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Fome de bola

A bola voltou a rolar, num dos campeonatos mais apetecidos. A Alemanha voltou a ter jogos e golos a sério. Deste modo, foi possível afagar a fome de bola que o vírus maldito provocou. Foi um regresso sem adeptos nas bancadas, numa espécie de comida sem tempero, mas que foi compensado pelos golos que surgiram nas balizas de modo esperado, diria eu. Os festejos dos golos voltaram a mostrar uma situação inédita e atípica, em que o distanciamento social imposto aos jogadores impediu que eles se abraçassem efusivamente, contrariando a sua vontade natural. Curiosa a forma como o Borussia de Dortmund comemorou a vitória com os adeptos, mesmo sem estes estarem presentes, o que revela a boa relação existente, numa homenagem forte, carregada de simbolismo, que os jogadores fizeram questão de prestar.

O regresso alemão às competições oficiais é uma espécie de fase experimental e de aprendizagem para outros países, com destaque normal para Portugal. Talvez o decurso do tempo mostre que as medidas são exageradas e surja algum tipo de desconfinamento, capaz de devolver alguma normalidade ao futebol, sempre dentro da recomendada prudência.

Portugal caminha de forma lenta e, espera-se, segura para o regresso a liga de futebol, perante a insatisfação e protestos de grupos organizados de adeptos, em diversos clubes. As equipas estão todas de regresso aos treinos, estando umas numa fase mais adiantada do que outras. Alguns clubes já assumiram que, não tendo as condições exigidas, vão jogar noutro estádio na condição de visitados. Sinal dos tempos.

O SC Braga continua a sua preparação para a etapa exigente que se adivinha até final, em função dos objetivos atuais e que outrora pareciam inatingíveis. Um lugar no pódio está ao alcance dos Gverreiros do Minho, mas a sua obtenção implica que a competência da equipa esteja em níveis elevados, apesar de partir em vantagem direta para com os adversários. Para os adeptos a visualização de vídeos que o competente departamento liderado pelo diretor de comunicação André Viana tem disponibilizado nos canais oficiais do clube permitem matar a fome de bola existente e que se deverá prolongar por mais tempo, pelo menos a nível presencial. As transmissões televisivas aproximarão os adeptos da vontade de fazer parte real da Legião, ainda que as regras ditadas pela existência da pandemia não permitam uma maior adjacência.

A outro nível, o SC Braga decidiu, presume-se que com a anuência de todos, a entrada numa espécie de clausura, num dos hotéis mais modernos da cidade, que passará a ser a “casa” de todos os que pertençam ao alargado grupo profissional dos arsenalistas. É uma espécie de confinamento voluntário, que faz lembrar as fases finais das grandes competições de seleções. Aqui chegados, talvez fosse boa ideia alargar para 23 o números de jogadores presentes na ficha de cada jogo, uma vez que a retoma competitiva vai permitir a implementação de cinco substituições, mesmo que elas tenham que ocorrer em três momentos apenas, o que aliás já se verificava na Liga Revelação portuguesa, do escalão de Sub-23. Esta medida revela alguma sensatez, uma vez que a prolongada paragem das competições pode trazer indesejadas lesões, na sequência da menor preparação existente nos atletas. Não sendo eu um defensor do afastamento dos jogadores das suas famílias, desejo que este retiro estratégico e protetor reforce o espírito de grupo e possa contribuir para um regresso forte aos jogos oficiais. Custódio está no dealbar da sua carreira de treinador e tem potencial que pode fazer dele um nome grande no mundo dos técnicos portugueses. Pena que as autoridades ditas competentes não lhe proporcionem, a ele e a outros, a formação que a obsoleta legislação portuguesa impõe num tempo que parece não terminar.

As escolas regressam agora às aulas presenciais, para preparar os alunos para os exames nacionais e que esta ano apenas servem como provas de acesso ao ensino superior. Neste âmbito desejo que o próximo ano traga de novo a normalidade dos exames nacionais, eles que desempenham uma função importante na parca regulação do ensino privado, sempre com classificações superiores ao ensino público, que nada condizem com as exigências existentes nos dois sistemas. Eu regresso agora à sala de aula, tal como muitos outros professores, que integrarão nesta fase uma espécie de ensaio para o início do próximo ano letivo, funcionado como “cobaias humanas”, neste retorno repleto de regras muito apertadas, que se espera tenha consequências positivas em todos os intervenientes. Que o futuro nos faça sorrir brevemente.

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