos
Preço dos bilhetes
O futebol praticado é, na sua generalidade, fraco
Falta de identidade com o clube da terra - Existência do conceito "3 grandes"
Muitos jogos na televisão
Má promoção dos eventos (jogos)
Más condições na maior parte dos estádios
À excepção de lisboa e porto, as cidades portuguesas são pequenas
Para combater as fracas assistências, acho premente saber o porquê. E por isso decidi ressuscitar este tópico. Porque é que não vamos à bola?
Para além das razões que referi em cima, a mim, a que mais me irrita é a seguinte:
Os canais televisivos, jornais, rádios passam a semana a falar dos 3 metralhas. Os jogos, os treinos, a vida pessoal dos jogadores, etc... Tudo é objecto de notícias. Somos inundados de informação sobre os 3. Estamos todos de acordo que a publicidade afecta a maioria das pessoas? Parece-me que sim. Então, se durante toda a semana só se fala nos 3, como é que se espera que as pessoas no fim de semana vão assistir a um Beira-mar-Paços? Um Leiria-Setúbal? Um Académica-Aves? Um Braga- Estrela da Amadora? Humm?!?!?Parece-me a mim que os 3 beneficiam de publicidade gratuita, que os favorece no número de adeptos, e impede o crescimento dos ditos pequenos. Já nem vou pedir que a generalidade dos MERDIA nos dê mais atenção....
Mais uma vez? Estamos de acordo que a publicidade funciona?
Então, como combater isto? tem que ser próprio o clube (e os sócios também) a apostar na publicidade local. Conquistar a cidade. Como ? marketing agressivo. Maior comunicação com os adeptos. Merchandising. Interacção com o comércio local. interacção com as rádios e jornais locais. Visitas às escolas. Promoção intensiva dos jogos.
...
Mais? Digam mais?
Acho fundamental a continuação deste debate.
Existem muitas razões para as pessoas não comparecerem ao EMB. Várias já foram apontadas. Algumas razões estão relacionadas com o contexto geral do nosso país mas outras estão relacionadas com a cidade de Braga e a atitude desta direcção face a esta questão.
Logicamente que a direcção do SCB, e os seus adeptos, pouco poderão fazer para combater a crise económica, salários baixos, ritmo de trabalho elevado, condições metereológicas etc etc. Para estes problemas a direcção só se poderá adaptar dentro do possível.
Por outro lado, existem outros problemas, directamente relacionadas com a nossa cidade/região, os quais os bracarenses, os adeptos do SCB e a direcção poderão tentar combater. Julgo que será nestes que nós deveremos centrar a discussão. Já foram apontados vários destes problemas e até algumas soluções muito interesantes, contudo, parece-me que o problema é fazê-las chegar a bom porto.
Identifica-se então o problema número 1, que sem a sua solução nada avança: ausência total de diálogo entre a direcção e os sócios/adeptos.
Estamos fartos de falar na ausência de marketing, na falta de promoção dos jogos, na falta de uma verdadeira política de angariação de sócios, na péssima gestão da loja do SCB, na falta de merchandising, na falta de diálogo com os sócios, na pobre exploração do Bingo, na tarefa extremamente complicada que torna a compra de um bilhete para se assitir a um jogo do SCB, na ausência de efectuarem compras online (bilhetes, merchandising, etc), ausência de acções de Marketing voltadas para os mais jovens etc etc etc
Além de tudo isto, existe outro problema que está relacionado com a Câmara e o SCB: o EMB. Sei que o tema gera discórdia e eu confesso que sou suspeito para falar neste assunto pois eu confesso que NÃO gosto MESMO deste estádio. Nada nele me agrada mas não quero alargar este tema pois é uma questão pessoal. Julgo que o que poderá ser feito é tentar corrigir alguns dos muitos problemas e que fazem com que muita gente prefira o futebol de sofá ao futebol no estádio. Os acessos, estacionamentos, falta de bares, bilheteiras insuficientes, dificuldade para pessoas de mais idade se conseguirem deslocar até ao seu lugar pois têm que subir imensas escadas, chuva nas filas de baixo, etc. A Direcção tem que estar consciente que muita gente não vai ao estádio pela falta de condições oferecidas pelo mesmo.
