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A retoma

O SC Braga teve um começo de época periclitante, capaz de incomodar as almas braguistas mais pacatas, desejosas de um início mais auspicioso. A época teve estreia com uma derrota em Aveiro, ante o Sporting para a Supertaça, curiosamente a derrota menos colocada em causa, em função da sua justeza. Para a liga portuguesa registavam-se, até este último jogo, uma derrota, dois empates e duas vitórias, ao passo que na Liga Europa tudo começou com uma derrota em Belgrado, ante o Estrela Vermelha, há uma semana, num jogo em que os erros individuais estragaram o que de positivo o coletivo tinha conseguido. Ficou aquém o SC Braga europeu.

Perante o contexto acima descrito, a receção ao Tondela era de elevada importância e até fazia crer que este adversário era demasiado forte. Nas fases negativas de uma equipa todos os adversários parecem mais fortes do que realmente são e este não fugiu a essa regra, mesmo que viesse de quatro derrotas consecutivas acumuladas. Ciente dessa importância estava a equipa, que se lançou ao jogo com vontade de fazer bem o que lhe saía mal, tal como sucede quase sempre nestas circunstâncias, parecendo que as pernas e a mente pesavam demasiado em cada elemento. A relevância da partida estendeu-se às bancadas, onde mais de cinco mil Gverreiros disseram presente numa noite ventosa, a lembrar outras paragens costeiras do Norte, e souberam ser pacientes no apoio que a equipa precisava para atingir o triunfo, como veio a acontecer. Neste particular, destaco o apoio incessante das claques, sem esquecer o restante público em muitos momentos do encontro.

O jogo no relvado parecia condenado a mais um nulo, que preocupava as mentes gverreiras, mas o futebol voltou a mostrar o seu lado mais imprevisível na parte final da partida. É que os primeiros oitenta minutos registavam zero golos, até que surgiu o minuto oitenta e um como o momento da viragem da partida, dando início a um período dez minutos em que surgiram quatro golos, contrariando toda a lógica que alguns querem fazer prevalecer neste desporto. Carlos Carvalhal foi feliz ao mexer várias vezes na equipa e foi arriscando, o que lhe valeu um triunfo merecido, onde aqueles loucos minutos finais mostraram como um golo pode transformar uma equipa e que Iuri Medeiros entrou no momento certo para proporcionar a todos um momento de pura libertação, quando marcou o primeiro de dois golos pessoais. Todos sabemos que este açoriano, já perfeitamente adotado pela Legião do Minho, é muito importante no fortalecimento do jogo interior e traz consigo golo, pelo que a sua curta, mas eficaz, prestação lhe valeu o inequívoco título de homem do jogo. O resto surgiu com a naturalidade de uma equipa que tem qualidade, mas que precisava de se libertar das amarras que a prendiam e impediam de colocar em campo o espetáculo de que é capaz. O guião deste filme ameaçava um final diferente do epílogo feliz que aconteceu na Pedreira, onde a escuridão deu lugar à luz, surgindo agora a esperança de que tenha começado aqui a retoma de um trilho de sucesso, que se prolongue o mais possível. Acredito que a preparação do próximo encontro seja feita agora de modo diferente, onde os sorrisos deverão regressar no trabalho diário, sem que isso faça sair das mentes dos jogadores a importância de cada um fazer mais e melhor do que aconteceu no passado recente.

 

In Diário do Minho de 23-09-2021

Foto SC Braga

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