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Estádio velho, estádio novo

A discussão sobre o futebol em Braga tem estado, nos últimos tempos, muito centrada no dilema do momento, de saber se a melhor solução é ter um estádio velho ou um estádio novo, para albergar a principal equipa de futebol, que sonha alto, mas que tem voado baixo esta época.

Antes do Euro 2004 era o 1º de Maio que albergava o SC Braga, num estádio de granito frio e chuvoso, porque não tem qualquer cobertura nem dispunha de cadeiras, que tornava, em muitas ocasiões, a presença nos jogos numa tarefa árdua. Não espantava, por isso, que houvesse venda ambulante de almofadas para as pessoas se sentarem e são muitos os que ainda as guardam, como recordação de tempos em que o conforto era uma palavra de escasso uso. O local é histórico e foi classificado como parte integrante do património, cuja construção foi feita em moldes que hoje não seriam possíveis. Ora, esta classificação dificulta a sua reformulação, pelo que o seu estado piora a cada dia que passa e corre riscos de “morrer” se nada de relevante for feito, o que deixa os responsáveis locais numa aparente situação dúbia de decidir se gastam algum dinheiro para remendar o estádio e adiar a sua ruína, ou se, por outro lado, permitem uma solução de rotura, que abaixo descrevo.

A construção do atual Estádio Municipal de Braga foi decidida pela edilidade bracarense, na anterior gestão, que entregou a responsabilidade de o projetar ao arquiteto Souto Moura e este aproveitou para desenhar uma obra diferente, cujo enquadramento a tornou ímpar, capaz de o guindar a prémios internacionais, mas que como estádio de futebol nunca foi bem recebido, como provou o decurso do tempo. Souto Moura não percebe nada de futebol, nem frequenta estádios, pois, caso contrário, nunca desenharia aquela aberração que dificulta a presença de pessoas, com a agravante de, através dos direitos que possui, não permitir a sua reformulação de modo a evitar que ali fique enterrada uma fortuna do erário público, sem qualquer utilização a médio prazo. O fraco trabalho realizado pelo arquiteto, que foi muito bem pago, deixou de lado, entre muitas coisas, a rentabilização dos espaços, cujo vazio o torna ainda mais frio e distante, numa solução inaceitável nos dias que correm. Há, ainda mais uma gritante falha de não ter sido construído um parque de estacionamento naquela alameda enorme que serve de acesso ao recinto do jogo, além da inexistência de acessos fáceis às bancadas, em especial de quem tem dificuldades de locomoção.

O SC Braga tem um projeto de reestruturação total do 1º de Maio, cuja rotura não agrada ao edil atual e seus pares, mas que poderia significar uma alteração completa do estádio, tornando-o moderno e atrativo, assim como da zona envolvente. No entanto, o facto de os custos dessa operação serem suportados pelo clube preocupa-me bastante. Acredito que traria mais gente aos jogos, mas não seria a solução mágica que por vezes se apregoa, pelo que a discussão prossegue nos próximos longos tempos até que se encontre uma solução que agrade às várias partes. Mas nunca será uma solução consensual, disso não tenho dúvidas.

A eventual reconstrução do 1º de Maio, sem abandonar os seus traços de referência, pode representar uma despesa que deve ser bem analisada, pois nenhum sócio quer que se hipoteque o futuro do clube com tamanha decisão.

 

In Diário do Minho de 20-01-2022

Foto Internet

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