Outro problema mas que diz respeito a todos os clubes pequenos/médios chama-se TELEVISÃO. O ideal seria a TV ter que se adaptar ao calendário de futebol e não o inverso. Muitos alegam que grande fonte de receitas dos clubes médios é a TV mas não é bem assim:
http://www.abola.pt/nnh/index.asp?op=ver¬icia=118576&tema=1
O facto de ser canal aberto ou fechado, na minha opinião, vai dar ao mesmo. Se não tem Sport TV em casa vai ao café mais próximo assistir ao jogo. Julgo que a TV prejudica mais o futebol do que beneficia. É tempo de os clubes fazerem um balanço e avaliarem se compensa ou não esta invasão de jogos de futebol pela TV.
Está na moda de se ser "contra o futebol moderno" mas temos que concordar que bom que era quando os jogos eram sempre ao Domingo à tarde e à noite via-se os resumos no Domingo Desportivo.
Julgo que este forum tem um papel importante neste tema. Ainda bem que a discussão foi retomada pois parece que a direcção não prestou grande atenção ao que andamos aqui a escrever....
Boa disco!!!
Já estava a ver que ninguém se chegava à frente...
mais? digam mais!!!
Não poderia estar mais de acordo com o disco infiltrador!
Há tanta coisa que esta mal e a mais no nosso futebol,que nao chegava uma semana de debates televisivos para esclarecer o estado do futebol no nosso país,nem mesmo com o Octavio Machado a mediar o debate! ;D
O mal vai desde o simples adepto ao mais alto dirigente desportivo!
Mas é bom continuarmos inconformados!
Quote from: braguista365 on 21 de March de 2007, 20:20
Há tanta coisa que esta mal e a mais no nosso futebol,que nao chegava uma semana de debates televisivos para esclarecer o estado do futebol no nosso país,nem mesmo com o Octavio Machado a mediar o debate! ;D
O mal vai desde o simples adepto ao mais alto dirigente desportivo!
Mas é bom continuarmos inconformados!
Mas isso todos sabemos. Por isso que nos deveremos focar nas questões que dependem de nós (cidade, bracarenses, braguistas e direcção) e não estarmos a dispersar os assuntos.
O que eu quiz dizer foi que ha coisas que ao simples mortal se tornam praticamente impossiveis de alcançar,como nos intrometer nos regulamentos da fifa,toda a gente sabe que os lances polemicos,e que muita das vezes resolvem jogos,podem ser evitados com o simples recurso as imagens televisivas,mas no entanto os dirigentes da fifa quando ouvem falar disso ,"fogem como o diabo da cruz".
Este é apenas um exemplo como este ha mais!
comecei por responder aos vossos posts, principalmente os do bracaras e do disco e acabou por sair daqui o artigo desta semana, que leva o título de "Porque não vamos à bola - parte 2". Obrigado pela deixa...
Tenho abordado aqui por várias vezes a questão da assistência aos jogos do S. C. de Braga no Estádio Municipal. Tornou-se lugar comum afirmar que o clube merecia mais gente no estádio, embora neste momento seja o quarto clube da Liga em termos de assistência. O certo é que um concelho com 170 mil habitantes deveria aderir mais ao seu clube mais representativo.
Podemos dizer que, globalmente, em Braga falta paixão pelo clube. No último texto que dediquei ao assunto escrevi que um dos argumentos mais fortes é o preço dos ingressos. Mas, se a paixão existisse, esses mesmos preços seriam considerados mais baixos. Os telemóveis também são caros e toda a gente os tem e usa. O mesmo poderíamos dizer de muitos produtos bem supérfluos que se vendem com muito maior sucesso do que os bilhetes para o futebol. No entanto, parece que não devemos cair no erro de exigir paixão para que as pessoas se adaptem às condições existentes. Pelo contrário, devemos adequar as condições à disponibilidade das pessoas e a paixão virá depois.
Há pormenores que a SAD poderia providenciar e que facilmente proporcionariam um maior afluxo de público. Na maior parte dos jogos, mais de metade do estádio está vazio. Seria proveitoso que se aproveitasse todo esse espaço para convidar escolas e outras instituições para assistir a um desafio. Certamente que em cada um desses jogos, algumas pessoas acenderiam a tal chama da paixão.
Sendo Braga um cidade essencialmente comercial não seria difícil envolver os grandes espaços comerciais em campanhas promocionais em que se oferecessem convites para esses jogos que, certamente, iriam resultar em novos "apaixonados".
