O SC Braga, superiormente comandado por Abel Ferreira, atingiu o objetivo a que se propôs no início desta caminhada europeia, de ultrapassar a fase de grupos e de se qualificar para a fase a eliminar, com um brilhantismo que a comunicação social nacional (incluo jornais, rádios e televisões) fez questão de desvalorizar. Já vai longa a época europeia arsenalista, que começou nas eliminatórias ainda em julho, contemplando até ao momento nove jogos, traduzidos em seis vitórias, dois empates e uma derrota. É obra.
Foi num estádio repleto de braguismo puro, mas que merecia mais gente nas bancadas, que os Gverreiros do Minho alargaram fronteiras e se transformaram em “Gverreiros da Europa”, sendo por agora o orgulho de Portugal, depois de serem a primeira equipa lusa a atingir o objetivo a nível europeu, bem refletido na liderança de um grupo que conta com três equipas provenientes da Liga dos Campeões. Os dez mil que estiveram presentes ofereceram um apoio à equipa que as imagens resultantes apresentam de forma inequívoca.
O estádio que Souto Moura um dia desenhou para “nascer” numa pedreira, acolheu a visita ilustre do Hoffenheim, uma das melhores equipas alemãs da atualidade, que surgia em Braga para corrigir a derrota registada em solo alemão, lutando pela vitória, único resultado capaz de a manter na luta pelo apuramento. O jogo começou com o golo inaugural de Marcelo Goiano, por sinal o golo mais madrugador de sempre da equipa nas competições europeias, quando ainda não tinha decorrido o primeiro minuto de jogo, o que representava um tónico importante para a equipa e para os adeptos, que deste modo elevavam os níveis de confiança e todos sabemos como é muito importante acreditar. Em desvantagem, os alemães atacaram muito em busca de golos, apesar de não terem criado grandes oportunidades antes do intervalo e quando elas surgiram Matheus transmitiu a segurança que a equipa precisava. O conjunto de Braga soube sofrer, de forma unida, para defender a vantagem alcançada no dealbar da partida, apesar de não ter sido capaz de marcar o segundo golo, tendo tido ensejos para tal, o que daria maior tranquilidade. Depois do intervalo, com alterações introduzidas pelo jovem e promissor técnico alemão de apenas trinta anos, os alemães tiveram maior caudal ofensivo, até que surgiu o golo da igualdade a um quarto de hora do fim do jogo, na sequência de um livre. Mas a crença dos Gverreiros do Minho permitiu alcançar nova vantagem com um golo de Fransérgio, após assistência de Esgaio, a culminar uma boa jogada coletiva, em que a velocidade de execução deixou os alemães sem capacidade de resposta. No período de descontos dado pelo árbitro britânico, o mesmo Fransérgio marcaria um grande golo, aproveitando uma saída do guarda-redes, depois de uma boa recuperação de Fábio Martins. Era a loucura nas bancadas, com as pessoas a viveram momentos de emoções fortes, perdidos por aqueles que ficaram em casa.
A grandeza da vitória alcançada não teve eco nas capas dos jornais desportivos no dia seguinte, que preferiram destacar futilidades, para não fugir à norma comportamental. Lamentável opção, digo eu.
O triunfo dos Gverreiros de Abel Ferreira, aliado à vitória do Basaksehir no terreno do Ludogorets, valeu a liderança do grupo, algo que deve honrar os braguistas, mas também o país desportivo, garantindo desde já o apuramento para a fase seguinte da prova, quando falta disputar uma jornada, em que o SC Braga se deslocará à Turquia com a finalidade de assegurar o primeiro lugar.
Os acontecimentos recentes, em que os bracarenses foram gravemente prejudicados em Alvalade para a liga e em Vila do Conde para a taça, fazem pensar como é mais fácil ganhar quando os árbitros são estrangeiros e o sistema que suja o futebol português não interfere. Parabéns SC Braga.
Devido a questões relacionadas com o tempo disponível, a abordagem ao jogo da liga disputado frente ao Feirense será feita na próxima semana.