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Porta fechada

A terceira fase de desconfinamento em Portugal trouxe uma resposta ao futebol que os clubes temiam. O governo decidiu que a porta continua fechada nos estádios e que os adeptos são cada vez mais uma espécie de lenda, que pensam existir, mas não existem de facto, no seu lugar natural.

Todos entendemos que a pandemia ainda não terminou e que os cuidados devem manter-se até que ela seja debelada, mas convenhamos que é bem mais perigoso, em termos de contágio deste vírus maldito, que seis pessoas estejam numa mesa de esplanada ou quatro estejam numa mesa no interior de um restaurante sem máscara, do que uma determinada percentagem da lotação de um estádio, ao ar livre, com distanciamento e com máscara. Quem manda não entendeu assim e, deste modo, o país ficou a saber que adeptos nos estádios esta época são uma utopia.

Quem ameaça fechar a porta e impor castigos severos aos clubes mais poderosos da Europa é a UEFA, que sente a ameaça de uma Superliga Europeia, formada por doze clubes fundadores, a que se juntam uns convidados em dose residual. Também as federações dos diferentes países ameaçam esses clubes que querem virar o futebol do avesso, enterrando a sua essência como desporto do povo e dando corpo à ideia crescente do futebol enquanto negócio que prospera, num caminho que quer ampliar cada vez mais as diferenças existentes, entre “ricos” e “pobres”, um pouco à semelhança do que se vê, numa escala bem mais reduzida, em Portugal e que é do agrado dos que por cá se julgam poderosos, mas que depois a nível europeu não passam de insignificantes. Enquanto adepto, repugna-me a ideia de criação de uma Superliga Europeia, com fins meramente económicos, que podem levar para valores ainda mais obscenos os montantes gastos com algumas equipas, assim como me repugna que os clubes portugueses, na tal escala menor, não percebam que sem competitividade interna nunca passarão de meros figurantes a nível internacional. Assim, defendo clara e inequivocamente que os clubes elitistas sejam banidos de todas as competições. Mas ainda muita água vai correr debaixo desta ponte.

Na liga portuguesa o único jogo da jornada realizada no fim de semana que esteve de “porta fechada” foi o que o SC Braga disputou em Vila do Conde, pelo que o nulo espelhou essa realidade, apesar das várias chances desperdiçadas, quase todas pelos bracarenses, que desaproveitaram parcialmente a derrota do Benfica, em casa, ante um Gil Vicente que conseguiu chegar com onze ao fim do jogo e, com isso, complicou a vida dos encarnados, habituados a jogar contra adversários em inferioridade numérica. Já a receção ao Boavista ontem mostrou que o SC Braga está a subir e agradou bastante aos seus adeptos, apesar de ter ficado a sensação ao longo do jogo que a porta da baliza estava fechada, mas que acabou por se abrir para o golo que permitiu ter chegado a uma vitória justa, que apenas peca por escassa.

No próximo domingo a Pedreira promete um jogo quente, quando os Gverreiros do Minho receberem o líder Sporting, que viu a sua vantagem encolher nos últimos tempos e, por isso, são muitas as mentes leoninas desconfiadas que o título ainda pode fugir, coisa que o futuro esclarecerá, sempre com a certeza do momento de que a porta continua fechada.

In Diário do Minho de 21-04-2021

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