O SC Braga garantiu o quarto lugar quando ainda faltam disputar três jornadas na liga. Esta situação era pouco previsível imediatamente a seguir à derrota registada na Pedreira frente ao Gil Vicente, que deixou muita gente desconfiada de tudo, a ponto de serem feitas análises detalhadas ao que faltava disputar nos calendários de bracarenses e gilistas, das quais resultavam previsões diversas. Mas o futebol não é uma ciência exata e é bastante imprevisível, o que torna este desporto verdadeiramente apaixonante.
O momento de adversidade interna, em que o quarto lugar parecia tremido, requereu uma resposta afirmativa da equipa arsenalista e ela chegou de modo convincente, uma vez que se observaram quatro vitórias, num conjunto que incluiu triunfos sobre Benfica e Porto e um empate, no Estoril, na ressaca de uma eliminação europeia carregada de infelicidade. Em simultâneo, os gilistas não voltaram a vencer depois do jogo de Braga, pelo que as almas mais inquietas puderam sossegar com a conquista natural do tal quarto posto da tabela, visto como objetivo mínimo na liga.
A confirmação posicional para a equipa de Carlos Carvalhal chegou com um triunfo ante o FC Porto, um adversário tão difícil que esteve cinquenta e oito jogos sem perder na liga portuguesa. Tombou em Braga, perante um adversário que nesta segunda volta foi bastante democrático, depois de vencer os três autoproclamados grandes, caindo por terra aquela narrativa da “equipa B”, sabe-se lá de quem. A vitória chegou pela anca de Ricardo Horta, o capitão bracarense, que assim chegou ao golo cem e ficou a apenas dois de igualar Mário Laranjo, o melhor marcador de sempre nos brácaros. Um destaque especial para a excelência do ambiente que o público conseguiu criar nas bancadas, sendo percetível que esta afluência de adeptos ajuda bastante na obtenção de resultados que permitam uma aproximação ao pódio, largamente ambicionada.
Apesar de uma eliminação imerecida na Liga Europa, que interrompeu o sonho dos braguistas, a época na Liga Europa foi de sucesso e a Pedreira uma autêntica fortaleza, uma vez que o Estrela Vermelha foi o único adversário que não deixou o Minho na condição de derrotado, conseguindo um empate que valeu aos sérvios o triunfo no grupo. Todas as outras equipas perderam em Braga e várias vezes o povo saiu feliz do estádio, depois de ter assistido outras tantas vezes a noites à Braga, onde o público formou com a equipa um coletivo muito forte.
Além da vertente desportiva, houve uma aposta opcional na formação, com a consequente saída de várias referências da época anterior e a equipa foi percorrendo o caminho da época desportiva de modo ascendente, em que alguns meninos cresceram imenso, na sequência do competente trabalho desenvolvido e que por vezes pareceu desvalorizado. O processo em Braga permite pensar que muitas coisas boas podem surgir no futuro.
Pelo que descrevi, mesmo sem saber em que pé está a planificação da próxima temporada, faço aqui a minha sugestão para que os responsáveis do clube e o treinador Carlos Carvalhal se reúnam e daí resulte a renovação do técnico que, além de profissional competente, é um braguista de corpo e alma, desejando os sucessos da equipa que todos os braguistas também ambicionam.
In Diário do Minho de 28-04-2022