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Pedra francesa no caminho

A Legião do Minho ficou mais pobre e triste, porque partiu a Melinha, um verdadeiro ícone do SC Braga, que pelos locais onde passava era motivo de atração e simpatia.

Maria Amélia da Silva Morais era conhecida no mundo ligado ao futebol pelo carinhoso nome de Melinha. Era assim que eu, à semelhança de toda a gente, a tratava com muito carinho, sempre que a encontrava, quer em Braga, quer nos jogos fora quando no regresso lhe dava boleia diversas vezes para a deixar em casa. Partiu sem ver cumprido o sonho de ver o SC Braga campeão nacional, como várias vezes referiu em público. Afável, simples e de trato fácil, Melinha granjeava a simpatia dos braguistas, em geral, assim como dos adversários devido à forma empática que interagia com todos.

A despedida da adepta que simbolizava o SC Braga aconteceu com referências diversas do SC Braga, de uma forma justa, que reconheceu a relevância que ela tinha no universo braguista, pelo amor que dedicava ao clube. A cidade de Braga soube, das mais diversas formas, homenagear a conhecida Amélia Morais como um símbolo do clube, mas registo aqui diversas referências de clubes adversários porque nestas coisas da vida e da morte a razão se sobrepõe à emoção, mostrando que há vida para além do futebol e da rivalidade, por muito tenaz que esta seja.

A hora de a Melinha se despedir de nós foi feita como ela certamente gostaria, rodeada de braguismo, bem espelhado nas tochas, nos cachecóis e nos cânticos que ali homenagearam uma adepta que permanecerá bem presente nas nossas memórias, porque há coisas que nem a morte consegue apagar. Descanse em paz, Melinha e tente, agora no além, fazer uma força para que o seu sonho de ver o Braga campeão se possa em breve tornar real.

A ausência da Melinha nos estádios, claramente notada, aconteceu há uns tempos atrás devido a um problema de saúde, que a impediu de observar a evolução da equipa arsenalista ao longo da época, em especial no que à Liga Europa diz respeito, assim como nesta melhor fase que a equipa atravessa, como a seguir descrevo.

A UEFA, organismo que gere o futebol europeu, não perde uma oportunidade de se colocar a jeito da crítica. Depois de um passado sombrio, à semelhança da FIFA, onde os favores e a corrupção são sempre titulares na equipa, a decisão de nomear um francês para apitar o Rangers vs SC Braga para a Liga Europa é, no mínimo, insensata, face à luta entre França e Portugal pelo quinto lugar do ranking, cujas vantagens são por demais conhecidas.

Partindo para a segunda mão com uma vantagem de um golo, os bracarenses sabiam da importância dos primeiros minutos da partida na Escócia, onde o ambiente é absurdamente infernal. Aliás, a equipa estava bem-avisada pelo recente exemplo do encontro frente ao Celtic, que Carlos Carvalhal presenciou e disso deu conta aos seus jogadores. Mas os avisos parecem ter intimidado a equipa, que sofreu um golo quando ainda estava a sair do balneário e um segundo, felizmente anulado, ainda dentro dos cinco minutos iniciais. Era muito mau o que se via em campo. Porém, a equipa foi serenando com o decorrer do tempo, apesar da fraca produtividade até ao intervalo, até que surgiu uma primeira decisão muito discutível do senhor François Letexier, que marcou penalti num lance que resulta de mais um “bombo” para a frente dos escoceses e, ato contínuo, expulsou Tormena. Foi uma dupla penalização inaceitável que parecia deitar, aparentemente, por terra a vontade de permanecer dentro do jogo e da eliminatória, face à vantagem que os de Glasgow conseguiam no agregado das duas mãos e no número de jogadores em campo.

A segunda parte trouxe uma equipa da casa mais cautelosa, à semelhança do segundo tempo em Braga, jogando pelo seguro e esperando o momento certo para disferir o golpe final. Até que David Carmo, bem nas alturas, marcou pela primeira vez pela equipa A e adiou tudo para o prolongamento. Curiosamente, pela regra anterior dos golos fora os arsenalistas tinham passado de imediato às meias-finais, mas foram para prolongamento à luz das atuais leis do jogo. O prolongamento trouxe um momento que revoltava o mais calmo dos adeptos braguistas, quando o árbitro perdoou a expulsão, pelo menos através de segundo amarelo, a Kemar Roofe, de modo inaceitável. Este jogador marcaria o golo decisivo alguns minutos depois quando já deveria estar a tomar banho, dando maior ênfase à influência direta que o juiz da partida teve no desfecho da eliminatória. Houve ainda tempo para o francês assinalar, mal, uma falta de Iuri Medeiros, a quem mostrou cartão amarelo e, pela subsequente resposta impensada, um segundo amarelo, deixando os seus colegas e os adeptos à beira de um ataque de nervos. Esta atitude, inadmissível, terá, por certo consequências, para além do contributo direto na eliminação. Antes do final ainda houve mais uma oportunidade para o árbitro acentuar o seu mau trabalho, quando não assinalou um penalti sobre Ricardo Horta, que poderia ter levado o jogo para outra decisão. Nunca saberemos.

O árbitro foi mesmo um mau protagonista da partida, influenciando o resultado e o desenrolar do encontro, revelando-se uma autêntica pedra francesa no caminho dos arsenalistas, nesta eliminatória, transformando o sonho braguista, de seguir em frente, num pesadelo. As diversas incidências negativas e as respostas surgidas reforçaram o sentimento de orgulho dos adeptos nestes verdadeiros Gverreiros do Minho.

Agora é hora de reunir a equipa e fazer uma ponta final da liga condizente com o valor da equipa. Como disse o capitão Ricardo Hora “é um orgulho ser capitão desta equipa e jogar no SC Braga”, pelo que ainda há muitos minutos para honrar o símbolo, com a certeza de que, pelo menos esta época, este francês não apitará de novo em Braga, mesmo sabendo-se do condicionamento permanente dos nossos árbitros por um sistema vergonhoso que teima em manter-se vivo.

Os meus parabéns ao futebol de praia do SC Braga que começa a temporada a ganhar a supertaça, augurando mais uma boa época desta modalidade.

Boa Páscoa, a todos.

 

In zerozero.pt de 16/04/2022

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