O SC Braga, após a vitória na segunda jornada da fase de grupos da Liga Europa, frente aos turcos do Basaksehir, lidera de forma isolada e justa. A Pedreira voltou a ser palco de mais uma grande noite europeia, com a vitória a surgir perto do fim, o que atesta bem a elevada crença destes Gverreiros do Minho. Hassan inaugurou o marcador a meio da primeira parte, mas a vantagem foi de curta duração e quase nem deu tempo para que terminassem os festejos braguistas. Aos 89 minutos a loucura chegou às bancadas, quando Fransérgio cabeceou de modo competente uma excelente assistência de Raul Silva. As duas vitórias arsenalistas contrastam com as surpreendentes duas derrotas dos alemães do Hoffenheim, que assim são últimos da classificação. A carreira europeia bracarense na presente temporada tem sido um sucesso, com a conquista de um empate e cinco vitórias nos seis jogos disputados, num contributo pontual relevante para a classificação de Portugal na UEFA. Parece mais fácil ganhar a nível europeu, onde os árbitros não decidem resultados, ao contrário que que acontece em Portugal, onde as equipas de arbitragem têm diversas vezes um protagonismo indesejado.
A visita da equipa turca trouxe a Braga um dos jogadores simbólicos e mais acarinhados do clube – Márcio Mossoró. Antes e durante o jogo, o jogador brasileiro foi recebido com um “bom filho”, neste regresso a uma casa que continua a ser sua, o que levou o atleta a viver momentos raros de beleza e emoção, com o que viu e ouviu das bancadas do estádio que um dia Souto Moura desenhou.
Na liga portuguesa, moralizado pela liderança europeia, o SC Braga, com oito alterações no onze inicial, recebeu na Pedreira o Estoril e goleou por 6-0. Foi um grande jogo dos arsenalistas, que chegaram à vitória mais robusta da liga até ao momento com golos de Dyego Sousa, Raul Silva, Fábio Martins, Xadas (que grande exibição) e um bis de Ricardo Horta. De sublinhar a interação entre o público e a equipa, que foi visível durante o jogo quando os suplentes no banco acompanhavam os gestos e cânticos vindos da bancada, numa empatia que fica reforçada com a obtenção de vitórias. Ai se isto se passasse noutros clubes dava belas primeiras páginas. Mas é preciso manter os pés bem assentes no chão, pois a goleada apenas valeu três pontos. Está de parabéns o conjunto de Abel Ferreira pela fase positiva que atravessa, desde aquela inesperada derrota de Setúbal.
A pausa que se segue nas competições de clubes vai permitir a recuperação física da equipa, que tem tido uma sobrecarga elevada de jogos nas diversas competições, além de dar oportunidade a técnico de treinar com alguma tranquilidade, algo raro na presente temporada. O trabalho sobre vitórias facilita as coisas, mas é bom que isso não retire a ambição e a concentração. Percebe-se que o treinador arsenalista parece ter o balneário consigo.
Uma referência final para o futebol feminino, para dizer que no jogo entre SC Braga e Sporting houve um golo incompreensivelmente anulado às Gverreiras, quando o resultado estava 0-0 e que foi decisivo na derrota bracarense. Seria interessante que a juíza da partida explicasse tão aberrante decisão. Este lance, que surge após a perda da última liga em que a árbitra do encontro decisivo de Alvalade determinou quem seria campeão, faz pensar se vale mesmo a pena continuar com o projeto do futebol feminino em Braga, que tanto tem dado ao futebol português recentemente.
Foto: Joaquim Lima