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O mercado livre

A época desportiva, perigosamente para alguns, aproxima-se do fim e com isso começa o mercado de transferências. Em boa verdade, ele já se iniciou há bastante tempo, pois os clubes com melhor organização vão preparando, com muito cuidado, as abordagens ao mercado.

Os clubes vivem dificuldades evidentes e vários são os exemplos em que se fazem empréstimos para pagar outros empréstimos e/ou antecipação de receitas, sempre com a finalidade de conseguir alguma liquidez financeira que permita satisfazer os compromissos, numa missão cada vez mais montanhosa em diversos casos, e sabendo que o futuro surge cada vez mais comprometido.

Pelo senso comum, todos percebemos que o dinheiro necessário advém de receitas ordinárias, onde se incluem as verbas de quotas, lugares anuais ou da televisão, e receitas extraordinárias, onde se incluem as verbas provenientes de venda de publicidade (estática ou móvel), camarotes ou transferências, entre outros. De uma forma muito simples, em contas de merceeiro, interessa saber o dinheiro vivo que existe e o que é necessário gastar, de modo a evitar situações de incumprimento cujos resultados podem ser nefastos, como se observa rapidamente em clubes históricos, como o Vitória FC (de Setúbal), entre muitos outros.  Ora, é sobre as transferências que me vou debruçar hoje, mais adiante. Nem vou entrar aqui na análise das “engenharias financeiras” ou nos “milagres do Excel”, que já atribuíram condecoração ao mais alto nível do estado de pessoas que agora estão a braços com a justiça, sendo expectável que o poder na maior parte das vezes os conduz à conclusão de que “a montanha pariu um rato”, como diz o povo, quando as consequências não se coadunam com os atos lesivos praticados.

Os discursos das campanhas eleitorais são, por vezes, empolgantes e as tomadas de posse das estruturas diretivas prometem o melhor dos mundos, até agora desconhecido. Depois surge a realidade, nua e crua, das contas que são sempre piores do que se imagina e o caminho planeado é quase sempre ajustado para pior, de acordo com o contexto de dificuldades. O dinheiro não nasce das pedras, o que se lamenta, pois em Braga a situação estaria resolvida com aquela imensa pedreira onde foi plantado um estádio pouco funcional. É por isso que, ano após ano, o SC Braga vende alguns dos seus melhores ativos, buscando os melhores negócios nas vendas e tentando comprar cada vez mais cirurgicamente e nas condições mais vantajosas.

Voltando ao mercado livre, de jogadores e treinadores, ele é na realidade bastante condicionado pela imprensa e obedecendo, como tem de ser, à lei da oferta e da procura. Recentemente, tal como inúmeras vezes do passado, foram lançadas “notícias” nos jornais e nas televisões a partir da capital e destinadas aos “provincianos” de Braga, sobre os interesses em jogadores e a disponibilidade de condições dos clubes que os querem adquirir. Mas em Braga percebe-se mal o português, sempre que tal dá jeito, e por isso muitas dessas mensagens não chegam a ser descodificadas. Os jornais fazem capas e grandes títulos com coisas do género “Benfica não entra em loucuras por Ricardo Horta” ou “Benfica quer Al Musrati”, entre muitos outros exemplos, no que respeita à vontade de comprar barato, a bem dos “senhores da capital”, ou então coisas do género “Darwin Núñez só acima dos cem milhões”, no que diz respeito aos desejos de vender. Uma paródia, portanto. A piorar a situação existem programas diários, em vários canais, destinados a falar sobre a transferência de jogadores, onde inúmeras horas são feitas a “encher chouriços”, como gosta de dizer o povo, colocando a criatividade lusa em níveis elevados, uma vez que se consegue estar muito tempo a falar de um conjunto vazio, na maioria das ocasiões. A concluir esta façanha temporal da conversa vã, depois de centenas de “notícias”, lá vem aquela frase que todos gostam de pronunciar “como dissemos em primeira mão a transferência concretizou-se, pelos valores que dissemos”. Haja paciência e que esses momentos sejam vistos com diversão.

Agora, com o campeão encontrado, a quem endereço as minhas felicitações, deixemos rolar a bola para as últimas decisões da liga e o tempo dará mais oportunidades de voltar, com mais detalhe, a alguns temas hoje aqui abordados levemente.

 

In zerozero.pt de 08-05-2022

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