Há muitos anos, mais exactamente em 1945, George Orwell publicou em Inglaterra um magnífico livro intitulado "O Triunfo dos Porcos". Embora com sessenta e três anos, esta fábula e respectiva mensagem permanecem, infelizmente, bastante actuais. A intenção de Orwell era denunciar as consequências de um determinado sistema político, mais especificamente, o comunismo estalinista.
Hoje, felizmente, o estalinismo está morto e enterrado, mas a mensagem de Orwell pode perfeitamente ser aplicada, sem grande esforço mental, a determinadas situações actuais.
A obra relata a história de um grupo de animais que se revolta numa quinta governada pelos humanos. Para acabar com a injustiça fundam o Animalismo, uma corrente ideológica que, como tantas outras, começa como uma grande ideia, cheia de nobres valores e intenções mas acaba por servir como meio de favorecer os mais fortes, violando todos os princípios a que se tinha proposto.
Tudo começa quando os animais tomam conta da quinta. Como o objectivo era aniquilar um inimigo comum, no início, todos os animais concordaram com a revolução, devido à tirania exercida pelo seu cruel dono. No entanto, os porcos são considerados os animais mais espertos e por isso começam a tratar mais dos assuntos de carácter intelectual, enquanto os outros animais trabalham no campo. Os porcos vão-se tornando assim os verdadeiros chefes e donos da quinta.
Mas um dos porcos acaba por não resistir às tentações do poder e torna-se o grande líder: é "Napoleão", um porco sem escrúpulos, cujo lema é "todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros."
Durante algum tempo os animais conseguem viver felizes, sentindo-se livres e satisfeitos, uma vez que já não tinham de dividir os frutos do seu trabalho com os humanos. Mas os problemas começam a surgir. Como a maioria dos animais não aprendeu a ler, as regras da quinta vão sendo alteradas, à medida que Napoleão e seus assessores vão assumindo posições contrárias aos princípios que nortearam a revolução: os porcos começam a esquecer a igualdade de direitos e a justiça.
Napoleão começa a tratar alguns dos animais de forma mais favorável que outros. Alguns são a elite protegida pelos porcos dirigentes da quinta. Os outros, a maioria, os porcos pequenos e restantes animais, são desprezados. O que começou por ser uma revolução sobre a liberdade, acaba numa ditadura com os seus toques oligárquicos, porque a "fidalguia", os grandes porcos, são sempre os protegidos do porco "Napoleão", o grande líder.
Os animais inferiores, os que se ocupam dos campos, trabalham mais mas nunca são reconhecidos pelos seus esforços. Quando a quinta é de novo atacada pelos inimigos (os humanos), todos os animais são chamados a lutar e acabam por triunfar. No entanto, no final da batalha, todas as condecorações são dadas ao líder.
Alguns animais, como o burro Benjamim, que sabia ler, tentam lutar corajosamente contra a injustiça. Mas era tarde demais; os outros animais não têm coragem para o seguir e, amedrontados, preferem manter o estado das coisas, obedecendo cegamente aos grandes líderes, adaptando-se à injustiça.
Nas últimas linhas do livro os porcos são descritos com traços humanos, feições da cara ou mesmo quando caminham sobre duas patas; os porcos tinham mudado e conseguiam mesmo assemelhar-se aos humanos. No fim, a magnífica fábula termina com uma sentença terrível: "já não era possível distinguir quem era homem e quem era porco".
O que é que isto tem a ver com desporto, ou mais especificamente com o futebol actual? Basta que o leitor faça este pequeno exercício: chamar os porcos pelos nomes e... voilá.
Adoro esta livro.... Mesmo adoro.... ANIMAL FARM.. Era um livro que nos temos te ler em escola. Lei muitas vezes. Tambem e um livro que eu sempre dar meu alunas aqui quando querem ler um livro em ingles.. e muito curto... cerca 120 paginas...
As frases que nunca vou esqeucer....
Dois pernas mau, quatro pernas bom se nao for galinha.... tudos os animais sao iguais...
e os porcos tracaram os palavras...
depois era
"tudos os animais sao iguais, mas algumas animais sao mais iguais do que os outras"
O fim do historia os porcas estavaram a jantar com os humanos e os outra ficaram fora do janela....
