A temporada futebolística caminha rapidamente para o fim. Em Braga isso acontece de modo mais acelerado do que era desejado, face à precoce eliminação nas taças internas e, mais recentemente, devido à queda europeia em terras escocesas, com intervenção (pouco) divina vinda de França. É que o árbitro de má memória para os braguistas era gaulês e foi determinante na perda do acesso às meias-finais da Liga Europa. Penso que esta seria uma oportunidade muito boa de prosseguir em frente, rumo a um sonho que se desmoronou na Escócia. Foi pena que assim tivesse acontecido.

A nível interno ainda há quatro jogos para disputar e, com eles, objetivos diferenciados a atingir, quer individualmente, por jogadores e equipa técnica, quer a nível coletivo. Desde logo é necessário garantir o quarto lugar, ou seja, o primeiro lugar fora dos clubes do sistema, algo que já é visto com naturalidade pelo mundo da bola.

A liga portuguesa começa a ganhar contornos de clareza ao nível da classificação final. O campeão parece encontrado, tal como os três lugares seguintes, que se devem manter pela ordem em que estão neste momento, se nada de anormal acontecer. Depois surge um conjunto de dúvidas que deverão permanecer até ao fim, estando por agora em aberto a luta pelo quinto lugar que garante apuramento europeu, com vantagem considerável do Gil Vicente, por agora. O fosso cavado entre sexto e sétimo classificados não parece prever qualquer alteração no patamar dos primeiros seis classificados. Existe a seguir um grupo de quatro clubes com a manutenção garantida, evitando uma luta que Boavista, Portimonense e Vizela estão muito próximos de deixar, face à pontuação adquirida. Quanto à verdadeira luta para garantir a manutenção, estão envolvidos de forma direta os cinco últimos classificados, devendo, algumas das decisões, acontecer mesmo sobre o fim da liga. Este aparente equilíbrio promete proporcionar algumas surpresas ao nível dos resultados nesta hora das decisões, de onde se espera que a verdade desportiva prevaleça, fazendo descer de divisão quem realmente merece.

A final da Taça de Portugal terá um inédito FC Porto x CD Tondela e terá impacto direto no apuramento europeu. Se os portistas vencerem o troféu, segue o quarto classificado para a fase de grupos da Liga Europa e o sexto lugar dará apuramento para a Conference League, mas se os vencedores forem os beirões, serão eles a ocupar a vaga na segunda prova da UEFA, correndo sérios riscos de, em simultâneo, descer de divisão. O que parece garantido é a reedição desta final na disputa da Supertaça, independentemente de quem ganhar a prova rainha, no Jamor. Aguardemos pelos próximos episódios.

O SC Braga recebe o FC Porto no dia em que Portugal celebra a liberdade, no primeiro jogo da Pedreira, desde há muito tempo, em que não terá uso obrigatório de máscara, que a pandemia forçou durante muito tempo e que agora deixa os nossos hábitos recentes. Os portistas surgem em Braga moralizados por uma eternidade sem perder na liga portuguesa, pela eliminação do Sporting uns dias antes na Taça de Portugal e pela proximidade dos festejos de campeão, que parecem agora inevitáveis. Será uma questão de tempo, mas a festa nunca será em Braga, algo que agrada a qualquer braguista, que não queria ver a Pedreira transformada num salão de festas de um adversário. O encontro reúne boas condições para se tornar numa boa propaganda do futebol, que tão carecido anda de eventos positivos.

O fim da liga portuguesa está cada vez mais próximo e com ele aparece o período de preparação da nova época desportiva, algo que deverá acontecer com toda a liberdade de escolha, quer do clube, quer dos vários elementos do grupo de trabalho, havendo, porém, contratos em vigor que garantem alguma estabilidade. Os contratos que cessam permitem aos intervenientes escolherem o caminho a seguir, sendo previsível que até à sua definição muitas coisas sem valor apareçam nos jornais. Cada coisa a seu tempo, pelo que é preciso alguma serenidade para a tomada das melhores decisões.

In zerozero.pt de 24-04-2022