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Pedreira de luxo

A cidade de Braga viveu, na última quinta-feira, mais uma grande noite europeia, só ao alcance das grandes equipas. Aconteceu, no Minho, a demonstração de que na vida nada acontece por acaso, mas resulta, em geral, da competência dos trabalhos realizados. A receção aos moldavos, quase russos, do Sheriff, registou mais uma página ímpar na centenária história arsenalista, pois foi a primeira vez em que uma desvantagem de 0-2 foi superada com êxito, ao nível das competições europeias.

A imagem negativa deixada na cidade de Tiraspol, que é uma espécie de estado dentro do estado moldavo, exigia uma resposta do grupo de trabalho, pois o seu prestígio e orgulho saíra ferido naquela zona Leste do mundo. O Sheriff era, na minha opinião, uma equipa ao alcance do SC Braga, mas aquela derrota por dois golos de diferença contrariava-me sobremaneira.

O dia vinte e quatro de fevereiro mostrou, além-fronteiras, uma Pedreira de luxo, onde foi plantado um estádio que é motivo de admiração para quem o visita pela primeira vez, mas que enerva todos os que o frequentam ou desejam frequentar, em função da forma aberrante, ainda que artística, como foi concebido.

O SC Braga preparou a receção ao Sheriff a vários níveis, desde o relvado até à forma motivacional como foi divulgado, com o objetivo final de retirar as insígnias militares que o resultado de Tiraspol tinha colocado nos moldavos, colocando os bracarenses ao nível de soldado raso. Foi com um sentimento de que era possível que todos, atuais e antigos, se uniram numa força que elevou os índices de confiança da equipa, que surgiu em campo disposta a fazer história e a devolver à Legião do Minho as suas insígnias de melhor equipa.

Uma primeira parte de luxo, coroada com dois golos construídos com muita criatividade pelo ataque bracarense, aumentaram a confiança dos adeptos que, nas bancadas, não se negaram a esforços no apoio justificado à sua equipa. A finalizar as jogadas surgiram os nomes de Iuri Medeiros, um açoriano tornado bracarense e braguista, e Ricardo Horta, um capitão que quando vir o seu processo de naturalização concluído pode ser uma opção para o engenheiro Fernando Santos. Tudo leva a crer que o selecionador pense que o número 21 bracarense não seja, ainda, português, dado que já não existem razões para tamanha ostracização, algo que já nenhum adepto racional compreende.

Voltemos ao jogo uefeiro para referir que a segunda parte, com a eliminatória empatada, foi mais cautelosa, com os meninos, misturados com adultos, de Carlos Carvalhal em busca equilibrada do golo que valesse o apuramento e o Sheriff a tentar adiar a decisão para o desempate por pontapés da marca de grande penalidade, algo que conseguiu, mas que, curiosamente, lhe valeu a eliminação. Ao longo do jogo e, principalmente, nos decisivos remates de decisão, emergiu a qualidade de (São) Matheus, que garantiu o apuramento ao impedir, de forma direta ou indireta, que os primeiros três remates tivessem êxito. Mas a noite não terminaria assim tão calma pois os brácaros falharam duas tentativas e os moldavos tiveram êxito noutras tantas tentativas. Foi então que a Pedreira explodiu de alegria, depois do golpe final dado pelo pé esquerdo de Francisco Moura, que devolveu a tranquilidade aos braguistas, que tiveram nesta noite um teste sério à sua vertente cardiológica. Foram emoções muitos fortes que se viveram na bimilenar cidade de Braga, que não se explicam por palavras, pois nestas coisas da bola há coisas que “quem não sente, não entende”.

O sorteio da Liga Europa, onde estão, afinal, os dezasseis candidatos à vitória final, proporcionou caprichosamente um duplo duelo futebolístico luso-francês, pois o FC Porto defronta o Ol. Lyon, ao passo que o SC Braga vai decidir a passagem com o AS Mónaco, um clube que se situa no principado do Mónaco, mas que compete na liga francesa.

A próxima eliminatória é vista, no universo braguista, como possível de ser ultrapassada, mesmo antevendo dificuldades elevadas. Ainda falta muito tempo para esse confronto europeu, pelo que até lá ainda existem muitos minutos para honrar a camisola e lutar pelas vitórias que consolidem a carreira da equipa e o crescimento dos meninos que integram uma espécie de infantário, onde Carvalhal é o educador.

 

In zerozero

Foto SC Braga

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