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Espírito de rutura

Este artigo de opinião, na sequência do anterior, não poderia ser escrito sem falar da participação de Portugal no Euro 2020. A seleção lusa, campeã em título depois de ter vencido em França a competição anterior em 2016, não foi feliz no sorteio, quando lhe calhou pela frente a Hungria, um dos países acolhedores desta competição atípica, além das fortes seleções de França, atual campeã do mundo, e a Alemanha, de quem reza a lenda, que “no futebol são onze contra onze e no fim ganham a Alemanha”, precisamente.

Portugal estreou-se frente à Hungria, num jogo que parecia disputado noutro planeta, tal era o elevado número de adeptos presentes, cujas imagens nos remetem para um passado longínquo, apesar de não ter passado assim tanto tempo. O Puskas Arena, em Budapeste, encheu-se para receber Portugal, com óbvia maioria esmagadora de adeptos magiares presentes, em comparação com os portugueses. O jogo parecia caminhar tranquilamente para um nulo quando, de repente, nos últimos dez minutos a Nação Valente marcou três golos, com dois deles a aproximarem Cristiano Ronaldo de um recorde que persegue, de ultrapassar o iraniano Ali Daei e tornar-se no melhor marcador de sempre a nível de seleções. Esta imprevisibilidade e fuga ao racional só acrescenta beleza a um desporto que move paixões de forma, por vezes, avassaladora.

O segundo jogo de Portugal era frente à Alemanha, em Munique, ou seja, pela segunda vez consecutiva jogávamos em casa do adversário, o que acrescia óbvias dificuldades. Fernando Santos colocou em prática o mesmo onze que iniciara o jogo anterior e não aquele onze que venceu o jogo, como muita gente referiu, uma vez que já estava alterado, para melhor, na altura da obtenção dessa vitória,

esquecendo-se que os adversários eram diferentes e este era, teoricamente, bem mais exigente. Os alemães tinham perdido na ronda inaugural frente à França e isso tornava este num jogo com caráter mais decisivo para os germânicos, que entraram em campo como se não houvesse amanhã, tal era a vontade de atacar aquele retângulo que Rui Patrício tentava guardar. Mas a lusitana paixão foi capaz de chegar à vantagem, através do capitão CR7, que encurtava o objetivo pessoal acima referido, e os alemães gelaram. Mas Portugal mostrou como não se deve fazer a nível defensivo e dois autogolos permitiram a remontada alemã ainda antes do intervalo, cuja vantagem seria ampliada na segunda parte com o aparecimento de mais dois golos, o que fez temer o pior para a imagem pública do atual campeão. O 4x2 final não causa muitos danos públicos, mas exige reflexão e espírito de rutura com o conservadorismo exacerbado do selecionador nacional quando escalonar o onze que vai defrontar a França, na última jornada, retirando alguns jogadores que estão em sub-rendimento e colocando aqueles que se apresentem em melhor forma, sem olhar a nomes.

Para a espinhosa missão da última jornada desta fase de grupos desejo a melhor sorte aos jogadores das quinas. É que deve mesmo ser necessária competência para evitar que as malas sejam arrumadas logo a seguir e para que o sonho de defender o título possa prosseguir.

Ao nível dos clubes, este defeso, nome que aqui atribuo ao tempo de pausa competitiva e de preparação dos próximos plantéis, tem sido mais ou menos como os outros. Muitas notícias nos jornais, diversos jogadores “contratados” e outros tantos “vendidos”, ainda que oficialmente nada se confirme no que ao SC Braga diz respeito. A tradição ainda é o que era, no que a notícias que não o são diz respeito, a nível futebolístico.

Os nomes mais referenciados para saírem em Braga, a bem do equilíbrio financeiro, são os de Esgaio, em mais um pedido expresso do treinador leonino, e de Al Musrati, que parece agradar a vários clubes, tanto cá dentro (Benfica) como lá fora (vários clubes). Em ambos os casos parece haver necessidade de haver espírito de rutura com os “valores” disponíveis, sob pena de essas saídas abortarem. Mas, como no futebol as verdades têm perna curta, não me espantaria que os nomes mencionados ficassem em Braga e saíssem outros, de modo menos esperado. Haja paciência, que o tempo costuma ser boa ajuda na resolução de problemas.

 

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