Foi o burro.. em cima do burro era a cao.. em cima do cao era o gato.... em cima do gato era a galinha..
E tudo perguntaram a galinha.... que passe.. que passe...
a resposta...
"Nao sei sao tudos iguais..."
Entao o frase...
"Tudos os animais sao iguais mas algumas sao mais iguais do que os outras(animais)"
Obrigado Cardoso para o inspiricao..... Parabens
Talvez se a cidade inteira se interessasse mais pelo Braga, esta fosse a altura ideal para criar uma "revolução". Já que levantámos ondas, não as devíamos deixar amainar e deixar cair no esquecimento, mas antes obrigar os barcos que teimam em quebrá-las a virar e afundar. Não é preciso violência, mas antes algo que marcasse e que nos distinguisse dos conformados, chamando a atenção do país inteiro mais que uma vez se fosse preciso! Não precisamos que seja feito algo dentro do estádio, pois se por um lado a censura não deixa, por outro pode trazer problemas para o clube. É quando todos nos viram as costas que devemos demonstrar o quão guerreiros somos, e o quão forte é a nossa legião! Se os outros se riem de nós por lutarmos contra quem (julga que) é invencível, também se riram de David antes de derrotar Golias. Mais que nunca é hora de nos unirmos não só dentro como fora do estádio, e se um dia dissemos "Não queremos que vençam sempre, mas que joguem para vencer" é altura de dizermos "Não queremos ser beneficiados, mas não nos obriguem a perder"! Levanta a espada e mostra o guerreiro que á em ti nesta revolução que nos cabe a nós fazer...
Mais um texto brilhante que retrata a triste realidade do nosso futebol e do nosso pais em geral . Não nos podemos deixar dominar pelos "porcos grandes" que no nosso caso são os três grandes , temos de unir para lutar contra a desigualdade . O sistema não tem um rosto ... tem três .
Quote from: joaobl03 on 28 de January de 2009, 21:44
Mais um texto brilhante que retrata a triste realidade do nosso futebol e do nosso pais em geral . Não nos podemos deixar dominar pelos "porcos grandes" que no nosso caso são os três grandes , temos de unir para lutar contra a desigualdade . O sistema não tem um rosto ... tem três .
Mas olha que há um "porco" maior ;)
Quote from: Nemec on 28 de January de 2009, 20:39
Talvez se a cidade inteira se interessasse mais pelo Braga, esta fosse a altura ideal para criar uma "revolução". Já que levantámos ondas, não as devíamos deixar amainar e deixar cair no esquecimento, mas antes obrigar os barcos que teimam em quebrá-las a virar e afundar. Não é preciso violência, mas antes algo que marcasse e que nos distinguisse dos conformados, chamando a atenção do país inteiro mais que uma vez se fosse preciso! Não precisamos que seja feito algo dentro do estádio, pois se por um lado a censura não deixa, por outro pode trazer problemas para o clube. É quando todos nos viram as costas que devemos demonstrar o quão guerreiros somos, e o quão forte é a nossa legião! Se os outros se riem de nós por lutarmos contra quem (julga que) é invencível, também se riram de David antes de derrotar Golias. Mais que nunca é hora de nos unirmos não só dentro como fora do estádio, e se um dia dissemos "Não queremos que vençam sempre, mas que joguem para vencer" é altura de dizermos "Não queremos ser beneficiados, mas não nos obriguem a perder"! Levanta a espada e mostra o guerreiro que á em ti nesta revolução que nos cabe a nós fazer...
Estas tuas encorajadoras e acertadas palavras faz-me lembrar o meu último dia de tropa!!! . Acertaste em cheio naquilo que eu queria já há uns dias transmitir... ;)
O texto do CARDOSÃO, como sempre, está do melhor e acho que até o Luis Freitas Lobo o deveria ler!!! Parabéns, Amigo!!! Força!!!
O titulo da obra, já por si vale tudo... ;D
Quote from: cardoso on 28 de January de 2009, 19:43
Alguns animais, como o burro Benjamim, que sabia ler, tentam lutar corajosamente contra a injustiça. Mas era tarde demais; os outros animais não têm coragem para o seguir e, amedrontados, preferem manter o estado das coisas, obedecendo cegamente aos grandes líderes, adaptando-se à injustiça.
