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Braguismo pandémico

A pandemia tem tido efeitos devastadores nos estádios portugueses, que se apresentam com muitas cadeiras vazias, de uma forma global. Há exceções, certamente, mas não ver a debandada dos adeptos nos estádios é algo que deve preocupar sobremaneira os responsáveis dos clubes. Braga não foge a essa regra de abandono de lugares que outrora pareciam ter donos perenes e que, afinal, eram bastante efémeros, como tudo nesta vida parece ser.

Os últimos jogos da Pedreira têm mostrado uma espécie de deserção, sublinhando um braguismo pandémico que parece manifestar-se. O reforço das medidas restritivas, por razões sanitárias, que obrigam à realização de teste antes dos jogos, mesmo para pessoas vacinadas, é algo que não foi bem aceite e as pessoas estão cada vez menos disponíveis para fazer sacrifícios para ir ao futebol, ver jogos em que o espetáculo é colocado em segundo plano e onde a oferta televisiva é por demais evidente.

Há um problema à vista de todos, que urge encarar de frente e tentar encontrar soluções, pois não acredito que o amor pelo clube se tenha desvanecido a ponto de solução encontrada ser a separação. É preciso cultivar esse amor e ambas as partes, clube e adeptos, têm responsabilidades repartidas nessa relação. O fortalecimento dos laços amorosos deve ser uma missão a dois, de modo a recuperar aqueles por quem o coração batia mais forte nos momentos, positivos ou negativos, de maior aperto.

As constantes dúvidas sobre os meandros do futebol não ajudam nada na preparação pós-pandemia do regresso efetivo dos adeptos aos seus lugares naturais. As cadeiras dos estádios estão à espera dos seus ocupantes e podem ser limpas a qualquer momento, para que cada um se sinta bem regressado.

Um problema que está diretamente ligado ao afastamento dos adeptos é a (in)segurança que se observa de modo regular. Há estádios neste país para os quais ir de carro, com os adereços do clube que cada adepto defende, se tornou numa missão impossível em muitos casos e de risco altíssimo noutros. Ora, este sentimento fere de morte a mobilidade das pessoas para apoiarem as suas equipas e enquanto as medidas não forem duras para com os comportamentos desviantes das pessoas, que estão sempre (ou quase) associadas a um emblema, a tendência é para que a sensação de desconforto se agudize com a passagem do tempo e a consequência seja ver estádios cada vez mais desertos.

Existe um outro problema, que não é exclusivo de Portugal, que tem a ver com a preferência por três clubes, que com o tempo viram a sua posição reforçada, em doses diferentes, ficando os outros a fazerem de figurantes no filme que satisfaz as maiorias. Combater esta tendência não é fácil, nas várias localidades, uma vez que os mais velhos apresentam ainda esse vício de gostar de quem não os conhece de todo. Em Braga, fruto do caminho de sucesso trilhado nos últimos anos, os jovens são cada vez mais braguistas e são eles que, em muitos casos, tentam mudar a mentalidade retrógrada dos mais velhos. É com prazer que vejo muita juventude ter orgulho em ser do SC Braga e é isso que abre algumas perspetivas para que o futuro seja sorridente a esse nível.

Uma nota fora do tema para a equipa principal que hoje tenta no Bessa apurar-se, uma vez mais, para a final four da Taça da Liga. Quem vencer segue em frente. Veremos quem tem competência para isso.

 

In Diário do Minho de 16-12-2021

Imagem SC Braga

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