Quando chove, os espectadores, proibidos de levar guarda-chuva, estão automaticamente convidados para um "ensopado" enquanto esperam pela "revista" ou para adquirir o bilhete. Seria muito dispendioso construir uma cobertura na zona das bilheteiras e da entrada exterior do estádio? Não evitaríamos assim que muitos ficassem no sofá?
Seria muito trabalhoso efectuar acções de promoção dos jogos, envolvendo os jogadores, por exemplo, em visitas a escolas e outras instituições?
O estádio tem más condições de acessos e de comodidade no Inverno. Mas isso não pode ser razão suficiente para a fraca adesão dos bracarenses. Costuma dizer-se que se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé. O nosso problema é que temos uma montanha que não só é completamente estática como se zanga facilmente com Maomé, em vez de o atrair. É perfeitamente compreensível que Maomé se recuse a visitar uma montanha zangada.
Por outro lado, não deixa de ser verdade que os bracarenses também se têm revelado muito comodistas. Estudos recentes demonstram que a obesidade está a aumentar em Portugal. E, em grande parte, isso deve-se ao comodismo das pessoas que têm uma grande aversão ao esforço físico. Leva-se o automóvel para qualquer sítio, estacionando em qualquer lugar para evitar de dar "dois passos". Com o futebol passa-se o mesmo; como não se consegue levar o popó para dentro do estádio, fica-se em casa com a desculpa de que não há estacionamentos. Na zona do posto médico de Infias e da cadeia, há sempre muitos lugares de estacionamento; e dali ao estádio, pelo Bairro da Misericórdia, são cinco minutos a pé. Mas as pessoas acham muito! Os TUB têm sempre autocarros nos dias de jogo mas poucos são os que a ele recorrem. Talvez porque ainda haja muito fidalgo que acha que andar de autocarro não se adequa ao seu estatuto. E depois queixam-se dos acessos!
Em conclusão, parece-me que com um pouco mais de imaginação, a SAD conseguiria aumentar significativamente o número de espectadores no estádio. E com um pouco mais de boa vontade os bracarenses deixariam de ficar acomodados em casa ou no café, queixando-se da falta de condições. Com esse esforço de uns e dos outros não tenho dúvidas que a paixão viria de seguida.
Cardoso,
Mais uma vez gostei bastante do teu texto. Continua que a tua "voz" é sempre precisa!
Só gostava de falar numa questão que abordaste que, embora pertinente, não julgo ser bem este o caso.
Passo a explicar, a população portuguesa é muito comodista no geral, sem qualquer dúvida. O automóvel em Portugal é sinónimo de estatuto e andar de autocarro pode significar a perda de algum "status". Nada mais ridículo, absurdo, provinciano e parolo..mas enfim ainda há alguns que pensam assim. Basta ir a uma universidade holandesa, sueca etc e deparamos com um parque lotado de bicicletas e toda a gente a utilizar os transportes públicos. Portugal, na cauda da Europa mas onde os carros são mais caros, mesmo assim tem o parque das faculdades cheio de (bons) carros. Nunca entendi, preciso de um sociólogo para me explicar isso.
Para mim, qualidade de vida é não precisar de carro para nada. Ir para o trabalho a pé, ter metro ou autocarro para ir para onde me apetecer, não me preocupar com estacionamentos nem ficar nervoso no trânsito. Para mim, isso é qualidade de vida. No entanto, em Braga muita gente quer desfilar o carrinho para andar 500mts de casa até ao café e para depois estacionar em segunda fila. Há muita gente assim em Braga, sem dúvida.
No entanto, julgo, que este facto não se pode aplicar ao EMB. Realmente os acessos ao EMB são PÉSSIMOS e o estacionamente NÃO EXISTE. Autocarros para lá não são em quantidade suficiente, não saem de locais suficientes e os que há não são divulgados convenientemente. É muito bonito falar de malta jovem, homens que podem bem andar por aquelas ladeiras ao frio. Mas e as senhoras? Idosos?
Nunca mais esqueço de uma situação. Um vez levei a minha mãe para ir conhecer o EMB, deve ter sido das primeiras vezes que ela entrou num estádio. Tive pouco sorte com o jogo, particular PortugalxItália a chover a potes. A minha mãe queria conhecer o tão falado EMB mas arrependeu-se para sempre. Estacionamos o carro longe, não foi possível levar guarda-chuva, apanhamos chuva, tivemos que subir enorme escadaria até ao nosso lugar pois o elevador nunca chegava. Resultado: a minha mãe jurou-me que não entraria mais naquele Estádio na vida. Esta situação não terá sido única e deve acontecer frequentemente com outras pessoas.