Poderíamos ainda ir a tempo? Ou também nós temos medo? É ainda possível?
Muito a propósito Cardoso!
Tenho muitas esperanças que mesmo a puxar uma carroça pesadissima, e contra todos, o nosso "burro" vai fazer coisas lindas e unicas, e que saberão muito melhor :)
Eh pá, fiquei com vontade de ler o livro! Já li o "1985", do mesmo autor, e adorei. Quanto à analogia, está perfeita!
Quote from: Pedro Ribeiro on 28 de January de 2009, 21:55
Quote from: cardoso on 28 de January de 2009, 19:43
Alguns animais, como o burro Benjamim, que sabia ler, tentam lutar corajosamente contra a injustiça. Mas era tarde demais; os outros animais não têm coragem para o seguir e, amedrontados, preferem manter o estado das coisas, obedecendo cegamente aos grandes líderes, adaptando-se à injustiça.
Poderíamos ainda ir a tempo? Ou também nós temos medo? É ainda possível?
Muito a propósito Cardoso!
O Benjamim pode representar os pequenos a lutar contra a hegemonia e regalias dos grandes (ou será que o Benjamim é o Scolari ;) ?)
O Napoleão poderia ser o sistema personificado naqueles que dominam o nosso futebol, a começar no Madaíl e passando por todos aqueles que andam ao serviço dos 3 (porquinhos).
Quote from: Ana Cunha on 28 de January de 2009, 22:04
Eh pá, fiquei com vontade de ler o livro! Já li o "1985", do mesmo autor, e adorei. Quanto à analogia, está perfeita!
Ana, desculpa a correcção mas não é 1985 mas sim 1984 (O tal do Big Brother).
Tal como o "Animals farm", ganda filme!
O pessoal mais novo devia dar uma vista de olhos nestas obras para melhor compreeender a natureza humana, a razão das revoluções que se deram até hoje e outras coisas tais.
Quote from: Nemec on 28 de January de 2009, 20:39
Talvez se a cidade inteira se interessasse mais pelo Braga, esta fosse a altura ideal para criar uma "revolução".
...
Levanta a espada e mostra o guerreiro que á em ti nesta revolução que nos cabe a nós fazer...
Exactamente! Estás lá ;)
Quote from: Pedro Ribeiro on 28 de January de 2009, 21:55
...
Poderíamos ainda ir a tempo? Ou também nós temos medo? É ainda possível?
...
Acredito que sim, Pedro! Haja coragem. Ainda é possível e não estou a ser optimista; estou a ser realista: havemos de conseguir fazer a Revolução na quinta dos porcos.
Quote from: J on 28 de January de 2009, 22:01
Tenho muitas esperanças que mesmo a puxar uma carroça pesadissima, e contra todos, o nosso "burro" vai fazer coisas lindas e unicas, e que saberão muito melhor :)
E o nosso "burro" sabe ler! ;)
Quote from: Ana Cunha on 28 de January de 2009, 22:04
Eh pá, fiquei com vontade de ler o livro! Já li o "1985", do mesmo autor, e adorei. Quanto à analogia, está perfeita!
Lê que vais gostar; é muito mais divertido que o 198
4 (Afonso tá atento;)). Mais divertido e mais poético; uma mensagem avassaladora. Há também (pelo menos) 2 versões cinematográficas.
Quote from: Ferreira-Braga on 28 de January de 2009, 23:38
...
O Benjamim pode representar os pequenos a lutar contra a hegemonia e regalias dos grandes (ou será que o Benjamim é o Scolari ;) ?)
O Napoleão poderia ser o sistema personificado naqueles que dominam o nosso futebol, a começar no Madaíl e passando por todos aqueles que andam ao serviço dos 3 (porquinhos).
Para o Napoleão eu estava a pensar noutro figurão!
Os 3 "grandes" seriam os porcos "fidalgos" (a nomenklatura), protegidos pelo grande porco.
