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Cinzento escuro

O SC Braga apurou-se para a final da Taça Revelação (Sub-23), eliminando o Benfica nas grandes penalidades, depois de dois empates a um golo nas duas mãos da eliminatória.

A final disputada em Leiria, entre SC Braga e Estoril, mostrou duas equipas recheadas de bons valores. O jogo começou com supremacia arsenalista, cuja ineficácia fez lembrar a equipa principal, até surgir o penalti caído do céu que deu vantagem aos campeões nacionais, que depois justificaram a conquista de mais um troféu na presente temporada. O 2-1 final permitiu ao Estoril conquistar a dobradinha deste escalão, não permitindo que outra equipa vencesse alguma competição. Parabéns, Estoril, pela merecida conquista, que me entristece, tal como acontece com toda a legião, a viver dias tristes no que ao futebol diz respeito.

A equipa principal do SC Braga não encontra forma de regressar aos triunfos, depois de duas derrotas e um empate verificados. O último jogo, em Barcelos frente ao Gil Vicente, mostrou uma equipa com atitude competitiva mais condizente com o percurso da época, ao contrário do que se verificara contra o Paços de Ferreira. Foi, por isso, com agrado que vi melhorias na equipa, que foram, contudo, insuficientes para evitar o empate, que castiga novamente a ineficácia que a equipa revelou em determinados momentos do jogo. Mas houve sinais de melhoria que podem emendar, dentro do possível, a fraca fase final da época registada.

Este continuado mau hábito de acabar mal as épocas deveria ser objeto de um "estudo de caso" e é algo que merece uma reflexão alargada, de modo que no futuro não se estraguem, novamente, bons trabalhos dessa forma. É que a nossa memória é muito seletiva e realça os tempos mais recentes, com tendência para ocultar ou esquecer os tempos mais distantes, mesmo que nestes se incluam coisas bem feitas.

O fim de semana, prolongado até terça-feira em Leiria, foi cinzento escuro, bastante negro até, para as almas braguistas, que sangram à medida dos continuados insucessos da equipa mais representativa, sem esquecer os feitos, positivos ou negativos, das restantes, que neste caso foram também elas reveladores de insucesso bracarense.

O país ficou estupefacto com as imagens junto do estádio da Alvalade, onde a multidão nos fez recuar para tempos pré-pandemia, mas que na atualidade pareciam impensáveis. Mas na capital tudo é possível e a aglomeração de pessoas, sem respeitar quaisquer regras sanitárias, mostrou que a lucidez passa ao lado dos governantes portugueses, quando impedem que os estádios tenham gente nas bancadas.

A final da Liga dos Campeões, a disputar no Dragão, vai ter adeptos, tal como o rali de Portugal, ao contrário dos jogos internos.  Na mesma altura, a final da Taça de Portugal não poderá ter adeptos nas bancadas, o que revela bem a incoerência das diversas situações. Esta decisão de Portugal manter os adeptos longe dos estádios tornou-se uma obsessão doentia, capaz de preocupar o mais pacato dos cidadãos e que me faz pensar que do ponto de vista mental os nossos responsáveis já conheceram melhores dias. A este assunto voltarei em breve.

 

In Diário do Minho, de 13-05-2021

Foto ACosta

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