As pessoas em Braga são comodistas, sim, mas este Estádio ultrapassa todos os limites. Poucos estão para se sujeitas aquilo.
Como eu já disse, eu sou suspeito, pois de facto detesto aquele estádio em todos os aspectos. Contudo, o que mencionei é a constactação da realidade. O EMB afasta muitos bracarenses e braguistas do SCB. Tenho essa opinião e acredito plenamente nisso. Seria urgente tentar-se corrigir o que ainda fôr possível de se corrigir naquele estádio. Enquanto isso não acontecer, muita gente vai permanecer afastada do SCB.
Quote from: disco infiltrator on 22 de February de 2007, 14:50
Os salários explicam alguma coisa sem dúvida. Contudo, no caso de Portugal, não explicam tudo infelizmente. Mesmo que o salário mínimo em Portugal suba para níveis mais realistas não se vai criar uma cultura de desporto por causa disso. Subindo os salários aumentam as pessoas nos shoppings, aumentam as vendas de carros, aumentam as viagens para a Républica Dominicana, aumentam as pessoas nas discotecas, etc. Não vai aumentar significativamente o número de pessoas nos estádios. Para isso falta fazer o fundamental, criar uma cultura de gosto pelo desporto e que as pessoas comecem a apoiar os clubes das suas cidades e região.
Em Portugal as pessoas não gostam de desporto, gostam dos clubes de futebol e sendo que cerca de 90% apoia um dos chamados 3 grandes. Enquanto isso não mudar não vai ser o aumento do poder de compra que vai atrair mais gentes para os estádios dos clubes médios/pequenos.
Quem não conhece um anormal que se queixa que os bilhetes para ver o Braga são caros, ou faz frio, ou chove, ou é longe, ou é a más horas, quando 2/3 dias antes gastou 50€ num bilhete para um dos 3g, + os morfes, + as portagens, + o gasoleo... Num dia chuvoso, que até às 8h do dia seguinte tinha de ir trabalhar....????? QUANTOS??????
disco,
correndo o risco de fugir um pouco ao assunto, nós somos latinos. E se compararmos os nossos antepassados do sul, os romanos, com os do Norte, os Celtas, poderemos encontrar a explicação para as diferentes mentalidades de que falas. Comparar um cidadão romano, que dava tudo para passar umas tardes relaxadas no fórum (não este ;D), com um guerreiro nórdico do tempo dos bretões é como comparar uma cigarra com uma formiga. Somos uns comodistas de todo o tamanho. O pior é que acrescentamos a isto um gosto enorme pela exibição de riqueza mesmo que ela não exista. Falas dos automóveis caros e dizes que não compreendes isso. Dou-te uma dica: estamos em crise, estamos no limite do endividamento, mas o crédito ao consumo tem aumentado. Mas ir ao futebol não dá status. Muito menos andar nos TUB e ainda menos andar 500 m a pé! Para muitos, andar a pé ou de autocarro é parolo ou é para os pobres. É por isso que maomé não vai à montanha.
Mas também é verdade que a montanha continua estática. Quando vou ao estádio em dia de chuva vou de autocarro. E no regresso é muito frequente sobrar um autocarro, que vem vazio! Portanto, não há falta de autocarros. O que falta é propaganda deste serviço. Além disso, custaria muito negociar com os proprietários a adaptação de um daqueles terrenos para parque de estacionamento, ainda que temporário? Lucravam os donos, que ganhavam umas massas e lucravamos nós que teriamos onde deixar o popó.
Em suma: mudar as mentalidades é muito difícil mas esperar que elas mudem é mais que difícil, é parvoíce. O Braga tem de se adaptar à realidade que tem e fazer todos os possíveis para mobilizar a cidade. Reclamar com as pessoas não é solução para nada. Pelo contrrário, só agrava a situação. Mas penso que a SAD está a aperceber-se disso.
Cardoso,
Nâo poderia estar mais de acordo, a SAD é que tem que "abrir os olhos" e adaptar-se à realidade...
No entando, acho que e SAD ainda não se apercebeu disso. Por isso, este forum poderá ter um paapel importante neste campo. É preciso fazer com que a SAD abra os olhos e comece a ouvir os sócios.