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Adeptos dos nossos dias

O artigo desta semana não fala de jogos, nem de futebol, nem de um clube em específico e pretende apenas falar do tema dos adeptos dos nossos dias, cujo enquadramento parece cada vez mais dúbio.

Vou começar pela iniciativa do SC Braga, que tentou arranjar uma forma de não perder os seus associados que, por razões diversas, deixaram de pagar as suas cotas ou atrasaram-se no seu pagamento, sem deixar de lado os sócios que cumpriram sempre as suas obrigações.

A pandemia deixou expostas situações de dificuldades sérias por partes de pessoas e/ou famílias, que viram a vida complicar-se, pelo que esta espécie de “perdão fiscal”, ainda que parcial, por parte do meu clube deve ser bem visto por aqueles que tiveram a felicidade de poder manter os seus pagamentos em dia, grupo ao qual pertenço, felizmente. Os associados com cotas em atraso não podiam ser esquecidos e torço agora para que se recupere o maior número possível, pois por cada sócio recuperado surge uma Legião cada vez mais vigorosa. Parabéns, SC Braga pela iniciativa e só desejo que todos compreendam estas (boas) medidas adotadas, para que em breve possamos estar juntos, pois só assim seremos mais fortes.

O público está de regresso aos estádios, mas ainda com muitas condicionantes e incertezas, que só o tempo dissipará. Com as condições impostas pelas entidades responsáveis não faria muito sentido colocar os lugares anuais à venda, uma vez que há diversos constrangimentos na atualidade, que se transformam em questões pertinentes. Por exemplo, se os lugares anuais fossem vendidos a garantia da sua utilização seria por quanto tempo? E, na eventual venda das cadeiras de época, quem sairia do seu lugar habitual para garantir o distanciamento exigido? Haveria outras questões a colocar, que poderão fazer sentido a breve prazo, mas por agora ficamos por estas apenas.

Agora deixo um alerta aos responsáveis do SC Braga, que poderá ser motivo de reflexão noutros clubes, relativo aos adeptos que não residem na cidade ou no concelho e que, por esse motivo, terão previsivelmente dificuldades acrescidas no acesso aos bilhetes. Este é mais um motivo, negativo, a adensar as preocupações dos clubes, uma vez que se junta a outras dificuldades evidentes e que tendem a afastar, ainda mais, os adeptos dos clubes e, por consequência, dos estádios. Como possível solução, sugiro que seja utilizada a tecnologia, com eventual rentabilização da app existente, para que a obtenção dos bilhetes dos jogos seja facilitada por essa via.

O afastamento, excessivo no tempo, entre os adeptos e os estádios foi mais um fator a contribuir negativamente para que as pessoas vissem diminuir a ligação aos seus clubes. A decisão de permitir a devolução dos adeptos ao seu lugar natural foi sendo adiada, por causa da pandemia, em primeiro lugar, e pela obsessão do governo, em segundo lugar, o que funcionou, também, como fator facilitador do abandono que os clubes não quiseram ver, mas que agora são forçados a encarar como realidade, pedindo trabalho e imaginação, de modo a (re)cativar esses “adeptos perdidos”.

Por fim, vou debruçar-me sobre o Cartão do Adepto, num regresso ao passado, uma vez que já escrevi sobre o tema. Mas a situação atual obriga-me a fazer nova incursão no assunto. O famigerado Cartão do Adepto já foi experimentado noutros países e não resultou, porque uma medida imposta pela força e contra a vontade das maiorias só se aplica em regimes ditatoriais, e todos sabemos porquê.

Este governo teima em persistir no erro de fazer, ainda mais, mal ao futebol e quer impor a implementação do tal cartão que quase ninguém quer. Fico satisfeito porque a posição do SC Braga é inequívoca, sendo frontalmente contra a ideia absurda de querer controlar tudo e todos através de um cartão. Ainda ninguém se lembrou que a proteção de dados é uma miragem e que este regresso ao tempo em que havia licença para ter um isqueiro (no tempo da “outra senhora”) é de todo indesejável? Seria positivo que o bom senso imperasse e esta anormalidade fosse interrompida enquanto é tempo, pois a resposta de todos deve ser avassaladora, no sentido de rejeitar o tal Cartão do Adepto.

Que a bola role e que, com ela, renasça a lucidez de quem manda, evitando a morte lenta que o futebol está a viver em Portugal.

 

In zerozero

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