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Pandemia nos estádios

A pouca afluência do público aos estádios deve ser motivo de preocupação para os responsáveis do futebol português. Tem sido desolador o panorama nos últimos tempos ao nível das assistências, salvo raras exceções.

As razões para esta autêntica debandada dos espectadores são de origens diversas, pelo que por hoje vou abordar algumas delas.

O aparecimento da pandemia deu origem a uma luta contra um vírus desconhecido e do qual se temia o pior, o que forçou a paragem dos trabalhos das equipas praticamente no mundo inteiro. Era o confinamento decretado pelos responsáveis de diferentes países, que fechou milhões de pessoas assustadas com os números obscenos de mortos de vários pontos do globo.

Passada essa etapa de confinamento geral, as equipas retomaram os trabalhos com cuidados que nunca se pensou serem necessários, sendo alguns deles impraticáveis, como colocar equipas de uma modalidade coletiva a trabalhar individualmente. Mas a preparação lá foi reiniciada e com ela uma nova realidade observada, aquando da retoma das competições. Os estádios passaram a estar fechados para as pessoas, numa negação completa do que deve ser um jogo de futebol, ou de outra qualquer modalidade. Foram meses sem fim a ver futebol pela televisão e a ficar longe dos estádios, o que acabou por criar novos hábitos nas pessoas.

Ao mesmo tempo em que tudo isto acontecia a ciência lutava, como nunca se vira antes, para tentar combater aquele vírus maldito, e a resposta começou a surgir com as vacinas, criadas num curto espaço de tempo, o que deixou dúvidas nas pessoas, mas que mereceu uma adesão ao processo de vacinação digna de registo, neste Portugal à beira-mar plantado. Claro que outros países registaram números interessantes no universo dos vacinados, mas ficando aquém do esperado, o que forçou algumas nações a tornar a vacina obrigatória, numa tendência que deverá alastrar-se nos próximos tempos.

Outro fator que no futebol luso afasta as pessoas é a imagem de pouca credibilidade que o mundo do futebol se “esforça” por passar à sociedade, que se espelha bem nas implicações dos responsáveis dos principais dos clubes com a justiça, com condenações fortes à mistura e outras em perspetiva. Ora, isto alia-se facilmente à parca competitividade do futebol português, uma vez que os principais dirigentes ainda não perceberam que um produto melhor pode proporcionar maiores receitas, ainda que para isso haja necessidade de distribuir melhor os dinheiros que o universo futebolístico consegue gerar.  Só com melhores recursos em todas as equipas é possível aumentar a competitividade.

Sublinho, ainda, o importante fator que se traduziu num obstáculo adicional que foi a introdução da obrigatoriedade de teste negativo para entrar num estádio, o que implica desde logo uma logística, por vezes complicada, da sua realização. Felizmente que as pessoas com a vacinação completa vão deixar de necessitar de apresentar teste negativo, à semelhança dos recém-recuperados da doença, o que valoriza o processo de vacinação e facilita bastante o ingresso nos estádios.

Há mais dois fatores que aqui vou registar, com o primeiro deles a ser referente aos horários pouco convidativos, sendo alguns deles obscenos, e o segundo respeitante ao preço elevado dos bilhetes, para o nível médio de vida que o país regista. A descida drástica do preço dos ingressos nos estádios é algo premente, pelo menos durante um período alargado de tempo, adequando às possibilidades gerais da população que não deixou de gostar de futebol, mas que adquiriu, fruto das circunstâncias, outros hábitos, como acima referi.

As várias razões apontadas evidenciam, de modo claro, a verdadeira pandemia nos estádios e requer que as entidades responsáveis, com os clubes à cabeça, metam os pés ao caminho e iniciem um árduo trabalho de recuperar os espectadores que deixaram de marcar presença nas bancadas, afinal aquele que deve ser o seu lugar natural.

 

In zerozero

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