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A Fazer de Conta

A contagem decrescente para o regresso da Liga portuguesa continua e de modo acelerado. A DGS começou com exigência elevada, mas foi diminuindo a ponto de os estádios utilizados passarem dos cinco ou seis iniciais (conforme as fontes) para os dezasseis atualmente aprovados. O que não muda é a obsessão doentia de não querer adeptos nos estádios, de modo algum. As pessoas podem estar nos jardins, nos mercados ou nas praias ao “monte e fé em Deus”, mas nos recintos desportivos é que não podem estar adeptos. Pergunto então às entidades responsáveis: e se forem pessoas, em vez de adeptos, nos estádios, podem entrar? Colocando em prática as regras de outros setores, como os acima referidos, a resposta é sim, mas colocando a inusitada teimosia que existe em quem decide, então a resposta é não. Na minha opinião, esta decisão não faz qualquer sentido, pois respeitando as regras que a situação exige ou recomenda, os adeptos deviam regressar às bancadas, que é afinal o seu lugar neste espetáculo e não em frente a um televisor em casa ou num café a ver o jogo, mesmo que estejam as pessoas coladas umas às outras. Assim, este retorno do futebol é uma espécie de faz de conta, onde os adeptos não existem, mas faz de conta que sim, e onde os contactos dentro do relvado existem, mas faz de conta que não. Aliás, há outras decisões aberrantes, como o distanciamento entre elementos no banco de suplentes, com uso de máscara obrigatório, ao passo que os jogadores titulares estão dispensados dessas etiquetas ou o facto de o treinador principal, desde que tenha o nível exigido, ainda que a Associação Nacional de Treinadores não quer que seja adquirido formativamente por quem o quer fazer, não precisar de usar máscara. A ordem de desinfeção da bola antes do jogo é um caso de estudo e roça a demência, pois a seguir rola e volta a rolar, sem ser desinfetada, sem que nada se passe. Ou seja, faz-se de conta que há regras apertadas e, algumas delas, absurdas para que o futebol regresse, evitando o colapso financeiro dos clubes, com os emblemas do sistema à cabeça. Uma pessoa na plenitude das suas faculdades mentais recomendava, uma vez que ainda existe tempo para isso, que os adeptos ocupassem uma percentagem estipulada dos lugares disponíveis no estádio, cumprindo as regras de segurança em vigor, pelo que a minha fé numa mudança deste tipo continua tenuemente.

O futebol está mergulhado num rol de incertezas quanto à continuidade de Pedro Proença como Presidente da Liga Portugal. Aquela ideia que o ex-árbitro teve de transmitir os jogos em sinal aberto, em total desrespeito pelas operadoras que sustentam parcialmente os clubes (diria em grande parte na maioria dos casos) ou por quem paga os canais de desporto, como eu faço mensalmente, foi um golpe de (pouco) génio demasiado arriscado e que deverá mesmo culminar na sua saída do cargo. Entretanto já se perfilam vários candidatos, todos eles capazes de prometer erradicar os problemas do futebol português, mas cuja capacidade para o fazer termina no momento da eleição. É o hábito de prometer e não fazer, que tão bem caracteriza o povo português, em especial aqueles que concorrem aos mais diversos cargos.

O SC Braga prepara com cuidado e competência o seu regresso, sabendo desde já que terá uma tarefa exigente se quiser manter o nível de excelência que tinha quando a pandemia interrompeu as competições. Além disso, o objetivo de manter o terceiro lugar é legítimo e para tal existem boas condições, neste momento. Mas reafirmo que o grupo liderado por Custódio terá dificuldades evidentes e espero que a preparação em curso permita a sua superação. Espero, sinceramente, que a equipa não surja a fazer de conta e tenha uma prestação real que orgulhe os seus adeptos, ainda distantes, e valorize os seus jogadores, sem o aparecimento de indesejadas lesões, que estão a surgir “por aí" a um ritmo acima do normal.

As escolas ganharam alguma vida com a existência de alunos e professores numa sala de aula. Esta situação deveria ser a normalidade, mas no contexto atual não é, e por isso esse facto ganha um valor acrescido, mesmo que seja ainda apenas uma parte dos alunos que vai à escola. Nunca irei entender como alguns professores podem defender o Ensino a Distância como modelo, num mundo de faz de conta que se educa, mas que na realidade não passa de uma resposta de emergência. É na sala de aulas que eu ensino e não a falar para um computador, tendo do outro lado alguns alunos dispostos a ouvir e outros a dar ao docente a falsa sensação de estar presente, quando na realidade não acontece. Espero que o tempo corra a favor de uma solução que recoloque o mais rapidamente possível na escola os diferentes intervenientes de cada comunidade escolar, se possível de cara destapada.

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