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Em Família

O futebol, enquanto espetáculo, deve ser promovido de modo a ser vivido em família. Foi neste contexto que se viu o enquadramento do jogo da Pedreira em que o SC Braga recebeu e venceu o Paços de Ferreira. Pela primeira vez esta época houve um horário bastante convidativo, numa rara tarde de inverno que mais parecia de primavera, que mereceu a adesão de miúdos e graúdos às bancadas do estádio, no apoio à equipa do coração.

O SC Braga proporcionou uma fan zone aos seus adeptos, que fez a delícia dos mais pequenos numas atividades e dos mais crescidos noutras. Este jogo representou o batismo de muita gente no estádio, sendo desejo geral que essa aparição seja replicada muitas vezes no futuro. É lindo ver os mais pequenos trajados a rigor, a vibrar com os momentos que o jogo proporciona, em especial quando eles se tornam diferenciados, como foi aquele em que foi obtido o golo do triunfo, conseguido com muito labor e paciência.

Já aqui analisei as várias consequências da pandemia que, felizmente, parece caminhar para o fim. Entre elas é fácil notar a mudança de hábitos que o afastamento forçado dos estádios promoveu. O conforto do lar ou de um café é convidativo, em comparação com a adversidade das condições existentes para ver um jogo in loco, mas nunca poderemos deixar que no futebol a emoção seja suprimida, em detrimento da razão. Afinal, é a vibrar com a equipa que o futebol faz sentido para os adeptos. Mas existe um caminho longo a percorrer para que os adeptos regressem aos estádios em números pré pandemia ou até acima disso, pois também não devemos agora criar a ilusão de que antes é que era, uma vez que isso não corresponde a realidade. Houve muita gente que se afastou, mas já havia problemas sérios ao nível das assistências em muitos clubes e o aumento de adeptos requer um trabalho reflexivo generalizado, que tenha consequências nas medidas a adotar. A primeira e mais urgente medida a tomar é referente ao preço dos bilhetes, que é absolutamente desajustado para o nível médio de vida do país e, em seguida, é necessário rever os horários, que chegam a ser obscenos, dificultando maior adesão do público.

Quanto ao jogo propriamente dito, o Paços de Ferreira tentou, em Braga, manter a invencibilidade que durava há algumas épocas e até esteve perto de o conseguir, beneficiando do facto de chegar ao intervalo a vencer, sem nada ter feito por isso, e realizar uma segunda metade enervante para o adversário que corre em busca de um prejuízo que não lhe deveria pertencer. Se o primeiro tempo foi, uma vez mais, amorfo, o segundo mostrou a disponibilidade do conjunto arsenalista para tentar chegar à vitória, algo que acabaria por conseguir perto do fim, através do capitão Ricardo Horta, que foi a luz que iluminou o caminho do triunfo e se revelou como o nome maior do encontro, ao marcar os dois golos da vitória. Foi a loucura vivida em família, tanto nas bancadas como no relvado, pois os festejos foram tão efusivos que ilustraram a coesão do grupo de trabalho liderado por Carlos Carvalhal. Esse sentimento familiar dos festejos foi ainda mais evidente nos manos Horta, com o mais novo a surgir no relvado depois de ter sido expulso, já sentado no banco na condição de substituído, para abraçar o irmão mais velho, que voltou a ser um bom exemplo para todos.

 

 

In Diário do Minho de 17-02-2022

Foto SC Braga

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