Quote from: Afonso Matos on 28 de January de 2009, 23:47
Quote from: Ana Cunha on 28 de January de 2009, 22:04
Eh pá, fiquei com vontade de ler o livro! Já li o "1985", do mesmo autor, e adorei. Quanto à analogia, está perfeita!
Ana, desculpa a correcção mas não é 1985 mas sim 1984 (O tal do Big Brother).
Tal como o "Animals farm", ganda filme!
O pessoal mais novo devia dar uma vista de olhos nestas obras para melhor compreeender a natureza humana, a razão das revoluções que se deram até hoje e outras coisas tais.
Pois, tens razão! Bem me parecia que não me estava a soar lá muito bem ;D.
Que grande título para uma faixa...todos entenderiam a mensagem.
De resto, todo o texto está fantástico.
Para mim, o Benjamim é o (não que esteja a insultar o nosso clube :) )que tenta lutar contra o "Napoleão". Os restantes clubes (menos os 3 grandes) deveriam fazer o mesmo mas, acomodaram-se.
Bem, o que interessa é que é um grande texto e já me pôs a pensar quem será o Napoleão.
Quando ontem ouço um dos animais da quinta dizer que o Burro abre mais as pernas aos outros Porcos do que ao seu Porco preferido e que por isso o Burro devia ser abatido...esté tudo dito! :-\
Há um ditado chinês que se adequa à nossa "luta": "Quebrarás um pequeno galho isolado com toda a facilidade, mas nunca conseguirás quebrar muitos pequenos galhos bem unidos" ;)
Um dos meus livros preferidos! Sem duvida adequado aos tempos actuais, aliás é um livro intemporal.
Brilhante analogia o porco é o sistema, o madail, o herminio, o vitor pereira, o pinto da costa, o vieira e o soares franco. Todos porcos!
se for preciso a matar porcos sou eu especialista ;D
Grande Cardosão!!!
Na mouche!!!
Nao sei se e o mesmo Joao Araujo quem ande aqui no forum mas hoje tive "O Triunfo dos Porcos" em O JOGO sobre Rafael Nadal no tennis porque ele recusou um test durante do Open de Australia..... E mal feito um journalista fazer asneiras assim...
Quote from: Anabela on 29 de January de 2009, 01:55
Que grande título para uma faixa...todos entenderiam a mensagem.
De resto, todo o texto está fantástico.
Para mim, o Benjamim é o (não que esteja a insultar o nosso clube :) )que tenta lutar contra o "Napoleão". Os restantes clubes (menos os 3 grandes) deveriam fazer o mesmo mas, acomodaram-se.
Bem, o que interessa é que é um grande texto e já me pôs a pensar quem será o Napoleão.
eu não tenho duvida que o Napoleão (o grande porco) é o Vitor Pereira.
mas a mensagem mais importante é quando o Cardoso diz que os animais não se unem e adaptam-se ás injustiças. é o que se está a passar, os pequenos não se unem, tem medo dos porcos grandes, mas quando for a vez deles de serem comidos quero ver se não vão gemer também
quero ver o presidente dos espanhois se vai assobiar pro lado quando for a vez deles de serem gamados.
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
by Bertold Brecht
Quote from: Zé on 29 de January de 2009, 21:15
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
by Bertold Brecht
Excelente poema. Sabes o titulo original?
Lionelpower, este poema, ao que julgo saber, não tem mesmo título.
Fui publicado em panfletos que circulavam em Portugal no último período do fascismo, por volta de 1970.
É um grande poema, sem dúvida, com uma mensagem intemporal: o silêncio cumplice e a falta de solidariedade, fruto do egoísmo, pode trazer consequências catastróficas. Mas a cegueira, infelizmente, ganha sempre...
Quote from: cardoso on 30 de January de 2009, 18:44
Lionelpower, este poema, ao que julgo saber, não tem mesmo título.
Fui publicado em panfletos que circulavam em Portugal no último período do fascismo, por volta de 1970.
É um grande poema, sem dúvida, com uma mensagem intemporal: o silêncio cumplice e a falta de solidariedade, fruto do egoísmo, pode trazer consequências catastróficas. Mas a cegueira, infelizmente, ganha sempre...
Obrigado