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O definhamento do futebol português

A atual temporada de futebol tem mostrado aquilo que ninguém quer ver, que a competitividade vai em direção à nulidade, e indica que este caminho mostra de modo claro o definhamento do futebol português.

Uma análise fria e distante mostra que os três autoproclamados grandes estão agora mais longe dos restantes competidores. Até a aproximação que tem sido, paulatinamente, feita pelo SC Braga sofreu, esta época, um retrocesso preocupante e os três primeiros classificados fazem cada vez mais pontos, fruto dos superiores recursos disponíveis.

Os três clubes que ocuparam o último pódio estão, inequivocamente, a pontuar mais, mas por diferentes razões, pois se Porto e Benfica gastam cada vez mais, mesmo que tenham cada vez menos, já o Sporting tem o seu processo centrado na figura de Rúben Amorim que, com meios humanos de aparente inferior qualidade, soube agregar esforços e guindou o leão ao título de campeão, de forma inesperada.

O Benfica e o Porto voltaram a reforçar as suas equipas, ao passo que o Sporting voltou a ser cirúrgico e nem se importou de perder gente importante do seu plantel, a bem da tentativa de recuperar algum equilíbrio financeiro. As três equipas estiveram na fase de grupos da Liga dos Campeões, cuja entrada de dinheiro fortaleceu os deficitários cofres e permitiu uma respiração menos aflitiva, ao passo que o SC Braga esteve na Liga Europa, onde se apurou para os dezasseis avos de final, cuja competição distribui muito menos receitas aos seus participantes. A Liga Europa era, até à presente temporada, uma espécie de segunda divisão, ao nível competitivo e de receitas, em comparação com a Liga dos Campeões, mas a introdução da nova Conference League trouxe-nos a terceira divisão da Europa do futebol, ao nível de clubes, com tudo que daí advém.

O contexto existente em Portugal está a aumentar cada vez mais o fosso entre os clubes mais e menos poderosos. Ainda assim, o Benfica parece dar sinais de fraqueza que permitem ao SC Braga acalentar uma ténue esperança de chegar ao pódio, dado que os bracarenses se situam num patamar intermédio entre os três da frente e os restantes catorze clubes que lhes precedem na classificação, o que cria uma zona competitiva estranha, que requer que alguma luz lhes ilumine um caminho, ainda que complicado, de chegar mais longe.

A falta de competitividade do futebol português exige uma reflexão alargada, que conduza a soluções que permitam uma melhor distribuição de receitas televisivas, capazes de tornar os clubes mais pequenos mais fortes e, dessa forma, melhorarem o produto que poderá, desse modo, ser gerador de receitas superiores, a bem de todos. A centralização dos direitos televisivos, já planeada pelo governo, é fundamental no caminho a percorrer, ainda que eu considere nada corajosa a decisão de adiar uns anos a sua implementação.

A avaliar pela prestação internacional dos clubes portugueses na presente temporada até parece que a competitividade é grande em Portugal, o que não passa de uma ilusão que resulta do acaso. Assim, urge tomar medidas, que tornem os jogos menos previsíveis e que evitem que cada vez menos pessoas vão aos estádios, indo de encontro ao fim dessa imbecilidade que passa por ter três clubes a ganhar quase sempre, um a servir de observador e os restantes a fazer de figurantes, surgindo de modo ocasional a surpresa positiva de cada época.

 

In Diário do Minho de 30-12-2021

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